Stazione Amore

Capítulo XIV - Matteo


Eu estava nervoso com a situação. Estar no meio dos parentes de Angelina despertava em mim um sentimento desconhecido de inquietação. Eu não me lembro de ter ficado tão nervoso assim desde que meus pais foram chamados na escola quando eu bolei aula na 5ª série. Eu olhava de um lado para o outro, tentando fazer a situação ficar mais confortável, mas eles continuavam a se aproximar e me inspecionar com aqueles olhos verdes tão iguais ao do meu pequeno anjo.

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A apresentação na delegacia foi algo fácil de aguentar, afinal, não estava nos meus planos passar a noite na casa dos Moretti. Mas quando a mãe dela perguntou tão gentilmente eu não vi forças para recusar, principalmente pelo fato de Angelina ter se mostrado arisca comigo. Eu ainda não tinha descoberto o motivo de ela ter ficado brava comigo, mas eu esperava descobrir antes de voltarmos para Florença.

— Vocês se conhecem há muito tempo? Qual é a sua profissão? Onde você mora? — As perguntas continuavam a me bombardear e chegou o momento que eu não sabia quem estava perguntando.

Angelina apareceu nesse momento e agradeci silenciosamente aos céus por isso. Com um gesto de mão ela me chamou para um canto escuro debaixo da escada. Pedi uma breve licença para os meus acompanhantes e não pensei duas vezes antes de ir atrás dela.

O abraço que ela me deu e nosso pequeno momento debaixo da escada só fizeram fortalecer a minha decisão de passar a noite. Fiquei inseguro quando ela anunciou onde eu iria dormir, o irmão dela não parecia ter simpatizado comigo e honestamente eu não podia culpá-lo. Ainda me lembrava como eu tinha ameaçado os namorados de Elenore quando ainda estudávamos. Eu não podia me ressentir pelo o tratamento que ele iria me dar quando eu escondia o fato de viver diariamente com irmã dele. Perguntei-me o que a família dela iria fazer caso descobrisse.

Um dia, quando eu e Angelina estávamos largados no sofá apenas aproveitando um dia de folga, ela tinha me explicado a família dela com uma frase que eu me lembrava muito bem.

“Eles são um conjunto de amor e amizade com uma pitada de hipocrisia e maldade”.

Só uma família comum ela tinha me dito com um sorriso no rosto. Para ela não tinha problema se uma parte de sua família causava intrigas e brigas desnecessárias. Ela ainda os amava e se importava com eles. De vez em quando eu me perguntava se Angelina tinha realmente uma parte anjo.

A noite foi incrivelmente calma, mas eu acredito que devia isso ao fato de que Angelo estava dormindo quando eu cheguei. Minha cama foi um agradável amontoado de cobertores e um travesseiro e me foi emprestado algumas roupas para eu usar como pijama. Eu sentia que tinha acabado de dormir quando fui acordado às pressas por Angelo. Eu não obtive uma explicação detalhada pelo meu súbito despertar apenas:

— Hora de trabalhar — Pela conversa que eu e Angelina tivemos no carro, eu não me surpreendi e desci rapidamente quando já estava arrumado.

As roupas que eu havia trazido não eram adequadas para eu trabalhar então eu tive que pedir roupas emprestadas novamente, infelizmente. Não me sentia confortável usando roupas que eram de outras pessoas. Eu estava tomando meu café e olhava para escada a todo instante esperando que Angelina descesse antes de ir.

— Ela não vai acordar agora, querido — A voz da mãe de Angelina se fez presente no recinto — Ontem foi um dia muito cansativo para ela.

Tentei não notar a implicação em sua voz, mas sabia que tinha sido eu a causar tanto estresse em Angelina. Minha visita surpresa tinha mexido com os nervos dela e a intromissão nada discreta de sua família havia causado ainda mais dano. Eu ainda teria que pedir desculpas para ela, fiz um lembrete mental para não esquecer.

Logo que acabei de comer me foi ordenado ir em direção ao celeiro que ficava à alguns metros de distância da casa principal. Assim que passei pelas grandes portas de madeira o cheiro de feno e esterco se fez presente. Tentei contei a careta que fiz ao sentir o cheiro, não era um odor que eu estava acostumado.

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— Primeira tarefa do dia, rapaz — O pai de Angelina fez um sinal para que eu me aproximasse — Já fez isso antes?

Eu estava olhando para uma vaca que era quatro vezes o meu tamanho. Ela era branca e possuía algumas manchas marrons nas costas e estava mastigando um grande pedaço de feno. Arregalei os meus olhos para o balde que Angelo estava me entregando. Eles queriam que eu tirasse leite da vaca?

— Nunca fiz isso antes, senhor — respondi com sinceridade.

Eu nunca pensei em fazer isso. A expressão dos dois homens na minha frente fechou e eu pude imaginar o que eles estavam pensando. Peguei o balde e me aproximei a passos lentos. Me equilibrei em cima do banquinho em forma de T e esfreguei minhas mãos para aquecê-las.

— Nos já a preparamos então é só começar o trabalho — O pai de Angelina disse enquanto se certificava que a vaca estava bem amarrada.

Eu não sabia que a vaca deveria ser preparada. Engoli em seco e estendi minhas mãos começar o trabalho. O pai de Angelina lançava alguns conselhos à medida que eu enchia o balde.

— Não aperte as tetas com muita força — Ele me falou quando eu já estava quase terminando o trabalho — Senão ela vai ficar nervosa.

Eu tinha terminado o segundo balde quando eles me avisaram que era o suficiente. Caso precisassem de mais leite, algum primo poderia vir ordenhar mais. Me levantei e limpei as mãos na minha calça enquanto seguia para a pequena construção que ficava próxima ao celeiro.

Contive um palavão que tentou sair quando vi que estávamos na frente de um galinheiro. Minhas pernas pararam de funcionar e se negaram a continuar andando. Eu via galinhas das mais variadas cores e todas elas ciscavam o chão a procura de comida.

— Algum problema? — Angelo me perguntou assim que percebeu que eu não estava me movendo — Não tem medo de galinhas, não é?

— Eu não diria medo — falei honestamente torcendo para que eles me liberassem desse serviço — Eu diria mais que é uma aversão.

Angelo riu quando eu falei e saiu balançando a cabeça como se não acreditasse. Voltou alguns instantes depois com duas cestas nas mãos. A primeira estava vazia e a segunda estava cheia de milho.

— Acho melhor superar sua aversão — falou entregando para mim o que estava em suas mãos — Pegue os ovos e depois as alimente.

Ele saiu e se juntou ao seu pai que estava encostado na cerca me observando. Reuni forçar e me obriguei a seguir em frente. Entrei no galinheiro e dei graças a deus ao perceber que poucas galinhas estavam lá dentro. A maioria estava ciscando do lado de fora.

Peguei primeiro os ovos que estavam nos ninhos vazios e depois segui para os que ainda estavam ocupados por galinhas preguiçosas. Estiquei minha mão para pegar os ovos e fui bem sucedido na maioria. Só faltava mais um ninho e em breve eu poderia sair desse lugar.

A última galinha estava acordada e me observava minuciosamente. Na primeira tentativa ela ameaçou me bicar e na segunda ela cumpriu seu objetivo. A maldita galinha tinha me bicado não só uma, mas cinco vezes. Minha mão estava com várias manchas vermelhas e uma dela chegou até a sangrar.

Sai do galinheiro com raiva e tratei de jogar o milho no chão para sair logo dali. Andei a passos rápidos para a saída e nem me preocupei em abrir o pequeno portão, entreguei as cestas para Angelo e pulei a pequena cerca. Me afastei o máximo que podia e parei para respirar. Meu ódio por esses seres com bicos tinha aumentado consideravelmente.

— Bem, não foi tão difícil assim, não é? — Angelo se aproximou de mim com um grande sorriso no rosto — Você ainda está vivo.

— Sua sorte é que eu respeito demais a Angelina — falei me aproximando e ficando de frente com ele — Senão você não teria esse sorriso no rosto.

O encarei por mais alguns segundos antes de ser chamado para outro trabalho. Acompanhei o pai de Angelina até um haras que possuía várias baias. Observei atentamente ele selar três cavalos e levar um deles para mim.

— Esse é o Nero — falou enquanto fazia carinho no grande alazão na minha frente — Ele é bem manso, mas gosta de correr. Sugiro que segure bem as rédeas.

Levei algum tempo para compreender o que ele disse e senti meu coração disparar como louco quando notei que ele queria que eu montasse. Olhei de soslaio para o animal na minha frente e me senti gelar ao notar quão grande ele era. Uma queda de cima dele poderia quebrar um pescoço.

— Ele é o cavalo de Angelina — Angelo falou enquanto vinha com o seu cavalo — Então você não precisa se preocupar.

Respirei fundo e me icei para cima do cavalo. Ele não pareceu se importar comigo e começou a seguir o pai de Angelina. Eu tentava o meu máximo para não cair e segurava as rédeas com força. Angelo emparelhou seu cavalo ao meu lado.

— Vai ser sua última tarefa do dia — Angelo anunciou com um sorriso no rosto — Depois vamos voltar para almoçar e você poderá descansar.

Assenti para ele entender que eu tinha ouvido e continuamos o caminho. Alguns minutos foram o suficiente para chegarmos ao local e eu ainda tinha esperanças que minha última tarefa seria fácil. Me enganei totalmente quando vi o grande chiqueiro à alguns metros de distância. Eu podia ver vários porcos e leitões a media que eu me aproximava, coloquei a manga da blusa no nariz para tentar tampar o cheiro horrível que vinha do recinto.

Os meus dois acompanhantes não davam nenhum sinal de desconforto. Me ordenaram a descer do cavalo e caminhar até os portões que separavam a sujeira de mim.

— Aqui rapaz — Foi me entregue uma cesta com restos de legumes e frutas — Vai alimentar os porcos.

Segurei a cesta que me foi entregue e encarei os grandes mamíferos do outro lado. Eu sinceramente esperava que eles fossem mais amigáveis comigo do que as galinhas.

Decidido e com a minha coragem renovada por ser a última tarefa que eu iria fazer, caminhei tranquilamente colocando comida para os animais. Eu estava feliz por ter terminado a tarefa sem complicações e quase não vi o pequeno porco que passou entre as minhas pernas e correu para fora do chiqueiro.

— O porco! — gritei quando o danadinho já estava passando pelos portões.

Angelo viu primeiro e começou a correr para tentar pega-lo. Tentei agarra-lo quando ele passou perto de mim, mas ele escorregou de minhas mãos.

— Vai pelo outro lado — Angelo falou enquanto tentava recuperar o fôlego — Vamos encurralá-lo.

Assenti e comecei a correr para direção oposta. Não demorou muito para o pequeno encrenqueiro aparecer e com Angelo logo atrás. Esperei ele chegar perto o suficiente e me joguei em sua direção para pegá-lo. Fui bem sucedido em minha tentativa e levantei com um sorriso no rosto, uma roupa cheia de lama e um porco nos braços.

— O coloque de volta — Angelo falou enquanto se abanava com o chapéu em suas mãos — E cuidado com o portão.

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Depositei o pequeno bicho no chão quando cheguei ao chiqueiro e sai bem rápido para evitar uma nova fuga. Me certifiquei que o portão estava bem trancado e fiz meu caminho de volta para os cavalos. Angelo estava se lavando em uma torneira e eu me aproximei para limpar minhas mãos e o rosto.

— Nós vamos voltar na caminhonete — O Sr. Moretti anunciou assim que me aproximei o suficiente — Não vou deixar vocês dois sujarem as selas que eu acabei de comprar com lama.

— Aquele pedaço de metal não vai chegar nem na metade do caminho — Angelo comentou brincando — Ela é tão velha que antes de eu nascer o senhor já a tinha.

— É velha, mas funciona — falou enquanto subia em seu cavalo e segurava o meu e o de Angelo pelas rédeas — Vou voltar para pegá-la. Me esperem aqui.

— Sim, senhor — Angelo falou enquanto fazia uma continência. O Sr. Moretti se afastou e Angelo se sentou encostado a um feno — Vamos morrer de esperar.

— Por quê? — indaguei curioso.

— Até aquele ferro-velho funcionar já vai ser a hora do almoço — Angelo resmungou.

Eu não queria acreditar, mas quando os minutos foram se passando eu me perguntei se o pai de Angelina não teria se esquecido de nós.

— Vamos voltar andando — Angelo decidiu quando não havia sinal que seu pai iria voltar — Não aguento mais esperar.

Eu concordei achando que não demoraria muito para voltarmos. Aprendi que quando se está no lombo de um cavalo seu senso de distância acaba falhando. O que antes para mim era apenas alguns metros, acabou se transformando em quilômetros.

— Quais são suas intenções? — Angelo quebrou o silêncio que estava estabelecido há vários minutos — Você não é um daqueles caras que acham que uma mulher só tem um função, não é?

— O quê? Não! — exclamei surpreendido por sua escolha de assunto.

Estávamos andando há vários minutos e eu não via nenhum sinal do haras que viemos. À distância não me parecia tão grande antes.

— Angelina é minha única irmã, então eu tenho que tomar conta dela — falou em um tom como se fosse óbvio — Quais são suas intenções, afinal?

— Eu esperava ter essa conversa com o seu pai — retruquei em sua direção — Mas minhas intenções com ela são as melhores possíveis.

— Então estamos falando de casamento? — sugeriu quando alcançamos uma colina e eu agradeci aos céus quando vi o haras e suas baias cheias de cavalos.

Sua pergunta me deixou surpreso e eu a ponderei por vários minutos. Casar com Angelina? A ideia não me parecia tão má, mas também não era uma coisa que eu me via fazendo agora. Era uma situação para os próximos anos. Decidi ser o mais sincero possível.

— Acredito que sim — respondi e vi sua expressão se suavizar — Mas não é algo que eu gostaria de fazer agora. Não conheço Angelina há muito tempo e não quero estragar tudo adiantado às coisas.

— Entendo o que você quer dizer — Angelo falou e abriu um largo sorriso — Fico feliz que você não esteja enganado minha irmã.

Ele ia continuar a falar quando ouvimos o barulho de escapamento se aproximando. Virei-me na direção do som e vi uma caminhonete, que um dia deve ter sido azul, se aproximando. Pude entender o receio de Angelo quando o carro se aproximou, o motor fazia um barulho estranho e não parecia que ia muito longe.

— Achei que tinha mandado vocês me esperarem — O Sr. Moretti colocou a cabeça para fora pela janela — Coloquem seus traseiros aqui dentro e vamos embora.

Eu não tinha certeza se o carro aguentaria todos nós, mas como não queria voltar andando apenas obedeci. Dizer que o carro era velho ainda não seria o suficiente, o estofado dos bancos estava saindo pelos rasgos e se via vários fios soltos que provavelmente não deveriam estar ali.

— Cuidado ao encostar-se ao banco — Angelo falou para mim do banco da frente — É provável que você caia para trás.

— E não se apoie na porta também — O pai de Angelina me avisou — Ela pode abrir.

— Como vocês querem que eu vá então? — perguntei exasperado.

— Não é problema nosso — Angelo disse e antes que eu pudesse retrucar o carro acelerou.

Passei o resto da viagem tentando não me apoiar em nada, mas ficava difícil com o carro sacolejando pelo caminho. O ponto alto do meu dia ocorreu quando chegamos, enfim, na casa. Não pude conter meu sorriso ao ver Angelina me esperando na varanda. Eu estava cansado, cheio de lama e estressado. Vê-la me esperando teve um efeito calmante.

Desci rapidamente do carro e esperei os outros entrarem para falar com ela. Me sentei nos degraus da varanda e ela fez o mesmo. Era a minha chance para perguntar sobre o motivo de sua raiva no dia anterior, me preparei para falar, mas ela tomou a frente e começou a me indagar sobre como sua família tinha me tratado.

Alguma prima dela veio nos chamar para comer e logo estávamos sentados à mesa com várias perguntas sendo disparadas em nossa direção. Angelina acabou cometendo a gafe de falar em voz alta sobre nossos animais de estimação e eu improvisei uma resposta de que erámos vizinhos. Agradeci pela rápida mudança de assunto para a competição de tiro familiar.

A competição foi um momento confortável. Era um assunto que eu estava familiarizado e foi uma chance para eu me mostrar para a família de Angelina. Eu tinha ficado orgulhoso por ter acertado todas as garrafas e eu poderia dizer que a concepção que os Moretti tinham de mim tinha consideravelmente aumentado.

Agora eu estava confortavelmente deitado em uma das mantas que tinham sido estendidas no chão com uma sonolenta Angelina ao meu lado. Ela estava com a cabeça apoiada em um dos meus braços e estávamos falando sobre trivialidades, mas eu conseguia ver que ela estava lutando contra o sono.

— Não quer dormir? — sussurrei para ela.

— Não, é confortável ficar assim — Ela me respondeu enquanto se aproximava mais.

A sinceridade dela foi o fator principal para me conquistar. Eu não tinha certeza se esse era o seu jeito de ser ou sua inocência quando o assunto era romance, mas Angelina sempre era sincera comigo. Ela era tão fofa que de vez quando era necessário que eu a apertasse e foi o que fiz. Estreitei Angelina nos meus braços e apoiei meu queixo no topo de sua cabeça.

— Você pode dormir se quiser — murmurei entre seus cabelos.

— Mas eu não quero — Ela se levantou e se apoiou nos cotovelos para me encarar — Eu quero ficar acordada para passar mais tempo com você!

Não me contive e me estiquei para roubar um beijo. Ela ficou desnorteada por alguns instantes antes de abrir aquele sorriso que eu tanto amava. Eu iria beijá-la novamente quando ouvi alguém pigarrear. Levantei a cabeça para dar de cara com a mãe de Angelina nos encarando.

— Não quero atrapalhar, mas vocês estão intimados a se levantar e ir conosco à feira anual da cidade.

— Feira anual? — Eu estava muito bem onde eu estava, obrigado.

— Oh! Eu quase esqueci — Angelina se levantou e eu praguejei baixinho quando ela se afastou — Nós temos que ir, Matteo.

Me levantei enquanto resmungava e batia a sujeira das minhas calças. Angelina tagarelava sobre como seria divertido e eu só conseguia pensar em como seria bom passar o resto do dia deitado com ela. A mãe de Angelina se retirou nos deixando a sós novamente.

— Eu tenho realmente que ir? — indaguei na esperança de que pudéssemos voltar a como estávamos.

— Claro, vai ser divertido — respondeu e eu me vi convencido pelo seu maravilhoso sorriso.

Era algo que eu já havia me acostumado. Era só ela abrir esse sorriso e eu me via convencido a até pular da ponte. Aquele sorriso era meu ponto fraco.

— E, além disso — Ela continuou a falar com um tom de brincadeira — Eu quero mostrar você para minhas antigas colegas de classe.

— Vou ser objeto de exibição? — perguntei incrédulo.

— Eu quero mostrar que eu não vou morrer solteira — falou convicta e eu soltei uma pequena risada — Quando eu estudava, todos acreditavam que eu nunca iria arrumar alguém.

— Você nunca teve nem um namorado de infância? — perguntei ainda mais incrédulo.

Eu sabia que Angelina era inexperiente e que Thomas tinha sido seu primeiro namorado real, mas eu sempre pensei que ela tinha tido pelo menos aqueles flertes ou namoricos infantis.

— Eu gostei de um menino na 2ª série — falou enquanto subimos as escadas da varanda — Mas não durou mais de duas semanas.

— Bom saber que eu sou sua primeira experiência real — comentei e nós trocamos um sorriso.

Nós sabíamos que Thomas não poderia ser considerado como uma tentativa real de relacionamento e isso me deixou extremamente feliz. Entramos e fui direto para o quarto onde eu estava para procurar uma roupa que fosse realmente minha na mochila que eu tinha trazido de Florença. Se Angelina queria me exibir para os cidadãos de Cosenza, eu precisaria estar na minha melhor forma possível.