Hogwarts: uma outra história

Capítulo 55. Tarhib


Capítulo 55. Tarhib

Sorri ainda com a boca grudada na de Enrique, aproveitando o movimento errático que ele fazia com as mãos na lateral do meu corpo, por baixo da camiseta. Ele desceu os lábios pela minha garganta e eu fechei os olhos, o trazendo mais para perto, pelas costas.

Eu estava apoiado em uma das respeitáveis prateleiras do depósito do estádio Ikley Moor, apreciando o herdeiro do seu acionista majoritário fazendo as honras da casa.

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— Ainda não sei o que você vai me dar como pagamento pela minha atenção. - Senti mais do que ouvi o riso dele, porque ele pressionou ainda mais juntos os nossos corpos.

— Então Zabini é mesmo o seu cafetão? - Enrique falou divertido, me encarando de perto. Apreciei os olhos azuis escuros uma última vez, porque sabia que Tony já deveria estar voltando a essas alturas.

— Eu trabalho sozinho, nem precisava ter dado nada a ele. - Enrique me puxou para outro beijo, que era sempre uma batalha perdida para mim. Suspirei quando ele me deixou. - Mas você é tão rico que nem liga, não é?

— Sinto um sarcasmo sem propósito no seu tom. - Ele apoiou as mãos na prateleira na altura dos meus ombros, se afastando milímetros, só para avaliar minha expressão. Dei de ombros.

— Longe de mim, gosto de gente rica, por favor, tem algo mais que queira me dar, vossa alteza? - Não disse o que realmente quis dizer com meu tom, mas por que diria?

Definitivamente isso era um adeus, não tinha mais porquê render conversa profunda.

Ele estalou a língua nos dentes, com um olhar malicioso no meu corpo, de cima abaixo, mas um barulho no corredor desviou sua atenção.

— SERÁ QUE CESC ESTÁ AQUI, SENHOR FÁBREGAS?

O grito de Tony no lado de fora da sala foi estranho e mais estranha ainda foi a cara do dito cujo ao constatar que sim, eu estava aqui e rindo da cara dele, ainda por cima.

Enrique Dussel era rápido de fuga, meus caros.

— Por que você está gritando, Tony? - Perguntei, despojado, ainda apoiado na estante, mas agora de braços cruzados e sem Dussel.

— Cadê Enrique? - O moreno tinha realmente desaparecido de vista, mas como meu pai havia seguido Tony pra dentro, me restringi a um dar de ombros, para não deixar a reposta suspeita.

O bom mesmo foi que o senhor arrogante voltou para o nosso campo de visão bem na hora que meu pai nos alcançava.

— Tony veio gritando o caminho inteiro, fico feliz de ver que não vou ter que devolver um garoto quebrado aos Zabini. - Meu pai olhava repreendedor para o garoto ridículo e ele, como sempre, fez jus ao epíteto.

— Estava dando tempo para Cesc parecer normal, caso tivesse dando uns amassos por aí. - O quê? – O senhor sabe do que estou falando, tem cara de que já fez muito isso na adolescência.

Eu não faço ideia de como minha cara ficou, mas meu pai riu, provavelmente lembrando das garotas com quem já havia saído escondido e Dussel se aproximou como se isso nem dissesse respeito a ele.

— Sem amassos por aqui, Drian, só eu tentando achar o último brinde de Cesc. - Um baú flutuava atrás dele e eu olhei interessado. Enrique me deu um olhar, sem piscada maliciosa nem nada, mas eu senti meu coração acelerar mesmo assim.

Droga!

— Na minha época brindes eram canetas e chaveiros, essas coisas... - Meu pai disse impressionado com o tamanho do “brinde” e Tony já estava perto do presente, pronto para abri-lo.

— O que é?

— É meu. - Eu o empurrei pelo ombro, já abrindo a tranca do meu baú.

— Como se diz, Cesc? - Só porque eu não tenho mais 4 anos, eu não disse o "obrigado" esperado por meu pai, no lugar disso, dei meu melhor sorriso cínico.

— É meu. - Repeti. Tony murmurou um "que vergonha" e meu pai apertou os olhos, em ameaça. – Obrigado, Enrique.

Minha valentia tem vida de prateleira curta, infelizmente.

Abri a tranca sem nem esperar Enrique destranca-la com um feitiço qualquer e soltei um suspiro de apreciação assim que vi do que se tratava.

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— Ainda prefiro meu bastão. - Tony disse, invejoso e eu nem dei a mínima, porque meu kit de Quadribol - com goles, balaços e pomo - oficial do campeonato intercolegial do próximo ano letivo, brilhou com os brasões de cada uma das escolas participantes.

Só sabia que eram os brasões por causa da tampa, que os tinha gravado junto com o nome de cada instituição.

— Puxa, isso parece muito caro! Não vai te dar problemas não, garoto? - Não tinha apresentado meu pai a Enrique, mas pra quê? Pra ele me envergonhar desse jeito, querendo que eu devolva um presente só porque custa mais do que o meu rim esquerdo?

— Ele é rico. - Eu e Tony falamos em uníssono, deixando Enrique com a boca aberta e um dedo levantado.

— Sou mesmo. - Ele deu de ombros, aceitando a nossa resposta. Meu pai fez uma expressão divertida com a arrogância implícita, mas deixou por isso mesmo.

— Obrigado mesmo assim, senhor...

— Dussel. Enrique Dussel. - Bond, James Bond. Fechei o baú e fiz menção de arrastá-lo, mas com um estalar de dedos do 007, um elfo doméstico veio e levou tudo em um piscar de olhos. - Foi um prazer recebê-los, senhor Fábregas.

Meu pai não disse nada, provavelmente lembrando da história contada por Tony há algumas horas. Ele deu um aceno de cabeça para o anfitrião e Tony o seguiu para sair, com um cumprimento mais informal.

Eu fiz menção de segui-los, mas parei no meio de caminho para dar uma última olhada no senhor Enrique Dussel, herdeiro da porra toda.

Ele me encarava de braços cruzados com suas vestes negras - de botões prateados abertos- cabelos metade presos e cara de aristocracia de berço. Sussurrei um "babaca" e ele se limitou a sorrir de volta, porque ele sabia que era mesmo um.

Ah bom, sentiria falta disso.

***

Minha coruja reclamou pela milésima vez e pela milésima e uma, tive vontade de atirar alguma coisa nela.

— Eu já disse que não é você quem decide quando eu vou enviar minha carta!

Uizlei me olhou irritada na sua maneira corujeisca e não foi por causa do seus olhinhos amarelos e tenebrosos me encarando, mas finalmente parei de fazer Joelette pular na sua cama elástica enquanto a garagem pegava fogo.

Desliguei o computador, onde jogara The Sims e peguei um pergaminho velho para responder a carta de Tony.

Vai se ferrar, seu interesseiro mal-agradecido.

Sem amor, Cesc.

Enrolei e amarrei na perninha magrela de Uizlei, ela piou satisfeita.

— Não saia de lá até ele responder, acerte o olho dele se for necessário.

Não era a criatura mais fácil de lidar, mas ao menos me rende situações divertidas como essa, as quais fazem minha barriga doer de tanto rir.

Me refiro a Tony, que havia tentado negociar os meus balaços oficiais da Copa intercolegial, com uma goles autografada pela única batedora mulher da Irlanda, Susan MaCintosh.

Boa tentativa.

Desci as escadas, dessa vez como uma pessoa normal, porque meu tornozelo ainda estava dolorido do chute "sem querer" que Louise tinha me dado mais cedo. Eu não bato em garotas, por isso mesmo forrei a gaiola de Uizlei com algumas roupas dela que encontrei na lavanderia.

Minha corujinha ficou superfeliz com o upgrade em suas acomodações!

Finalmente cheguei a sala. Meu malão para Uagadou já estava pronto, com a chave de portal programada dada pelo senhor Westhampton pronta também, em cima da mesinha de centro.

Meus pais confabulavam no sofá, mas pararam antes que eu me aproximasse.

— Esto no puede ser bueno… [Isso não pode ser bom...] - Minha mãe levantou a sobrancelha clara, mas não disse mais nada, apenas apontou para o outro sofá em frente. Me sentei, desconfiado.

Meu pai puxou um papel do bolso e fez com que eu levantasse minha sobrancelha escura dessa vez.

— Estas son las reglas: lea, entendas, memoriza y ejecuta. [Essas são suas regras: leia, entenda, grave e aplique.] - Eu não peguei o papel de imediato, então ele sacodiu um pouco para que eu o pegasse.

— ¿Es que lo que están haciendo cuando están juntos? [É isso que ficam fazendo quando estão juntos?]

— Toma. [Pegue.] - Por isso que eu não tenho mais irmãos! Tomei o negócio da mão dele bruscamente, fez aquele barulho de amassado, mas quem liga?

Meu pai, claro, que está me olhando irritado. Desamassei tudo com um sorrisinho cínico, antes de começar a ler essa coisa ridícula.

Regras para Francesc Silas Fábregas

Estava em inglês, o que foi estranho, abri a boca para perguntar, mas meu pai foi mais rápido.

— Hemos enviado una copia al Sr. Westhampton, su hijo nos informó que le ayudará a cumplir con ellas. [Enviamos uma cópia para o senhor Westhampton, o filho dele nos informou que te ajudará a cumpri-las.]

Claro que ele disse, garotinho enxerido! Ficarei feliz em jogá-lo das Montanhas da Lua, tenho certeza que consigo ser bem discreto no meu pós-crime.

1- Não jogar nada nem ninguém da montanha.

Puta que pariu, só pode ser brincadeira um negócio desses! Olhei indignado e os meus pais estavam ambos com sorrisinhos divertidos no rosto.

— Se inspiraron, ¿eh? [Estavam inspirados, hein?] - Meu pai foi dizer algo irritante, mas meu celular apitou, faltava 5 minutos para a chave de portal ser ativada. – Bueno, voy a tener que leer el resto más tarde. [Bom, vou ter que ler o resto depois.]

Ou não.

— Sabremos si usted no lee, prevenimos con instrucciones en el medio de las reglas. [Saberemos se você não ler, nos prevenimos com instruções no meio das regras.] - Eu guardei o papel no bolso, os encarando ofendido. – Te conocemos a los más de 13 años, cariño. [Te conhecemos a mais de 13 anos, querido.]

— En la maternidad ya mostraba señales de que sería difícil. [Na maternidade você já dava mostras que daria trabalho.] - Meu pai levantou para me abraçar e eu retribui de lado. – Comportarse, nos vemos en tres semanas. [Se comporte, nos vemos daqui a três semanas.]

— Padre, me paso meses en Hogwarts... [Pai, eu passo meses em Hogwarts...]

— Lo que sea, de todas formas voy a extrañar . [Que seja, vou sentir saudades de toda forma.] - Ele bagunçou meu cabelo, então deu lugar a minha mãe.

— Leer las reglas, se comporta y si necesita algo, no dude en llamarnos, África no está tan lejos! [Leia as regras, se comporte e se precisar de algo, não hesite em nos chamar, África nem é tão longe!] - Ela disse tudo penteando minha sobrancelha, arrumando meu cabelo, espanando um cisco imaginário da minha roupa. – Comportarse, mamá te ama. [Se comporte, mamãe te ama.]

Revirei os olhos enquanto me deixava ser abraçado por ela. Não me arrependo de ter fugido dela no primeiro ano de Hogwarts, Tony nunca teria me deixado esquecer um mico desses.

A chave começou a brilhar e eu já estava para tocá-la, quando Louise irrompeu pela porta, louca e descabelada.

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— Bye, molesto brat! [Tchau, moleque chato!] - Ela me deu um abraço rápido e se afastou bem na hora que eu toquei na chave.

— Vete a la mier... [Vai se fer...]

Minha frase nunca foi completada porque eu devo ter desaparecido em um vórtice estranho na frente dela.

Eu e minha mala paramos em um pequeno e vazio porto e eu já estava quase me desesperando - meu Merlin, parei no lugar errado - quando avistei John em uma pequena embarcação no rio de águas muito escuras e revoltas.

Ele estava com uma camisa polo trouxa e um daqueles chapéus panamá, com a faixa azul fazendo jogo com os seu já conhecidos óculos esquisitos. A posição do galês era de completo conforto, tomando um sol apoiado na balaustrada do barco, despojadamente.

Me virei para pegar meu malão, mas este já havia sumido. Dei de ombros, é o tipo de coisa que é chamada de normal no mundo bruxo. Fui entrando no barco sem ser convidado, até porque só tinha eu e o loiro naquele lugar, só não digo sombrio, porque o sol brilhava forte sobre nós.

— Onde estão os outros?

— Bom dia, Fábregas, como vai? Eu vou bem, obrigado por perguntar. - Como eu já tinha feito isso com ele em algumas ocasiões, sorri falsamente e me sentei ao seu lado.

— Você está vivo, está melhor do que merece, por isso não perguntei nada. - Ele fez um bico falso de mágoa, mas sorriu com todos os dentes em seguida. Palhaço. – Cadê seu pai?

— Ele não vai estudar com a gente, que pergunta descabida.

Respirei fundo para não enfiar a mão na cara de Westhampton, por que, que bem isso ia fazer para mim na atual conjuntura? Serão as três semanas mais longas da minha vida...

Antes que eu continuasse a conversa, tendo engolido doses cavalares de veneno - que me darão azia logo mais, tenho certeza - uma garota entrou correndo no barco, me lembrando uma Louise esbaforida de minutos atrás.

Assim que ela se sentou no banco a nossa frente, o barco se pois a andar sozinho. Nem me impressiono mais com essas bizarrices, sério. Encarei a menina, mas ela desviou o olhar para suas vestes compridas e coloridas, uma mistura de vestido, com lenço, que cobria o cabelo bem preso em tranças escuras.

Meu Deus, como ela não estava morrendo de calor?

Abri meu moletom e fiquei apenas de camiseta e jeans, mas o sol ainda estava inclemente, assim como o silêncio no barco.

A paisagem era erma, pedregosa e nada interessante, então me voltei para o loiro ridículo ao meu lado.

— Senti sua falta na final do campeonato, John, onde esteve? - Perguntei, colocando a mão sobre os olhos, para poder ver a reação dele, devia ter pensado em trazer óculos escuros para Uganda.

Nossa, como sou burro!

O corvinal fez um leve esgar de desagrado com a boca. Já sabia que John não pôde ir por causa de algum imprevisto familiar, eu e Tony tínhamos rido disso a caminho do estádio.

— Uma tia-avó resolveu morrer bem no dia do jogo, dá para acreditar? - Dá para acreditar na falta de sensibilidade desse garoto? – Não me olhe com essa cara, era uma parente distante.

Ah bom.

Peguei a menina nos espionando, mas ela desviou o rosto de novo, não daria para saber se ela corou ou não, sua pele era bem mais escura do que a de Tony e o reflexo do sol na água não ajudava a ver sua reação direito.

Que cenário mais esquisito! Lugar deserto, luminoso, mas pouco definido e o mais importante: por que só tinha nós três nesse barco?

Pratiquei mais uma vez o meu "melhor nem perguntar". Peguei no meu casaco abandonado uma coisa que faria Westhampton parar de me olhar com essa cara de enfado dele.

— Como sou uma criatura boa, trouxe isso para você. - Entreguei meu onióculos com o jogo gravado para ele.

— Oh, Merlin, obrigado!

— Agradeça a mim e não a Merlin! - O loiro me ignorou, tirou os óculos azuis, com os olhos fechados e pois o onióculos no lugar.

— Oh, nossa, que legal! E vem com ajuste de cores, quanto isso custou?

— Foi um presente, mas eu...

— Olha é Car... Olha, Ginevra Potter! - Ele estava apontado para o nada e eu ri, olhei divertido para a garota.

— Não liga não, ele é doido. A propósito, me chamo Cesc Fábregas e o idiota aqui é John Westhampton.

A menina sorriu, mas foi só, ela voltou a encarar um John se divertindo com o jogo. Merlin, ela não nos entende? Cutuquei John e ele fez um "O quê?" mal humorado por ter sido interrompido.

— Ela não nos entende, como vamos ter aulas assim?

John apertou o que provavelmente era o botão de pausa no óculos e me olhou com uma expressão incrivelmente impaciente, para quem não podia demonstrar isso com os olhos.

— Ela não é nossa professora.

— Eu vou te dar um soco. - A menina riu e eu franzi o cenho para ela. – Você pode nos entender?

Naem.— Eu levantei uma sobrancelha, John respirou pesado.

— Ela disse sim. Onde está seu Marduk?

— O que é isso?

— O que é... Ah, espera. - Ele olhou ao redor, mas depois deu um tapa na própria testa. – Ficou no meu malão.

— O que ficou no seu malão? - Tem coisas que eu tenho medo de perguntar a Westhampton, ele sendo tão imbecil como é.

— Seu Marduk, o manual e é claro, seu kippah, era para eu ter te mandado antes, mas como eu ia saber que as malas iam sumir? - Passei a mão pelos meus cabelos, que ferviam com o sol, assim como minha paciência. – O kippah era para te proteger do sol, a propósito.

— Eu vou te afogar no rio.

— Não pode. Olhe direito, esse nem sequer é um rio de verdade, está tudo no manual, você não leu o manual?

Vamos ver se não dá para afogar alguém nesse rio.

***

No fim das contas não dava para afogá-lo mesmo, mas o meu onióculos afundou sinuosamente em seu lugar naquelas águas macabras.

O sol parecia rir da gente acima de nossas cabeças.

Ficamos ambos assistindo da balaustrada o aparato mágico desaparecendo cada vez mais no não-rio, que parecia uma névoa agora que tive a oportunidade de ver de perto. O único som ouvido no maravilhoso deserto agora era o do riso tímido da garota a nossas costas e das nossas respirações ofegantes depois da briga.

— Olha o que você fez, Fábregas! - De alguma forma John já tinha colocado seus óculos azuis no lugar dos meus óculos perdidos e agora sussurrava esse absurdo para mim.

Por que ele estava sussurrando?

— Eu? A culpa disso tudo é sua! - Ele apertou os óculos mais firme no nariz, num claro gesto de desprezo.

— Quem ficou de criancice tentando me jogar da amurada?

— Quem fez por onde? Você é uma carniça de trasgo morotozenta mesmo! - Voltei ao meu lugar de braços cruzados, porque nem sequer tinha minha varinha para tentar um accio.

Que saco!

A garota nos encarou como se esperasse mais um ato da nossa ridícula apresentação burlesca e eu quase cogitei colocá-la na minha lista da morte também.

— Agora vou ter que... - John parou de falar abruptamente sua idiotice, porque saiu uma fumaça gélida de sua boca. – Mas o quê...

Wasalna.

— Como assim "chegamos"? - Ele questionou a garota muito tranquila a nossa frente, ela se levantou, sem propósito.

Tremi e apertei ainda mais os braços cruzados ao redor do corpo, a temperatura havia caído tão bruscamente agora que me vi obrigado a pegar meu casaco de volta! Antes que pudesse alcança-lo, dei dois passos para frente, no nada.

Minha mão ainda estava no ar, eu estava de pé, meu moletom no corpo e todo o deserto, rio e até mesmo o sol haviam desaparecido, no lugar deles havia um átrio que parecia estar localizado nas Masmorras da Sonserina.

Tateei meu corpo para ver se não tinha deixado nada para trás, senti um volume no bolso e quando fui ver o que era, qual não foi a minha surpresa ao ver meu onióculos de volta?

Me voltei e vi John um pouco menos confuso do que eu na minha frente e a garota calada seguindo por uma porta arqueada, feita de pedra.

Tarhib. - Ela sorriu, enquanto desaparecia no breu da entrada misteriosa.

— Ela disse "bem-vindos". - John a seguiu e eu dei uma última olhada no lugar escuro e levemente azulado, com uma névoa bruxuleante que envolvia minhas pernas.

— Há limites para bizarrice, mundo bruxo!