Perversa

Capítulo 32


A penúltima semana de aula semana começou tensa. Provas finais, trabalhos a entregar... Mesmo assim, já era quarta feira quando Harry conseguiu levar Hermione a um lugar discreto para conversarem sossegados.

O segundo e menor pátio era repleto de bancos, como numa praça, onde normalmente ficavam os casais e os novatos. Mas, naquela hora, estava vazio. O vento soprava gelado e o céu estava cinza escuro, uma grande tempestade estava por vir. Talvez até nevasse mais tarde. Os dois estavam num dos bancos, de mãos dadas.

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– Hermione, estou tentando falar isso com você há um tempo, mas não consegui.

Ela sorriu ansiosa, apreensiva.

– Eu sei que essa não é a hora nem o lugar – Ele continuou. – Mas algumas coisas vêm acontecendo e eu percebi que não posso mais adiar isso...

Ele suspirou.

– Fala logo, Harry. – O sussurro de Hermione era quase inaudível.

– Quer namorar comigo?

Granger mordeu o lábio e sugou o ar para responder. Mas no meio do caminho, a palavra – o ‘sim’ – agarrou em sua garganta e se recusou a sair. Ela hesitou e sentiu a dúvida brotando no peito.

– Hermione, você ta legal? – Harry, sinceramente, esperava que ela respondesse, mas não obteve sucesso. – Você ta pálida, até meio verde. Quer beber um pouco de água?

Ela inspirou lentamente e levantou o dedo indicador.

– Espera um pouquinho? – Disse sorrindo, tentando manter a expressão serena.

Deu as costas para ele e suspirou outra vez. Talvez se esvaziasse a mente, a resposta certa viesse mais claramente à sua cabeça.
Fechou os olhos e esperou o ‘sim’ reaparecer. Mas tudo que viu foi um par de olhos azuis e uma risada deliciosa ecoando no fundo. Nada de Harry, era tudo de...

– Não. – Ela deixou escapar.

– Como é?!

– Me desculpe, Harry. Eu gosto muito de você, mas eu me enganei. Nós podemos... nós somos e seremos grandes amigos. Mas somente isso.

A expressão derrotada e surpresa no belo rosto dele não mostravam condições para uma resposta.

– Desculpe, Harry. Diga que você me desculpa.

Ele baixou os olhos e entortou o nariz.

– É claro.

Hermione sorriu e o abraçou, ainda sem entender o que havia acontecido. Então, voltou para a sala de aula.

Ela não havia nem alcançado sua carteira e o sinal para o intervalo tocou. Deu meia volta a esperou Gina do lado de fora.

– A prova estava bem fácil. – Começou. – Eu só agarrei na última questão.

– A resposta era -17. – Hermione avisou.

– Errei. Droga...

Gina continuou tagarelando e tagarelando mas Hermione estava distante. Sua mente vagava pela conversa com Harry, a Feira de Ciências, o dia no ringue de patinação.

A chuva começava outra vez e elas foram obrigadas a ficar no refeitório. Os pingos ficavam mais densos e barulhentos a cada instante.

– O que você acha, Hermione?

– Eu concordo com você, Gina. – Disse automática, sem se preocupar em saber o assunto.

Já haviam saído da fila com suas bandejas e Hermione nem saberia dizer qual seria seu almoço aquele dia – apenas que era exatamente igual ao de Gina –. Sua mente havia passeado pela viagem a Little Falls, pela festa da piscina na escola, por uma tarde de outono no Central Park.

Um estrondo a fez despertar confusa e olhar para todos os lados. Então ela percebeu que o barulho vinha dela – da bandeja dela, exatamente, que estava no chão –.

– Olha o que você fez!

Ronald estava com o braço melado de suco de caju e os sapatos dividiam espaço com um monte gelado de Salada Francesa. O ‘ex’ almoço de Hermione.

– Eu não tive culpa, seu idiota! Deixe de ser grosso.

De repente, Hermione estava totalmente acordada, totalmente atenta e com mais raiva do que nunca.

– E você, trate de olhar por onde anda.

– Você também não estava olhando, se não, não teria batido.
À esta hora, uma rodinha de alunos havia se formado envolta dos dois e da comida esparramada pelo chão.

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Hermione estava nauseada de cólera e Ronald não se importava por provocá-la mais, já que os dias dela no colégio estavam contados. Pelo menos como boa aluna.

– Olhe bem, garota, respeito é bom e eu gosto.

– Eu também gosto, seu ignorante!

Trovejou e Hermione se aproximou, como se estivesse prestes a investir numa briga física com ele.

– Contenha-se, senhorita Granger.

Uma voz firma e impediu de continuar e ela olhou para trás lentamente.

– Desculpe, professor Arnold. É este garoto à minha frente eu está...

– Eu não estou fazendo nada! – Interrompeu. – É ela que, além de destruir a Feira, quer acabar com o meu almoço!

Hermione o olhou confusa enquanto Arnold, o vice-diretor, repreendia-o.

– Deixe-a terminar, senhor Weasley. – Disse com olhos duros. – Explique o que houve, Hermione.

– Eu estava distraída com minha bandeja e estou certa de que ele também.. Nós levamos um encontrão e ele começou a me culpar até pela Segunda Guerra Mundial!

Ronald começou a falar algo de não ser tão dramática e exagerada e ela desatou a acusá-lo. Falavam ao mesmo tempo, cada vez mais alto, à medida que a chuva ficava mais forte.

– Eu tenho uma solução. – Interrompeu o vice-diretor. – O galpão da piscina está vazio. Sugiro que conversem lá, a sós, e resolvam o assunto. Assim os dois se previnem de uma advertência escrita.

Todos se espantaram – especialmente Hermione e Ronald –, mas Arnold estava tranquilo, com o olhar sereno.

– É melhor irem rápido, antes que a chuva não permita.

Eles negaram no início, mas acabaram cedendo.