Capítulo Único

Mr. Fox sempre foi a única raposa vermelha que era totalmente descartada da sociedade animal. Ninguém o convidava para festas — achavam seu estilo de se vestir estranho demais, não queriam passar vergonha —, ninguém dizia “bom dia, meu caro amigo!”, ninguém chegava muito perto e ninguém gostava de sua voz fina demais.

Ninguém, ninguém, ninguém, ninguém, ninguém e ninguém. Era incrivelmente triste o quanto essa palavra participava de seu dia. Ele era só ele e mais ninguém.

Porém, quem disse que Mr. Fox estava chateado com isso? Ó, ria daquele que pensou em tal fato!

Mr. Fox era a raposa mais feliz do condado. Pois ele se amava. Sim, ele se amava.

Tinha um talento nato para a caça, era um bom pai (mesmo que não tivesse filhos), era um ótimo marido (mesmo que ninguém soubesse do seu caso com o Mr. Fox White), era um excelente pintor! E isso nada saiu da minha boca, mas sim da boca do Mr. Fox.

Ele acreditava no seu talento nato e, o mais importante, acreditava nele mesmo.

Mr. Fox achava que apontar o dedo (ou a pata) e criticar negativamente uma pessoa não era algo muito bacana de ser feito, mas ele, vez ou outra sem querer, dava risada das roupas — ou falta de roupas — que as raposas usavam no condado.

Ele era chique! Quase um perfeito humano, se não fosse pelas patas, rabo, pelo… Enfim, ele era elegante e charmoso, não entendia como as pessoas não gostavam dele. Talvez fosse diferente e, sim, ele era, afinal, nenhuma raposa usava roupas, isso era um pleno absurdo!

Que tipo de raposa sã usava roupas? Que tipo de raposa pintava? Era ridículo, de fato era! Mas não para Mr. Fox. Porque ele estava feliz.

Houve um tempo que ele recusou acreditar que era uma raposa vermelha, talvez só tivesse a cor, pois não era igual as outras. Houve um tempo em que pensou seriamente de andar sozinho para o próximo condado, para ver se alguém o aceitava e se alguém enxergasse que ele só queria ser amado.

Porém, esse tempo escuro passou quando conheceu Mr. Fox White. Ele era diferente, mas incrivelmente bom. Todos gostavam dele. Inclusive, Mr. Fox.

E, por mais que tivessem um relacionamento escondido, Mr. Fox o amava, pois fora White que o ensinara a, acima de tudo, se amar.

Porque ele era perfeito desse jeito e Mr. God Fox não comete erros.

Mr. Fox aprendeu algo importante; ele é sim normal e, o mais importante, é sim amado. Por Mr. Fox White e por ele mesmo.

Algo mais importa? Creio eu que não.