Kamen Rider Jikan

O Garoto Delinquente e a Presidente de Classe - Parte 2


Era um novo dia, Shigeru matava um tempo na cobertura do Shinagawa High como de costume quando Nana se aproxima repentinamente. Ele olha pra ela que sorria igual uma idiota.

– Senhor!!! - diz ele tomando um susto – Porque você tem que chegar assim, hein?! O que você quer agora?

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– Ei, Oiasawa-san... - diz ela se aproximando ainda mais dele, agora com as mãos no próprio queixo – Você é bom em artes?

– Mas hein?

– Sabe... Tipo, produzir murais, maquetes, essas coisas...- Nana se deita do lado dele e encosta a cabeça no ombro do rapaz – Ou quem sabe pintar paredes...

– Tipo pichação? - diz ele se tocando na folga da garota logo em seguida – QUE FOLGA É ESSA?! DESENCOSTA, ENCOSTO!!!

Os dois saltam do banco no mesmo instante e ajeitam os uniformes, um tanto corados de vergonha.

– Bom... - diz Shigeru pigarreando – Pra que quer saber?

– Como presidente de classe, eu propus na aula de hoje... Que aliás, vamos conversar depois sobre essa sua mania de ficar matando aula e...

– Ei, ei... Quer, por favor, manter o foco? - reclama o rapaz.

– Tá, tá! - diz ela alisando as chiquinhas – Bom, como eu ia dizendo, eu estava propondo hoje em sala de criarmos um lindo mural pra escola! Quero que nossa sala seja o destaque do ano no colégio Shinagawa High!

– Ah, sim! - diz Shigeru olhando para baixo do prédio – Boa sorte com isso...

Nana puxa Shigeru pela gola do paletó e começa a arrastar o rapaz.

– Boa sorte nada!!! Você vai ajudar como todo mundo!!!

– Quê?! Larga do meu pé, chulé!!! Socorro! SOCORROO!!!

[Algum tempo depois...]

– Que saco... - diz Shigeru enquanto passava o pincel com tinta em uma parede branca do colégio.

– Ei... - diz um rapaz com cabelo curto e castanho escuro, meio jogado na cara – Você tá fazendo errado.

– Hã?

– Essa pintura deveria ser mais alegre, isso aí tá mais pra pichação de, daquelas de delinquentes que só servem pra depreciar o ambiente.

– Oh... - diz Shigeru – Que seja...

– Pinte de novo. - insistia o rapaz.

Shigeru larga o pincel e se vira pro rapaz.

– E se eu não quiser, vai fazer o que?

– Hm? Você é bem esquentadinho, né?

– Ei, ei! - diz Nana se pondo entre os dois – O que está havendo?

– O que está havendo é que você veio me encher a paciência, de novo. - dizia Shigeru irritado – Me obrigou a fazer algo que eu não queria e agora eu tenho que aguentar esse mané me incomodando porque eu não sou nenhum Picasso.

– Desculpa, mas...

– Não! - grita o rapaz – Chega de desculpas, a próxima vez que você pensar em me incomodar vê se usa essa cabeça pra algo além de alimentar esse seu ego e não me enche, entendeu? Para de se meter na vida dos outros e de me empurrar pras suas invenções!

–Oh... - Nana fica com lágrimas nos olhos. Todos olhavam para eles naquele momento e uma sensação de constrangimento lhe abatia – De-Desculpa.

– Ei! - diz o outro rapaz – Você não pode falar assim com ela!

– É? - diz Shigeru olhando pra ele de forma invocada – Dai, não é? Vai fazer o quê a respeito, Dai?

– Tudo pra você se resume a resolver no braço, não é? - dizia Dai encarando Shigeru – Você pode ser chamado de "Lenda das Ruas", mas aqui você não passa de um delinquente imbecil.

Shigeru se aproxima de Dai como se fosse dar um soco no mesmo e então para com o punho na frente do rapaz, que parecia nem mesmo piscar os olhos.

– Hunf... Não vale a pena.

Ele se vira pegando suas coisas e vai embora do colégio. Nana corre atrás do rapaz.

– Espera! - insiste ela – Oiasawa-san, me diz, por que você se irrita tão fácil?

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– Olha... - Shigeru respira fundo na tentativa de se acalmar – Eu não sei qual a sua sina comigo, mas eu agradeço a tentativa, ok? Essas pessoas, aliás, até você nunca vai conseguir entender, certo? - Ele toca no ombro dela ao dizer isso e então se vira para que ela não visse os olhos lacrimejando – Voltar a estudar depois de tudo o que aconteceu foi um erro, talvez... Talvez o melhor mesmo seja abandonar os estudos.

Ele então sai de lá o mais rápido o possível deixando a garota confusa.

– Abandonar... Os estudos? - diz a garota pensativa e de forma preocupada.

O dia passa e logo chega a noite. Shigeru andava por ai ainda de uniforme, demonstrando que ele não havia voltado pra casa o dia todo. Ele então leva um esbarrão de um grupo de rapazes que passavam por ele.

– Ei! - diz o rapaz que esbarrou nele – Calma aí! - Shigeru ignora completamente ele, mas acaba sendo cercado e a provocação continua – Eu disse pra esperar!

Shigeru responde com um soco na cara do rapaz e os outros partem pra cima dele. Desequilibrado emocionalmente, ele acaba apanhando do grupo e ficando muito machucado, mas os vence mesmo assim.

– Como vocês são chatos... - diz Shigeru pegando sua maleta de estudos novamente.

Naquele instante, aparece diante dele um rapaz de cabelos castanhos onde era liso na frente e cacheado atrás. Junto dele haviam mais 3 caras.

– Finalmente te encontrei... Lenda das Ruas.

– Você é...

Os olhos do rapaz brilham em vermelho e então Shigeru solta um grito. O dia passa, Nana decide ir até a casa de Oiasawa para convencê-lo a voltar pro colégio. Ela se surpreende ao ver uma casa bonita e de padrão bom.

– Oiasawa-san! - gritava ela enquanto tocava a campainha – Oiasawa-san!! - continuava ela, porém sem resposta alguma.

Um homem abre a porta e olha pra ela. Aparentava já ter seus 40 anos e estava muito bem vestido, com um terno de corte impecável, trajando óculos de grau.

– Sim? - pergunta ele – O que deseja?

– Oh... - ela ajeita o uniforme e alisa as chiquinhas pigarreando logo em seguida – Sim! Me chamo Nagisa Nao! Estou procurando Oiasawa Shigeru-san!

– Oh... - o homem a olha de cima a abaixo e então muda o tom simpático de sua voz para um tom mais sério e frio – O que esse garoto aprontou agora?

Sentindo uma certa rispidez Nana decide não tocar muito bem no assunto.

– Oh, nada, senhor! Quero apenas conversar com ele sobre um trabalho de estudos enquanto vamos pra escola!

O homem dá um risada de deboche e então caminha até o carro.

– Você está perdendo seu tempo aqui. Ainda mais mentindo dessa forma. Vá embora, odeio mentirosos.

– Não, mas, eu...

– Não me faça chamar a polícia! "Trabalho de estudos", faça-me o favor! - diz o homem entrando no carro. Ele então abre a janela e poe a cabeça para fora – Ah, sim! Mais uma coisa, diga para Shigeru que se ele quer continuar nessa vida que ele não precisa voltar pra casa mesmo!

– Nossa... Não é atoa que ele é daquele jeito... - pensa Nana ao ver o homem saindo dali com o carro.

– Er... - alguém que se aproximava chama a atenção da garota – Você está procurando Shi-kun?

– Oh... Sim... - diz ela ainda tentando entender o que estava acontecendo ali.

Os dois saem dali e começam a conversar. O rapaz em questão era o primo de Shigeru, que começa a contar a história do mesmo.

– Meu primo nem sempre foi esse cara irritadinho que sempre acaba numa briga. Meu tio, que você conheceu ali é dono de um dos maiores hospitais do bairro. Antigamente, Shigeru sonhava em ser um médico, dar continuidade ao negócio da família.

– Mas, então, o que houve? - pergunta Nana intrigada.

[FlashBack]

– Rápido! Rápido! - dizia Koma.

– Espera aí, Koma! - dizia Shigeru, que ali ainda usava seu cabelo de cor natural.

Os dois param em uma lista que se encontrava no mural do colégio. Eles pareciam procurar por algo e então ambos avistam.

– Ohhh hohoho! - Koma abraçava Shigeru e os dois comemoravam – Incrível, Shigeru-kun! Essa nota é incrível!

– Não é? Hahahahah!

– Sim! Com uma nota dessas eu tenho certeza que você vai entrar fácil, fácil na faculdade de medicina! Hahhahaha!

– Pois é! Isso com certeza vai fazer meu pai sentir orgulho! Eu sei disso! - dizia Shigeru esperançoso.

Shigeru corre com o resultado em mãos até o escritório do pai com um super sorriso em seu rosto. Quando ele estava para abrir a porta do consultório, o rapaz escuta a voz do pai toda animada.

– Oh! É mesmo?! - dizia o pai para alguém – Então você foi aceito?! Parabéns!

Shigeru abre uma fresta e vê o pai conversando com seu irmão.

– Obrigado, meu pai! - dizia o irmão de Shigeru – Eu sabia que o senhor ficaria feliz! Entrar na faculdade de medicina era o mínimo que eu poderia fazer!

– Sim, sim. Eu sinto muito orgulho de você!

– Eu não poderia deixar isso nas mãos de Shigeru, certo? Ele é muito estabanado! Não tem a menor condição de dar sequencia com o hospital da família! - dizia o irmão de forma arrogante.

– Ossu! - diz o pai se levantando – Agora posso ficar tranquilo com o futuro do hospital!

– Sim! Hahahaha.

[FlashBack]

– Desde então... - dizia Ota – Meu primo começou a se afastar da família dele. E ainda teve aquele outro episódio...

– Hm? - dizia Nana já com os olhos cheios de lágrimas – Outro episódio?

– Sim...

[Flashback]

Shigeru abre a porta do que seria o ginásio de um colégio abandonado e vê seu amigo Koma acorrentado e sangrando, ele estava morto. Algo se movimenta do lado de Shigeru chamando sua atenção.

– Mas, o quê...?!

Diante dele estava um monstro que lembrava uma formiga em forma humanoide, de cor negra e olhos vermelhos, era uma visão medonha. O monstro sangrava e parecia se desfazer aos poucos.

– M-Maldito... – dizia o monstro com dificuldade - É a Le-Lenda!

Logo em seguida, o monstro se desfaz por completo.

– Quando o meu primo chegou lá, Koma-chan já estava morto e os outros haviam sido derrotados por alguém. – dizia Ota enquanto o flashback passava – E de alguma forma, Shi-kun acabou ficando conhecido como a suposta “Lenda das Ruas”...

[Flashback]

– ... Shigeru nunca superou a morte do melhor amigo. - Continuava Ota – Dali em diante, meu primo foi decaindo cada vez mais. Eu sei que ele não teve culpa, pois ele me procurou, mas infelizmente meus tios e o irmão dele ficaram ainda mais descrentes com ele. Simplesmente o abandonaram de vez. Por isso, eu te peço, não o abandone também!

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Ota segura a mão de Nana e a olha com uma expressão de socorro. Comovida, Nana promete pois ela sabia que ele não era uma má pessoa. Ela sabia que alguém que a ajudara sem mesmo a conhecer não poderia ser tão ruim assim.

A garota então começa a procurar por Shigeru por todos os lados, pedindo informação a todos, mas o rapaz parecia ter simplesmente sumido. Já era próximo do por do sol quando ela acaba esbarrando com Dai.

– Como é? - diz ela preocupada.

– É, eu tava indo entregar esse bilhete na casa dos pais dele. Um bando de caras cheios de marra me pararam e disseram pra eu entregar esse bilhete.

– Deixa eu ver esse bilhete.

Nana pega o bilhete e o lê. Se tratava de um bilhete suicida, cheio de erros de ortografia e gramática. A garota começava a chorar sem parar, ela não podia acreditar naquilo.

– É um bilhete suicida. - dizia ela.

– Eu sei, eu acabei lendo. - diz Dai – Mas eu tenho certeza que esse bilhete é falso.

– Como é? - diz Nana – Porque diz isso?

– Olha, Shigeru pode ser um delinquente, mas ele é inteligente, isso eu posso dizer. Está vendo esses erros grotescos de ortografia e gramática?

– Hm... - Nana não havia reparado antes, mas Dai tinha razão, ele nem falar errado, falava. - Pensando bem, essa letra não é dele, eu lembro quando ele participou da votação pra Presidente de Classe.

– Eu acho que esses caras pegaram Shigeru e querem matá-lo.

– Não, isso não! - diz Nana – Eu não vou permitir!

– Ei, onde você vai sua louca?! - perguntava Dai segurando ela.

– Dar um fim nessa babaquice de uma vez!

– Espera, eu acho que sei onde esses caras se escondem!

Dai e Nana então correm dali na esperança de encontrar Shigeru. Enquanto isso, Shigeru era espancado pelos bandidos que o sequestraram.

– E-Eu já disse... Vocês se enganaram... - insistia ele – Eu não sou essa tal “Lenda das Ruas”.

– Oh... É mesmo?! - diz o rapaz – Todo mundo sabe da história em que você matou toda uma raça! A minha raça!

– Grrr... Eu já disse que naquela ocasião já estavam todos mortos! Me solte, por favor!!! - Shigeru parecia tremer de pavor pela primeira vez.

Dai e Nana chegam a um armazém abandonado e então chutam a porta dele. A menina começa a gritar pelo nome do rapaz, chamando a atenção dos bandidos. Os dois correm ainda mais e então encontram o grupo e vem Shigeru acorrentado e todo machucado.

– Oiasawa-san. - diz Nana.

– Garota irritante? - diz o rapaz – E esse outro... O qu-que fazem aqui?

– Ora, ora, ora... - diz o líder da gangue tirando os outros da sua frente – Então você tem novos amiguinhos, huh? - ele se aproxima da garota e aproxima o rosto dela – Essa aqui possui uma energia negativa que parece apetitosa.

Nana empurra o cara e corre pra trás de Dai que olhava para ele com um olhar frio e sério.

– Saia daqui. - diz Dai encarando o cara.

– Você o ouviu, garotinha. - diz o rapaz – é melhor fazer o que ele pediu.

– Isso não foi pra ela, foi pra você. - insistia Dai se mostrando cada vez mais diferente.

Os capangas do homem partem pra cima de Dai que empurra a garota e começa a desviar dos golpes, em seguida, ele dá socos e chutes em cada um avançando cada vez mais. Ele para então de frente pra Shigeru.

– Sabe rapaz... - diz ele livrando Shigeru das correntes – Eu tenho que te pedir desculpas.

Mais homens partem pra cima de Dai e de Shigeru, os dois desviam e dão um soco na boca do estomago dos dois. Em seguida, seguram os braços de outros dois e param de costas um para o outro.

– É? Pela provocação de antes? - pergunta Shigeru.

– Não... - Dai empurra o capanga que segurava e dá um chute no cara enquanto Shigeru lançava o outro contra uma viga - … Eu fiz isso para ter certeza de que o Janpujin ali não estava na sua cola ainda.

– Espera... - diz Shigeru surpreso – Você sabe o que ele é?

– Hm? Você viu a verdadeira face dele?

– Si-Sim... Quero dizer, mais ou menos, ele ficou emitindo uma espécie de sombra negra com olhos vermelhos.

– Sim, essa é a primeira fase de um Janpujin.

– E o que diabos são esses Janpujins?

– Os Janpujins são seres que vivem no campo de aceleração. O universo inteiro é coberto pelo campo de aceleração, uma espécie de universo paralelo incapaz de existir fora de uma velocidade superior à da luz. Isso faz com que a raça humana não consiga enxergar sua barreira e seus habitantes.

– Campo de Aceleração? - dizia Shigeru socando outro bandido – Acho que já estudei isso pro vestibular! Isso é física, né?

– Vocês humanos tem a mania de darem nomes pra tudo... - Dai chuta outro bandido – Os Janpujins buscam desacelerar, para que possam ter uma vida maior, eles são seres terríveis que não se importam com outras vidas, apenas as deles.

– E porque deveríamos? - diz o líder da gangue – Somos uma raça superior, sobrevivemos desde o início dos tempos, é nosso direito!

O líder então emana uma sombra poderosa que começa a dominar seu corpo.

– O que é isso? O que ele está fazendo?! - diz Shigeru assustado.

– Se alimentando... - explicava Dai.

– Como é?

– Os Janpujins precisam de energia negativa para desacelerar, quando eles estão próximos a seres com energia negativa, eles conseguem romper a barreira do campo de aceleração e adentrar outras dimensões, eles tomam conta de suas presas e vão se alimentando da energia negativa delas.

– Então, ele está se alimentando do ódio que esse cara sente por ter achado que eu havia matado o líder da gangue que ele fazia parte.

– Exatamente. - confirma Dai – Só que na verdade a culpa é minha.

– Sua?

– Sim. A tal Lenda que o Janpujin disse naquele dia, sou eu.

A sombra que envolvia o rapaz se dissipa como vento e no lugar surge um monstro de pele amarelada e olhos vermelhos que lembrava um canguru. Em suas mãos haviam duas luvas vermelhas.

– Então é você! A entidade criada para destruir minha raça... Jikan!

– É... Acho que meu disfarce já não é mais necessário... - diz Dai tirando do bolso de trás uma ampulheta. Em sua cintura surge um cinto com dois puxadores de mãos.

– Hã?! - Shigeru se assusta com aquilo – Um cinto apareceu na sua cintura de repente?! Que diabos está havendo aqui?!

– Oiasawa-san... - diz Dai – Eu cuido disso agora, pegue Nana e saia daqui.

– Ce-Certo... - concorda Shigeru tentanto entender tudo aquilo.

Shigeru corre puxando Nana pelo braço. A garota gritava dizendo que não queria e olhando pra Dai que encaixava a ampulheta de cor lilás no cinto.

– OK! IT'S...

– Henshin...

– TIME!

Uma onda forte de vento bate em Dai seguido de um campo de energia. Nana via tudo passando acelerado dentro do campo, como uma espécie de borrão. O corpo de Dai é tomado por uma luz e começa a mudar de forma. A imagem de um relógio girando seus ponteiros rapidamente aparece. Eles param numa posição na cabeça do rapaz e então o corpo todo brilha fazendo o campo desaparecer criando um vento forte e levantando um pouco de poeira.

O corpo do rapaz agora estava protegido com uma espécie de armadura prateada com detalhes lilazes que agora estavam brilhando. Sua cabeça estava protegida por uma capacete que lembrava um relógio, o visor era lilás também.

– Me solta! Me solta! - gritava Nana.

– De jeito nenhum! - insistia Shigeru – Esse lugar ficou perigoso demais até pra mim!

– Mas...

– Olha, isso agora é com o Dai... Jikan... Seja lá quem ele for, beleza?

O Janpujin Canguru parte pra cima de Jikan que apenas desviava. O misterioso guerreiro pegava pedaços de ferro que estavam no chão e jogava contra o monstro que dava socos sem parar.

– O que houve, Jikan?! Será que tudo não passa de uma lenda mesmo?! Pare de fugir e me enfrente como uma verdadeira entidade!!!

– Janpujin, eu te dei a chance de desistir e ir embora naquela hora... - Dizia o guerreiro se referindo ao momento que a criatura tentara atacar Shigeru e fora expulso pela bola de luz – Mas você não quis me dar ouvidos, procurou outro e tentou se vingar... Pois bem... – ele então mostra outra ampulheta, essa de cor verde e puxa a que estava em seu cinto, a fazendo ficar em pé.

– OK! IT'S... -

– Punch...

– TIME! -

O relógio no rosto de Jikan começa a girar rápido e então o corpo dele começa a mudar e brilhar rapidamente, tudo ao seu redor parecia mais lento. A imagem da ampulheta em seu peito se torna verde assim como seu peitoral, os traços que antes eram lilás se tornam prateados e mudam de posição. Suas pernas e joelhos também se tornam verdes e suas mãos ganham duas luvas de boxe na cor vermelha. Os ponteiros param e então tudo parece correr em sua velocidade normal. Jikan começa a trocar socos e chutes com o Janpujin que parecia em pé de igualdade com ele.

– Porque? Porque você nos enfrenta? Esses humanos carregados de energia negativa, eles fazem mal a tudo e todos que tocam!

– Não. Você está errado. – responde Jikan – Os humanos podem mudar. Esses de agora mesmo sofreram por toda a vida. A presidente de classe que busca sempre se dar bem com os outros, se esforça tanto que acaba afastando eles. O delinquente que é desacreditado em sua própria casa, mas nunca foge de uma briga... Se quiserem, eles podem mudar! Porque ainda há esperança em um deles e a esperança... Ela é capaz de trazer milagres, é nisso que eu acredito!

Jikan empurra o monstro e o encara. Em seguida ele corre na direção do monstro enquanto encaixava uma ampulheta vermelha no cinto.

– OK! IT'S...

– Kick...

– TIME!

Rapidamente o relógio de Jikan gira e o corpo dele muda de cor novamente. Algumas partes de seu corpo se tornam vermelhas, as pernas ficam completamente nessa cor. Ele para no ar e dá uma sequencia de chutes no peito do Janpujin que chega para trás. Jikan cai no chão em posição se concentrando. A ampulheta que antes era vermelha se torna dourada.

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– IT'S HISSATSU TIME!

O corpo de Jikan se torna todo vermelho e é envolto por uma aura de mesma cor. A ampulheta em seu peitoral se apaga e as linhas ligadas a ela se tornam douradas assim como alguns detalhes. Duas placas se desprendem se seu ombro revelando pequenas turbinas que se ligam automaticamente. Em seguida, elas impulsionam o guerreiro para o alto que para em posição de voadora. Elas então o impulsionam novamente contra o monstro que é empurrado em alta velocidade. Jikan então dá um último chute lançando o monstro para o alto.

– NÃO PODE SER!!!!!

O monstro voa o mais alto no céu e explode logo em seguida, Jikan cai agachado em sequência e então se levanta e caminha desaparecendo dali. Shigeru e Nana param de correr e se sentam em um banco, cansados. A garota o olha, deixando Shigeru incomodado novamente.

– O que foi agora? - diz Shigeru com seu jeito marrento.

– É que...

– Ah, fala logo!

– Oiasawa-san... No passado eu... - Nana respira fundo e o olha com um olhar sério e totalmente diferente do de costume – Eu também fui boa em lutar. - diz ela surpreendendo o rapaz – E por muito tempo, me chamavam de delinquente. Os garotos nunca olhavam pra mim.

– Oh?

– Oh... - ela sorri e balança a cabeça em negação – Eu não dava a mínima na época e era muito teimosa.

– ”Era”?

– Cala a boca! - diz ela dando um pequeno empurrão no rapaz – Sabe... Antes do meu pai morrer, ele me disse: “A escola é um lugar pra alegria, pra se divertir. Nessa grande viagem chamada vida, o tempo de escola é muito pequeno. O que vai ser dos momentos que vivemos se não o aproveitarmos da melhor forma?”

Shigeru continuava a olhar o céu, ele se deita.

– E então? - diz ele interessado.

– Nós discutimos e eu fugi de casa. Por causa disso, ele acabou sendo atropelado por um carro e morreu. Aquilo mexeu comigo e eu decidi mudar de vida, me tornar uma garota normal e fui estudar na Shinagawa High. - ela se vira pra Shigeru e para com a cara de frente para a dele – Por isso eu quis ser a Presidente de Classe. Mas, as pessoas parecem não gostar de mim, mesmo assim. No fim das contas, acho que somos parecidos, Shigeru-kun.

Nana arregala os olhos naquele momento e se afasta balançando os braços e pedindo desculpas enquanto Shigeru se levantava e ia na direção dela. No entanto, o rapaz não faz nada, apenas passa por ela e vai embora. A garota faz uma expressão de tristeza enquanto suspira e vai embora pelo outro lado.

Na manhã seguinte, Nana entra no colégio e passa pelo pátio onde ficava o mural. Ela olha atentamente e vê alguém lá, pintando e fica surpresa. Ela se aproxima e confirma que era mesmo Shigeru. Ele havia feito uma linda pintura por cima da pichação de outrora. Ela para o olhando sem jeito e então o rapaz, pela primeira vez, sorri.

– Olha, se vai chegar atrasada e ficar aí olhando feito um dois de paus acho que eu tomei a decisão errada em voltar pra escola.

– Você... Voltou mesmo? - diz ela surpresa.

– É claro... Como eu vou me tornar um médico de verdade sem estudar?

Nana enche os olhos de lágrimas, dessa vez, lágrimas de alegria e se junta a Shigeru. Uma luz passa pelos dois e para na cobertura do colégio tomando a forma humana de Dai. Em seguida uma bola de luz surge flutuando do seu lado.

– Então, você vai mesmo ficar aqui observando os humanos?

– É claro. - diz Dai – Eles são fascinantes, não acha?

Continua...