Azure

Capítulo 8, O Mensageiro...(Chris)



Azure,


Capitulo 8, O Mensageiro...



Chris estava na tenda de Kaiza, sentado no chão de joelhos em posição de respeito. A katana, que desde a luta com os homens-lobo carregava sempre, estava na bainha do seu lado. Ele estava sozinho de frente para Kaiza, os dois muito sérios.


Kaiza: Tenho visto você angustiado nessa ultima semana, o que aconteceu meu jovem?


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Chris: Bem... Eu... – Ele hesita um pouco. – Fiquei sabendo que essa seria sua ultima semana aqui nessa região...


Kaiza: Sim, essa terra já nos deus mais do que poderia oferecer, temos de partir antes que Ignis Ferus fique furioso conosco...


Chris: Ignis Ferus?


Kaiza: Ah sim, você tem conhecimentos limitados sobre o mundo, apesar de que ainda não sabemos o por quê..., Ignis Ferus é o deus acima de todos os deuses, ele criou nosso mundo e o protege, é o guardião do portão do inferno, impedindo que os demônios venham para o nosso mundo e evitando que almas boas não sigam pelo caminho errado...


Chris: Os nômades também crêem nele então?


Kaiza: É claro, pelo menos todos do continente de Arcádia crêem nele, não sei sobre o resto do mundo...


Chris: o nome desse deus...


Kaiza: Ah sim, Ignis Ferus, na verdade é apenas a versão da língua antiga de sua representação, poucas são as pessoas que realmente sabem disso, e muito menos as que conhecem a língua antiga...


Chris: Fogo selvagem...


Kaiza: O que?


Chris: Fogo selvagem... Essa é a tradução não é? Esse deus, ele... – Hesitou novamente – É sempre representado por fogo não é?


Chris observou o velho ficar pálido com uma expressão assustada por alguns segundos, encarando Chris. Manteve-se um silencio entre eles, e ao longe podiam ouvir Erin cantarolando para algumas crianças. Finalmente depois do que pareceu uma eternidade Kaiza respirou, a cor voltando lentamente ao seu rosto.


Kaiza: Sim... Sim... É essa a tradução, mas... Eu não sei como você sabe disso, lembra de alguma coisa?


Chris: Não... Na verdade a tradução veio na minha cabeça na hora que você falou o nome dele...


Kaiza (Pensando) “Pessoas comuns não tem permissão para estudar a língua antiga, são necessários anos e mais anos servindo a um rei ou sábio para receber permissão de estudar os livros sagrados... Os únicos jovens que estudam são...”


Chris: Senhor?


Kaiza: Hã? Desculpe-me Chris, eu estava distraído, o que você disse?


Chris: Na verdade eu queria-te falar sobre alguns sonhos estranhos que tenho, na verdade toda vez que eu durmo é quase sempre a mesma coisa, eu estou sozinho ou não reconheço as coisas a minha volta e então vem essa voz, e chamas...


Mas antes de Chris terminar de falar Erin entra na tenda com tudo gritando.


Erin: Vovô! Chris! Problemas! Um homem-lobo!


Kaiza: O QUE? Chris, depois nós conversamos, vamos logo!


Chris: Ah! Sim!


Os dois se levantaram e saíram correndo da tenda seguindo Erin que já corria na frente em direção ao centro do acampamento, lá eles encontraram um homem-lobo, relativamente menor e com menos músculos que os que haviam atacado antes, eles estava sozinho, em posição defensiva e sem qualquer arma ou armadura, também tinha pelos claros, diferentes dos que haviam atacado, dava a sensação de ser uma criatura nobre, de pé em duas pernas e olhando altivo para os nômades.


Legatus: Eu sou Legatus! O mensageiro dos lobos! Busco o humano sem-nome protegido pelos espíritos!


Os nômades fizeram um circulo em volta dele, muitos deles segurando armas, mas ninguém se atrevia a atacá-lo. Chris sentiu todos os olhares o cercarem, e se sentiu desconfortável, não sabia o que falar, foi então que Erin tomou a frente.


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Erin: A pessoa de quem você fala já não é mais um errante sem nome!


O lobo a encarou profundamente por algum tempo, avaliando a garota.


Legatus: Então me diga qual o nome que devo chamar? Ou será que os contos de que enfrentou as estúpidas criaturas da floresta são apenas historias?


Chris: Se são ou não historias você deveria perguntar para os ferimentos que seu povo carrega.


O lobo de repente e literalmente rugiu, como se a frase de Chris o tivesse irritado, suas garras e presas a mostra, as pessoas em volta se afastaram um pouco, mas Kaiza e Zin não pareceram surpresos com a reação.


Legatus: Você tem coragem em insultar um lobo garoto...


Kaiza: Mensageiro, perdoe o garoto, ele tem amnésia e seus conhecimentos sobre o mundo são incrivelmente limitados, assim como os conhecimentos da maioria do meu povo, pois os lobos poucas vezes se mostram, e os nômades já temem novamente os da sua raça como temem também os homens-lobo.


Legatus: Você deve ser o Ancião, em uma honra encontrá-lo... E nesse caso vou perdoar a insolência dessa criança dos humanos, venha até mim criança... E me diga seu nome...


Chris: Chamam-me Chris...


Ele andou em direção a Legatus carregando a espada ainda embainhada na mão, passou por Erin e parou na frente inconscientemente protegendo ela.


Chris: O que um lobo solitário quer com os nômades então?


Legatus: ‘Os nômades?’, você não é um deles? Mesmo vestido como eles?


Chris: Não... Estou aqui apenas para recuperar minhas forças.


Legatus se aproximou dele, Chris não fez movimento algum para atacá-lo ou afastar-se dele, apenas deixou que o lobo, como ele se apresentou, o avaliasse.


Legatus: Posso ver... Você tem cabelos e olhos iguais ao povo do norte, mas cheira diferente, diferente de um nômade, de uma pessoa do norte, diferente de qualquer coisa existente em Arcádia...


Chris: Como?


Legatus: Não sei... Você exala poder, poder demais para um humano, como as planícies de cristal exalam poder alem do que a terra suporta...


Chris: Por favor, eu não conheço o mundo, apenas diga o que quer...


Legatus: Vim buscar ajuda... Do único humano com poder para isso...


Chris: Ajuda?


O lobo se ajoelhou perante Chris antes de pedir.


Legatus: Meu senhor, venho em nome de Fenrir, o prateado, senhor dos lobos, amigo dos reis, para pedir que empreste seu poder, capaz de subjugar os bárbaros homens-lobo, em auxilio a nossa raça, pois estamos sendo atacados meu senhor...


Por um tempo tudo ficou em silencio, sem que nenhum dos dois falasse nada, e aparentemente o mundo tinha ficado silencioso, pois nem mesmo os pássaros, nem as criaturas da floresta faziam som algum, todos respiravam lentamente apenas esperando que ele respondesse.



Continua...