Running With You

Ma Reine minha rainha


MAXON POV

America continuava a dormir profundamente, tranquila, talvez até sonhando. Sua respiração era sentida por minha pele exposta, e sua cabeça recostava em meu peito, seus cabelos ruivos sendo acariciados de leve por meus dedos inquietos. Seu corpo estava deitado sobre o meu, como se quisesse me aquecer, enquanto seu cheiro me viciava mais ainda. Seus braços, mesmo relaxados, me apertavam um pouco, como se ela não quisesse que eu fosse embora, o que não era problema, já que eu não queria ir a lugar algum.
Eu já havia acordado há meia hora, mas não tinha coragem de levantar, lá estava bem confortável. Tão calmo, seguro... Tentei olhar para o seu rosto sem fazer muitos movimentos, com medo de acordá-la, já que havia demorado para dormir. Olhei nosso reflexo no espelho da frente da cama: ela estava leve, com até um sorrisinho se formando nos lábios rosados, dormindo.
O sol já entrava bem de leve pelas frestas da cortina, quase inexistente, o que me fez pensar que o dia seria nublado, além da temperatura estar um pouco mais fria. Puxei as cobertas mais para cima, tentando aquecê-la ainda mais. Isso me lembrou daquela noite na floresta, e mesmo sem os lençóis, cobertores e travesseiros, aquela noite foi inesquecível.
Lembrei de ontem à noite, quando America havia chegado aflita naquele quarto, no meio da noite, dizendo coisas um pouco sem sentido, embora eu tenha gostado de ouvir que ela gostava de me ter ao seu lado. Ela estava tendo muitos pesadelos ultimamente, acompanhados de ataques de pânico que não eram muito frequentes no palácio, o que me fez pensar se ela estaria realmente bem. Ela parecia estar extremamente calma comigo, mas poucos minutos longe de mim e ela volta um furacão de emoções. Isso era...normal? Bom, ela parecia bem agora.
Eu não gostava de vê-la chorando ou desesperada, mas ao mesmo tempo gostava de ter o poder de acalmá-la quando necessário. Ela também tinha muito poder sobre mim, se quisesse usar. A verdade é que ela me tinha nas mãos. Eu estava quase...entregue. Quase.
Ouvi leves gemidos e sua respiração um pouco mais pesada. Olhei no reflexo do espelho e vi que ela havia acordado e acabara de reconhecer aonde estava, mas sem notar que o espelho a refletia, continuando no mesmo lugar em que estava, abraçada a mim. Começou a passar dois dedos pelo meu abdômen, brincando ali, descontraidamente, sem ter noção do que causava em mim.
– Se divertindo? - Perguntei sorrindo.
Ela olhou um pouco assustada, mas depois sorriu também. Ótimo, ela está de bom humor, e com aquele sorriso, acho que meu dia acabara de ficar perfeito.
Ela apoiou seu queixo no meu peito olhando para meu rosto, ainda sem me soltar.
– Eu não vou voltar, Maxon.
– Como é?
– Eu sei que você está pensando que eu tenho que voltar por causa das minhas crises, mas eu te digo que são só pesadelos e eu não vou voltar por causa deles. Eu estou bem e só preciso relaxar.
Bom, ela acertou no que eu estava pensando, era incrível como nos conhecíamos sem passar tanto tempo juntos, embora com certeza, agora passaríamos mais.
– Tudo bem, America. Confio em você.
Ela pareceu confusa.
– Tem certeza? Não vai tentar me convencer a voltar ou me levar à força?
– Não, tudo bem, se você diz que precisa relaxar, vamos relaxar. Confio em você. E além do mais acho o caminho longo demais pra te levar à força, sem contar o tanto de bombons que comeu. - Brinquei.
– Está me chamando de gorda??! - Ela fingiu irritação.
– Veja bem, eu não usei essas palavras...
– Pois bem, Maxon, espero que saiba cozinhar, porque a gorda aqui vai cozinhar apenas para ela. - fez menção em sair da cama, mas eu apenas a puxei de volta para mim.
– Eu estou brincando. Você é perfeita.
– E você é...- Tapei sua boca com uma mão, enquanto a outra começou a passear pelo seu pescoço. Em questão de segundos, America já estava atirada na minha frente, quase gritando de tanto rir das cócegas. Dessa vez, não precisávamos nos preocupar com a interrupção de alguém, ou se os guardas estavam ouvindo ou não. Ela conseguiu se desvencilhar e saiu correndo do quarto.
– Desça para o café em 15 minutos, ou a gorda aqui vai comer tudo. - Ela se fingiu de autoritária. Era legal ter esse clima de brincadeira, sem formalidades. Eu até que estava gostando daquela vida...
Após me trocar e tomar um banho, desci as escadas e vi America fazendo alguma coisa que cheirava muito bem. Ela estava amassando um pedaço de massa com farinha, para fazer algum tipo de pão talvez. Fiquei com vontade de "brincar" também.
– Posso fazer?
– Fazer o que?
– Cozinhar.
– Por que? Quer destruir a cozinha?
– Não fui eu quem colocou fogo no omelete... - Ela lançou um olhar mortal - mas quero que você me ensine a cozinhar. Eu não levo muito jeito, mas...posso tentar.
Ela pareceu pensativa.
– Quero que ensine algo em troca.
– Acho justo...o que deseja aprender?
– Francês. Aprendi algumas palavras com Silvia, mas quero conhecer de verdade a língua.
– Será um prazer ser o seu tutor, minha America.
Juro que não pude evitar de pensar em Daphne. Mas resolvi esquecer, ela era passado, foi apenas uma memória repentina por causa do francês. Observei por um tempo, até que ela olhou pra mim e disse:
– Então venha pra traz do balcão. Vamos fazer pão de queijo.
Me aproximei e ela começou a me ensinar cada detalhe da preparação, enquanto eu apertava aquela massa. A sensação era engraçada, nunca tinha feito algo do tipo.
Uma forte tempestade começou a cair lá fora, com trovões e relâmpagos, e o silêncio se estabeleceu entre nós. Resolvi começar um assunto:
– Então...por que a curiosidade em francês?
– Ah, sabe, rainhas tem que saber várias línguas. Só estou adiantando meus deveres reais. - Ela riu.
FIQUEI IMPRESSIONADO COM A RESPOSTA. Isso causou uma sensação tão louca em mim...surpresa? Felicidade? Não sei, mas gostei do que ela disse...America poderia ser realmente minha RAINHA?
– Brincadeira - ela disse, mas eu continuava surpreso- é que eu acho uma língua tão...bonita. É interessante. Diferente.
– "Alors je vous enseigne, ma reine".
– O que isso quer dizer?
– Quer dizer que eu logo vou te ensinar. - Na verdade...eu não traduzi a frase inteira. A frase completa dizia: "então vou te ensinar, minha rainha", mas não tive coragem de dizer a última parte.
Pensei em Daphne novamente, e ela tinha razão: as vezes o amor estava bem debaixo do nosso nariz, mesmo que nosso jeito de amar fosse diferente. Mas um dia, eu tinha certeza que diria para America: "Je t'aime" (eu te amo). Era só questão de tempo.

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