Ele estava andando enquanto a lua lhe observava, talvez em pouco tempo tivesse uma reviravolta, tudo parasse e não fosse sua hora, mas o tempo é mágico, porém, traiçoeiro. Enquanto sozinho, não sentia uma fantasia reviver, sempre indo em frente, todos seus sonhos tinham se apagado, nenhum deles tinha outro significado.

A sensação era de cair em um poço, muito lentamente, primeiro estava com medo de chegar ao fundo e morrer, depois de um tempo estava com medo de chegar ao fundo e não morrer, mas sim sofrer com os machucados, em seguida estava com medo de atingir a água, logo adiante um medo crescente de não existir água e sim pedras, por fim, o medo de nunca chegar ao fundo do poço.

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Finalmente ele tinha chegado ao local indicado, seu destino traçado de maneira eficaz, a sua frente uma casa, marcada no mapa, sentia uma tensão enquanto girava a maçaneta, mal parava de imaginar o que tinha do outro lado da porta, morrer ainda era uma vantagem, mas naquele instante, nem a morte seria suficiente. O que tinha de tão ruim do outro lado que ninguém nunca o deixou descobrir? Diziam que aquela era a mais poderosa das dores, entrar lá era pior que queimar no inferno, mas naquele ponto, o que queria era descobrir a verdade. A verdade, sim, eles diziam que do outro lado tinha a verdade, uma verdade tão brilhosa que ofuscava sua mente, você não seria capaz de viver com aquilo, a casa foi construída sobre o lar dos relógios, onde os relógios quebrados eram abandonados, quando seus ponteiros mal podiam girar.

Empurrou a porta com cuidado, seus olhos se arregalaram, seu corpo paralisou, sentia a fria lágrima escorrer em seu rosto, só então pode ver com clareza. Ele foi encontrado morto no outro dia, uma faca sua mão, uma foto na outra, lá mostrava ele sorrindo, ao lado dela, sempre ao lado dela. O tempo traiçoeiro, que ilude com amor e te mata com o rancor.