Mom, I Love a Criminal

[Extra Season] Carbon Graphite


Ian’s POV

Saí da sala de aula e fui direto ao meu local preferido: as arquibancadas do campo de futebol.

Era meu último ano na Durkheim High School e era para eu estar lá, junto com a turma de alunos formandos, jogando os materiais para cima e comemorando.

Mas eu iria comemorar, e do meu jeito: sozinho. Rebecca é minha irmã mais nova, mas ela desistiu do colegial há alguns meses. Ela sempre estava muito ausente, e isso tudo me era estranho. Quando ela chegava em casa depois das onze, suas roupas estavam manchadas de vermelho sangue, seu semblante era sério e muita das vezes ela nem sentava à mesa comigo para jantar. Isso me fez ficar mais na minha em relação à minha irmã; sempre me trancando em meu quarto e curtindo sozinho, curtindo o I Doser.

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Sentei debaixo das arquibancadas e coloquei a mochila do meu lado; tirei dela uma caixinha de LSD. Coloquei uma das pílulas sobre a língua e deixei que derretesse. Coloquei os fones de ouvido e liguei em um dos I Dosers mais poderosos, que era chamado de "Os Portões de Hades".

Revirei os olhos. Esses nomes eram ridículos.

Tudo ao meu redor girava. As ondas sonoras distorcidas e graves da droga digital ecoavam em minha mente. Eu me sentia leve e pesado ao mesmo tempo. Como se a gravidade passasse a ser mais forte sobre meu corpo. Minhas pálpebras estavam ficando pesadas. A cada minuto que passava lentamente, era mais difícil de manter os olhos abertos. A essa hora, eu já havia injetado ecstasy líquido em minhas veias, e estava sob o efeito pesado da droga.

Eu não sabia mais reagir a nada. Eu só queria ficar ali. Dormir.

Até o efeito passar. Até minha formatura acabar. Eu estava relaxado graças ao ecstasy.

Mas por um breve momento em que abri os olhos, levei o maior susto de toda a minha vida.

Rebecca avançou sobre mim e me arrancou os fones.

— Você está louco? — Reclamou. — O I Doser pode matar! Quantas vezes eu vou ter que...

Eu só ria de Rebecca. Era engraçado ouvi-la falando um monte de blá-blá-blá que eu sequer entendia. Rebecca me puxou pela mão, fazendo-me levantar. Foi me guiando — puxando — pelo estacionamento, que estava vazio, pois todos os alunos estavam no ginásio comemorando as suas formaturas. Um rapaz alto, cheio de tatuagens e duas garotas — uma de cabelos azuis, que era incrivelmente encantadora, e a outra de cabelos castanhos, parecidas umas com as outras — eram os únicos no estacionamento além de nós.

Rebecca estava bufando, até que soltou meu braço e me obrigou a parar ao lado do garoto alto; ele riu e deu tapinhas em meu ombro.

— E aí, Ian?! Você agora está sob meus cuidados. — Disse ele. — Me chamo Andrew Knight.

Por que as pessoas insistem em falar comigo quando estou drogado?!

Fiz um sinal com a cabeça e olhei para a garota de cabelos azuis. Ela me fitava com curiosidade, como se pudesse ler meus pensamentos. Ri disso, o que a fez ficar com um ponto de interrogação enorme na face.

— Ele está sob efeito de drogas. Ecstasy líquido; estou com medo de que ele tenha uma overdose. — Disse Rebecca.

— Bobagem! — Bufou a garota de cabelos castanhos.

Eu estava custando a ficar em pé. A gravidade estava me esmagando, e eles só batendo papo.

— Não se preocupe. — Disse Andrew. — Ele ficará bem. Enquanto isso, quero que vocês voltem às suas missões. Ele virá comigo. — Andrew abriu a porta do carro para mim, mas logo virou para as garotas e mudou de ideia: — Aly, pensando bem, você fica cuidado do Ian.

Rebecca pareceu aliviada com a ideia de Andrew. A garota de cabelos castanhos bufou, mas a outra assentiu.

— Por quê?! — Disse ela.

— Gabriela... — Chamou a tal Aly, de cabelos azuis. — Está tudo bem. — Ela olhou para mim e reprimiu os lábios em uma linha fina. — Ele precisa de cuidados.

A tal Gabriela deu um abraço em Aly e ela veio de encontro a mim, me guiou até o outro carro, e Rebecca, Gabriela e Andrew foram no outro. Sentei-me no banco do passageiro, e Aly deu partida no carro.

— Então seu nome é Aly?

— Aly para os íntimos. — Ela acelerou. — Aline para você.

— Tudo bem... Aly. — A provoquei.

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Ela pareceu irritada, o que me fez sorrir.

— Para onde estamos indo? — Perguntei com a voz arrastada.

— Para sua casa. Vou ficar de olho em você até que passe esse efeito do ecstasy.

Dei risada. Eu queria por os fones e escutar o I Doser. Mas com essa garota de cabelos azuis do meu lado, eu só conseguia prestar atenção nela.

— Qual sua profissão? — Perguntei.

— Eu era estudante.

Olhei para ela novamente.

— Se formou?

— Não. — Ela olhou no retrovisor, e estacionou em frente à minha casa.

— E o que você faz agora?

Aly suspirou e me encarou. Eu sentia que ela lia meus pensamentos.

Em seus olhos havia tanto mistério, tanta coisa nova para descobrir.

— Talvez Rebecca conte a você. Não quero estragar a surpresa. — Respondeu, sorrindo satisfeita.

***

Depois de Aly tanto insistir, tomei um banho e fui dormir. O ruim de estar sob efeito de drogas, é que quando você acorda, parece que dormiu há semanas. E assim aconteceu comigo. Levantei da cama, e Aly estava sentada no chão no canto do meu quarto, me fitando. Algo me dizia que ela estava ali desde que dormi, me observando.

— Dormiu bem? — Perguntou ela.

Assenti. Eu estava com uma puta dor de cabeça.

— Olha o LSD fazendo efeito na “ressaca”. — Falou Aly, rindo e fazendo aspas com os dedos.

Sorri para ela e a ajudei a levantar.

— Estou com fome. — Disse.

Ela revirou os olhos e abriu a porta, indo para a cozinha. Eu a segui e me sentei na bancada.

— Virei babá de drogado. — Bufou, rindo em seguida, enquanto preparava ovos mexidos.

Eu observava cada passo que Aly dava. Ela era bem astuta e ágil. A garota despejou os ovos no prato e o empurrou em minha direção.

— Janta servida.

— Obrigado.

Peguei o prato e comecei a refeição. Podia sentir os enormes olhos de Aly me fitando.

— Você está com uma aparência péssima. — Comentou ela.

Dei uma risada fraca. Eu estava realmente horrível. Olheiras fundas, cabelos bagunçados e minha camisa branca de mangas curtas estava amarrotada.

— Você tem razão... — Deixei o prato de lado e a encarei.

Ela é tão linda...

Aly se aproximou e pousou as mãos sobre minhas coxas, ficando mais perto.

— Você estava cheio de amor para dar quando estava sob efeito do ecstasy antes de dormir. — Comentou. — Você até tentou me beijar!

— Eu não lembro disso. — Dei risada.

— Claro que não lembra, você teve uma bad trip e finalmente dormiu!... — Ela riu ao mencionar que tive uma viagem errada por causa de tanta tensão psicológica. — Por que faz isso contigo? — Perguntou Aly depois de um tempo em silêncio.

Demorei a responder sua pergunta. Eu mesmo não sabia ao certo porque maltratava tanto assim meu físico e psicológico.

— Desculpe pela pergunta... — Ela se afastou, mas eu a segurei pela mão e puxei para perto novamente, o que a fez corar violentamente.

— Não, está tudo bem. — Aly sorriu.

Aproximei meu rosto da bochecha da garota de cabelos azuis que, a esse momento, estava colada em mim. Segurei sua nuca e estava pronto para depositar ali em sua bochecha rosada um beijo, quando Aly virou a cabeça e grudou os lábios nos meus.

A princípio, foi uma surpresa, mas eu estava louco para beijá-la, então não quis estragar o momento me afastando e dando aquele discurso de “acabamos de nos conhecer, não podemos fazer isso”. Eu estava cagando para isso. Aly iniciou um beijo suave e acompanhei seus movimentos com perfeição.

Seus toques espalhavam choques elétricos pelo meu corpo, fazendo cada parte de mim se despertar.

Por fim, separamos nossos lábios pela maldita falta de ar.

— Por que não me beijou antes? — Perguntei, sorrindo.

— Não queria que você me beijasse, dormisse e quando acordasse nem se lembraria do que aconteceria. — Respondeu simplesmente.

As bochechas da garota estavam coradas, entretanto ela sorria.

E era o sorriso mais lindo que eu já havia visto.