Contra o destino

Realidades


— Isso é sério? – Runa me olhava de olhos arregalados.

— Sim! – respondi envergonhada – Não era minha intenção me apaixonar por um dos membros do BTS, eu juro.

— A gente realmente não pode controlar o nosso coração. – ela disse com o olhar fixado na janela, e pude sentir um ar de tristeza.

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— O que foi?

— Aish... eu prometi para mim mesma que ia deixar isso pra lá, mas você se abriu comigo, confiou em mim, então acho que deveria fazer o mesmo. – a garota falou se acomodando melhor na cama – Desde pequena eu sempre fui apaixonada por um amigo meu do bairro, na verdade éramos quase vizinhos e estudávamos na mesma classe. Foi por causa dele que eu comecei a me interessar pela dança e pelo canto, sempre estávamos juntos e diziam que parecíamos destinados, eu nunca entendi isso, mas foi a partir daí que eu comecei a perceber o que eu sentia por ele, porém uma menina se mudou para o bairro e ele começou a gostar dela, pra mim aquilo foi devastador, porque ele me contava tudo, quando eu não tinha coragem de falar o que sentia por ele, assim eu resolvi me afastar para ver se meus sentimentos por ele acabavam, e meses depois meus pais me avisaram que íamos ter que nos mudar, no começo eu achei a ideia maravilhosa, mas percebi que ia sentir muita falta dele. Acabou que eu me mudei, e anos depois quando estávamos assistindo TV estava passando um anúncio de um novo grupo de K-Pop, os membros estavam sendo apresentado um por um e em um certo momento meu pai falou “esse garoto não é aquele nosso antigo vizinho, o amigo da HanNa?”, eu fiquei chocada quando o vi.

— Para tudo! Esse seu amigo de infância por acaso é algum dos membros do BTS? – perguntei cismada.

— Sim... é o Jungkook. – Runa falou olhando para o cobertor da cama.

— Então, você resolveu fazer o teste por causa dele?

— No começo sim, mas agora eu só quero correr atrás do meu sonho e mostrar a ele do que eu sou capaz.

— Ele não te reconheceu?

— Não, mas eu já esperava por isso. Quando eu era menor, até os meus 13 anos na verdade, eu sempre fui um pouco acima do peso, e me descriminavam por me achar feia e fora dos padrões, já que todas as meninas da minha idade sempre eram magras.

— Como assim? Você é linda, não é a toa que foi escolhida para ser a visual do nosso grupo. – falei surpresa.

— Digamos que eu aprendi a me valorizar com o tempo. Acho que no fim das contas ser rejeitada por ele fez com que eu me importasse comigo mesma.

— Runa... eu realmente não sei o que dizer.

— Pode parecer besteira eu fazer o teste na Big Hit e tudo mais, só que eu verdadeiramente fiz isso por mim mesma, dane-se Jungkook, danem-se todas as pessoas que sempre me ignoraram por eu ser gorda. Depois de tanto tempo eu pude perceber que nada disso importa, o que importa é a minha felicidade, e nada além disso. – dita essas palavras, Runa caiu em lágrimas, assim como eu que a abracei.

— Agora você tem a mim, e as meninas. Espero que no futuro todas nós possamos nos apoiar como verdadeiras irmãs.

— Eu também!

Deixamos esses assuntos para lá e fomos dormir. Acho que a cada dia que se passa eu me surpreendo mais e mais, já não bastava a história do Jin, agora a da Runa, enquanto muitas pessoas pensam que os ídolos são “deuses”, pessoas de outro mundo ou sei lá o que, que não possuem problemas familiares, traumas, dificuldades, mas na verdade eles são pessoas como qualquer uma, que choram, riem, e que passam por muitos perrengues para receber esse título de “ídolo”, e muitas vezes alguns nem conseguem usufruir tanto desse título, porque não são valorizados como deveriam e veem sua carreira decair sem que nada possam fazer.

Quando me levantei na manhã seguinte, tomei um banho e me arrumei para mais um dia de trabalho, achei estranho Runa não estar mais no quarto e para minha surpresa ela estava fazendo o café com Tina.

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— As mais novas na cozinha? – perguntei me sentando na bancada.

— Você vai se surpreender com nosso talento! – Tina falou rindo.

— Tomara, porque quando eu estou com fome meu senso crítico aumenta. – SoJung falou se sentando do meu lado.

— Palhaças! – disse rindo.

— Hoje é a gravação do MV, certo? – Runa perguntou.

— Sim, e Soon Deok disse que vinha nos buscar por volta das 9 horas.

— A gente tá totalmente por fora de tudo, porque nem sabemos quem vai atuar com a gente. – SoJung reclamou.

— Nós só fizemos ensaiar como quatro condenadas, sem nem saber como tudo vai ser. – Tina completou.

— Eu acho que tem alguma coisa por trás de todo esse mistério, talvez não queiram que fiquemos nervosas, mas mal sabem que nos sentimos piores com isso. – falei e nesse momento meu celular começou a vibrar – A Soon Deok enviou uma mensagem, avisando que daqui a 30 minutos ela passa para nos buscar. Todas já estão prontas?

— Pra mim ficar pronta, eu preciso comer. – Tina disse colocando o café na mesa.

— Vocês gostam de comer que é uma beleza! – falei olhando ao meu redor.

— Vá se acostumando. – SoJung falou se servindo.

Quando Soon Deok chegou todas nós estávamos sentadas no sofá brincando de pedra-papel-tesoura. No Brasil essa brincadeira era boba, mas na Coreia as pessoas pra tudo jogam isso, o que acaba tornando a brincadeira engraçada.

— O próximo MV de vocês vai ser sobre esses momentos descontraídos, parece até que as quatro se conhecem desde pequenas. – Soon Deok falou rindo das nossas palhaçadas.

— Acho que quatro palhaças se reconhecem. – Tina falou rindo também.

Dentro da van, fomos informadas de que o MV seria gravado inteiramente na Ilha de Jeju, que a Igreja escolhida ficava antes da Ilha (mais fotos para o debut serão tiradas lá), e que a gravação da performance só será feita no último dia de gravação. Nós vamos ficar na Ilha de Jeju por 3 dias, e na semana seguinte, assim que a edição do MV acabar, o nosso debut acontecerá. Ele está marcado para acontecer no MCountdown, ou seja, na próxima quinta-feira, mas na noite da quarta-feira acontecerá o nosso showcase, o que nos deixa ainda mais nervosas.

— Vocês viram os figurinos das gravações? – Soon Deok perguntou, enquanto conferia algumas coisas em sua prancheta.

— Superficialmente, unnie. – Runa respondeu.

— Aposto que vocês vão adorar, Nina fez pensando no estilo de cada uma de vocês.

— Ela vai estar lá? – perguntei animada.

— Ela e toda a equipe já estão lá desde ontem, organizando as coisas para vocês.

— E o comeback do BTS? Não ia ser essa semana? Pensei que a equipe inteira estava trabalhando nisso. – SoJung perguntou me surpreendendo com tal interesse no comeback dos meninos.

— Decidimos adiá-lo para nos concentrarmos no debut de vocês. – Soon Deok respondeu analisando a garota.

A viagem era um pouco longa, então decidi dormir enquanto podia. No instante em que chegamos a Ilha de Jeju, Tina me despertou toda animada, da mesma forma que me acordou no dia em que fomos tirar as fotos para o mini álbum.

— Não sei como você consegue dormir. – ela disse olhando a paisagem pela janela.

— Pensar que em alguns dias eu não vou poder dormir, me faz querer dormir. – eu disse levantando o banco da van.

O hotel em que iríamos ficar hospedadas ficava em frente à praia, o que me fez lembrar do Brasil, apesar do inverno estar se aproximando.

— Eu vou descarregar as bagagens de vocês, para Soon Deok fazer o check-in, e vocês podem continuar na van, porque daqui vamos direto para o apartamento onde as primeiras cenas serão gravadas. – nosso manager falou abrindo a porta do automóvel.

Não tínhamos trago muitas coisas, o que fez com o manager terminasse logo de descarregar a mala. Seguimos para o apartamento, e ao estacionar a van pude ver outras 3 vans estacionadas em nossa frente, o que me deixou encucada.

— Olha só quem chegou! – Nina unnie, falou chamando atenção de todos os outros presentes.

— Olá! – eu e as meninas falamos referenciando toda a equipe.

— Prontas para as gravações? – ela perguntou sorridente.

— Na medida do possível. – respondi e quase caí para trás ao ver Jin e Jungkook saírem de um dos cômodos.

— Olá, meninas! – eles disseram em uníssono.

— Olá! – dissemos, com uma meia reverência.

— Os meninos participarão do MV de vocês. Jin será o traidor e Jungkook o traído. – Nina unnie, nos informou.

Eu olhei para Runa, como se quisesse dizer “Oi? Vocês estão falando sério com a gente?”, e ela por pouco não caiu para trás.