Amor à venda.
Capítulo 36 - Parte I
“Eles se tornavam parte daquele irreal mas penetrante e emocionante universo que é o mundo visto pelos olhos do amor.” (Virginia Woolf)
[Uma semana depois]
Eu vou destruí-lo.
Vincent encarava os papéis em sua mesa. Aquelas cláusulas que agora sequer faziam sentido. Pegou as folhas entre os dedos e as amassou um pouco, não muito, pelo menos não o suficiente para danificá-las. Olhou fixamente para o contrato, para as suas assinaturas, e o colocou novamente na mesa. Queria se livrar disso, mas queria fazê-lo na presença de Gilan, como fizera com o chaveiro.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Queria vê-la se espantar e se perguntar por que Vincent fazia isso e queria respondê-la que era porque era o seu marido. O seu marido de verdade. Vincent queria que Gilan sorrisse enquanto os pedaços do contrato fossem descartados e o seu peito inflou com o pensamento. Era tão maravilhoso que agora Gilan sorria tanto para ele. Somente para ele. E Vincent queria mais dessa sensação quente que corria em suas veias quando conseguia deixá-la feliz.
A última semana havia sido a melhor de sua vida em muitos anos, sem impulsos contidos ou palavras não ditas. Vincent podia tocá-la sempre que quisesse e o fato de terem inaugurado todos os cômodos da casa era a prova de que ele vinha se controlando há mais tempo do que imaginava. Só que agora ele não precisava continuar mentindo para si mesmo. Ele a queria tanto, e ele podia tê-la. E essa era uma condição que nunca havia percebido o quanto o agradava.
Vincent se sentia insaciado sem Gilan ao redor, era uma necessidade constante de vê-la, beijá-la, abraçá-la. Era bastante inconsequente, e ao mesmo tempo, extraordinário. Porque fazia muito tempo que não sentia tanto prazer em ter outra companhia além de si mesmo.
Duas batidas na porta o fizeram desviar a sua atenção do contrato.
— Vamos?
A voz de Gilan ecoou pela sala mandando uma mensagem direta para o seu pau. Deus! Ele estava tão ferrado, não conseguia sequer ficar algumas horas sem pensar na garota. Vincent fez uma careta que Gilan interpretou errado.
— Não vá me dizer que se esqueceu das nossas compras? — a jovem reclamou.
Vincent abandonou os papéis em cima de sua mesa e andou até a direção da assistente com um olhar de falsa confusão.
— Que compras? — ele tentou conter o sorriso.
— Não seja ridículo! — ela reclamou e torceu o nariz. O seu nariz adorável de tomate-cereja. — Você sabe muito bem do que eu estou falando. — Vincent deu alguns passos e a assistente começou a balbuciar conforme ele ia se aproximando. — P-precisamos comprar uma mala nova e... E levar o carro p-para a revisão. — Vincent começou a beijar o pescoço de Gilan. — Buscar algumas coisas... No meu... No meu antigo apartamento. — Gilan fechou os olhos e finalmente ficou rendida. Deus! Como ele adorava isso.
— Não podemos resolver essas coisas amanhã? Eu tenho ideias melhores agora. — Vincent abaixou a sua boca até a clavícula de Gilan e a chupou.
A assistente murmurou ainda mais alto, mas logo em seguida o empurrou bruscamente, acabando com todo o clima.
— Você prometeu que iria se comportar, Vincent! Eu ainda não me recuperei da vergonha de ontem.
— Eu tenho certeza que Sara não viu nada de mais. Foi apenas um beijo inocente... — ele se aproximou de novo. — Igual esse aqui.
E se a assistente pretendia dizer algo, desistiu. Era viciante como Gilan sempre respondia tão bem a um simples beijo.
— Por favor, Gilan, vamos deixar essas compras para hoje à noite. Eu preciso de você agora. — ele praticamente implorou.
— Temos o jantar com Kerya e Elaine hoje à noite. — a jovem o afastou novamente e ele bufou frustrado. — E você sabe que esse foi o único horário livre que eu consegui nessa semana, estamos cheios de trabalho, a transmissão é na próxima segunda e já estamos atrasados com muitas coisas.
— Ouch! Não precisa me lembrar disso. — Vincent sentiu uma pontada em seu estômago. — Agora não vou conseguir pensar em outra coisa.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Pense que depois da transmissão estaremos numa lancha, nas praias de Monterey. — Gilan sorriu empolgada para Vincent, que suavizou a expressão e a puxou para um abraço.
— Eu mal posso esperar por isso.
— Quem diria que o Sr. Parker lunático-e-viciado-em-trabalho estaria ansioso para tirar uns dias de folga?
— Não se iluda, Sra. Gilan Parker, eu só estou impaciente para vê-la de biquíni.
— E eu que sempre fui a favor do topless.
— Você pega muito pesado, sabia?
— Não seja um mau perdedor. — Gilan piscou, ajeitando a gola de sua camisa e fazendo Vincent arrepiar com o toque.
— Vamos fazer logo essas compras, antes que eu mude de ideia e te foda nessa maldita mesa.
xXx
Duas horas mais tarde, Vincent nunca mais queria ver sacolas de compras na sua frente. Foi uma pausa intensa e corrida, mas pensando bem, cada minuto valeu a pena. Gilan mostrou ser a melhor companhia para compras. Definitivamente, aquela mulher era decidida e teimosa como o inferno, e ainda por cima sabia pechinchar como ninguém. Vincent deixou escapar um sorriso enquanto caminhava de volta para o seu escritório, depois de Gilan praticamente o expulsar de sua sala - é claro - dizendo que precisava se concentrar no trabalho para conseguir terminar tudo no prazo.
Apesar de querer ficar mais tempo com a assistente, Vincent sabia que não deveria perder o foco na transmissão da Rise&Sun justo agora que estava tão próxima de acontecer. Era além do extraordinário pensar que havia sido justamente essa transmissão que colocara Gilan em sua vida, e agora faltava apenas alguns dias para finalmente finalizar essa etapa. Quantas coisas mudaram desde lá? Com certeza, muitos dos seus sentimentos.
Assim que Sara o avistou, a secretária ficou pálida e correu em sua direção.
— Eu disse para ela não entrar, Sr. Parker. — a voz de Sara era afobada e Vincent tentava assimilar o que a secretária dizia. — Mas ela insistiu tanto e foi entrando, ela praticamente me empurrou do caminho. Eu tentei ligar para o senhor mas o celular só caia na caixa postal e então eu simplesmente não pude-
— Apenas respire, Sara! — Vincent segurou os ombros da secretária, tentando tranquilizá-la. — Fale devagar e me explique. De quem diabos você está falando?
— Da Srta. White. — Sara murmurou sem graça.
Vincent revirou os olhos e apertou as têmporas. Deveria ter imaginado. Suspirou fundo antes de abrir a grande porta de aço.
Desde que Amelia havia procurado por Gilan, Vincent se esforçou em evitar a líder de equipe. Estava com raiva da petulância da ex-namorada em ir atrás da sua mulher, e por mais que Gilan escondesse, ele sabia muito bem que Amelia havia dito coisas que a incomodaram. E Vincent não queria mais que a jovem se machucasse. Estavam tentando, por isso, faria de tudo para protegê-la. E o primeiro passo seria manter Amelia afastada o máximo que pudesse.
— O que você está fazendo aqui? — ele disse assim que entrou em sua sala. Amelia estava estranhamente em pé ao lado de sua mesa e deu um salto de surpresa. — Procurando alguma coisa? — ele ergueu a sobrancelha.
— Só você. — Amelia sorriu com simpatia. — Está atrasado. Você não costuma tirar uma pausa tão longa.
— Vá direto ao ponto. — Vincent ignorou o comentário da líder de equipe e se posicionou atrás de sua mesa, recolhendo a montanha de papel espalhada ali em cima e os guardando na gaveta. — Como vê, tenho muito trabalho por aqui.
— Claro, compreendo. — Amelia acompanhou com o olhar o movimento de Vincent ajeitando a sua mesa. — Eu estou aqui para me desculpar.
Vincent finalmente deixou de lado a sua arrumação e a encarou com curiosidade.
— Sobre a sua esposa. — ela explicou. — Creio que soube da pequena discussão desagradável que tivemos.
— Eu soube que você foi atrás de Gilan para chateá-la.
— Foi essa a versão dela? Não pensei que a sua esposa gostasse de criar intrigas.
Vincent riu debochado, mal acreditando na dissimulação de Amelia.
— Você não conhece a Gilan, mas eu conheço você, Amelia. Ou pelo menos do que você é capaz quando quer provocar alguém.
— Eu assumo que me excedi e por isso estou aqui para me desculpar. Eu até tentei te procurar antes, mas aparentemente você está sempre indisponível.
— A transmissão é em alguns dias, Amelia, eu achei que você também quisesse vencer.
— Te garanto que não será tão fácil ganhar como você está imaginando.
— Eu não estou imaginando nada. Estou cheio de trabalho e você provavelmente também. — ele andou até a porta e a abriu, num convite para ela se retirar, menos educado do que a sua etiqueta permitia. — Você já disse o que queria. Nosso assunto acabou.
— Não me trate como se eu fosse a única inconveniente dessa história, Vince. — ela retrucou, com a voz um pouco mais elevada do que antes. — Não fui eu quem te liguei bêbada de um bar.
— E eu tampouco te pedi para que me buscasse e me levasse para o seu apartamento.
— Você estava inconsciente, Vincent, quantas vezes eu vou ter que te explicar? Você desligou na minha cara, eu liguei de volta e o garçom atendeu me dizendo que você estava muito bêbado, ele me deu o endereço e quando eu cheguei você estava apagado.
— E a melhor opção foi me levar desacordado para a sua casa e não para um hospital?
Amelia mordeu o lábio inferior e desviou o olhar.
— Eu realmente agradeço o que você fez por mim naquele dia, Amelia. Mas acho melhor você ir embora agora. — Vincent reforçou, apontando o caminho da saída.
A líder de equipe finalmente se mexeu e andou até a porta, fazendo com que Vincent relaxasse os ombros. Não queria discutir e nem que fofocas sobre a visita de Amelia em sua sala se alastrasse pela empresa. Queria virar essa página, queria que ela saísse dali e se esquecesse dele da mesma forma que fizera por tantos anos.
— Eu sou uma mulher paciente, Vincent. — ela se virou novamente para ele. — E sei esperar.
xXx
Os pés gelados de Gil apertavam a lateral da coxa de Vincent enquanto deitavam-se em meio a uma porção de panfletos e roteiros espalhados pela cama.
— Você tem pedras de gelos no lugar de dedos. — o chefe fez uma careta que estava longe de ser aborrecida. Para dizer a verdade, ele até parecia se divertir com isso, mesmo que fosse tarde e aquele o único horário que encontraram para planejar o restante da viagem.
— O que acha de cavalgamos? — Gil mordeu a tampa da caneta enquanto lia sobre passeios a cavalos pela orla.
— Cavalgar é sempre uma boa ideia. — Vincent murmurou com a voz carregada de malícia.
— Meu Deus, Vincent! — Gil o chutou, desejando que os seus pés estivessem ainda mais gelados. — Você não consegue conversar sério? — e não era para ela ter ruborizado, mas lá estava, vermelha e quente. Como se já não tivessem feito coisas piores naqueles mesmos lençóis.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Mas eu falo sério. — ele se fez de inocente. — Eu vou adorar te ver cavalgar.
Gil jogou um travesseiro na direção de Vincent que prontamente desviou. Para o inferno com esses reflexos rápidos!
— Continue assim e eu vou guardar toda essa bagunça e dormir, e então você terá que planejar tudo sozinho. — Gil largou a sua caneta e cruzou os braços.
— Eu não tiro folga há meses, você não faria uma crueldade dessas comigo.
— Se concentre no roteiro, então.
Vincent suspirou profundo, e Gil sentiu mais do que ouviu o corpo dele se aproximar na cama. Sua mão quente – porque Vincent parecia sempre estar quente – tocou delicadamente a lateral de sua cintura a deixando momentaneamente sem ar. Era estranho. Já tinham intimidade há tantos dias e ainda assim, um toque dele ainda conseguia desestabilizá-la.
— Nós tivemos dezenas de reuniões, um monte de compras sem sentido e um jantar barulhento com a minha mãe e a sua irmã, podemos apenas descansar agora? — o chefe poderia muito bem convencê-la com aquele olhar de animal carente se Gil não conhecesse muito bem o brilho escondido ali.
— Se pararmos agora, descansar será a última coisa que faremos, Vincent. — ela retrucou e o chefe se animou imediatamente.
— Isso por acaso deveria ser um contra-argumento? — ele se debruçou contra o corpo dela prendendo-a pelos pulsos e amassando todos os papéis do caminho.
— Céus! A gente nunca vai terminar esse roteiro. — ela reclamou, mas não se sentiu exatamente contrariada.
— Ainda temos tempo. — o chefe sussurrou enquanto beijava suavemente o seu pescoço.
Gil sentiu um frio na barriga apertar e infelizmente não tinha nada a ver com as carícias da boca de Vincent em sua pele.
— Não temos tempo. Falta pouco para a nossa viagem.
Vincent parou de tocá-la de repente e só então Gil percebeu o quanto a sua voz soou deprimida. Ele se afastou e a encarou com uma expressão retorcida.
— Eu acho que estou ofendido com a sua falta de animação.
Gil revirou os olhos porque, Deus, Vincent era tão ridículo às vezes.
— Não seja dramático, você sabe que a nossa viagem é logo depois da transmissão da Rise&Sun. — ela respirou devagar. — E eu estou apavorada, Vincent.
A expressão do chefe se suavizou e ele simplesmente sorriu.
— Você é a melhor, Gilan. Você realmente é.
Gil desviou o olhar e começou a mexer na barra da fronha de seu travesseiro. Não estava tão certa disso.
— Eu só não quero te decepcionar.
— Você não vai. — ele disse imediatamente. Por que Vincent tinha que ser assim? Tão pretensioso e confiante em relação a ela?
— Você sabe que te ouvir falar desse jeito praticamente dobra a pressão em cima de mim, não sabe?
— Vem aqui. — Vincent estendeu os seus braços e foi até vergonhosa a velocidade que Gil se aconchegou contra ele. O chefe começou a acariciar os seus cabelos, entrelaçando suavemente o dedo entre os fios. — Você sabe por que eu te contratei? — a voz grave de Vincent retumbou onde Gil se apoiava.
— Porque eu calei a sua boca arrogante?
Vincent gargalhou e Gil estremeceu um pouco. Ela ainda meio que se sentia desconcertada quando o escutava sorrir assim.
— Com certeza. Mas para ser franco, o maior motivo foi a sua determinação. — Gil ergueu a sobrancelha, achando aquilo pouco convincente. — Isso é sério. Dava para ver no fundo desses seus olhos o quanto você queria estar ali. Eu não tive dúvidas de que isso tudo é a sua paixão. Eu vi desde o primeiro momento que te conheci o quanto você queria fazer parte disso. Então sim, acredite em mim quando eu digo que a sua determinação é maior do que tudo. Eu acreditei quando você me disse que um dia iria conseguir, não importava o lugar. Então eu sei, eu realmente sei, que você nunca deixaria essa oportunidade passar. E eu sei disso porque eu sou igual, Gilan. E da mesma forma que eu confio em mim mesmo, eu confio em você.
Gil ficou em silêncio apenas observando Vincent. Ela amava tanto esse homem. E mesmo que se esforçasse para segurar essas palavras apenas para si mesma, Gil sabia que o amava cada dia mais.
Por isso, ela apenas se debruçou contra ele e o beijou. Era para ser um gesto rápido, mas o chefe envolveu os seus braços e a apertou ainda mais.
— Obrigada. — Gil conseguiu balbuciar entre a boca de Vincent.
— Eu não disse coisas para animá-la. — ele se afastou o mínimo, apenas para conseguir falar. — Eu admiro você, Gilan. Muito.
— Obrigada por me deixar saber disso, então.
O chefe desviou o olhar e... Deus! Vincent estava mesmo corado? Gil achou adorável. Mais do que isso. Gil queria tirar uma foto e nunca mais se esquecer daquela expressão terna e encabulada no rosto dele.
— Eu me esqueci de te entregar uma coisa. — o chefe pigarreou, mudando visivelmente o assunto.
Vincent se debruçou um pouco, tentando alcançar a gaveta da mesa de cabeceira, e então, tirou um envelope de dentro.
— Uma correspondência? Pra mim? — Gil pegou a carta das mãos de Vincent e a rasgou apressadamente.
— Parece que você é oficialmente uma moradora desse endereço.
Gil sorriu ao escutar o comentário de Vincent. Era bom se sentir em casa e receber as suas próprias correspondências. A fazia pertencer àquele lugar.
— Do que se trata? — o chefe se inclinou um pouco para conseguir ler também.
— É um cartão postal... De Nova York.
— E quem você conhece em Nova York? — o chefe até tentou soar despretensioso, mas Gil notou uma pitada de impaciência em sua voz.
— Margareth Lucy. — Gil revelou, e Vincent torceu o nariz.
Continuou lendo o que a ex-colega contava ignorando a cara feia do chefe ao seu lado.
— Aquela mulher é desagradável.
— Ela não é tão ruim assim. — Gil murmurou, concentrada no conteúdo do cartão, e ao escutar Vincent bufar voltou a encará-lo e o flagrou revirando os olhos. — Tudo bem, ela é terrível. Mas nós já resolvemos as nossas diferenças.
— E o que aconteceu? Ela atacou alguém em Nova York e precisa que você indique um bom advogado?
Gil empurrou Vincent com os ombros na tentativa de repreendê-lo, mas acabou rindo um pouco.
— Nada de mais. Ela apenas conta sobre a cidade e o seu novo trabalho, acho que Marlucy só quer manter o contato.
— Ou se redimir.
Gil guardou o cartão novamente no envelope. — Ela disse que conheceu um cara há algumas semanas. Parece que está ficando sério. George… Ou algo assim.
— Espero que o cara novo não tenha tantos dentes na boca quanto aquele ex-jogador. — Vincent resmungou.
— Você está particularmente implicante hoje, não?
— Pensei que eu fosse assim naturalmente.
Gil o analisou. Vincent não a enganava com aquela ironia disfarçada.
— Por que essa birra com a Marlucy e o Ryan, afinal? — Gil jogou, tentando tirar informações do chefe.
— Eu só não gostei deles.
— Por quê? — Gil insistiu.
— Desde quando eu preciso de um motivo para não gostar de alguém?
Realmente. Gil não podia rebater esse argumento.
— Já que você está fugindo eu serei direta, Vincent. O que você disse para Marlucy? Eu sei que vocês conversaram naquele dia... no dia que nós… Você sabe.
— Eu não faço ideia do que você está falando. A única coisa que me lembro daquela noite é de você amarrada na minha cama.
— Não me enrole, Vincent. — Gil preferiu nem dar atenção àquela lembrança. — Marlucy me contou que você disse algo.
Vincent relaxou os ombros parecendo ter se dado por vencido.
— Eu disse, mas não pretendo te contar. — Gil se preparava para protestar quando foi interrompida. — Não agora. E eu já mostrei coisas demais sobre mim. Para as mulheres, nem todo o dinheiro e nem todos os segredos. — por um segundo, Gil achou que ele falava sério, mas então o chefe a apertou contra o colchão e sorriu de maneira tão espontânea e cativante que a distraiu.
E pensando bem, Gil preferia mesmo grudar a sua boca na dele e deixar esse assunto para lá. Pelo menos por enquanto.
Fale com o autor