– O que vocês dois estavam pensando? Queriam se matar? Como puderam achar que seria melhor esconder um problema desses de nós?

Minerva andava de um lado para o outro em sua sala. Eu me encontrava sentada em frente á sua mesa, junto com Draco. Estava com a cabeça enterrada nas mãos, repassando a aula de poções de novo e de novo pelos meus olhos. Que... Merda tinha acontecido?

– Isso foi muita irresponsabilidade. Dos dois. – parou e apontou para nós. – Sinceramente Srta. Granger, a Srta. que é a mais racional de todos, como não disse nada?

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Levantei a cabeça e, tentando ocultar tudo o que se passava pela minha cabeça, respondi:

– Pra ser franca diretora, eu já passei por tanta coisa aqui em Hogwarts que nem cogitei essa possibilidade.

McGonagall pareceu momentaneamente sem fala. Para aliviar o clima – ou pelo menos mudar de assunto – perguntei:

– E... Como está o professor Slughorn?

– Ah, ele está bem. Nada que mãos profissionais não resolvessem. Mas eu gostaria de saber quem enfeitiçou ele. Lançar uma maldição Imperius em alguém experiente não é a coisa mais fácil do mundo.

Dito isso, se calou e foi, em silêncio, até sua mesa. Eu fiquei me sentindo uma idiota. Eu deveria ter percebido que aquela mudança no professor era sinal de que ele estava amaldiçoado. Digo, eu conheço os sinais! E ele nunca faria mal a alguém daquele jeito, sabotar o caldeirão, tentar me atacar, ah...

McGonagall, ao se sentar, apoiou o queixo nas mãos e ficou nos olhando. Depois de uns segundos, suspirou.

– Vocês precisam me contar o que está acontecendo. Sabe, isso não é algo que se pode chamar de “banal”, um professor chegou a ser atacado.

Olhei para Draco. Ele não parecia tão preocupado quanto eu; na verdade, ele parecia estar se esforçando muito para não explodir ali mesmo.

– Olha diretora, o negócio é que... Bom, pra começar, aconteceram algumas mudanças nesse ano... – parei, buscando as palavras. McGonagall me olhou por sobre os óculos, me incitando a continuar. Suspirei. – É que... Malfoy e eu... É...

– Estamos juntos. – Draco, parecendo um pouco impaciente, completou. McGonagall só não caiu da cadeira por causa do encosto. O sonserino revirou os olhos. – Algum problema, diretora?

Ajeitando os óculos, Minerva respondeu um pouco apavorada.

– Sim, Sr. Malfoy, o Sr. não pode dar uma notícia dessas e esperar que receba de imediato um tapinha nas costas.

– E por que não?

– Ah, não sei, talvez porque você e a Srta. Granger nunca se deram bem! - retrucou, exasperada.

– Bom, acho que podemos concordar que as pessoas mudam, não é mesmo? - piscou.

Não pude deixar de sorrir. Quero dizer, tinham várias coisas acontecendo que a última coisa que eu deveria fazer era sorrir, mas ainda assim... Draco tinha dito que estávamos juntos! Nós nem tínhamos oficializado nada... Meu coração dançava a conga no peito e me vi falando:

– Olha diretora, nem nós esperávamos isso. Mas... Sabe quando algo acontece e você não consegue evitar? – dei um pequeno sorriso e, envergonhada, olhei de canto para o loiro; ele já me olhava diretamente, tentando controlar o sorriso – é bom comentar que ele sempre falha nisso.

McGonagall olhava confusa para nós dois e aquilo já começava a me incomodar um pouco. Por Merlin, éramos nós que nós odiávamos, por que tanta surpresa? A diretora pareceu ter lido meus pensamentos – e quem me garante que não? – porque simplesmente balançou a cabeça e mudou completamente a postura.

– Bom, se é assim, quem sou eu para contestar? – sorriu. – Mas agora continue, o que mais aconteceu?

Assenti, mais aliviada, e pretendia continuar...

– Bem, nesses últimos meses...

– Aconteceu apenas mais um incidente, mas não exatamente um ataque. – mas Draco me interrompeu. Olhei para ele, que parecia, naquele momento, disposto a me ignorar e completou. – Um problema durante uma detenção no início do ano com Theodore Nott, nada mais.

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Pisquei, confusa, mas Draco continuava me ignorando. Me voltei para Minerva, que agora me observava.

– Hum... Isso... É verdade, Srta. Granger?

Abri a boca, pronta para contestar, mas logo a fechei novamente. Se ele estava mentindo sobre isso, deveria ter um bom motivo. Tudo bem, Malfoy não era a pessoa mais honesta do mundo, mas nessa situação, acho que ele não mentiria se não fosse necessário. E além do mais, eu poderia voltar e contar á Minerva depois de conversar com ele.

Dessa forma, acabei confirmando.

– Sim, diretora. E foi bem desagradável, então acho que prefiro não contar, ainda. – olhei para as mãos. Bom, aquilo era verdade; na verdade, eu preferiria nunca mais ter que tocar naquele assunto.

Minerva parecia um pouco relutante em deixar por aquilo mesmo, mas acabou cedendo.

– Tudo bem. Mas se precisarem de qualquer coisa, não hesitem em nos contatar. Isso vale para os dois. – acrescentou um pouco ríspida demais. É, acho que vacilamos um pouco... E continuamos vacilando. Qual o meu problema?

– Sim, senhora. – confirmei com a cabeça.

Draco e eu nos levantamos e, com um sorriso desafiador no rosto, entrelaçou seus dedos nos meus e me guiou porta afora. Nem precisei olhar para trás pra saber que o engasgo que ouvi foi da diretora: acho que ela ainda está um pouquinho em choque.

Já do lado de fora, me virei para ele.

– Por que você não contou á ela? Sobre a Casa dos Gritos?

Draco olhou para os dois lados, um pouco apreensivo, e me segurou pelos ombros.

– Olha Hermione, isso está ficando perigoso. Não podemos confiar em qualquer um. Não estou dizendo que Minerva possa ter alguma coisa a ver com isso, mas não seria inteligente deixar que outras pessoas além de nós dois fiquem sabendo, a não ser que seja muito confiável.

Fechei os olhos, cansada. O pior é que ele estava certo.

– Ah, eu sei, é que fica meio difícil pra mim, sabe, não contar para o Harry e o Ron... Eles sempre participaram de praticamente tudo na minha vida e agora... – apoiei minha cabeça em seu peito e fui envolvida por seu abraço. – E eu nem sei como contar para eles sobre nós...

– Bom, quando a isso, acho que você não vai ter que se preocupar mais.

Gelei, assim como Draco. Completamente horrorizada, me virei lentamente na direção da voz, rezando para todos os santos que pude pensar para que não fosse quem eu achava que era.

E acho que Merlin e eu não estamos na mesma sintonia esse ano, já que dei de cara com Harry a alguns passos de nós, com uma cara tão assassina que fiquei com medo de que começasse a soltar fogo pelos olhos.

– E então Hermione? Vai contar o porquê dessa traição ou vai continuar se esfregando com esse aí? – quebrou o silêncio, colocando nojo em cada sílaba.

– Ei, calma aí Potter, era só um abraço... – Draco saiu em defesa, mas logo foi interrompido.

– Ainda não te incluí na conversa, Malfoy. – rosnou. - Agora eu quero uma explicação dela para a cena que acabei de ver.

– Não estou interessado no que você quer cicatriz, você não vai falar assim com ela. – se colocou á minha frente, parecendo pronto pra partir pro ataque a qualquer sinal.

Harry deu um passo para trás, parecendo incrédulo. Atrás de Draco, eu temia o que poderia acontecer, tanto ali, quanto mais tarde. Temia o quanto isso poderia afetar nossa amizade.

– Harry... – chamei.

Ele olhou para mim, parecendo se lembrar de que eu estava ali e, depois de me encarar por alguns segundos, saiu andando, sem dizer mais uma palavra.

Por incrível que pareça, aquilo me deixou pior do que se ele tivesse gritado comigo. Eu não sabia o que ele estava pensando, se estava puto comigo, chateado, chocado, eu não sabia. Não sabia se ele contaria ao Rony e á Gina, ou o que contaria. Ele não havia me magoado; ele havia me deixado com medo. E isso era muito pior.

Draco se virou para mim, parecendo preocupado.

– Hermione...

Isso foi o que bastou para que eu começasse a chorar. Tudo o que já tinha acontecido se juntou em um bolo diante de mim e eu não consegui me controlar, as lágrimas caindo descontroladamente. Draco me abraçou, afagando carinhosamente minha cabeça e sussurrando em meu ouvido.

– Ei, calma, calma, vai ficar tudo bem... Vai ficar tudo bem... – passei meus braços por sua cintura, apertando-o para ter certeza de que não iria embora. Era bobo, eu sei, mas depois de ver Harry indo embora, sem nem tentar entender, me julgando daquele jeito, não estava ligando muito para lógica. Eu precisava de Draco. – Não se preocupe Hermione, eu estou aqui com você... Eu estou aqui... Amanhã é outro dia, tudo vai melhorar, você vai ver... Tudo vai melhorar...