Bestas de Mármore

Você perdeu sua única vela


O vento sopra e apaga sua única vela, ela estava no canto direito de sua cama antes de suas chamas se extinguirem e serem absorvidas pela noite, imobilizado no colchão em um rápido declínio mental, decide que deveria voltar a dormir, o único motivo dela estar ali é seu medo crescente da escuridão, agora terá que sobreviver em meio a perturbação de sua mente. Seu abajur tinha quebrado semana passada, agora a vela se apagou, você não vai conseguir dormir com a luz do quarto ligada, então se arrasta lentamente em direção a sala, atravessando o corredor de sua casa que agora parece ter sido dominado pelo medo.

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Sentando-se no sofá macio, ele lhe conforta, contudo, um fino sopro bate em seu pescoço, ele vem do lugar nenhum. Sua incerteza se torna crescente, pega o controle remoto com suas mãos que continuam tremendo, logo a tela se ilumina a sua frente, nessa madrugada, na televisão passa o jornal.

As notícias passam a te envolver muito mais do que a penumbra que está posicionada em sua sala de estar, como sempre são coisas que você não pode resolver, crimes que não se arriscaria a se envolver, notícias que está acostumado a ouvir. O repórter anuncia na televisão a tenebrosidade, o filho que matou o pai, crianças que roubam e usam armas, viciados e assassinos.

Quanto mais notícias são gritadas silenciosamente em faixas na tela, você pode notar o vulto se movendo, ele se rasteja atrás de você, enquanto o repórter agora anuncia tenso um massacre cometido por diversão, novamente sente a coisa passar os dedos cadavéricos pouco abaixo de seu olho e dizer:

– Se essas são as coisas que você está acostumado a ouvir, não é de nós que deveria ter medo!