Existia um cheiro de traição no ar daquela noite fria.

Inúmeros pares de olhos voltaram-se para Salazar Slytherin, aquele que parecia mais propenso a cometer tal atrocidade. No chão, frente aos pés dos quatro fundadores, estavam dispostos quatro corpos. Pelo tamanho poderiam ser alunos do primeiro ano, ajeitados de uma maneira que, vistos de cima, formassem um losango. Suas cabeças haviam sido removidas, o que dificultava ainda mais a identificação… os pescoços mutilados estavam apontados para o centro da figura, onde estava escrita uma frase em sangue. Estava tão difícil de ler que Grodric Gryffindor precisou agachar-se para olhar mais de perto. Sua boca tornou-se uma linha séria, antes que retornar-se à posição anterior.

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— O que foi escrito? — Questionou Rowena Ravenclaw, mostrando visível perturbação em seu olhar. A amável Helga Hufflepuff se recuperara do choque com mais rapidez e, embora ainda estivesse lívida, deu meia volta e fez com que os outros alunos recuassem, disposta a colocá-los em seus devidos dormitórios.

— Os fundadores serão os próximos. — Ele respondeu, e sua voz acabou tomando um tom lúgubre que não desejava. Seus olhos cravaram-se no amigo, Salazar, de imediato.

— Se pretende me acusar disso, Godric, afirmo que deves parar. — O fundador alegou, num tom baixo, parecido com um cicio. Sua expressão não demonstrava muita coisa além de tédio. Pela cor das vestimentas que as vítimas usavam, era óbvio que nenhum era de sua Casa.

— Está muito tranquilo para quem acaba de ser ameaçado.

— Sabes que é apenas a impressão que passo normalmente…

De fato. Slytherin era tão frio e racional que parecia ser claramente insensível. Os olhares que lançavam a ele, no entanto, daquela vez eram realmente injustos. Por mais que o professor responsável pela Sonserina alegasse que era contra o ensino daqueles que não tinham sangue puro, ele não faria nada contra os alunos de seus amigos.

Faria?

— Eu não ia te acusar. — Alegou novamente Godric, suspirando profundamente.

— Eu imaginava… — Foi a resposta, dita de uma maneira pouco convincente.

Aquele havia sido um golpe terrível e repentino. Precisava tomar providências diversas: identificar os mortos, cuidar para que tivessem um enterro digno, acalmar os outros alunos…

Sofrer a fúria dos pais.

E o que deveria ser o mais importante de tudo: procurar pelo responsável daquele assassinato, daquela crueldade sem limites, e fazê-lo receber um castigo por seus atos. Antes que matasse mais alguém.

Antes que aquela profecia escrita com letras sangrentas no piso impecável se realizasse.