Aranhas

A esperança é a última que morre


Acordo com um salto. Estava sonhando, disso eu sabia. Estava escuro. Eu ouvia apenas a minha respiração. Não tinha corpo, era apenas um sentimento, como se eu fosse feita de ar. De súbito uma presença me alarmou. Uma voz.

–Annabeth. – Dizia- Annabeth me ouça. Olhe, eles dizem que você está morta, mas eu não. Não posso aceitar isso. A perda de sangue foi grande, mas eu sei que você consegue recuperar. Acorde, Annabeth. Eu te amo. Acorde.

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Então eu estava morta? Isso era a morte? Um vazio? Não. Eu conhecia muito bem as minhas crenças para acreditar nisso. Eu não estava morta. Estava viva, sentia como um repuxão na barriga.

Acorde, penso acorde. Você pode fazer isso.

Como em uma tomada, uma parte de mim se conecta nisso. Retomo a consciência. Passo a respirar. Sinto alguém me tocando. Era o Percy, tinha certeza. Lentamente abro os olhos. Eu estava deitada em uma cama, a barriga enfaixada doendo. Um fio de cabelo loiro caía em meu rosto. O que tinha acontecido? Qual o motivo de eu estar enfaixada? Quanto tempo eu estava em coma?

Percy estava de mãos entrelaçadas comigo. Ele estava chorando, a cabeça encostada no meu ombro deixando apenas o cabelo preto a mostra. Ele estava ajoelhado ao lado da cama, a camisa suja de lama e veneno.

–Percy?- Chamo, e minha voz sai fraca.

–Annabeth? –Ele levanta a cabeça. Seus olhos estavam inchados e cheios de esperança.

–Olá.

Por um momento ele parece estar feliz de novo. Depois a cor some de seu rosto e ele volta a ficar triste.

–Você não é real. –Fala.

–Eu... O quê?

– Você não é real.

Era óbvio que ele achava isso. Teve perdas o suficiente na vida para acreditar que essa iria ser mais uma. Eu acreditaria.

– Sou sim, quer ver?- Pergunto, me esforçando para sentar.

Hesitante ele afirma com a cabeça. Descruzo nossos dedos e passeio com a minha mão pelo seu braço, correndo em direção ao pescoço e parando para desenhar o contorno dos seus lábios. Beijo-o.

–Você é real!- Ele fala assim que me separo dele.

–Óbvio que sou. -digo- Achou que ia se livrar de mim assim tão fácil?

–Eu te amo, Sabidinha. Nunca mais morra.

–Nunca. Eu te amo, Cabeça de Alga.