Alien Panic
Crise 103 - Curador de Arte
A figura diante de nós era um careca bigodudo bastante excêntrico, mas parecia ser bem rico. Além disso, o alarme de Estrela acionou, indicando que ele deveria ser um alienígena.
—É nesse prédio, não é? - continuou o homem – Sim, é aqui. Um grande artista está nesse lugar.
Estrela se posicionou na frente dele com seu Portal Gun em modo celular praticamente gritando.
—Alto lá – disse ela – Eu sei bem quem você é.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!—Oh, claro que sabe, garotinha – disse o homem, dando uns tapinhas amigáveis na cabeça de Estrela – Sou um dos maiores organizadores artísticos da cidade, Salin Galenberg.
—Um nome falso, eu imagino – falou Estrela – Sei que você não pertence a esse lugar.
O homem ficou um pouco perturbado, mas continuou mantendo seu disfarce.
—Não me entenda mal – disse o tal Salin – Só estou aqui procurando o responsável por essa obra incrível!
Ele mostrou uma foto em seu celular que era exatamente o desenho feito por Bartô na quadra.
—Não pode ser – exclamei – Mas isso...
—Sim. Uma das maiores obras de arte que já tive a oportunidade de ver nos últimos dias. Vi por acaso, enquanto fazia meu passeio de helicóptero matinal. Como um grande curador, preciso conhecer o artista responsável por isso! - disse ele.
—E o que exatamente você quer com ele? - perguntou Estrela.
—Não é óbvio? Quero me tornar o empresário dele! Um artista desse porte precisa de incentivo! - ele parecia bem empolgado.
—Um empresário? - perguntei.
—É você, garoto? - indagou Salin – Você é o responsável por essa obra de arte?
—Errr...não – respondi – Não fui eu, não.
—Oh, eu devia imaginar – disse ele – Você não tem muita cara de artista.
—Mas eu tentava desenhar mangá uns tempos atrás – comentei.
—É você, garota? - perguntou ele.
—Não – disse Estrela – Na verdade, sou a pessoa que irá mandá-lo de volta para o seu lugar de origem. Diga logo quem é você e..
—Estrela – tentei falar baixo – Aqui não é o melhor lugar.
Olhando ao redor, vemos algumas pessoas cochichando e estranhando a presença do cara.
—Apenas me digam – insistia Salin – Quem está por trás disso?
—Se quer mesmo saber – falei – Quem fez o desenho foi aquele menino cabisbaixo ali.
—Oh! Eu sabia! - disse Salin, se aproximando do pobre Bartô, o tristonho que apenas estava sentado abraçando suas pernas – Você! Rapaz! Você quem desenhou isso?
—Hã? - Bartô olhou para ele sem muito entusiasmo. Salin insistia.
—Foi você? Você quem desenhou isso?
—Ah, isso. Só queria atrair a atenção de um..
—E você conseguiu! - disse ele – Atraiu a atenção de um grande negociante no meio artístico! Por favor, venha comigo. Vou torná-lo um grande nome no mundo das artes visuais.
—Arte? Na verdade, eu só queria...
—Queria expressar seu sentimento, não é?
—Sim. Sim, é isso mesmo. O senhor me entende, não entende? - Bartô mudou de humor rapidamente.
—Venha comigo, meu rapaz – disse ele – Farei com que seus sentimentos sejam ouvidos!
—Sério? Sério mesmo?
—Claro! Está aqui o meu cartão – disse Salin, mostrando seu cartão de negociante de artistas.
—Caraca! Se o senhor vai mesmo me ajudar, por que recusar? Estou suspenso na escola por dois dias mesmo! - falou Bartô, claramente animado.
—Sim! Vamos lá! - disse Salin, puxando Bartô pelos braços.
—Ei, esperem!
Mas o apelo de Estrela foi inútil. Bartô já havia entrado no carro. Nesse momento, Kevin chegou diante de nós.
—O que houve? - disse ele – Meu alarme acionou. Havia um alienígena por aqui?
—Sim – disse Estrela apontando para o carro – É aquele cara.
—Certo, vou anotar a placa. Vocês fiquem aqui, a CICE fará...
Mas as palavras de Kevin não foram ouvidas. Estrela já havia me puxado pelo braço para perseguir o tal curador alienígena.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!—Não pode nos teletransportar para o carro? - perguntei.
—Se teletransportar para locais com alta velocidade relativa é difícil – disse ela – O jeito é segui-los tradicionalmente mesmo. Ah, é isso. Um táxi.
—Táxi? Ei, espera! - e ela já me colocou dentro do táxi mais próximo ali.
—Siga aquele carro! - disse Estrela, apontando para o veículo de Salin.
—Ah, vocês de novo! - disse o taxista, coincidentemente, o mesmo que nos atendeu quando perseguimos a Bruna quando ela era controlada por aquele vestido estranho (*) - Com vocês é sempre emocionante!
—E lá vamos nós de novo – lamentei. Mas, dessa vez, conseguimos acompanhar bem o carro que perseguíamos. Quando ele parou, Estrela pagou o táxi com seu cartão e saímos. Salin e Bartô haviam entrado em uma casa pequena da região. Tentamos nos aproximar, mas a porta estava trancada.
—Parece que tá trancado, né? E agora? – falei, mas aquilo não parecia um problema para Estrela. E eu já devia saber disso.
—Isso é só um sistema de trancas primitivo da Terra – disse ela – Tenho um aplicativo no Portal Gun que pode imitar qualquer chave daqui.
Ela ativou o Portal Gun naquele aplicativo e analisou o formato da fechadura. O dispositivo conseguiu moldar um tipo de chave e emitiu um pedaço de metal naquele formato (para um aparelho que muda de arma de portais para celular, aquilo não era nada). O problema é que a chave não funcionou.
—Droga – disse ela – Estava enganada. Essa fechadura não é comum.
—Então o que faremos?
—Não subestime a tecnologia do Setor W – falou Estrela.
Ela anexou um conector do Portal Gun na fechadura e, rapidamente, o aparelho identificou que tipo de sistema era aquele. Usando um outro programa, Estrela o hackeou e conseguiu entrar.
—Moleza – disse ela – Vamos, Vitor. Vamos logo enquadrar aquele alienígena.
Entramos no local e, assim que passamos pela porta nos impressionamos com um grande museu. Grande demais para uma porta tão pequena.
—Parece a sua casa...é maior por dentro do que por fora – comentei.
—Ele deve ter acesso a tecnologias de espaço compacto – disse Estrela – Mas não usa uma tecnologia de segurança muito avançada na porta. Ele só deve ter comprado a tecnologia, não deve dominá-la. Ridículo.
Como sempre, tentando manter a grandeza. Mas o local era tão impressionante quanto a casa de Estrela. Havia diversas pinturas e esculturas bizarras espalhadas pelo local. Admirado, acabei esbarrando em um vaso sem perceber, mas Estrela praticamente mergulhou no ar para salvá-lo.
—Que vaso é esse? - perguntei.
—Ainda bem que não caiu – disse ela – Ou faria barulho e ele nos ouviria. Nossa, isso é um vaso de lado único.
—Lado único? - estranhei.
—É. Ele acompanha o seu olhar. Não importa o quanto você gire, nunca consegue ver o lado de trás do vaso – ela explicou. De fato, era isso. A parte da frente tinha a imagem de alguns peixes com antenas (e olhos nas antenas, deviam ser espécies alienígenas de peixes). Mas a imagem sempre acompanhava o meu olhar.
—É uma técnica que utiliza princípios bem avançados. Não há dúvidas. Ele é mesmo alienígena e parece viver por aqui há bastante tempo – disse Estrela – Bem, precisamos descobrir quem ele é.
—Nesse caso, é melhor o pegarmos de surpresa do que ele pegar a gente aqui, não é? - mas falei isso sem olhar para trás. Estrela ficou um pouco quieta e olhando por trás dos meus ombros.
—Ele tá atrás de mim, né? - falei – Droga. Sabia que isso iria acontecer.
—O que estão fazendo aqui? - perguntou o próprio Salin, acompanhado de Bartô. É, parece que não fomos tão discretos assim.
(*): capítulo 21
Fale com o autor