Sangue no papel

Sunday, Bloody Sunday...


–AI!- Bato a cabeça no teto do meu minúsculo quarto. A batida me deixou tonta. Pelo menos eu acho que foi a batida. Sentia minha cabeça latejando a cada passo que eu dava em meu quarto. Acho que é meu quarto. A janela estava quebrada, parte do meu papel de parede da Sininho estava no chão, meu armário estava com a porta escancarada, o espelho quebrado e uma garrafa de vodka e alguns comprimidos estavam na minha cômoda.

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–O que é que aconteceu aqui?- perguntei a mim mesma. Minha irmã mais velha, Loretta, sempre me enxia o saco ficando quase 45 minutos no banheiro tomando banho, penteando o cabelo, cagando ou qualquer coisa assim. Por isso, inventei uma técnica para arrombar a porta do banheiro em casos assim. - Loretta!- gritei para o banheiro- Você deu uma festa ou coisa assim no meu quarto?- perguntei. Nenhuma resposta- Loretta?- chamei novamente. Nada. Abri delicadamente a porta, que não estava trancada e, ao envés de encontrar minha irmã, encontrei uma das facas da cozinha, que estava estranhamente limpa e reluzente.

–Mãe!- chamei a mulher me deu a luz- Manhê! Tinha uma das suas facas no banheiro!- Ela devia ter ido ao trabalho. Foi quando eu me dei conta de que eram oito horas. Nesse horário, por que não colocar botas de chuva com pijama? Peguei a mochila e fui voando para a escola.

Seattle é, definitivamente, um lugar onde o tempo não se altera. É só chuva, chuva e mais chuva. As poças são tão comuns quanto carros. Mas, estranhamente, elas eram um pouco esquisitas... Como se o seu reflexo refletido nelas fosse como uma máscara, escondendo quem elas fossem de verdade.

A escola está cercada de carros da polícia e ambulâncias. As pessoas que por lá passam fixavam os olhos na escola e no som e luzes que os carros emitiam. Um policial me vê e impede a minha passagem em direção dos portões principais e pergunta:

–Você não recebeu a ligação durante a manhã, não garota?

–N-não... O que queriam informar?- perguntei

–Não haverá aula hoje, nem amanhã e nem depois. Estamos investigando e isolando a área.

–Mas por quê?

–As onze da noite, no domingo. Ontem, uma vítima foi drogada, esquartejada e, antes de ser esquartejada, levou dois tiros no estômago. Estamos procurando pistas e mais pessoas no recinto. Volte para casa e feche suas janelas.