Alien Panic

Crise 57 - Suspeitas


Aquilo só podia ser brincadeira. A pessoa diante de mim, que esbarrou acidentalmente comigo quando eu saía da casa de Estrela era idêntica ao pirata espacial que eu acabei de ver na televisão intergaláctica. E justo quando foi falado que esse pirata tinha escapado para a Via Láctea...mas por que ele viria justo para a Terra? Calma, calma, não tenho nenhuma prova de que era ele mesmo, não é? Talvez ele fosse apenas uma pessoa terráquea comum, muito parecida com alguém de outro lugar do espaço. O universo é tão grande que não seria impossível duas formas de vida completamente diferentes terem a mesma aparência, não é?

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Assim que me recuperei do choque, eu me levantei e me ofereci para ajudá-lo a se levantar.

— Obrigado - disse ele. Bem, ele falava minha língua. Mesmo que ele tivesse um tradutor universal implantado como Estrela, o mais provável é que fosse um terráqueo- Ah, cadê minha sacola?

Ele disse sacola? Se me lembro bem, o pirata da televisão tinha assaltado o planeta e colocado todo o dinheiro do banco em uma sacola que, por sinal, era muito parecida com a que estava ali no chão.

— Ah, que bom, está aqui. Não sei o que faria se perdesse isso. É algo muito valioso.

Tudo bem, isso já estava começando a ficar estranho. Por via das dúvidas, era melhor sair dali o quanto antes. Ele estava na Terra e ninguém suspeitaria que ele era um pirata espacial. E ele não precisa saber que eu sei, precisa? Resolvi me despedir o mais rápido que pude.

— Se o senhor está bem, então já vou indo - falei, já com a intenção de sair correndo assim que virasse as costas, mas ele me chamou no mesmo instante.

— Ei, garoto. Espere um pouco - disse ele.

— Sim? - virei rapidamente, desejando ao máximo acabar logo com aquilo.

— Você sabe se tem algum lugar barato para eu ficar por aqui? Na verdade, eu sou um tipo de andarilho que tem caminhado por aí trabalhando de cidade em cidade. Eu fico em pensões ou hotéis baratos. Tem algo assim por aqui?

— Acho que o senhor vai encontrar algo mais apropriado no centro da cidade - comentei.

— Ah, entendo, obrigado - disse ele - O centro é por ali, não é?

— Sim - confirmei, acenando positivamente com a cabeça para a direção que ele apontou. Feito isso, ele seguiu em direção ao centro da cidade. Andarilho? Bem, de fato ele estava com roupas bem velhas, mas é estranho ele não conhecer o centro da cidade. E se ele fosse mesmo o pirata espacial?De qualquer modo, acho melhor não pensar mais nisso. Fui para casa e encontrei minha irmãzinha Vitória, no sofá, assistindo algo na televisão.

— Ah, chegou? - disse ela - Nem vem. Acabei de ligar a TV e vou assistir esse filme.

— Mas eu nem queria fazer nada na TV - retruquei, olhando rapidamente para a tela - Que filme é esse?

— Piratas do Caribe - respondeu ela.

Ouvir isso me fez engasgar com a própria saliva. Por que tinha que ser justo sobre piratas?

— O que foi? - perguntou Vitória - Engasgou com a própria saliva?

— Não foi nada - disse - Bom, eu vou para o quarto. Preciso terminar um trabalho de biologia, sabe?

— Ah, então tá - disse ela, voltando os olhos para a tela. Será que estou muito impressionado com a semelhança entre o pirata que vi na televisão e aquele cara? Não, não podem ser a mesma pessoa. Mas tudo bem. Mesmo que fosse, ele só estava indo para o centro da cidade. O que ele poderia...o que ele poderia fazer?!

Fui para o quarto remoendo esse pensamento. Será que a Terra estava em perigo? Por via das dúvidas, resolvi ligar para Estrela.

— Estrela? - falei - Err...tudo bem?

— Sim - disse ela - Aconteceu alguma coisa?

— Eu só estava com uma dúvida. Err...piratas espaciais são muito perigosos? É o que vi naquele programa de televisão e.

— Sim, são - disse ela, secamente - São foras da lei que podem destruir um planeta inteiro apenas para pegar as riquezas do lugar.

— D-Destruir um planeta inteiro? - repeti.

— Exatamente. Desde que o planeta tenha o que oferecer, piratas espaciais podem acabar com tudo em pouco tempo - continuou ela.

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— Mesmo um planeta grande como a Terra? - questionei.

— Bem, vai depender do tipo de pirata. Se eles dominarem uma tecnologia avançada, sim, a Terra não duraria muito. Mas fique tranquilo, a Terra fica bem escondida entre vários planetas não povoados e aqui não tem muita coisa que interesse aos piratas.

— Ah, se é assim - falei, mais aliviado.

— A menos é claro que algum pirata tenha vindo para cá se esconder de alguma coisa.

Voltei a ficar tenso.

— Mas um pirata só não pode fazer muito - respondeu ela - Relaxe. As chances daquele pirata ter vindo se esconder na Terra são muito baixas.

— Ok, obrigado - agradeci, mas aquilo não saiu da minha cabeça.

De qualquer modo, não podia fazer muita coisa. Passei o resto do fim de semana normalmente e, na segunda, estava a caminho da escola quando reencontrei Estrela.

— Ei, Estrela - gritei - Vamos juntos.

Ela apenas assentiu com a cabeça e começamos a caminhar juntos. Em certa ocasião, quando já estávamos chegando na escola, ela pergunta:

— Ainda está com medo daquele pirata que viu no programa? - perguntou ela.

— Ah, mais ou menos...

— Devia ter mais medo dos criminosos daqui da Terra. Mas por que ficou tão impressionado, afinal?

— É que eu esbarrei com um cara que era muito parecido com o pirata e ele carregava uma sacola muito parecida com a que apareceu no programa - respondi tranquilamente.

Estrela parou de andar imediatamente, colocou as duas mãos nos meus ombros e exclamou seriamente olhando nos meus olhos.

— Por que não falou isso antes?! - disse ela - É claro que ele pode ser o pirata!

— Mas você disse que as chances eram mínimas - falei, ou melhor, tentei falar com Estrela me chacoalhando pelos ombros.

— Mas essa informação muda tudo - continuou ela - Se for mesmo o caso, precisamos ir atrás dele e mandá-lo para uma instituição da Polícia Intergaláctica.

— Ele disse que viria para o centro da cidade - falei - Talvez não esteja longe, afinal, nossa escola fica mais ou menos perto do centro.

— Ou ele pode ter feito alguma coisa e já ter ido embora - reclamou ela - Se estiver em outro local do planeta será difícil detectá-lo e se ele chamar outros piratas, esse planeta pode estar em muito perigo.

Ela parecia nervosa.

— Talvez ele ainda esteja perto - sugeri.

— Se tivermos sorte e... - mas ela é interrompida pelo som de seu Portal Gun. Conhecia aquele barulho. Apitava daquele jeito quando algum alienígena estava por perto.

— O que houve? - perguntei.

— Alienígena - disse ela - Algum alienígena está por perto e...na escola?

— Será que é de algum buraco de minhoca? - indaguei.

— Vamos lá ver. Espero que não seja nada grave - reclamou ela - Agora estou preocupada com esse cara que você viu.

Um alienígena dentro do colégio? Quem será ele? Entramos rapidamente na escola e seguimos o sinal do Portal Gun. Qual não foi nossa surpresa quando demos de cara com o...faxineiro? Na verdade, um faxineiro que eu não conhecia. Na verdade mesmo, era o mesmo cara que esbarrou comigo no sábado.

— Você?! - exclamei, quase caindo para trás.

— Quem é ele? - perguntou Estrela.

— Ele é o cara parecido com o pirata - falei.

— Hã?! - ele se fez de desentendido, olhando para os lados - Do que estão falando? Sou apenas um simples faxineiro!

— Mas você disse que era andarilho! - reclamei.

— Um andarilho que trabalha de cidade em cidade. Encontrei essa escola no sábado e o diretor me ofereceu um emprego de faxineiro muito gentilmente - disse ele.

— E por acaso a palavra "pirata" te diz alguma coisa? - perguntou Estrela.

— Piratas? Que piratas? - ele disfarçou, tentando desviar o olhar.

— É melhor explicar logo - disse Estrela - Esse aparelho consegue detectar DNA fora da Terra. Se não é um pirata, no mínimo é alguém fora do planeta e deve explicações.

O faxineiro, ou seja lá quem for, só teve uma saída.

— Nossa, olhem aquilo! - disse ele, apontando para trás. Estrela e eu olhamos na direção apontada e assim que nos viramos o faxineiro tinha saído correndo pela escola.

— Não acredito que caímos nessa! - reclamei.

— É, está na hora de irmos atrás dele - disse ela.

— Com todo mundo olhando?

— É só apagar a memória deles depois. Vamos logo! - disse ela me puxando. Ótimo, agora a ação começou de verdade. Espero que dessa vez não aconteça nada de perigoso!