A Guerra Greco-Romana

Capitulo 6 - Levanta-te Manigold!


Manigold agitou-se ligeiramente no solo destruído do enorme salão. Sentou-se ainda um pouco ensonado, coçou os olhos e olhou pela janela, cujo vidro fora estilhaçado no dia anterior. O sol brilhava intensamente num céu azul muito brilhante e límpido. Manigold levantou-se de um salto quase voltando a cair de novo tal foi a sua rapidez. Deu uma última olhada ao quadro de seus pais a saiu rapidamente, antes que os sentimentos que assombravam faz dias voltassem a invadir o seu coração.

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Manigold estava preocupado e desiludido com a sua atitude, pusera os seus interesses pessoais acima dos interesses do santuário e de Atena, isso era imperdoável. O seu passado era importante mas a missão que lhe fora incumbida era mais urgente. Já um dia se passara desde a sua partida do santuário e ainda não tinha notícias para relatar ao grande mestre. Tinha que se despachar antes que algo muito grave acontecesse, a culpa seria totalmente sua.

Caminhou apressadamente pela vereda campestre, rumo à cidade, deixando para traz as lembranças de um passado sombrio e manchado de sangue, perda e dor.

Quando finalmente regressou à sua cidade, o cenário era idêntico ao do dia anterior. Ruas apinhadas de pessoas, cafés e restaurantes na maior confusão do mundo, gelatarias cheias até à porta.

Manigold estava com fome, mas não iria perder tempo para comer, faria isso mais tarde, agora era imperativo encontrar evidências dos inimigos que queriam matar Atena. Percorreu analiticamente todos os lugares possíveis e imaginários, porém a procura não fora bem sucedida, nem o único relance de cosmos inimigos. Ele não desanimou, sabia que a busca não iria ser fácil.

Continuou a vaguear o resto do dia tentando encontrar alguma pista que lhe indicasse o caminho a seguir, mas nada. Manigold apenas viu alguns miudinhos a fugir dos pais, outros a roubar provavelmente para comer, alguns mendigos que pediam esmola e algumas raparigas a quem lançou diversos piropos.

Escurecia rapidamente, a lua brilhava no céu de veludo, reflectida nos magníficos canais, Veneza parecia ter saído de um conto de fadas, como era maravilhosa! Manigold finalmente cedeu à fome, dirigiu-se ao restaurante mais próximo e entrou.

Já sentado numa mesa bem distante de todas as outras, Manigold chamou o garçon:

– Boa noite meu senhor o que deseja comer? Temos inúmeras iguarias que provavelmente pode gostar! – Disse o empregado energicamente.

– Quero uma pizza extra-grande com todos os ingredientes que for possível, e para beber quero um jarro de vinho e do melhor! – Pediu o Caranguejo. – E rápido estou esfomeado!

– Claro senhor, vou imediatamente tratar do seu pedido. – Prontificou-se o garçon.

Manigold olhou em volta nostálgico. Quando ele era criança entrara imensas vezes naquele restaurante, esperando que alguém não comesse a refeição para ele depois a roubar, era muito triste pensar nisto. Provavelmente alguns miúdos estariam neste preciso momento a pensar no que ele próprio já tinha feito, não os censurava, a vida nas ruas de Itália não era fácil e ele sabia muito bem disso.

– Que maravilha! Que cheirinho agradável! – Sorriu Manigold avistando o garçon transportando a sua refeição há muito desejada.

– Bom apetite caro senhor!

– Acredite que vai ser! – Disse Manigold comendo um enorme pedaço de pizza.

De facto a comida e o vinho estavam deliciosos. Manigold saboreava cada pedaço de pizza e cada trago de vinho como se fossem os últimos. O Caranguejo terminou o seu jantar, pediu a conta e pagou. Quando se dirigia para a saída olhou para uma mesa vazia, os seus últimos ocupantes esqueceram-se de um cestinho com alguns pães, queijos e manteigas. Manigold pegou no cesto discretamente e saiu do restaurante, aquela comida iria servir de jantar a alguém certamente.

O dourado andou pelas ruas procurando a quem dar o seu “ roubo”, não foi difícil de encontrar. A alguns metros do restaurante onde jantara estava um pequeno grupo de crianças esfomeadas sentadas no jardim mal iluminado.

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– Hei garotos! Vocês têm fome? – Perguntou aproximando-se.

– Sim, muita senhor. – Confirmou uma menina de longos cabelos ruivos.

– Tomem isto é para vocês. – Ofereceu Manigold esticando a comida na direcção da menina. – Comam!

– Espere senhor! – Indagou outro menino – O que quer em troca?

– Em troca? – Manigold estava confuso.

– Sim, deu-nos a comida, mas a troco do quê? – Insistiu um outro garoto.

– Não quero nada em troca, só quero que sejam felizes e que tenham coragem para mudar as vossas vidas. Adeus! – Manigold afastou-se rapidamente das crianças.

O Caranguejo andou durante mais alguns minutos pelas ruas fantasiadas de Veneza, até parar junto de um bar nocturno. Decidiu entrar. A música estava bastante alta, a luz ofuscou os seus olhos de tão intensa que era, raparigas e rapazes bebiam e dançavam alegremente. Manigold sentou-se e pediu uma bebida.

Passado algum tempo a porta do bar abriu-se novamente, para mostrar uma linda rapariga de longos cabelos dourados, uns incríveis olhos verdes, emoldurada por um curto e apertado vestido preto, dando destaque ao seu corpo bem definido, ela captara a atenção do cavaleiro.

A rapariga deslizou elegante pelo bar, parando junto a Manigold.

– Posso sentar-me – Pediu em voz suave e sedutora.

– Claro bella. – Assentiu um Manigold completamente perdido em tanta beleza.

– Posso saber o teu nome?

– Leonardo – Mentiu Manigold. Algo o cativara a sua atenção e não era só a beleza estonteante daquela moça. Sentira embora muito levemente um cosmo proveniente do seu interior. – E tu como te chamas?

– Cristina querido. – Respondeu ela.

O cavaleiro e a misteriosa rapariga trocaram mais algumas palavras antes dela perguntar se Manigold gostaria de ir para um lugar mais tranquilo, ele concordou, iria sem dúvida descobrir algo relevante.

Caminharam em silêncio através de ruas, praças, avenidas… Afastaram-se cada vez mais do centro da cidade e a curiosidade do dourado crescia a cada paço que davam.

Finalmente a rapariga parou. Parou numa estrada arenosa, deserta e escura como breu. As desconfianças de Manigold revelaram-se verdadeiras.

– Bem acho melhor pararmos de jogar às escondidas. Quem és tu? – Perguntou Manigold.

– Bem cavaleiro de Caranguejo, eu sou uma ninfa enviada do panteão romano para colocar fim à tua nojenta e estúpida vida. – A mascara caiu por fim.

– Não me faças rir, docinho! Achas que um cavaleiro de ouro se deixava derrotar por uma ninfa! Que graça.

Cristina elevou o seu cosmo. Deu um soco que Manigold defendeu sem dificuldade e outro, e outro e outro… Manigold não gostava de atacar mulheres, no entanto aquela ninfa poderia muito bem ser a chave para a salvação de Atena e do santuário.

Manigold lançou uma onda de cosmo que atirou a jovem pelos ares, esta caiu quase inconsciente.

– Poupo-te a vida se me contares algumas coisas que gostaria de saber. – Tentou negociar, de facto não era o seu ponto forte. Ela deu-lhe um soco em cheio na cara.

– Ok é assim que queres! – Exclamou Manigold limpando um fio de sangue que escorria do lábio inferior.

Manigold apertou o braço da inimiga esmagando-lhe alguns ossos, o sangue jorrava abundantemente, ela gritava de dor, Manigold sorriu, sabia que não tardaria que ela abrisse a boca.

– Ok, Ok, eu falo! – Implorou, quando Manigold lhe apertava desta vez uma das elegantes pernas finas.

– Assim já gosto mais!

– O nosso Deus Supremo, Júpiter organizou um exército bem poderoso para atacar o Santuário e matar aquela que vocês chamam de Deusa.

– Quantos homens são? Quando será o ataque? O que se esconde por de traz da morte de Atena?

– Não sei mais nada! – Jurou Cristina limpando as lágrimas.

– Não mintas! – Gritou Manigold exercendo pressão no peito da ninfa.

– Pára, pára, eu conto. - Implorou ela.

– Não contas não sua fraca! - Uma voz fria e cortante suou na noite escura. Manigold fora atirado para longe caindo pesadamente na areia, quando olhou Cristina já não fazia parte do mundo dos vivos. A raiva cresceu no coração de Manigold.

– Como te atreves! – Vociferou avançando para o recém-chegado. Quantos perigos a noite esconderia?

Oito vultos rodearam Manigold, não havia fuga possível.

– Estou feito! Cai na armadilha que nem um patinho! – Pensou Manigold.

A violência que se seguiu foi brutal. Manigold era atirado ao chão, espezinhado, pontapeado, atingido por inúmeros murros, ondas de cosmo, caindo por fim inconsciente no chão.

O grupo de atacantes desapareceu entranhando-se na noite.

A milhares de quilómetros no Santuário todos os cavaleiros sentiram com tristeza e terror o cosmo de Manigold desaparecer a pouco e pouco.

– Manigold Não! – Exclamou Shion.

– Não morras Manigold! – Pediu Régulos.

– Reage Caranguejo estúpido. – Disse Kardia não conseguindo disfarçar o choque.

Manigold jazia inconsciente no terreno arenoso. O sangue jorrava por todos os esporos do seu corpo mortalmente e cruelmente ferido.

– Acorda Manigold! Vamos lá! Ainda não chegou o fim para ti meu rapaz. – Sage tentava desesperadamente acordar o seu aluno através do seu poderoso e quente cosmo.

Duas figuras não corpóreas aproximaram-se de Manigold. Uma mulher de vestido creme e um homem de porte majestoso.

– Levanta-te Manigold! Os teus amigos precisam de ti. – Falou o homem em voz distante.

– Vamos querido coragem, nós estamos aqui, damos uma ajuda. – A doce mulher chorava lágrimas de prata.

O dourado despertou.

– Grande Mestre o sonho de Dokho é verdadeiro, eles pretendem matar Atena. Desculpe Velhote! – Antes de voltar a desmaiar Manigold olhou para as duas figuras que desvaneciam diante dos seus olhos. Se morresse agora morreria feliz.

Alguém quebrou a impiedosa noite com o seu cosmo poderoso. Manigold fora envolvido por uma névoa arroxeada. O seu copo desaparecera da areia manchada de vermelho brilhante.