Nova fase'

Festa!


Já está no fim da tarde quando entramos no vestiário e trocamos de roupa encerrando o dia, hoje foi bem corrido, tive as aulas na escola pela manhã e a tarde, duas turmas aqui no projeto mais o treinamento extra para os alunos que irão lutar no Campeonato e eles estão tão empenhados que praticamente tivemos que os colocar pra fora, mesmo assim estou satisfeito com nossos avanços e em como o dia rendeu.
— E já pensou no que vai fazer no sábado? – Ryan pergunta já jogando sua mochila nas costas.
— Sábado? O quê tem algo importante no sábado? – finjo confusão e ele finge uma risada.
— Você ainda é narcisista o suficiente pra jamais esquecer o próprio aniversário – ele fala e eu faço a maior cara de ofendido que consigo, eu me estico e acerto um tapa na cabeça dele.
— Ignorando sua acusação completamente sem sentido, bom, eu acho que vou levar os meninos no lago, um dia na floresta, sei lá, algo assim... – ele para na porta me olhando de um jeito engraçado e com um sorriso insuportável – Fala logo...
— Nada é só que... Olha só pra você! Pyter Everdeen Mellark... Até uns anos atrás estaria planejando uma festa inesquecível ou uma viagem mirabolante que incluísse coisas ilegais e loucas, e agora... Bom, um passeio na floresta?
— Isso por que você não tem noção de como um passeio na floresta com aqueles dois pode virar algo ilegal, louco e com certeza mirabolante – assim que penso neles é impossível disfarçar o sorriso que aparece e o do Ryan também aumenta – Ah vai se ferrar – eu jogo minha chave pra cima dele e ele pega ainda no ar – Sim, eu sou um pai babão e daí?
— Nada! – ele levanta as mãos – Quem sou eu pra falar de alguém – ele sorri e realmente ele é a ultima pessoa que pode falar de mim por que toda vez que ele vê a Bella o sorriso dele rasga o rosto e a baba escorre pelo seu rosto.
— Podemos ir agora ou ainda tem mais alguma avaliação? – ele ri e libera minha passagem, nós trancamos todo o galpão e ele me devolve as chaves do carro, jogo a mochila e a bolsa com tudo que sempre trago pros treinos dentro do carro e já íamos sair com o carro quando Pietro aparece batendo no vidro da minha janela – Tá perdido?
— Preciso falar com você – ele avisa e eu o olho curioso.
— Entra aí – ele obedece rapidamente, entra no carro e se joga no banco de trás, ele cumprimenta o Ryan e eu saio com o carro, vou direto pra casa dele e Ryan desce deixando só nós dois – Então? – olho pelo retrovisor, ele dá de ombros e se inclina no meu banco, apoiando a o queixo no encosto da minha cabeça.
— A gente pode tomar um sorvete?
— Você paga?
— Claro – ele concorda e se estica abrindo o porta luva e pegando minha carteira, ele me olha e sorri vitorioso.
— Eu já disse que você tá ficando muito abusado? – ele ri enquanto passa para o banco da frente, ele se enrola um pouco mas consegue – Você pode pelo menos me adiantar o assunto?
— Ou você pode ir mais rápido – ele dá de ombros e eu acabo rindo e continuo dirigindo, estaciono na calçada a frente da sorveteria e descemos do carro, alguns adolescentes estão no lugar e duas crianças reclamam com a mãe que querem mais sorvete, cumprimento as pessoas e vamos nos servir, Pietro escolhe uma mesa no canto da janela e nos sentamos.
— Agora desembucha – ele respira fundo e se prepara.
— Lembra da festa da primavera que teve na escola?
— Tem duas semanas, eu não tenho perda de memória, então é claro que eu lembro – ele revira os olhos.
— É, eu sei! E teve aquele menina que dançou comigo...
— Ah, a moreninha gata, lembro muito bem – ele ri mas balança a cabeça como se eu tivesse falado besteira.
— Então, eu meio que chamei ela pra ir na apresentação da peça que vai ter na sexta – ele confessa enquanto mexe nos guardanapos.
— Esse é meu garoto! E aí? Ela aceitou né?
— Aceitou! Claro que aceitou! – ele fala orgulhoso – Só que tem um problema...
— O papai! – eu concluo e ele confirma.
— Você sabe como ele é! Eu só chamei ela pra gente sair, só isso, ela é legal, a gente se dá bem e... A gente meio que tem ficado e tal
— Pietro, seu pegador, quando você ia me contar? – ele ri.
— Eu tô te contando agora, é só que... Não é nada demais, sabe? É só... A gente as vezes fica, mas é só isso!
— Só uns amassos né? – pergunto cutucando ele que ri e se esquiva – Uma pergunta! – paro de cutucar e ele me dá atenção – Ela sabe que não é nada demais, certo?
— Sabe, claro que sabe! Eu não sou desses garotos, você sabe!
— É, eu sei, foi uma pergunta idiota!
— É foi mesmo!
— Não precisa concordar – nós rimos e indico que ele continue.
— Então, é isso, eu chamei ela, ela aceitou! Só que o papai já ficou botando maior pilha quando viu a gente dançando na escola, dizendo que ela era bonita, simpática, educada – ele revira os olhos – Se eu disser que eu chamei ela pra sair, ele vai querer conhecer os pais dela, marcar um almoço em família e planejar nosso casamento!
— E os nomes pros filhos! – eu completo e ele ri.
— Exatamente! E eu não quero isso, é só pra ser uma saída! – eu concordo sabendo que ele tem razão – Mas eu não posso e nem quero mentir pra ele, por isso preciso da sua ajuda. Você pode, por favor, falar com ele e fazer ele não pirar com isso? – ele pede me olhando fazendo aquela cara de pobre coitado que ele sempre usa pra conseguir as coisas de mim e sempre consegue, até por que é difícil negar algo, afinal os olhos azuis ainda são os mesmos daquele moleque de três anos que pulava no meu colo ansioso pra brincar comigo.
— Ok! Eu falo com o papai! Mas tem uma condição – ele me olha com atenção, eu abro um sorriso – Que você ensine esse truque pros meninos. Maior gata ein... – eu falo fazendo uma cara de impressionado, ele ri e me empurra.
— A tia Keyse também é maior gata!
— É, ela é! A mais gata de todas! – confesso sorrindo, ele faz uma careta, terminamos o sorvete e entramos no carro e vamos para Aldeia, mal desço do carro e as duas figuras saem da casa dos meus pais, os dois com o cabelo preto bagunçado, os olhos azuis brilhando, Lucca sem camisa e Theo com o rosto sujo de tinta, eles correm pra mim e se jogam no meu colo quase me fazendo cair, já estão com seis anos e ainda parece que foi ontem que eles nasceram.
— A gente já fez o dever de casa! – Lucca fala quando me solta.
— E eu tava pintando com o vovô!
— Então isso explica esse rosto pintado – eu falo apertando a ponta do seu nariz, ele ri e se esquiva de mim.
— O vovô fez bolo de laranja, tá gostosão – Lucca fala e me puxa pela mão pra entrar na casa.
— E a mãe de vocês, ainda não chegou? – pergunto olhando no relógio, eles negam, mas já são 17:40, ela já devia ter voltado e levado eles pra casa. Desde que eles começaram a estudar, ela voltou a trabalhar e quando eles não tem nenhuma atividade extra ou treino comigo, ela os deixa com meus pais e os pega as 17 horas.
— O Theo já comeu três pedaços – Lucca fala chamando minha atenção.
— Eu comi dois!
— COMEU TRÊS!
— Comeu três, Theo! – mamãe fala e ele desiste de desmentir, ela ri e vem até a mim, eles se soltam de mim e vão correndo pra cozinha, Theo quase arrastando Pietro pela mão – O apetite dele é quase maior que o seu – ela fala e beija minha bochecha.
— Estamos em fase de crescimento – ela ri – Cadê o papai? – ela revira os olhos e aponta lá pra cima.
— Sujando meus lençóis e estragando as poucas camisas que ele ainda tem!
— Isso é uma calunia – ele fala descendo as escadas, mas os dois tem um sorriso escondido.
— Então a camisa preta que virou pano de chão por que estava toda rabiscada não foi estragada? – ele faz uma careta e lhe dá um beijo rápido, ela revira os olhos – Eu vou impedir que o Theo siga os seus passos e devore o bolo sozinho – ela avisa e vai pra cozinha.
— A gente pode conversar, rapidinho – pergunto e ele me olha curioso e como se fosse combinado Pietro aparece – Aí está o motivo da conversa.
— O que vocês estão aprontando?
— Nada – Pietro fala rapidamente.
— É bem simples... O Pietro é um garoto e garotos saem com garotas, e é isso que ele vai fazer na sexta! – Pietro me olha como se eu tivesse feito tudo errado, eu dou de ombros e papai abre um sorriso, mas não qualquer sorriso e sim “aquele sorriso” – AH NÃO, não! Esse é o problema – eu falo apontando pra ele que me olha confuso.
— O que eu fiz?
— Esse sorriso!
— Eu não posso sorrir por que meu filho tem um encontro... E então qual o nome dela? É aquela menina da festa não é? Eu sabia...
— Tá vendo! Eu disse que ele ia fazer isso – Pietro fala revirando os olhos.
— Eu não estou entendendo! – papai parece realmente perdido.
— Você é careta! – ele me olha entre a confusão e a ofensa – Não me leva mal, a gente te ama, você é o melhor pai do mundo, mas é careta!
— Eu não sou careta! – ele fala ofendido, eu e Pietro nos olhamos.
— Você é careta – falamos juntos e ele se afasta um pouco e olha pra nós dois cruzando os braços.
— Então me dê três motivos... – ele desafia, nós sorrimos.
— Ok! Eu começo. O Lucca só tem seis anos e semana passada quando ele correu na festa pra abraçar a Bella você disse que eles formavam um lindo casal... – ele dá de ombros.
— Eu me apaixonei pela sua mãe quan...
— AH não pai, a gente já sabe dessa história – Pietro fala e eu concordo.
— OK, então eles são só amigos!
— Bom, além disso, quando tocou aquela musica animada e Louise começou a dançar você achou que aquela não era uma musica pra ela dançar com tantos garotos perto!
— Ela estava de vestido...
— E... Mesmo assim quando ela disse que não queria namorar você discursou sobre como o amor é lindo e maravilhoso...
— Mas é lindo e maravilhoso! – ele dá de ombros e Pietro que continua.
- E só por que eu dancei com a Lara você disse que podíamos marcar um almoço aqui em casa!
— Eu só queria conhecer sua amiga!
— Pai! – ele reclama e papai solta o ar derrotado.
— Talvez eu seja um pouco...
— Careta! – eu concluo e ele dá de ombros.
— Eu só quero a felicidade de vocês!
— Eu sei disso! – Pietro afirma olhando pra ele.
— Nós sabemos, ninguém duvida disso, é só que você podia diminuir um pouco as expectativas...
— Eu só me empolgo um pouco... As vezes – eu o encaro e ele dá de ombros – Quase sempre!
— E é por isso que eu estou aqui! O Pietro convidou a amiga gatinha que ele tá dando uns pega...
— Pyter! – ele reclama mas posso ver seu sorriso.
— Ok, a amiga cuja beleza ele admira, porém não tanto para namorar...
— Eu desisto! – Pietro levanta as mãos e se afasta – Só fala com ele e seja o que Deus quiser – ele fala já indo pra cozinha, papai cruza os braços novamente e me olha.
— Ele tá andando muito com a Louise, todo esse drama – faço uma careta e mesmo tentando disfarçar papai ri.
— Fala logo!
— Então, o Pietro vai levar essa menina pra peça que vai ter na sexta, será que você podia aceitar numa boa, sem colocar pressão? E quando eu digo não colocar pressão preciso que você me prometa que quando ele chegar em casa não vai ter uma festa de noivado esperando por ele, ok?
— HÁ HÁ HÁ, você é muito engraçado! Eu não acho que eles vão se casar por causa de uma saída ok! Só... Acho que eles formam um belo casal
— Pai, qual é? Você não ouviu nada do que eu disse?
— Ouvi! Eu não espero que eles se casem!
— Nem namorem!
— Por que não? – eu o encaro e ele solta o ar e levanta as mãos – Ok, nada de noivado, casamento ou namoro!
— Obrigado!
— Mas não acharia ruim se acontecesse...
— Você é um caso perdido – balanço a cabeça começando a acreditar nisso, ele ri e coloca a mão no meu ombro me puxando pra ele.
— Eu só quero que ele encontre alguém pra amar e ser feliz!
— Ele tem dezesseis anos, pai. DEZESSEIS! Tem uma centena de garotas que ele pode conhecer, antes de conhecer a que vai ser pra sempre...
— Falou o cara que casou com a primeira namorada – ele me zoa e ri enquanto bagunça meu cabelo, ironicamente não posso negar e acabo rindo.
— A Keyse me jogou um feitiço ou algo assim, nós já discutimos esse assunto, por mais que eu quisesse me livrar dela, não conseguia.
— Espero que você não esteja falando de mim – Keyse fala enquanto abre a porta e vem até nós.
— Você está atrasada! – aponto pra ela, que revira os olhos e me dá um beijo rápido na boca e um na bochecha do meu pai.
— Perdão, eu acho que esqueci a parte em que você é meu dono e controla meus horários!
— Opa, acho que sua mãe me chamou ali na cozinha – papai fala fingindo escutar algo, eu faço uma careta e ele nos deixa sozinhos.
— Eu acho que você quis dizer: Perdão meu amor, me atrasei mas estava louca de saudade! – falo enquanto a seguro pela cintura, ela sorri e se deixa ser levada, eu a encosto na parede e ela passa os braços pelo meu pescoço e aproxima nossos rostos.
— Eu poderia te contratar como meu tradutor – ela sorri e me beija, minha mão aperta sua cintura e o beijo estava começando a se esquentar quando as mãos nas nossas pernas nos distraem.
— Ô mãe, você demorou!
— Sabia que o Theo comeu o bolo quase todo!
— E o Lucca tomou o café da caneca da vovó!
— E a gente já fez a lição de casa!
— UAU! Eu estou impressionada – ela fala se abaixando e sendo abraçada e beijada por eles – Meus meninos estão crescendo!
— O CHOCOLATE TÁ PRONTO! – mamãe grita da cozinha e eles correm de volta pra lá, Keyse faz cara de choro.
— Pelo menos te trocaram por uma caneca de chocolate, ontem me trocaram pelo seu macarrão, sabe o quanto isso é humilhante? – pergunto fingindo magoa e colocando a mão no coração, ela ri, se levanta, me acerta um tapa e me empurra na direção da cozinha.
Nós saímos da casa dos meus pais com os meninos apostando corrida, Lucca chega primeiro e começa a fazer uma dança desengonçada pra comemorar, Keyse ri enquanto nos aproximamos.
— Você parece uma galinha – Theo fala olhando pro irmão com uma cara confusa, dessa vez eu também acabo rindo.
— Ô mãe, o Theo falou que eu sou uma galinha!
— Não, o Theo falou que sua dança parece com a de uma galinha – ela fala e ele balança os ombros.
— É igual! – ele fala enquanto sobe as escadas correndo, nós vamos logo atrás.
— Pai, já tá no dia de vê qual o meu tamanho? – ele pede parando de frente para a parede dentro do nosso quarto onde tem a marcação da altura deles desde quando conseguiam se manter de pé e eles adoram marcar ainda mais, se dependesse deles todos os dias eles fariam isso.
— Seria semana que vem! – eu falo e olho pra Keyse.
— Mas vocês se comportaram muito bem e fizeram todas as lições, então eu acho que... – ela abre a gaveta da pequena escrivaninha e pega a caneta vermelha e outra azul, ela me entrega a azul que é para marcar o Theo e fica com a vermelha, eles riem e param de costas pra parede ansiosos.
— Não vale, o Lucca tá levantando o pé – quando olho Lucca está realmente na ponta do pé, o mais esticado que consegue.
— Quais são as regras?
— Sem levantar o pé, sem esticar o pescoço... – ele fala meio cansado e contrariado, então abaixa os pés, eu e Keyse riscamos a parede e quando eles se viram e veem a diferença riem e pulam animados, enquanto eu e Keyse experimentamos aquela pequena divisão entre a alegria deles por estarem crescendo e o nosso sentimento de ver o quanto isso está acontecendo tão rápido, tem apenas um mês que fizemos a ultima marcação e agora eles estão quase três dedos mais altos e isso é estranhamente nostálgico.
— Eu tô mais grande que o Theo!
— É maior! E não, vocês estão iguais, olha a marcação – Keyse mostra fazendo uma linha imaginaria que une os dois, eles analisam por alguns segundos.
— Tá, é igual – ele fala convencido e então corre pra nossa cama e se joga, Theo faz o mesmo que ele – A gente pode dormir aqui?
— Não, mas vocês podem tomar banho e jogar um pouco antes do jantar – Keyse fala e então eles pulam e saem correndo pro banheiro, já planejando que jogo eles irão jogar quando saírem do banheiro, ela vai atrás pra ajudar eles enquanto eu aproveito pra separar umas roupas pra lavar.
— E o que nós vamos fazer no sábado? – ela pergunta parada na porta do banheiro enquanto eu tiro minha roupa pra tomar meu próprio banho.
— O que aconteceu que todo mundo parece mais empolgado do que eu? – ela sorri de um jeito misterioso e entra no banheiro fechando a porta atrás dela, eu a encaro com uma pergunta silenciosa – Eles já estão jogando! – ela responde dando de ombros, então tira a camiseta que estava e joga no chão, em seguida tira a calça e fica apenas de calcinha e sutiã me encarando – Alguns dias atrás você já teria avançado em mim, já está tão velho assim? – ela fala e faz uma cara confusa, eu sorrio e em um passo a alcanço, encosto-a na porta, encaixo uma mão na sua nuca e a outra aperto sua cintura, então ela solta aquele sorriso malicioso – Aí está o homem que eu me casei! – ela me dá uma piscadela, eu sorrio e aproximo meu rosto do seu pescoço, sentindo seu perfume, meus lábios tocam sua pele e eu arrasto até seu ombro, arranho com meus dentes e depois subo até sua orelha, mordo-a e então paro meu rosto de frente pro dela, nossas respirações se misturando.
- E alguns dias atrás você não acharia que seria tão fácil me enganar – ergo a sobrancelha e a solto, ela faz uma cara de quem sabe que perdeu enquanto eu a encaro esperando que ela me conte, então ela solta o ar e levanta as mãos.
— Ah que se dane, eu disse que você ia sacar tudo então... Eles cismaram de fazer uma festa surpresa e eu não sei por que eles acharam que dessa vez ia dar certo – ela dá de ombro como se fosse impossível.
— Todos esses anos e vocês ainda acham que conseguem me enganar? É até bonitinho – eu falo segurando o queixo dela, ela ri, me faz uma careta e empurra minha mão com um tapa.
— Só pra esclarecer que eu disse que daria errado! – ela avisa e então aponta o dedo pra mim – E você vai inventar alguma coisa, mas se contar pra alguém que fui eu quem te contou você dorme no sofá por um mês e... Nada disso aqui – ela fala enquanto coloca as mãos na cintura e me encara com aquele sorriso que me quebra, eu sorrio e avanço nela de novo.
— Minha boca é um tumulo – eu garanto e a beijo com paixão enquanto ela passa as pernas em volta do meu corpo.
— E como seria essa festa surpresa? – pergunto enquanto ela se enrola na toalha saindo do box fingindo não ter ouvido – Você sabe que eu vou descobrir de um jeito ou de outro, então...
— Bom, o Ryan vai te entregar um convite especial pra a apresentação no teatro no sábado, só que na verdade não vai ter peça nenhuma...
— Vocês fecharam o teatro pra uma festa pra mim? – um sorriso orgulhoso aparece no meu rosto e ela revira os olhos.
— Eu disse que era um exagero!
— Eu não acho – ela revira os olhos de novo.
— Bom, eles queriam comemorar com grande estilo o fato de conseguirem pegar você em uma surpresa...
— Mas não vão conseguir! – eu sorrio.
— Será que você pode pelo menos fingir que eles te enganaram dessa vez? Eles estão mesmo empolgados com isso!
— E qual seria a graça? – pergunto já sorrindo enquanto penso no que vou fazer, ela levanta as mãos desistindo e sai do banheiro, me enrolo na toalha e vou atrás dela.
— Você já fez uma banda aparecer no meio da festa, fez um vídeo só pra fazer graça com a cara deles, trocou o bolo que eles escolheram, apareceu de fantasia quando na verdade você deveria ser o único sem fantasia, gravou “eu sempre sei de tudo” na faixa que deveria estar “finalmente te pegamos!” e então, qual a pegadinha de vez?
— Eu preciso de algumas horas...
— Será que você não pode deixar essa passar, por favor? – ela pede e segura meu rosto com as duas mãos, eu sorrio e toco seu queixo, depois lhe dou um beijo rápido.
— Mas a graça é essa! Eles tentam, eu provo que sou mais esperto – ela me solta e se afasta.
— Eles só querem pelo menos uma vez fazer algo divertido pra você e não que você faça por eles, é tão difícil aceitar?
— Não tô entendendo esse drama, pelo que eu me lembro, você que subornou o cara pra mudar a faixa!
— Era engraçado! Uma vez, duas, até a terceira, mas você sempre faz isso! É meio... Frustrante, você sempre estragar tudo! – ela fala enquanto coloca a roupa e pela maneira que ela faz, evitando me olhar e se enrolando com a calça, mostra que ela está mesmo irritada – Sabe por que eu me atrasei hoje? Por que eu tava com a sua irmã, a Nathy, Hazel e Hannah, tentando achar um jeito de esconder isso de você, mas que se dane né? Você já descobriu e vai aparecer lá com uma das suas pegadinhas super engraçadas e insuperáveis! – ela termina de se vestir e sai do quarto com passos fortes me deixando ainda parado de toalha, eu levo alguns segundos até me despertar, então coloco uma calça e saio do quarto, olho no quarto ao lado e os meninos estão no chão jogados nas almofadas grandes e dando comandos um ao outro enquanto olham hipnotizados pra tv, eu desço as escadas e vou até ela na cozinha, me aproximo devagar avaliando seu humor, ela está lavando alguns legumes e eu apenas paro olhando ela e esperando o momento certo, até que ela se vira pra mim – Eu só acho injusto com eles! Sabe, olha pra você, você é... – ela desvia os olhos e depois volta a me olhar – Você é sempre o melhor! O melhor amigo, melhor irmão, melhor padrinho, melhor marido, melhor pai... As vezes, tudo que nós queremos é ser um pouco do que você é pra todos nós, entende? Todo mundo tem uma história louca pra contar de algo que você fez acontecer, seja um presente insuperável, uma declaração impressionante, um ombro amigo sem segundas intenções ou uma simples festa surpresa... – ela de ombros e seu sorriso é um tanto decepcionado – Eles... Eu... Nós, só queremos que você tenha uma história nossa tão boa quanto as suas! – eu me aproximo dela e seguro seu rosto.
— Eles... Você... Vocês são a minha história impressionante! – eu afirmo sinceramente e o sorriso dela melhora um pouco – Eu prometo que não vou fazer nada! – agora sim o sorriso dela é o mesmo de sempre.
— E nem vai tentar descobrir mais nada?
— Nem um único detalhe!
— Nem vai ficar subornando o Pietro ou a Louise?
— Sem suborno!
— E você vai aparecer na hora que a gente pedir sem levantar um monte de perguntas?
— Eu só obedeço!
— E vai fazer cara de surpresa pra eles não descobrirem que eu te contei? – eu faço a expressão mais surpresa que consigo.
— Oh meu Deus, Keyse, você sabia? Mas você me jurou que eles tinham desistido! Não acredito que mentiu pra mim! – ela ri e pula enquanto beija varias vezes meu rosto e minha boca.
— Eu te amo, te amo, te amo, te amo! – eu sorrio e passo meus braços em volta dela, levantando-a do chão.
— E eu amo você! – dessa vez ela me dá um beijo de verdade e quando eu a deixo na cozinha, está cantarolando animada enquanto corta os legumes, um sorriso satisfeito está no meu rosto por vê-la assim.
Eu passo o resto da semana tendo que me controlar cada vez que vejo que eles estão planejando algo, Keyse me fez jurar não perguntar mais nada e também não toca mais no assunto, ela se sente um pouco culpada por enganar eles já que eu sei que terá a festa, mas está cumprindo o segredo sobre todo o resto e eu também estou cumprindo minha parte e fingindo não ver nada, nem mesmo quando encontro Nathy saindo da casa da Pérola e ela se atrapalha toda quando me vê, ainda assim fingi não perceber e confesso que isso é extremamente complicado mas ao mesmo tempo é gratificante ver eles se esforçarem tanto pra fazer algo pra mim e me sinto um pouco do cara que todos eles veem, embora as vezes eles sejam bastante exagerado. Eu acordo com pulos na cama, levo uma joelhada na barriga e quase fico sem ar.
— É pra acordar e não pra nocautear ele – Keyse fala e mesmo sem vê-la sem que está com aquele sorriso radiante, abro os olhos e Lucca e Theo se jogam em cima de mim, eles me abraçam e me beijam ao mesmo tempo, enquanto cantam parabéns, eu me arrasto até estar sentado, então eles ficam em pé na cama e pulam e cantam mais alto que podem, enquanto sacodem alguns balões coloridos que Keyse entrega a eles, ainda estão de pijama, os cabelos bagunçados e os olhos de quem acabaram de acordar, ainda assim a animação deles é enlouquecedora, Keyse está parada a alguns passos da cama e olha na nossa direção com um sorriso que ilumina todo seu rosto.
— Ô pai a gente tem um monte de presente pra você – Lucca fala empolgado.
— Pode pegar?
— Eu vou com vocês e devagar – ela fala e mesmo assim eles saem correndo do quarto, eu os espero ainda sentado na cama e rindo como um idiota, tem sido assim todos os aniversários deles que eles nasceram, por que independente do que eles trarão pro quarto, do tamanho do embrulho ou do valor que foi pago, eu já tenho meus maiores presentes e eles já estão voltando pro quarto correndo trazendo dois pacotes e o que parece ser um quadro, eu sorrio ansioso e ajudo eles a subirem na cama.
— Primeiro o meu! – Theo fala e coloca o que parece um quadro na minha frente, eu sorrio e começo a abrir o papel tentando não rasgar, mas ele me ajuda e simplesmente puxa o papel rasgando tudo e revelando um quadro com uma moldura antiga, no meio tem uma foto minha e dele, estamos sujos de terra por que tínhamos acabado de rolar pelo chão da Campina, ele está sentado no meu ombro com os braços pra cima e eu segurando ele meio desajeitado mas nós dois estamos sorrindo, na verdade rindo de verdade, só de olhar lembro do som da gargalhada dele naquele dia quando ele conseguiu subir em uma arvore sozinho, ao redor da foto a mão dele de diversas cores está marcando a tela que antes era branca, uma mão tão pequena e que consegue me afetar tão grandemente.
— Eu amei! De verdade, é lindo e eu vou achar o lugar muito especial pra colocar ele! Obrigado! – eu falo sinceramente, coloco o quadro de lado e abro os braços, ele pula em mim me abraçando e me beijando.
— Papai – ele segura meu rosto e abre um sorriso – Eu amo você – ele fala e são essas três palavras que nunca terão preço, eu morreria apenas pra ouvir novamente.
— E eu amo você, tanto que você nem tem ideia do quanto – eu garanto e beijo a testa dele, depois o abraço apertado.
— Agora o meu – Lucca fala e eu sorrio enquanto Theo sai do meu colo e ele se aproxima mais colocando o seu pacote em cima da minha perna, eu abro o papel com um pouco menos de cuidado e mais rapidez, ele parece ansioso me olhando e esfregando as mãos, um pequeno baú de madeira está trancado com um cadeado, Keyse entrega uma pequena chave a ele e ele me entrega, eu abro o cadeado e ele dá um pulo ansioso, quando abro o baú encontro ele cheio de um dos doces preferidos dele, é uma goma de mascar em formato de urso, tem de várias cores, mas eu sempre pego as verdes e são as que vem menos e são apenas essas que tem dentro do baú, ele abre um sorriso esperando que eu diga algo, meu sorriso aumenta.
— São as minhas preferidas – eu falo e ele me abraça, pulando no meu colo.
— Ele me fez levar ele em todas as lojas e barracas do Distrito, ele mesmo pediu pra todo mundo e separou elas! – Keyse fala com um sorriso orgulhoso, eu o seguro no meu colo e olho pra ele.
— Você fez isso por mim? - Você sempre me leva pra tomar sorvete e de duas bolas – ele dá de ombro como se fosse a explicação mais óbvia do mundo, eu sorrio e o abraço e beijo sua cabeça várias e várias vezes.
— Eu amo você – eu falo e ele ri.
— Eu amo você também – eu o abraço de novo e puxo Theo pra junto de nós dois – Eu amo vocês dois! Muito, muito, muito, muito – eu beijo e faço cócegas neles que riem e se esquivam de mim.
— Ainda tem mais um presente! – Keyse avisa e levanta uma caixa embrulhada, eles se sentam e esperam que ela me entregue, eu pego e me apresso em abrir, um estojo marrom forrado em couro tem a letra P desenhada nele, eu abro e dentro tem uma medalha, como aquelas que eu ganhei em vários campeonatos, ela é dourada e brilhante, eu pego e levanto admirando, meu nome está gravado nela, mas além disso em sua volta está gravado “melhor pai do mundo”, eu mal sei o que dizer – Eu sei que você está acostumado com o primeiro lugar, então, acho que não é tanta surpresa assim, certo?
— Na verdade acho que esse é o único primeiro lugar que realmente importa! – ela sorri e se aproxima, coloca um dos joelhos na cama e me beija, os meninos fazem careta e som de reprovação, nós apenas rimos.
— Meus parabéns! – ela sussurra e me dá um beijo mais rápido – Presentes entregues, agora trocar de roupa, juntar as coisas e...
— LAAAAAAGO! – eles gritam juntos.
Eu me arrumo rápido e vou pro quarto junto com eles, Keyse está terminando de colocar a roupa neles e eu me ofereço pra terminar enquanto ela arruma as coisas na cozinha.
— Ô pai, você vai ficar velho igual o vovô? – Theo pergunta me olhando confuso, eu solto uma risada.
— Ainda vai demorar bastante tempo – eu falo ainda rindo e terminando de colocar a bermuda nele – E depois de mais um monte de tempo, vai ser você! – ele me olha confuso e pensativo.
— Ainda bem que falta um monte de tempo – ele conclui e sorri aliviado.
— A gente vai poder pegar os peixes? – Lucca pergunta ansioso.
— Se vocês conseguirem – eles se olham de um jeito cumplice.
— A gente vamo conseguir! – Theo fala com tanta certeza que eu também acredito, então Keyse nos grita e eu coloco o boné neles e pego as mochilas de cada um – Ô mãe, eu não quero o boné – ele reclama tirando e fazendo uma careta.
— Tá sol, você vai de boné ou vai ficar com seus avós – ela o encara esperando sua decisão e ele bufa antes de colocar o boné na cabeça.
— Eu posso ir na frente? – Lucca pergunta segurando minha mão.
— Crianças não podem ir na frente! – ele faz uma cara triste, eu sorrio e o pego no colo – Mas podem subir em arvores – ele abre um sorriso e então saímos de casa, guardo a cesta com nosso lanche, as mochilas deles e todas as coisas que iremos levar no porta mala enquanto Keyse coloca eles no carro.
— PYYYYYT – Louise corre na minha direção e só tenho o tempo de me virar e abrir os braços e então ela pula no meu colo, mesmo com seus quase 11 anos – Você ia sair sem falar comigo! – ela briga ainda com os braços em volta do meu pescoço, eu beijo sua bochecha e ela sorri – Parabéns! Eu amo muito você, mesmo você sendo muito muito chato – eu finjo estar ofendido e coloco ela no chão.
— Acho que você me confundiu com a sua mãe ou seu pai! – ela ri e me abraça de novo, dessa vez mais demorado.
— Obrigada!
— Por? – ela dá de ombros e apenas me olha com aquele sorriso doce, ela pode ser muito birrenta, teimosa e completamente temperamental, mas ainda assim consegue ser uma das meninas mais doces, na verdade muito parecida com alguém que eu conheço e ela também vem na minha direção agora, não tão desesperada quanto a filha mas com o mesmo sorriso, ela se aproxima e abre os braços, eu a abraço e ela beija minha bochecha.
— Você é o pior irmão do mundo – ela fala e olha pra mim – E eu não sei o que seria de mim sem você.
— Ah mas eu sei... Seria muito, muito sem graça – eu falo e nós dois rimos quando ela me abraça de novo.
— Aproveitem! – ela fala e manda beijo pros meninos que já estão impacientes dentro do carro, quando pergunto se Louise quer ir, ela olha pra Pérola daquele jeito de quem esconde um segredo e nega e mais uma vez tenho que fingir que não vi isso, eu e Keyse entramos no carro e elas vão pra casa dos meus pais.
— Vocês podiam pelo menos disfarçar melhor – eu falo e Keyse ri.
— Ela tem 10 anos... E eles estão se esforçando – ela dá de ombros.
Paro o carro debaixo de uma arvore perto da cerca, coloco a mochila nos meninos, pego a minha e a cesta e então atravessamos para o lado da floresta, o sorriso deles se torna maior e o brilho nos olhos ainda mais intenso e é como se eu visse a mim mesmo nessa idade, quando mamãe me trazia aqui, eles correm na nossa frente, apostam corridas curtas, tentam perseguir algum bicho que veem e riem, Keyse caminha ao meu lado e o sorriso dela quando olha pra eles é quase maior que o meu, demoramos alguns longos minutos mas quando chegamos ao lago todo o tempo valeu a pena, os meninos jogam as mochilas debaixo da arvore que sempre ficamos e já tiram o tênis.
— A gente já pode entrar na agua? – eles perguntam ansiosos e nós ainda estamos colocando nossas coisas no chão, eles tiram a camiseta e a bermuda, ficando apenas com a sunga, eu também tiro minha roupa e então pego os dois ao mesmo tempo, cada um de lado debaixo do meu braço, se debatendo e rindo, corro com eles até o lago e entro na agua ainda fria, mas isso só faz as gargalhadas aumentarem, os dois nadam e jogam agua na minha cara, fazendo uma festa tão grande que se alguém nos escutar pensará que somos uma multidão e quando Keyse se junta a nós aí sim que podemos ser ouvidos até lá da praça, os meninos pulam do nosso colo pra agua, mergulham, brincam de ficar mais tempo debaixo da agua e depois quando já se sentem satisfeitos correm pra fora do lago e decidem correr atrás dos tordos que ficam espalhados pelo lugar, eu e Keyse ainda ficamos mais um pouco na agua olhando eles, eu me aproximo dela e passo meu braço pela sua cintura, ela apoia a mão no meu peito e sorri.
— Eu já disse o quanto você é fascinantemente linda, hoje?
— Eu acho que nunca nem ouvi a palavra “fascinantemente” antes – ela sorri de um jeito divertido, eu também sorrio e a beijo, um beijo forte, firme e apaixonado, que só para com os gritos dos meninos, saímos da agua correndo e indo na direção de onde eles apontam, um pássaro está preso com uma de suas asas uns gravetos e barbante que deveriam ser alguma armadilha pra esquilo ou algo assim.
— Ele não consegue voar – Lucca fala preocupado.
— Então temos que ajudar ele – eu falo e eles concordam se abaixando e tentando ver o que fazer – Alguém tem que segurar ele e soltar sua asa – eu falo e eles se olham, então sem esperar mais nenhum comando ou instrução, Theo avança e com todo cuidado do mundo passa suas mãozinhas em volta do corpo do pássaro que se agita nervoso.
— Calma, a gente vamo te ajudar! – ele fala baixo e com uma serenidade que me impressiona, então Lucca se aproxima dele e puxa o graveto com o mesmo cuidado que o irmão, o barbante está mais enrolado no pássaro e ele se apressa em livrá-lo do incomodo, quando consegue ele abre um sorriso orgulhoso e toca com a ponta do dedo a cabeça do pássaro.
— Você já tá solto, vai ficar tudo bem – ele fala e olha pra mim – Não vai, pai? – eu sorrio olhando eles dois que me olham esperando minha resposta com toda ansiedade do mundo.
— Com dois salvadores corajosos como vocês, eu tenho certeza que ele vai ficar muito bem – eles se olham e sorriem orgulhosos.
— A gente temos que soltar ele – Theo fala e se levanta olhando em volta o melhor lugar, então anda um pouco mais pra dentro dos arvores e me olha esperando meu comando, eu sorrio concordando, então ele abre as mãos e o pássaro voa entre as folhas, ele sorri e Lucca bate palma e pula comemorando.
— Ai meus salvadores – Keyse fala abraçando e beijando eles, que riem e fazem careta ao mesmo tempo.
— Eu tô com fome – Lucca fala e tenho que concordar com ele, por isso voltamos para nosso espaço, Keyse forrou o cobertor no chão, colocou as duas almofadas que trouxemos, a cesta está cheia de frutas, sanduiches, suco e tudo que podemos querer, então tomamos um ótimo café da manhã, assim como foi o resto do nosso dia, os meninos sobem nas arvores, pegam frutas do pé, correm atrás dos esquilos que aparecem, tentam pescar e comemoram loucamente quando consigo um peixe pro nosso almoço, quando Keyse acende a fogueira eles dançam e pulam em volta dela, correm como se suas energias nunca acabassem assim como nunca acaba meu orgulho e alegria de ver eles tão felizes.
— Eu odeio dizer isso, mas nós temos que ir – Keyse fala ainda deitada do meu lado com a cabeça no meu peito, os meninos estão brincando de luta de espadas com gravetos bem a nossa frente, eu faço um som de reprovação, ela ri e levanta o rosto do meu peito e me olha – A tarde já vai cair de qualquer jeito – eu faço uma cara triste e ela sorri novamente, então se arrasta e para a boca na altura da minha – Não me faça ser a malvada!
— Mas eu adoro quando você é a malvada – dou um sorriso malicioso e ela também, então eu passo o braço pela sua cintura e a deito no chão, apoiando meu corpo acima do dela, antes que ela diga algo eu a beijo e ela corresponde.
— OK, então eu serei a malvada – ela fala e coloca as mãos no meu peito me afastando, ela rola e sai debaixo de mim, já ficando em pé – Nós temos mesmo que ir! – eu me jogo deitado com a barriga pra cima, ela ri – Lucca e Theo! Arrumar as coisas – ela avisa e eles também reclamam e tentam fazer ela mudar de ideia, mas é inútil, ela já está juntando as coisas e mesmo contrariado, sei que ela tem razão, então me junto a ela e começamos a arrumar nossas coisas.
— Que horas temos que estar lá? – pergunto e ela me olha indicando que falei besteira.
— Me diz que você pelo menos abriu o convite pra fingir que leu...
— Ah claro, abri sim – minto e ela revira os olhos, assim como ela disse, Ryan me entregou um convite para uma apresentação especial hoje no teatro que acabou de ser inaugurado no Distrito, mas como já sabia que tudo faz parte da “surpresa” deles, nem li direito.
— As sete em ponto! – ela fala e joga a mochila nas costas, como tudo já está guardado pegamos o caminho pra fora da floresta e estávamos quase alcançando a cerca quando Lucca para no meio do caminho e faz sinal de silêncio.
— Ouve! – ele fala e olha em volta, mesmo com o som das folhas e pássaros, ouço o som abafado.
— Eu ouvi – Theo fala e sai correndo pra lateral dentro da floresta.
— Theo, não! Volta aqui!
— Eu tô ouvindo – ele avisa e continua procurando o som, Lucca junto com ele e eu e Keyse alcançamos ele no momento exato em que Theo se abaixa perto de umas pedras.
— Olha, é um filhote – ele fala e então sem medo algum pega o pequeno cachorro marrom de orelhas caídas, o animal chora e dá pra ver ele tremendo.
— Ele tá com medo – Lucca fala e passa a mão no filhote que levanta os olhos assustado – A gente vamo cuidar de você!
— A gente pode ficar com ele? – Theo pede nos olhando ansioso.
— O que? Com o cachorro? – Keyse parece não aprovar e me olha.
— Por favor, mamãe, por favor, ele tá sozinho, com medo e nem tem mamãe e nem papai! – Lucca pede juntando as mãos.
— A gente não pode deixar ele sozinho!
— Eu tenho certeza que ele vai saber se cuidar e ficar bem, igual o passarinho! – Keyse fala o mais confiante que pode.
— Mas mãe, o passarinho voa, ele não! – Lucca fala como se fosse óbvio e o irmão se junta a ele na defesa do cãozinho.
— Os lobos podem atacar ele!
— E ele vai morrer por que a gente deixou ele aqui!
— Eu não quero que ele morre!
— Desde quando eles são tão dramáticos? – Keyse me pergunta, mas sei que está balançada.
— Olha pra ele mãe, a gente não podemos deixar ele aqui – Theo fala enquanto segura o bichinho com todo cuidado, como se combinado, ele começa a chorar de novo e se encolhe no colo dele.
— Ele até que é bonitinho – eu falo e ela levanta as mãos.
— A gente leva o filhote! – ela fala e eles comemoram – Mas vocês limpam o cocô e toda bagunça – ela avisa mas eles já estão abraçando e agradecendo ela, que acaba sorrindo satisfeita – Deixa eu olhar esse fedorento – ela fala e se abaixa fazendo carinho no filhote que ainda está no colo do Theo.
— Temos que dar um nome pra ele – Lucca fala animado.
— Nós temos é que ir pra casa, anda antes que eu me arrependa – Keyse fala e nós voltamos ao nosso caminho, enquanto eles seguem tentando achar um nome pro cachorro, mas um sempre discorda do outro e já estamos na Aldeia e eles ainda não chegaram a uma conclusão.
— E que tal... Boldo!
— Igual aquela planta horrivel que sua mãe fez o chá? – Keyse pergunta confusa.
— É! Ele foi achado perto de um pé de boldo e... Você pode ter feito cara feia pra ele, mas acho que ele vai acabar nos fazendo bem de alguma forma... – eu dou de ombros e ela sorri, olhamos pros meninos e eles estão se olhando também numa avaliação silenciosa.
— Boldo!
— Eu gostei!
— Eu também!
— Então é Boldo – eu falo e eles concordam e seguem pra dentro de casa satisfeitos com o nome, eles o soltam no chão de casa e o bichinho parece ainda assustado e se encolhe perto da escada.
— Ele está assustado, só precisa se acostumar – eu falo e eles se sentam no chão conversando com o ele.
— Vai dizer que não vale a pena? – pergunto pra Keyse que está olhando pra eles com um sorriso orgulhoso.
— Eu não vou limpar o cocô dele – ela fala e passa por eles subindo as escadas – E pode arranjar um lugar pra ele ficar – ela avisa e vai pro nosso quarto.
— Ok, quem vai me ajudar a montar o espaço dele? – Os dois levantam as mãos e então nós vamos pro porão, eu levo o cachorro e eles me seguem prontos pra ajudar, eu limpo um espaço no canto, coloco algumas caixas cercando para que ele não saia mexendo nas outras coisas, os meninos trazem um cobertor e até um travesseiro, deixo uma travessa com agua e como ainda não temos ração, eles dão queijo e algumas frutas pra ele que come e parece um pouco menos assustados, depois preciso de um pedido muito bem elaborado pra convencer eles a subirem para se arrumar e só vão depois que garanto pela milésima vez que ele irá ficar bem, nós subimos e Keyse insiste pra que eu tome banho enquanto ela cuida deles, eu obedeço e já estava terminando de me arrumar quando ouço as batidas na porta, forte e insistentes.
— Pyter, abre por favor, eu tô ocupada – ela pede do quarto deles, eu desço as escadas ainda fechando minha camisa, abro a porta e levo um susto quando vejo um policial.
— Boa noite – ele fala sério e com um leve balançar de cabeça – Pyter Mellark?
— Sim, sou eu, algum problema?
— Infelizmente sim!
— O senhor pode falar
— Bom, nós recebemos uma chamada anônima de que houve um incidente na sede do projeto social de luta e pelo que sabemos o senhor é o responsável, correto?
— Sim, se você vê um pouco de televisão essa pergunta é meio que desnecessária! – ele me olha como se eu tivesse falado algo errado e então me lembro que acabei de responder assim a um policial – Desculpa, é só que... O que aconteceu?
— Pyter? Quem é? – Keyse pergunta já descendo as escadas, eu abro um pouco mais a porta e quando ela vê o policial, se apressa e nos alcança em um segundo – O que tá acontecendo?
— É o que eu tô querendo saber! – falo e olhamos pro policial.
— Houve um incidente na sede do projeto
— Isso o senhor já disse...
— Pyter – Keyse cutuca meu braço e me olha como se me mandasse calar a boca.
— Parece que jogaram alguma bomba caseira, ainda não sabemos exatamente o quê, mas houve um estouro e quando chegamos ainda tinha fumaça, o local está interditado e precisamos que o senhor vá até o local pra ajudar a descobrir o que houve e o que foi perdido.
— Merda! Nós recebemos equipamentos novos semana passada, está tudo lá – eu falo e Keyse toca meu braço tentando me passar alguma calma – Eu tenho que ir lá!
— Claro, eu vou chamar seu pai e ele vai com você!
— Não, eu vou e depois falo com ele, você sabe como ele é, já vai sair daqui todo nervoso!
— Você está nervoso, Pyter, não vai sozinho – ela fala e antes que eu discorde ela se vira pro policial – O senhor pode nos dar um minuto – ele concorda e se afasta indo até seu carro.
— Eu vou na frente, avalio tudo, vai ser melhor! – garanto e ela nega.
— Então eu vou com você – ela fala firme e segura.
— E os meninos? – ela vacila um segundo.
— O senhor acha que ainda tem algum perigo no local? – ela pergunta gritando pro policial.
— Nenhum senhora, já está tudo controlado, só precisamos avaliar! – ele garante e ela se vira pra mim.
— Nós vamos com você – ela conclui e sobe as escadas rapidamente, logo está de volta segurando eles pelas mãos, eles já estavam arrumados e ela também, eu calço meu sapato e pego as chaves do carro, o carro do policial vai na frente como se eu não soubesse o caminho.
— Ryan, sou eu, Keyse! – ela fala pelo celular – Temos um problema, a gente tá indo pra sede do projeto, parece que teve um problema lá... Você precisa ir pra lá, por favor... Eu sei, eu sei!... A gente já tá chegando... Tá, não demora... Ok... – ela desliga e me olha – Já tava todo mundo lá!
— Você tá de prova que dessa vez não fui eu! – eu falo e ela concorda com um sorriso fraco.
— Onde que a gente vai? – Lucca pergunta curioso.
— Chegamos! – eu falo quando o carro para a nossa frente, uma faixa amarela está em volta do lugar, dois carros da policia estão na frente do portão com os faróis acesos, nós descemos do carro e o policial vem até nós.
— Tivemos que cortar a energia, mas estamos usando os faróis e um holofote já vai ser ligado – assim que ele fala dois holofotes que eles devem ter colocado se acendem para dentro do galpão, ele avisa que podem apagar os faróis – Me acompanhem! – ele fala e levanta a faixa amarela para que nós passemos, eu passo e pego Lucca no colo e Theo tá de mão dada a Keyse, o policial caminha até o portão e então me deixa passar a frente – Qualquer coisa que o senhor perceber de diferente, é só me comunicar!
— Ok – eu sinto um aperto no peito antes mesmo de olhar o estrago, só de pensar que podem ter estragado muita coisa, não consigo nem imaginar quem pode ter feito algo assim, mas tomo coragem, respiro fundo e passo pelos carros que estavam iluminando antes e atravesso o portão esperando encontrar destroços, mas antes que eu enxergue algo, as vozes e o grito de Surpresa me fazem quase recuar assustado, então quando olho pra frente, o lugar inteiro está enfeitado e cheio, estão todos aqui, Ryan, Nathy, Pérola, Louise, meus pais, todos nossos amigos e eles riem tanto e comemoram que me deixam sem reação, olho pra trás e Keyse está gargalhando e pulando animada.
— Essa sua cara, não tem preço – ela fala apontando pra mim e rindo, mesmo ainda confuso, eu acabo rindo, então eles se aproximam me zoando e se gabando.
— Eu disse que um dia a gente ia te pegar – Ryan fala comemorando a vitória, então ele e Keyse batem as mãos em comemoração.
— Eu sabia que ia viver pra ver o dia em que Pyter Mellark foi pego em uma pegadinha e festa surpresa no mesmo dia – Hannah fala quando me abraça.
— Vocês... Essa história toda... – eu mal consigo juntar as frases.
— É isso aí, Pyter Everdeen Mellark, você não é tão esperto quanto pensa – Keyse fala e me olha com um sorriso extremamente satisfeito, orgulhoso e divertido.
— Ok, eu admito! Os alunos superaram o mestre – eles fazem um som de vaia – Então quem foi a mente perversa por trás disso tudo? – pergunto e antes que alguém diga já sei a resposta – Foi você, não foi? – ela abre aquele sorriso que eu tanto amo e dá de ombros.
— Eu sou casada com o melhor, alguma coisa eu tinha que aprender – eu sorrio orgulhoso e mesmo com todos a nossa volta eu a puxo pra mim e a beijo, uma mistura de risos, palmas e vaias enchem o lugar – Eu já disse o quanto amo essa mente do mal – ela ri e me dá um beijo rápido.
— Mas apenas tive a ideia, eles fizeram acontecer – ela fala e quando olho em volta e vejo todos eles sinto que nada que eu ainda possa conquistar conseguirá me preencher tão bem quanto eles, minha família, meus amigos, aqueles que estão sempre do meu lado e talvez seja esse sentimento que me faz levantar a mão e pedir pra falar.
— Discurso? Fala sério a gente vai dormir – Ryan faz uma careta e eu mando ele se ferrar mas sem som ou meu pai me olharia de cara feia, eles param de falar e eu consigo a atenção deles.
— Eu só queria que vocês soubessem que... Eu não estaria onde estou e nem seria metade do que eu sou se não fossem vocês! – eles me zoam um pouco mas me deixam voltar a falar – É sério, eu... Só sou muito, muito agradecido por ter vocês na minha vida, meus pais, meus amigos, até você, Ryan... – eu brinco e ele ri escondendo o dedo do meio que ele me mostra – Eu amo vocês! Todos vocês, de verdade! E... é bom que vocês se lembrem disso por que eu não vou repetir isso outra vez – eu falo e eles riem, então sou abraçado e beijado por todos de novo.
Quando termina os cumprimentos a festa começa, tem balões coloridos, mesas de doces e salgados, pula pula e piscina de bolinha para as crianças e musica animada, eu danço com a Keyse e ela parece tão feliz que me deixa ainda mais feliz, até mamãe e papai acabam dançando, Pérola como sempre está tirando foto de todo mundo e todos parecem animados.
— Tira uma foto comigo? – Pietro aparece do meu lado segurando a própria câmera e com um sorriso empolgado.
— Com uma condição – ele espera eu falar – Que você me conte como foi com a moreninha gata de ontem... – pelo sorriso dele deve ter sido muito bom.
— Ela é... Bem legal!
— Bem legal? Isso quer dizer o que? Que vocês nem viram a peça por que estavam se agarrando?
— Pyter – ele tenta me repreender mas acaba rindo – Eu vi o começo e o final!
— Ah garoto! Esse tem meu sangue – eu falo já puxando ele pra um abraço – Então vocês ainda vão continuar nessa amizade ou já tem o nome da próxima...
— Agora eu entendi por que o papai falou pra eu não ouvir seus conselhos... – ele fala e eu faço uma cara de ofendido.
— Estão falando de mim? – papai pergunta já se enfiando no nosso meio.
— O Pyter estava comentando como o preço das coisas estão mais altas e que talvez fosse uma boa hora pra um aumento de mesada, talvez... – eu acabo rindo com a cara de pau dele e papai também.
— Nós já conversamos sobre isso!
— Foi o que eu disse pro Pyter – ele fala e me olha fingindo ter razão, eu sorrio e o puxo pra debaixo do meu braço.
— Ele merece pontos pelo esforço – eu falo com uma expressão solidária.
— Ganharia mais pontos se ao invés de jogar vídeo game, tivesse se livrado das caixas do porão como eu pedi...
— E pronto! A gente pode mudar de assunto?
— Ô pai, eu posso comer doce? – Theo pergunta já agarrando minha calça.
— Eu também quero – Lucca agarra o outro lado.
— Já sei, vamos tirar uma foto, só dos homens e depois eu levo vocês pra comer todo doce que quiserem – eu falo e eles concordam animados, então coloco eles em cima de uma cadeira e Pietro segura a câmera a nossa frente e bate nossa foto, papai sai com uma cara engraçada e pede pra apagar.
— Acho que vou vender essa pro jornal, já que eu não tenho um aumento de mesada, pelo menos descolo um extra... – Pietro fala sorrindo vitorioso.
— Você tá me chantageando? – ele dá de ombros.
— Kats... – papai chama pela mamãe e Pietro corre pro outro lado.
A festa dura até tarde e os meninos acabam dormindo antes de chegarmos em casa, colocamos eles com cuidado na cama e apagamos as luzes, vamos pro nosso quarto e Keyse vira as costas pra que eu ajude com seu vestido, meus dedos correm pela sua pele mas ela se vira e nega mesmo que esteja sorrindo.
— Você precisa ir ver se o monstrinho ainda está vivo ou se já devorou o porão todo – ela fala e eu acabo rindo.
— Você pode enganar os meninos, mas eu sei que você já gosta dele – ela dá de ombros.
— Eu gosto até de você – eu coloco a mão no peito fingindo magoa, ela ri, me dá um beijo rápido e entra no banheiro, fechando a porta.
Então eu desço e vou pro porão, troco a agua, dou um pouco de biscoito pra ele e anoto mentalmente que precisamos de ração o mais rápido possível, ele ainda está um pouco receoso mas aceita um carinho, um pequeno rastro de luz entra pela janela e ele chora um pouco quando eu saio de perto, mas quando alcanço o topo da escada ele já parou de chorar e escuto ele arranhando uma das caixas que o cercam, lavo as mãos no banheiro de baixo, subo as escadas, apago a luz do corredor e entro no quarto, fecho a porta e tiro meu relógio e meus sapatos, já estavam começando a desabotoar a camisa quando a porta do banheiro abre, Keyse está vestida no roupão branco e para na porta me olhando de um jeito malicioso.
— Bom, acho que faltou só o meu presente - ela fala e eu abro um sorriso já desconfiando do que seja, ela sorri e anda na minha direção, então encosta o dedo no peito e me faz sentar na cama, não desgrudo meus olhos dela, ela recua um passo e então abre o roupão e o deixa escorregar pelo seu corpo, ela está com uma lingerie vermelha com espartilho, justa, que deixa cada curva do seu corpo ainda mais destacada, ela é toda rendada e tem uma leve transparência na sua barriga, tem duas alças que prendem a sua meia que vai até sua coxa, a calcinha também é rendada e pequena, com dois laços na lateral, meus olhos não conseguem se desgrudar dela, seu corpo parece ainda mais perfeito do que qualquer outra vez e por mais que eu já o tenha visto centenas de vezes, parece que essa é a primeira, quando olho pro seu rosto ela está com um sorriso orgulhoso, então bem devagar ela dá uma volta e quando para virada pra mim novamente, sinto que posso explodir a qualquer momento, ela dá um passo pra mais perto de mim e me empurra pra trás, eu caio deitado, ela sorri mas antes que faça mais algum movimento sou eu quem a puxo pra junto de mim e a beijo com todo desejo que tenho, eu a viro deixando-a por baixo de mim e meus olhos descem apreciando cada pedaço do seu corpo até que apenas olhar já não me satisfaz mais e eu me perco nela. Ela está deitada com o corpo metade apoiado ao meu, está nua e seu calor me aquece de um jeito que nada mais consegue, eu beijo sua cabeça e afundo meu rosto no seu cabelo sentindo seu perfume, meus dedos sobem e descem pelas suas costas enquanto na outra mão nossos dedos estão entrelaçados, seu polegar acariciando minha mão, então eu me mexo e a faço olhar pra mim e são nesses olhos castanhos brilhantes e cheios de paixão que eu encontro tudo que preciso pra renovar minhas forças, são neles que eu encontro tudo que me move e me faz querer ser um homem melhor.
— Eu te amo! – eu falo com toda verdade que tenho no meu coração.
— Eu também te amo! – ela fala e me dá um beijo rápido, então seguro seu rosto a frente do meu.
— Você foi, é e sempre será a melhor coisa que aconteceu na minha vida! Tudo que eu tenho hoje, tudo que eu quero ter amanhã, nossos filhos, nossa família, eu devo tudo a você! Todas as coisas que me fazem feliz, só tem sentido, por que eu tenho você junto de mim e eu não trocaria isso por nada... Você é o meu maior presente!
— E você é o meu! – ela me beija e nossos corpos voltam a se mover como um só.

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