Adorável Vizinho

3° - Você ainda vai me causar muitos problemas


Quando minha mãe me contou que se mudaria para outro país com o namorado, eu logo vi que não teria outra opção a não ser largar minha namorada e toda a minha vida no Brasil para vim com ela. E com isso, eu surtei.

Não que eu seja o tipo de adolescente rebelde, longe disso, mas como assim eu iria para o outro lado da América deixando todos que eu amo para trás? Inclusive minha querida Anne.

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Eu não fazia ideia de como seria minha vida sem as pessoas que convivem comigo desde que me entendo por gente. Mas era a minha mãe e eu não a abandonaria por nada nesse mundo.

Então eu me despidi de todos, jurei para Anne que voltaria logo e vim para os Estados Unidos com minha mãe e meu padrasto, com quem eu nunca me entendi muito bem.

E Anne e eu nos amamos, claro que superaríamos a distância entre nós. Afinal, eu já tenho tudo planejado.

Já é o meu último ano no colegial e assim que eu me formar, volto para o Brasil e a peço em casamento. Se ela aceitar - e eu espero que aceite - nós nos casamos e quem sabe ela vem comigo pra cá.

Contudo, enquanto isso não acontece, estou me esforçando para ficar bem e não pirar por me sentir tão deslocado por aqui.

Aí eu descobri que tenho uma vizinha adolescente e provavelmente maluca por andar sem calças pelo quarto com a cortina aberta e no dia seguinte, descobri que estudaria com ela também.

Com isso tive a péssima ideia de tentar me aproximar de quem sabe uma futura amiga e acabei por descobrir que ela é muito mais maluca do que eu seria capaz de imaginar.

A garota simplesmente concluiu, por si só, que eu era gay sabe-se lá porquê. Então decidiu inventar um bilhete falso com o nome de outra garota só para comprovar sua suspeita, e como se tudo isso já não bastasse, quem acabou surtando com toda essa história bizarra, foi ela.

O que Charlie tem na cabeça além daquele cabelo vermelho? Vento?

E só agora eu me liguei da atitude tosca que tive ao ler aquele bilhete. Fiz aquela garota passar vergonha em público e ainda injustamente. Acho que a ideia de perder Anne com essa distância está me deixando maluco.

Porém, eu sei caro leitor, isso não é justificativa. E é exatamente por isso que eu irei me desculpar com Hillary amanhã mesmo e lhe dizer que tudo não passou de um infeliz engano. Só não irei entregar Charlie é claro, porque não me parece uma boa ideia arrumar mais confusão com ela.

Enfim, espero não apanhar da garota.

(...)

Depois da ruiva ter fechado a porta sem esperar eu terminar de escrever, dei um longo suspiro e tentei não me irritar. Caramba, eu só queria fazer amigos. Qual o meu problema?

Pra tirar os problemas da cabeça, liguei pra Anne pelo skype e ela atendeu muito rápido, como se estivesse esperando por isso. O que é bem a cara dela.

Anne é bem ciumenta e as vezes insegura demais, mesmo sabendo o quanto eu a amo.

Não demorou muito para que perguntasse se eu já havia feito amizades aqui e eu contar sobre Charlie.

– Eu descobri que tenho uma vizinha da minha idade, que por coincidência estuda na mesma escola e turma que eu. Ela parece ser bem legal apesar de meio doida. - eu ri e tirei obviamente a parte em que a "conheci" sem calças e de toda a armação que ela fez.

Mesmo assim, minha querida Anne ficou enciumada.

– Vizinha é? Ela é bonita? Eu achei que você tinha feito amigos e não amigas.

– Anne meu amor, você sabe que só tenho olhos pra você. - disse vendo um sorriso lindo e todo tímido crescer em seus lábios.

Eu realmente à amo muito.

(...)

Na manhã seguinte, esperei Charlie sair de sua casa e a obriguei a me ouvir.

– Charlie!

– O que é garoto?

– Será que da pra gente se entender? Eu sou novo aqui, não conheço ninguém e você é minha vizinha. Não quero correr o risco de ser morto a qualquer momento por você. - ela riu e o vento balançou aquelas cabelos ruivos dela, indo para o seu rosto e consequentemente para a boca.

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– Sabe, meu cabelo tem um gosto bom. - ela comentou ajeitando-os, eu ri. - Então, sei que exagerei armando tudo aquilo ontem e...

– Seria mais fácil ter me perguntado. - murmurei mais para mim do que para ela, porém, obviamente a interrompi. Então recebi um olhar assassino que me fez calar a boca.

– Enfim, já sei que você não é gay e que provavelmente sua namorada brasileira é linda. Afinal, ouço falar bastante sobre a beleza das mulheres do seu país. - eu sorri e concordei. Charlie me deu um sorriso amarelo e saiu andando na minha frente.

Sempre tão simpática.

Alcancei ela e fomos juntos para o colégio enquanto eu tentava conversar o mais pacificamente possível com ela. E não é que meio que deu certo? Apesar de uma ou outra patada daquela ruiva, até que conversamos como pessoas civilizadas.

Talvez ela possa me ajudar a não me sentir tão deslocado por aqui. Eu espero.

Assim que entramos no pátio do colégio, o grupo dos caras do time de futebol americano vieram em nossa em direção. Eles pareciam já estar esperando pela gente, o que me deixou confuso.

Ouvi Charlie murmurar algumas coisas que não consegui entender, mas pareciam palavrões.

– Você que é o novato? - um dele perguntou, eu assenti. - O que humilhou minha namorada?

Droga! Eu estou muito ferrado!

– Foi um mal entendido! Eu estava indo agora mesmo me desculpar com ela. - ele me olhou mais uma vez com cara de poucos amigos e me pegou pela gola da camiseta.

– No final da aula vou perguntar a Hillary se você se desculpou com ela e se ela disser que não...

– Chega! Vai embora Josh! Ele vai falar com ela, agora vaza. - Charlie interrompeu-o e expulsou ele e seu grupo.

Todo o pessoal do colégio que nos observavam atentamente até então, voltaram a se comportar normalmente.

A ruiva me olhou com um sorriso amarelo no rosto e eu quis muito matá-la naquele momento. Porém, eu novamente chamaria a atenção de todo o colégio para mim. Além de eu ser novato e ter arrumado briga com o provável capitão do time de futebol, eu ainda seria o assassino de uma ruiva maluca. Sendo assim, optei por sair dali e ir em direção ao meu armário, deixando minha vizinha para trás.

Eu irei falar com Hillary e me desculpar pela atitude tosca e injusta que tive graças a Charlie e sua armação besta e também aos meus problemas que afetaram no meu comportamento. Espero que ela conte ao namorado que me desculpei e que assim, ele não me mate.

– Matthew! - Charlie chamou me tirando dos meus devaneios enquanto eu pegava meus materiais no armário.

– Foi mal por essa confusão toda mas, você não vai contar pra aquela vaca que foi eu quem eu fiz o bilhete né?

Eu revirei os olhos e neguei com a cabeça. Ela suspirou aliviada e saiu.

Essa garota ainda vai me causar muitos problemas.