Alien Panic

Crise 114 - A Misteriosa Garota de Cabelos Brancos


Foi tudo tão repentino. Em um momento, estou andando e pensando em minhas próprias dúvidas. Depois, em outro momento, estou diante de uma pessoa totalmente estranha, ainda que muito bonita, querendo me ajudar. Mas aquela garota...seria a mesma garota que já ouvi de outras pessoas encontrando? Aquela que o diretor da escola, o Bartô ou mesmo o Kaldi encontraram? Seria ela mesma?

—Espera...você...não é uma garota comum, é?

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Ela sorriu e respondeu.

—Comum? Bem, o que seria uma garota comum para você?

—Quero dizer, alguém desse planeta – falei, finalmente lembrando que estava no chão e me levantando.

—Ah, isso – ela sorriu – É...de fato, não sou original desse planeta. Mas isso importa?

—Isso importa muito! - falei – Já encontrei alienígenas demais na minha vida.

—Mesmo? Então a Terra tem aberto muitas portas para outros mundos. Achei que alienígenas fossem raros por aqui – disse ela, com a voz mais suave e tranquila que já vi.

—Mas...você também não é uma alienígena comum, não é? - perguntei.

—Agora você vai ter que falar o que quer dizer com uma alienígena comum – disse ela, sorrindo.

—Digo...você consegue fazer coisas que poucos seres alienígenas conseguem, acertei?

—Nossa. Parece até que você me conhece – disse ela sorrindo.

—Uma última pergunta: você já esteve neste planeta outras vezes, não esteve?

—Sim – ela respondeu – Na verdade, visito esse planeta com frequência. Há alguns...milênios, se for pensar no jeito que vocês contam o tempo.

—Ah, eu sabia – respondi confiante até me dar conta do final da resposta dela – Espera. Você disse...milênios?

—Sim – ela continuou, com os braços para trás e uma expressão absurdamente linda – Vi vocês da Terra nascerem, crescerem, se desenvolverem...estou sempre por aqui.

—Isso é bastante tempo – falei pasmo.

—Nem tanto – continuou ela – Para mim, até que é pouco tempo. Tem lugares por aí bem mais antigos que a Terra. Gosto de passear pelo universo e conhecer locais diferentes. Já que não pago nada para fazer isso, aproveito bastante.

Era mesmo a garota de cabelos brancos que ouvi falar dos testemunhos daqueles caras. Mas o que exatamente ela pretende?

—Você perguntou se posso fazer coisas diferentes, não perguntou? - disse ela.

—S-Sim. Isso mesmo.

—Bom, não sei muito bem o que você entende por diferente, mas...posso fazer muitas coisas – continuou ela – E por poder fazer muitas coisas, gosto de ajudar o máximo de pessoas que encontro.

—Por acaso...você chegou a dar poderes especiais por vinte e quatro horas para um garoto mais ou menos da minha idade nessa região? - perguntei.

Ela pensou um pouco.

—Ah, sim. Tinha um garoto que queria mudar o mundo. Achei que ele tinha boas intenções – disse ela – Ele foi capaz de controlar o vento por vinte e quatro horas.

—E você...trouxe um alienígena baixinho de um planeta que só tinha limões para cá? - perguntei.

—Está falando do Kaldi? - disse ela, sorrindo – Sim. Ele estava em total desespero naquele planeta, mas ao mesmo tempo estava com um péssimo sentimento de vingança. Pelo que ele me contou, parece que teve experiências com pessoas da Terra. Achei que ele conhecesse melhor a beleza da Terra, poderia amolecer o coração. Você o conheceu?

—Sim e...no momento ele está preso – falei.

—Oh, sério? – ela comentou sem se surpreender muito – Achei que ele poderia melhorar como pessoa se viesse para cá. É uma pena.

—Você achou mesmo isso? - perguntei incomodado – Ele era um...

—Um ditador terrível em um planeta distante? – ela me interrompeu – Sim. Eu sabia quem ele era. E já havia visitado o planeta anterior dele várias vezes...apesar daqueles drones guardiões nunca me detectarem. Mas só mandei Kaldi para cá porque sabia que ele não seria uma ameaça.

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—Sabia? - perguntei.

—Eu sabia que ele poderia ser detido. E sabia que seria melhor para ele ficar por aqui do que viver infeliz para sempre naquele planeta de limões. Posso garantir isso.

Aquilo era realmente impressionante.

—O que exatamente você é? - perguntei finalmente.

—Eu poderia dizer, mas...prefiro não dizer – ela respondeu.

—Isso...você diz isso para todos que conhece? - falei.

—Bem, é que as pessoas não entenderiam exatamente o que eu sou – prosseguiu ela.

—Mas você deve ter um nome, não? - perguntei.

—Tenho, mas não posso dizer – foi a resposta dela, enquanto balançava a cabeça negativamente – Um nome é algo mais poderoso do que você pode imaginar.

—Não entendi.

—Você não precisa entender – ela disse sorrindo – Acho que...o máximo que posso dizer é que sou alguém extremamente sensível a corações apertados.

—Como é que é?

—Eu consigo sentir seres com um desejos e emoções fortes – ela explicou – Aliás, lembro que há muitos anos conheci aqui na Terra alguém parecido com você que tinha um lindo sentimento enquanto observava o pôr do Sol. Lembro como se fosse ontem...

Era o diretor. Não restava dúvidas. Aquela garota era a mesma que havia aparecido em vários casos estranhos. E agora? Não podia deixá-la ir sem conseguir mais informações.

—Ah, sim. É verdade. Você tinha um desejo, não tinha? - disse ela, se aproximando de mim. Aqueles olhos azuis me encaravam com cada vez mais força. Eu queria dizer alguma coisa, mas eles eram fascinantes demais.

—Bem...eu..

—Ah, é. Lembrei. Você quer saber se sua memória foi apagada ou não, não é? - disse ela – Isso é fácil.

—Como? Você pode mesmo? - perguntei.

—Sim. Mas não posso garantir que suas memórias apagadas sejam boas – explicou ela – Talvez elas tenham sido apagadas justamente para proteger você.

—Será? - falei – Bem, eu detesto duvidar da Estrela, mas...não quero ficar com essa dúvida para sempre. Pode ser algo importante que eu tenha esquecido.

—Bom, se é o seu desejo – ela disse, aproximando-se de mim e colocando as mãos em minha cabeça – Feche os olhos, por favor.

—T-Tá – gaguejei. Por alguns instantes, tudo parecia o mesmo, mas, de repente, comecei a lembrar de algumas coisas. Lembrei de um dia, acho que era um fim de semana, já que estava sem uniforme, em que estava indo na casa da Estrela. Vamos ver o que me lembro...sim, era isso mesmo, um sábado em que eu estava indo à casa da Estrela entregar alguns biscoitos que minha mãe tinha feito. Isso não foi há muito tempo, na verdade, foi um pouco antes das aulas voltarem. Isso, isso mesmo, foi no último fim de semana de férias.

Lá estava eu, interfonando na casa de Estrela com um potinho de biscoitos caseiros na mão.

—Sim? - ela disse.

—Oi, Estrela – falei – Trouxe uns biscoitos que a minha mãe fez.

—É? E daí?

—Como e daí? Eu trouxe para você! - reclamei.

—Oh, claro – disse ela – Entre. Vou abrir a porta.

Eu já tinha me acostumado a todo o ambiente tecnológico em que Estrela vivia, aquela residência maior por dentro do que por fora. Assim que entrei na casa, fui praticamente derrubado por Plum, a planta cachorro de estimação dela. Até com isso eu já estava me acostumando...já sabia mais ou menos como evitar as investidas de Plum. Entrei na sala e Estrela ainda não estava lá. Como ela atendeu o interfone, sabia que estava em casa. Decidi esperar na sala, mas ouvi um movimento pelo corredor próximo à sala. Imaginei que fosse Estrela, então decidi me aproximar e, chegando mais perto, notei que era ela mesmo, interagindo com um monitor enorme. Parece que ela já iria sair dali quando, do nada, recebeu uma mensagem. Na verdade, era uma mensagem para comunicação por vídeo. Estrela pareceu intrigada e aceitou a conversa. Na tela, apareceu a imagem de um cara que parecia ter mais ou menos a idade dela. Tinha cabelos pretos e usava uma roupa cinza que parecia o uniforme do local que trabalhava.

—Estrela, querida – disse ele – Há quanto tempo não falo com você?

—Aster – respondeu ela, não muito contente – O que você quer?

Aster? Era esse o nome dele? Quem era aquele cara? De fato, disso aí eu realmente não me lembrava...