Nova fase'

BÔNus


Eu acordo com o barulho dos passos, abro os olhos e quando levanto um pouco a cabeça do travesseiro, os olhos negros brilhantes já estão a poucos centímetros dos meus, o susto é quase que um instinto mas logo as mãos estão segurando meu rosto.
— Sou eu! – a voz sussurrada me faz sorrir, Pietro está com o rosto tão colado ao meu que consigo sentir sua respiração.
— Eu sei, é que eu me assustei – falo e me mexo na cama pra me sentar, o quarto ainda está escuro e o relógio marca 1:32 da manhã – Você devia está dormindo! – aviso já empurrando minha coberta pro final da cama.
— Eu não consigo dormir! – ele fala levantando as mãos como se estivesse explicando algo muito óbvio, eu acabo rindo.
— É só você deitar e fechar os olhos – eu falo e mesmo com pouca luz ainda consigo ver ele revirando os olhos.
— Eu já tentei, mãe...
— Então tenta de novo! – novamente ele revira os olhos.
— Eu posso ligar o vídeo game?
— É claro que não! – dessa vez além do revirar de olhos tem um leve bater de pé.
— Mas eu não consigo dormir!
— E se ficar jogando aí que o sono não vai aparecer mesmo!
— Caraca, eu nunca posso fazer nada – ele reclama jogando a cabeça pra trás e choramingando, Peeta se mexe na cama e eu faço sinal de silencio pro Pietro, então saio da cama e levo ele pra fora do quarto comigo.
— Seu pai tá dormindo e ele tá cansado, então fala baixo! – aviso assim que fecho a porta.
— E eu posso ligar a televisão pelo menos? – eu o encaro com uma das sobrancelhas erguidas e ele solta o ar derrotado – Você pode ficar no meu quarto então? – ele pede de um jeito tão doce que esqueço todas as reviradas de olho, abro um sorriso e o puxo pra mais perto de mim, ainda me espantando em como ele já bate a cima da minha cintura, parece que foi ontem que eu o carregava nos braços por que ele mal se aguentava em cima das pernas e agora já está aqui, um “quase homem”, como ele mesmo se chama desde que Peeta o chamou assim uma vez – Mãe, você também vai ter outro bebê? – ele pergunta e eu acabo rindo.
— Ah não, não! Você já me vale por muitos bebês! – eu falo ainda achando graça enquanto entramos no quarto dele.
— O Pyt ainda vai ser meu irmão quando o bebê nascer? – ele pergunta depois de se jogar na cama meio desajeitado.
— O Pyter vai ser seu irmão pra sempre, isso não muda nunca! Igual você sempre será meu filho! Pra sempre! – ele me olha meio desconfiado.
— Mas ele vai ficar só com o bebê, igual a Pérola!
— Você tá sendo exagerado! Sua irmã sempre vem te ver, compra roupas, brinquedos, ela até te levou pra passear semana passada!
— Mãe, ela nem me deixou tomar dois sorvetes! – ele reclama fazendo uma careta.
— Você não precisa tomar dois sorvetes!
— Mas o Pyt deixa!
— Por que o Pyter tem a mesma idade que você – eu falo rindo.
— E a Pérola nunca deixa eu correr... Ela é igual o papai! – ele se joga pra trás na cama e isso me faz rir.
— Estão falando de mim? – Peeta pergunta entrando já no quarto, eu olho pra trás e ele se aproxima da cama – Não era pro senhor está dormindo? – ele pergunta e Pietro abre os olhos ainda jogado na cama.
— Eu não consigo dormir e a mamãe não deixa eu ligar o vídeo game, nem a televisão e nem fazer nada! – ele fala com todo drama que consegue juntar, Peeta ri e me olha.
— Na verdade a culpa é sua também! – eu falo apontando pro Peeta que levanta as mãos em inocência – Se você tivesse me escutado e não deixado ele dormir a tarde toda, agora ele estaria dormindo... – eu falo e ele ri e apoia um dos joelhos na cama enquanto me puxa pra perto dele.
— Foi por uma boa causa – ele fala e me olha com um sorriso malicioso, então lembro de como aproveitamos as horas em que Pietro acabou dormindo e um sorriso acaba aparecendo na minha boca também, mesmo assim eu o empurro tentando parecer reprovar, mesmo que não o convença, ele acaba me soltando e se joga deitado na cama ao lado do Pietro agarrando e apertando ele que ri e se contorce.
— Vocês não precisam acordar o Distrito inteiro – eu reclamo mas estou sorrindo, por que ver eles juntos sempre me faz sorrir, é como ver duas crianças, Peeta pode já ter alguns fios brancos espalhados pelo cabelo e algumas rugas próximas aos olhos e até algumas dores na coluna de vez em quando, mas no fundo ele continua com aquela mesma alma de moleque que ele sempre teve, é uma luz tão grande que ele carrega dentro dele que sempre me iluminou nos dias mais escuros, é inacreditável a quantidade de vezes que eu consigo me apaixonar por ele em um único dia, é quase como algo incontrolável, quando eu vejo já estou aqui sorrindo como uma idiota e percebendo mais uma vez o quanto eu tenho sorte e ver ele assim com Pietro reforça ainda mais todos esses sentimentos, os dois juntos são dois meninos, eles riem, fazem cócegas um no outro, depois já estão brincando de luta e quase caem da cama – É melhor vocês pararem antes que se machuquem, eu não vou levar ninguém pro Hospital essa hora – eu aviso me levantando da cama, mas me divertindo enquanto vejo eles – Anda, parem com isso! – eu falo quando Peeta já está caído no chão e Pietro sobe em cima dele.
— Ok, ok! Perdi! – Peeta fala levantando as mãos em derrota, o que faz Pietro vibrar com a vitória, levantando as mãos pra cima e rindo.
— Agora eu posso escolher o que eu quiser... – ele fala já ficando em pé, eu e Peeta nos olhamos já sabendo o que ele vai falar – Eu quero jogar vídeo game – Peeta ri e mesmo que eu não devesse eu também acabo rindo, Pietro sempre faz isso, ele sempre tenta reverter a situação e por mais que as vezes nós tenhamos que brigar com ele e fazer ele entender que não é assim que funciona, outras vezes tudo que conseguimos fazer é rir, por que ele consegue se superar a cada dia.
— A resposta pro vídeo game ainda é não – eu falo e ele faz uma cara triste.
— Mas... – Peeta levanta um dedo e se senta no chão, Pietro o olha ansioso – Eu tô com fome, mais alguém tá com fome? – Pietro levanta a mão e me olha esperando que eu concorde e eu também levanto a mão.
— Você podia fazer bolo de chocolate – ele fala esfregando as mãos e Peeta ri.
— Eu não vou fazer bolo de chocolate as duas horas da manhã! – ele revira os olhos e joga a cabeça pra trás – Mas eu posso fazer um super sanduiche com chocolate quente! – Pietro finge socar o ar pra cima em uma comemoração que ele e Pyter sempre fazem.
Nós três descemos e vamos pra cozinha, eu separo as coisas pro sanduiche enquanto Peeta se encarrega do chocolate quente e Pietro pega os pratos e canecas, ele também me ajuda a montar o sanduiche e a cozinha se torna cheia de risadas e falações mesmo no meio da madrugada.
— Quando eu casar eu também vou morar aqui na Aldeia?
— Bom, eu espero que sim e espero que isso demore muitos anos ainda – Peeta fala já desgostando dessa ideia.
— Seu pai fica com ciúmes quando você fala isso! – eu falo e Peeta faz uma careta e joga o pano de prato na minha cara, eu acabo rindo e jogo de volta pra ele.
— Você tem ciúmes de mim? – Pietro pergunta se virando pra ele curioso.
— Você é meu filho! Não gosto de pensar que vai nos abandonar aqui – ele fala e mesmo que tente parecer brincar, eu sei que tem um pouco de verdade por trás desse pensamento, então Pietro puxa a cadeira que estava entre eles, sobe nela, ficando mais alto que Peeta, ele segura o rosto dele e o faz olhar pra ele.
— Eu nunca vou abandonar você! – ele fala e mesmo que eu não seja a pessoa mais sentimental do mundo, confesso que esse é o tipo de cena que faz meu coração transbordar e me emociona, Peeta é ainda mais transparente que eu quando o assunto são sentimentos, sempre foi assim e com o tempo só tem aumentado, ele abraça Pietro e me olha com aqueles olhos azuis brilhando de orgulho e amor, um sorriso bobo aparece no meu rosto mas diferente de antigamente eu não tento mais esconder, ele também sorri, mas libera Pietro do abraço e o olha sorrindo.
— Você vai até ganhar chocolate extra – Peeta fala e Pietro ri.
— Então eu vou morar aqui pra sempre! – nós três acabamos rindo, terminamos de ajeitar o lanche e nos sentamos pela cozinha mesmo, Pietro ri quando vê a marca de bigode de chocolate no rosto do Peeta e o imita, as risadas aumentam ainda mais e quando terminamos de comer já são quase três horas da manhã, eu deixo a louça pra lavar no dia seguinte e subimos, Peeta vai levar ele pra escovar os dentes enquanto eu arrumo a cama dele que está uma verdadeira bagunça depois da guerrinha que eles fizeram, quando eles saem do banheiro, nós o colocamos na cama, demos o beijo de boa noite e deixo apenas o abajur aceso, quando saímos do quarto ele já está quase pegando no sono, eu entro no quarto e vou direto pro banheiro, destampo o lugar das escovas de dentes e só tem uma, olho pela pia, no chão, dentro das duas gavetas, afasto os vidros de perfume, abro o armário abaixo da pia.
— Perdeu a escova de novo? – a voz divertida invade o banheiro, olho pelo espelho e ele já está com aquele sorriso irritante.
— Eu coloquei no lugar certo! – dou de ombros e ele ri.
— É incrível como tem coisas que não mudam... – ele fala e se aproxima de mim, passa o braço pela minha frente e pega a escova dele – Tudo bem, eu empresto a minha! – ele fala e eu faço uma careta e ele ri e beija logo abaixo da minha orelha.
— Viu, eu não preciso ter uma só pra mim – dou de ombros e a risada alta e divertida dele no meu ouvido consegue arrepiar cada pedaço do meu corpo, porém ignoro isso e escovo meus dentes, mesmo que ele permaneça atrás de mim me olhando atentamente pelo espelho, quando termino ele me entrega a toalha, enquanto enxugo meu rosto os dedos dele descem lentamente pelo meu pescoço para o meu ombro, afasta a alça da minha camisola e coloca um beijo demorado, lento e quente, quando eu acho que ele já ia se afastar a mão sobe pela minha coxa e seu corpo se junta ainda mais em mim.
— Peeta... – ele sobe a boca até meu pescoço de novo e me beija lentamente, eu me viro de frente pra ele e ele sorri mas antes que eu aceite seu beijo eu o paro – Você não escovou os dentes! – ele solta uma risada e sabendo que eu não conseguiria resistir ele apenas me beija, sua mão continua subindo pela minha coxa e apertando minha pele, então ele me pega no colo já saindo do banheiro em direção a cama – Você sabe que não tem mais 20 anos né? – ele ri mas tenta se manter firme – Se você travar sua coluna eu não vou te levar pro Hospital – aviso rindo, ele me coloca em pé na frente da cama e me olha rindo.
— Você realmente sabe como estragar um momento romântico! – ele fala achando graça, eu levanto os ombros em inocência e nós rimos, então ele volta a me beijar, ele me deita na cama e quando sobe minha camisola eu o paro novamente e aponto pra porta, não precisa de explicação, ele corre até lá e tranca, quando volta ele tira a camisa e joga pra trás em uma exibição que me faz rir, assim que me alcança ele me livra da minha camisola e sorri quando me olha, nossos corpos juntos, nossas respirações se misturando e os olhares completamente presos um no outro – Lembra quando eu te disse ontem que eu te amava? – ele pergunta e eu confirmo com um aceno de cabeça – Pois eu te amo ainda mais hoje! – eu acabo sorrindo.
— Eu acho que ainda te amo um pouquinho... – falo fazendo um sinal de pouco com os dedos, ele finge magoa, eu sorrio e passo meus braços por trás do pescoço dele, meus dedos se enrolando no seu cabelo – Eu amo você! – garanto com toda certeza que tenho, então ele me beija lentamente, nossos corpos se misturam e se completam perfeitamente como tem acontecido cada dia de nossas vidas. Peeta me puxa para os seus braços e eu apoio minha cabeça em seu peito, meus dedos traçam um caminho pela sua barriga enquanto sinto sua respiração se normalizando, sinto o toque de seus dedos em meu cabelo e fecho os olhos me permitindo relaxar naquele que foi e sempre será o melhor lugar de todos pra mim.

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