Em família

Gamers


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– Estou em casa! – Shikamaru disse assim que passou pela porta, tirando seus sapatos.

– Bem-vindo de volta. – A voz de sua esposa respondeu. Ele seguiu a voz e encontrou-a sentada no sofá, as pernas esticadas e as costas apoiadas no braço lateral com uma almofada. As dores nas pernas não a permitiam sentar-se sobre estas, então ela mantinha-as esticadas. A barriga proeminente chamava atenção, e neste exato momento, Temari estava usando esta como apoio para os braços enquanto apertava os botões e olhava concentrada a pequena tela do Brick Game* verde dele.

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– O que você está jogando agora?

– Tetris. – Curta e direta.

– Tetris? Você não se cansa disso?

– Nah, é divertido. Tenho que decidir rápido em como encaixar as peças, e aqui posso derrotar você, batendo seu recorde.

– Meu recorde foi bem alto, você sabe?

– Eu sei sim. Eles pediram para você testar para ver até onde o jogo podia ir, então você precisava fazer um recorde alto. – Ela pausou o game e virou a cabeça para ele. – Sou sua esposa, sabe?

– Como se eu fosse me esquecer disso. – Ele deu um sorriso orgulhoso ao dizer isso, que foi prontamente respondido por ela.

– E então, eu estou ‘debilitada’, você não vai vir aqui me dar um beijo? O seu beijo de boas-vindas? – Temari tinha um dom para lhe provocar. Não que ele estivesse reclamando.

Shikamaru, que até agora estivera encostado no marco da porta observando sua esposa, começou a andar vagarosamente em direção ao sofá.

– Sabe, essa tecnologia está obsoleta já. Você não quer tentar usar um... outro console talvez? – Shikamaru sabia que se ele falasse ‘Game-Boy’, sua esposa teria um ataque de raiva sobre quem decidiu dar esse nome ao console portátil, então ele optou pelo caminho sem riscos, usando uma expressão mais geral. Além de poupar a si mesmo de um momento explosivo de Temari, ele ainda garantia a saúde dela e do bebê.

– Ah, eu sei que não é tão novo, mas o simples fato de poder esmagar você já é divertido o suficiente. – Um novo sorriso iluminou seu rosto, que era ao mesmo tempo infantil e maldoso. Ela estava determinada a superá-lo. Sempre tão competitiva.

Shikamaru parou do lado do braço do sofá em que sua esposa estava encostada, deslizou os braços pelos ombros dela, suas mãos alcançando o ventre onde ela carregava o seu filho, e baixou o rosto para encontrar os lábios dela, que estava com a cabeça jogada para trás para permitir o contato. Foi um beijo curto, apenas um roçar de lábios, mas carregava o imenso amor e dedicação que eles tinham um pelo outro. Quando romperam o contato, ambos ficaram observando os olhos do outro por alguns instantes, antes de Temari levantar a cabeça e se endireitar, e Shikamaru se aconchegar abraçando sua esposa pelos ombros e encostando sua cabeça ao lado da dela, enquanto também acariciava com o ventre dela.

Foi só então que Shikamaru olhou para a tela do jogo pausado de sua esposa.

– 8652 pontos, Temari? A quanto tempo você está jogando isso?

– Sei lá. Eu disse que ia esmagar você!

– Eu imagino como vai ser essa criança quando nascer. O que vamos fazer se ela for tão viciada quanto você?

– A culpa será toda sua.

– Minha?

– É, sua. Você que gosta de ficar jogando. Shougi, Go...

– Bem, se ela gostar de jogos de tabuleiro, até faz sentido, mas se ela ficar viciada em videogames, isso será sua culpa.

– Não, será sua culpa. É sua culpa porque eu não jogava nada antes de você começar a me pedir para jogar com você. É sua culpa porque você é quem está me fazendo ficar em casa todo esse tempo sem nada para faze–

– Isso é uma recomendação médica, eu só estou cumprindo.

EEE é sua culpa porque até esse jogo aqui é seu! – Ela ressaltou, para afirmar seu ponto, sem deixar Shikamaru desviar o assunto – Logo, se essa criança for viciada em jogos, a culpa será toda sua.

– Tsk. – Shikamaru nem tentou argumentar. Tão competitiva. Não tinha como ele ganhar dela sem um grande esforço – Que problemático.

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Temari riu, uma risada leve e gostosa, de quem estava tendo um desses pequenos prazeres da vida. Shikamaru percebera que ele não se importaria de perder para essa mulher, se pudesse apenas ouvir essa risada. Afinal de contas, isso significava que ele estava ganhando, não?