Alien Panic

Crise 125 - O Último Desejo


Estávamos procurando os quatro fragmentos do último cristal Eternium na esperança de encontrar novamente a unificadora e deter os planos do Setor W. Para isso, começamos a investigar as localizações apontadas por Estrela. E lá estávamos na primeira delas, um lugar estranho e peculiar, por um motivo muito simples: era vazio demais. Ao olhar ao redor, tudo que podia ver eram planícies e mais planícies, nada além de terras e mais terras, verdes e lindas, mas tudo vazio. Pelo menos o céu estava claro e azul, como se estivéssemos na Terra...com a diferença de que era tudo plano e vazio. Não havia sequer uma única montanha.

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—Tem certeza de que é aqui? - perguntei.

—Sim – respondeu Estrela – Esse é o primeiro local.

—É estranho esse silêncio e vazio todo, não acha? - comentei.

—Bom, é bem parecido com a Terra – disse Estrela – Até a gravidade local é parecida. O que é bom, já que não precisamos nos preocupar com efeitos de relatividade temporal. O tempo que passarmos aqui seria o mesmo tempo que passamos na Terra.

—Tá, mas...onde vamos achar o fragmento? Se o Eternium é pequeno, um fragmento dele também deve ser – comentei.

—É o que vou ver agora – disse Estrela, ativando o aplicativo de seu Portal Gun que emitia sinais conforme os fragmentos de Eternium estavam mais próximos – Pelo radar instalado aqui...bem, está próximo...se seguirmos em linha reta.

—Mas parece que não tem nada para lá! - falei – É como se estivéssemos em um grande vazio.

—Será mesmo? - Estrela começou a caminhar. Sem muita escolha, fui seguindo a garota. De repente, ela parou.

—O que foi? - perguntei.

—Aqui – disse ela, apalpando à frente, como se tivesse algo ali – É...é bem aqui.

—Do que está falando? Não tem nada aí e... - minha fala foi interrompida com o encontrão que tive com alguma barreira logo à minha frente. Sim, era como se tivesse uma barreira invisível.

—Entendeu agora? Não é que estamos em uma região totalmente plana. Acontece que esse espelho gigante reflete a paisagem. É um tipo de camuflagem.

—Camuflagem? - repeti, enquanto massageava meu pobre rosto dolorido com a batida – Então, tem algo atrás dessa parede espelhada?

—É o que vamos descobrir – disse Estrela, ativando um portal e nos levando para trás da barreira. Até aí, as coisas estavam bem fáceis. Do outro lado, o cenário já mudou. Agora era como se estivéssemos no jardim de uma enorme mansão. Era grande, realmente grande, mas ainda assim não parecia muito diferente da Terra. Agora o que antes era estranho, ficou mais familiar.

—Isso aqui parece uma mansão na Terra – comentei.

—Posso garantir que não estamos na Terra – disse Estrela – Mas realmente estamos em um local bastante parecido. De qualquer modo, o fragmento de cristal está por perto.

Assim que começamos a caminhar, rapidamente ouvimos algumas vozes não muito satisfeitas.

—Ei, quem são vocês? - disse um deles.

—Estão invadindo uma propriedade privada – disse outro.

Ao nos virarmos, demos de cara com seres humanoides, bem parecidos com jovens homens terráqueos. A diferença? Bem, eles tinham orelhas de coelho. Pelo menos era a única diferença perceptível. Usavam um uniforme azul e carregavam lanças. Parecia a única arma que possuíam. Se era isso, podia deduzir que não tinham uma tecnologia muito aprimorada.

—O-olá – gaguejei.

—Quem são vocês? Com essa roupas estranhas e essa aparência estranha – disse um dos guardas.

—Aparência estranha? - perguntei.

—Vocês não tem orelha! - disse o outro.

—Do que estão falando? Minha orelha está bem aqui – falei, apontando para a minha.

—Que aberração! - exclamou o primeiro guarda.

—Devem ser monstros – disse o outro – Vamos matá-los agora mesmo!

Estrela não disse nada, apenas mudou seu Portal Gun para o modo arma e atirou aos pés dos guardas.

—Querem mesmo nos enfrentar? - disse ela.

—Ei! Violência não leva a nada! - comentei.

—Eles é que começaram – retrucou ela – Bom, não temos muito tempo. Escutem, estamos procurando algo em especial que está nesse lugar. Basta nos entregarem logo que sairemos sem causar problemas.

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—Estamos parecendo assaltantes desse jeito – comentei.

Os guardas estavam realmente assustados, como se fôssemos mesmo monstros. Tentei acalmá-los.

—Escutem...viemos de muito longe e estamos procurando algo muito importante para o universo inteiro. Será que poderiam nos ajudar? - perguntei.

Eles se entreolharam, ainda receosos.

—Não sabemos o que vocês querem, mas...só trabalhamos aqui. Essa casa pertence ao Lorde Galmon – disse um dos guardas.

—Lorde...Galmon? - perguntei.

—Bom, o radar está apontando para dentro da mansão mesmo – disse Estrela – Podem nos levar até lá pacificamente? Bem, mesmo que não possam, podemos entrar lá de qualquer jeito.

—Estrela! Será que podia parar de ser rude sem necessidade? - reclamei – Por favor, podemos falar...com os donos da casa?

Ainda com medo, os guardas nos levaram para dentro. Chegando lá, uma senhora de óculos, cabelos brancos, óculos e com orelhas de coelho estava na poltrona da sala de estar lendo um livro. Parecia uma mulher ao final dos 60 anos da Terra.

—Lady Glerny – disse um dos guardas – Esses visitantes querem ver o Lorde Galmon?

—Visitantes? - estranhou ela – Como assim visitantes? Não estamos esperando ninguém.

—Na verdade, eles...não são desse mundo – disse o outro guarda.

—Não são desse mundo? - perguntou ela, mas, ao ver nossa falta de orelhas, ela arregalou os olhos e começou a acreditar – P-Parecem mesmo criaturas estranhas...

—Todo alienígena é estranho para os nativos, já reparou? - comentou Estrela, claramente entediada com a situação.

—Calma. Se pudermos resolver isso pacificamente, será melhor, não? - respondi.

—Como chegaram até aqui? Nossa barreira de espelhos é impenetrável – reclamou ela – Realmente, não podem ser desse mundo para conseguirem invadir uma das propriedades mais ricas da região.

—Não queremos fazer nenhum mal – disse Estrela – Estamos apenas procurando por um objeto em específico.

Ela ativou o radar e o sinal começou a se tornar mais forte, conforme adentrávamos mais na mansão.

—O que vocês querem? - indagou Lady Glerny – Vieram nos abduzir? Nos transformar em escravos?

—Olha, se dissermos que é isso seria mais fácil pegar o fragmento, não acha? - disse Estrela – O medo ajuda nessas horas.

—Deixa disso, não cause constrangimento à toa – falei. Estrela apenas suspirou.

—Digam logo o que vocês querem! - insistia a senhora.

—Só queremos ir ao local onde o radar aponta – explicou Estrela, mostrando o Portal Gun.

—Que tipo de magia é essa? - estranhou Lady Glerny – Vocês são mesmo criaturas de outro mundo. Que horror!

—Ah, mas que ótimo! Chegamos em um local mais atrasado em tecnologia do que a Terra – reclamou Estrela.

—Estrela! - ralhei – Desculpe, senhora. É bem rápido.

—Não estou com paciência para isso – disse Estrela – Vamos logo ver o fragmento.

—Ei, não subam! Lá em cima só está meu amado irmão e...

Mas Estrela ignorou. Tentei me desculpar o máximo com Lady Glerny, mas logo também subi com Estrela até chegar no quarto onde o sinal do radar estava cada vez mais forte. Ao abrir a porta, damos de cara com um pobre senhor deitado em sua cama.

—Aii..aiii..é você, irmã? - perguntou o velho senhor com orelhas de coelho.

—Desculpe o incômodo – disse Estrela – Só viemos procurar uma coisa.

Ele abriu rapidamente os olhos e se assustou com nossa presença.

—Ei, quem é você, menina estranha? - disse ele.

—Não ligue para nós, já estamos saindo – falou Estrela.

—D-Desculpe – falei.

Nisso, Lady Glerny nos alcançou.

—Galmon, meu irmão. Esses monstros fizeram algo com você? - disse ela.

—Galmon? - repeti. Então aquele senhor era o dono daquela mansão? Pelo visto, chamá-lo de pobre senhor foi apenas por causa da saúde dele.

—Ah, está aqui – disse Estrela, revirando uma caixinha no quarto – É isso aqui que estamos querendo.

De fato, era um pedaço do Eternium. Estrela parecia satisfeita.

—Seus desgraçados. Querem roubar um dos tesouros que encontrei em minhas caminhadas pelo jardim? - reclamou o lorde e com razão.

—Roubar? Nunca! - falei rapidamente - Diga...o que podemos fazer para levar esse pequeno fragmento com a gente. Ele é muito importante para nós!

—Mas eu nem sei quem são vocês, demônios! - reclamou o velho.

—Espere, irmão – disse Lady Glerny – Talvez eles sejam criaturas mágicas.

—Criaturas mágicas...oh, mas é claro! - disse o lorde – É claro. Devem ser capazes de realizar desejos, não é?

Estrela suspirou.

—Aqui é mais atrasado do que eu pensava mesmo – reclamou ela.

—Estrela, não estrague a oportunidade – falei. Depois, voltei para eles e perguntei – Bem, talvez possamos fazer algo por vocês, sim.

O senhor tossiu e disse.

—Como podem ver, estou nas últimas – disse ele – Não estou com nenhuma doença, mas o peso da idade já está indicando que não tenho muito tempo nesse mundo.

Ele tossiu mais uma vez.

—Estou deveras debilitado – continuou – Mas ainda tenho um último desejo.

—Qual? - perguntei.

—Queria...ouvir a voz de minha doce netinha mais uma vez – falou ele, seguido de mais uma tossida.

—Bom, e onde podemos encontrar sua neta? - perguntou Estrela.

—Esse é o problema – disse Lady Glerny – Ela não está mais entre nós. Foi acometida por uma enfermidade ainda jovem e faleceu.

—Pobrezinha – lamentei.

—Se está morta, não temos como ajudar – disse Estrela, insensível como sempre – Peça outra coisa.

—Não tem mais nada que eu queira – falou ele – Mas se ouvisse a voz dela uma última vez, já estaria feliz.

—Sei que mortos não voltam à vida – disse Lady Glerny – Mas talvez vocês consigam contato com ela de alguma maneira, já que são tão poderosos.

—Puxa – engoli seco.

Era um pedido difícil, mas pegar o fragmento sem fazer nada por aquele pobre senhor moribundo faria eu me sentir muito mal.

—Ei, Vitor – disse Estrela, cochichando ao meu ouvido – Talvez a gente consiga pelo menos achar alguém parecida com a neta do velho e fazer um vídeo imitando. O que acha?

—Mas isso seria mentir – retruquei.

—O importante é deixá-lo feliz, não acha? - respondeu ela.

Voltamos a conversar com os dois senhores.

—Err...não prometemos muita qualidade, mas...talvez possamos fazer algo para que o lorde Galmon ao menos lembre de sua adorada netinha. Hehe – falei com um sorriso amarelo – Pode nos dizer pelo menos como ela era?

—Oh, minha doce netinha era tão linda – disse o velho patriarca – Tinha meu tom de pele, era gentil e tinha a peculiar característica de olhos com cores diferentes. Um verde e outro castanho.

—Se pudessem trazer a mensagem dela – disse a Lady Glaumy em voz chorosa – Daríamos qualquer joia de nossa coleção de bom grado.

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—Essa descrição... - congelei ao ouvi-la.

—Pois é – Estrela cochichou em meu ouvido – Conhecemos alguém assim, mas é justamente a pessoa mais insuportável.

Sim. A única pessoa que podia nos ajudar naquele momento era a nossa representante de classe: Bruna