Sangue no papel

Psicopatas sobre rodas


Já são dez da noite e eu ainda estou em casa. Algumas viaturas estão passando constantemente pela frente da casa, rodando as ruas, então resolvi sair pela porta dos fundos, na cozinha. Aproveitei e peguei algumas facas da cozinha, afinal, como a Clover disse, não temos armas infinitas. Atravessei meu jardim e pulei a cerca, indo parar no quintal da senhora Lin. Lin era uma velha asiática caduca que vive do lado da minha casa. Ela só fica dentro de casa, o que faz com que o jardim dela seja uma pequena floresta posicionada em frente a uma antiga casa. Quando aterrisei no matagal do quintal dela, me deparei com um pequeno detalhe, um enorme Great Dane (maior raça de cachorro do mundo) me encarando e repreendendo com um olhar faminto.
Preso a uma enorme coleira de metal fincada no chão, o cão se aproximou rosnando para mim e ameaçando me atacar. Vi a tijela de comida do monstro e parecia que ele estava sem ser alimentado a um bom tempo. A coleira o travou, assim como eu havia parado quando eu e Clover ameaçamos o prefeito na floresta. Ou melhor, quando a Clover ameaçou o prefeito na floresta. Quando não pôde mais andar para frente, o animal abriu a bocarra e começou a latir e pular, forçando a coleira que o mantinha preso. Fiquei branca. Fui procurar algo para me defender e comecei a cavucar minha mala. Não queria ferir o cachorro, mas também não queria que ele me ferisse, ou pior. Foi quando encontrei minha salvação, Ruffles sabor churrasco. Fechei a mala e começei a tentar abrir o pacote imediatamente. O cão estava quase se soltando. Fazia de tudo para abrir o salgadinho, mas parecia que estava lacrado com super bonder. A fera se soltou, eu abri o pacote. Ele começou a correr na minha direção. Eu queria fugir, berrar, soltar as batatas e sair correndo, mas tudo que eu conseguia fazer era olhar o cão vir na minha direção para me atacar. Comecei a tremer, ele estava muito perto agora. Ele parou na minha frente e meteu o focinho dentro do pacotinho. Ele comia alegremente Ruffles no meu colo enquanto eu tentava me levantar sem que ele percebesse. O cão levantou a cabeça, percebendo minhas tentativas de fuga. Me cheirou de cima a baixo e lambeu meu rosto. Afaguei seus pelos e me levantei. Deixei meu lanche e alguns outros salgadinhos com ele.
Finalmente sai do quintal da Lin. Fui em direção a calçada, para chamar um táxi, mas três carros da polícia apareceram eu conclui que seria melhor ir a pé. Demorei um pouco para chegar até a rodoviária. Ao me aproximar dos portões, chequei a hora pelo relógio de pulso: 23:30. Clover iria me matar.
–Finalmente! Onde você estava?- ela perguntou, aflita
–Tentando não ser devorada por um Great Dane.
–Great Dane...?
–O maior cachorro do mundo.-respondi, impaciente
–Ok... tá viva. E ai, trouxe comida? Eu tô faminta.-ela disse, afagando a barriga. Eu encolh os ombros e fiz que não com a cabeça. Ela fechou a cara e foi comprar um lanche em uma daquelas máquinas. Clover voltou com mais salgadinhos que eu esperava. Os alto-falantes começaram a anunciar que todos os passageiros do ônibus 1131 deveriam se dirigir para o portão A e entrar no veículo. Nos duas corremos para dentro do ônibus. O instrutor da rodoviária começou a explicar como seria a nossa viagem para Atlanta. Clover se levantou e foi falar com o instrutor. Eles tiveram uma discução e de repente, Clover foi conversar com motorista. Passaram-se alguns minutos, até que uma voz feminina anuncia pelos alto-falantes do ônibus que aqueles que queriam ir para Atlanta deveriam sair do veículo e dirigi-se para um outro ônibus. Todos os passageiros sairam, menos eu. Clover anuncia pelos alto-falantes:
–Vamos para Washington, Baby!- fui até a área do motorista. Clover se ajustava no banco e começou a preparar o carro para a viagem. Eu, já acustumada com o "estilo Clover", perguntei:
–O quê você fez para virar a motorista?
–Digamos que ia ser meio difícil dele dirigir sem o braço esquerdo.- ela levantou um braço ensanguentado-Estou orgulhosa de você! Trouxe armas extras! Essa faca aqui corta fácil! Maravilhosa.- ela disse, me mostrando uma faca suja. A faca favorita da minha mãe.
–Ei, o que nós vamos fazer em Washington?- perguntei. Afinal, eu estou indo sozinha em um ônibus, acompanhada apenas de uma psicopata.
–Digamos que tem um lugar lá que eu quero explodir, sabe? A Casa Branca é meio feia.- ela sorriu. Odeio quando ela sorri! Por que ela tem que sorrir justo quando está suja de sangue?
–Você vai EXPLODIR a Casa Branca?- me deseperei
–Não! NÓS vamos explodir a Casa Branca!- ela sorriu de novo. Eu arregalei os olhos. Nos últimos dias, achava que matar pessoas era uma coisa super horrível, agora o fato de rir ao abrir a garganta de alguém parecia brincadeira de criança! Ela basicamente fez com que e pulasse o primeiro ano e fosse direto para o ensino médio na escola de matança.-Vambora e pé na estrada!- ela ligou o carro e nós fomos para Washington.

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