"Amigas"

Capítulo Único


(Do I wanna know?)

If this feeling flows both ways?

(Sad to see you go)

Was sort of hoping that you'd stay

(Baby we both know)

That the nights were mainly made for saying things that you can't say tomorrow day

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***

— O que raio foi isso? — sussurrou Clara quando se afastaram, ofegantes do beijo que acabaram de partilhar.

Marlene não respondeu.

Clara encarou-a, um misto de emoções a passarem pelos seus olhos a alta velocidade, e Marlene só conseguiu sorrir enquanto olhava para o rosto corado da outra. Viu-a a olhar rapidamente em volta da sala onde todas as suas amigas já dormiam, sobrando apenas elas as duas.

Distraidamente, enquanto olhava para os olhos castanhos da amiga, deixou a sua mente voltar ao início, a como tudo aquilo tinha começado. Relembrou todos os olhares que ela lançou a Clara quando pensava que a outra não estava a ver e como corava sempre que ela a apanhava. Relembrou a sua grande obsessão pela amiga, como de repente tudo o que conseguia pensar era em Clara e nos seus lábios e no seu corpo.

Relembrou-se de como aquilo que ao início pensara ser só uma pequena obsessão, rapidamente se transformara em pura paixão. Ainda não conseguira descobrir se havia amor envolvido, embora as probabilidades de tal fossem bastante altas.

Hoje em dia, Marlene já não conseguia contar o número de vezes em que adormecera a pensar em Clara e em que sonhara com ela. Já não se conseguia lembrar de quantas vezes tinha posto uma música a repetir durante horas só porque a lembrava da amiga, e quantas vezes tinha tido aquela vontade irracional de simplesmente a beijar.

Mas Clara era a sua melhor amiga e ela tentara. Tentara esquecer-se dela, apaixonar-se por outra pessoa, mas sempre que pensava em alguém por quem pudesse ter o mínimo interesse, os seus pensamentos voltavam sempre para Clara. Por esse motivo, Marlene desistiu de se tentar apaixonar por outra pessoa, de ignorar aquele sentimento, mas só naquele momento conseguira reunir a coragem necessária para realmente agir de acordo com ele.

Voltando ao presente, Marlene voltou a inclinar-se para beijar Clara, aquele já tão familiar impulso de o fazer sendo a única coisa que ocupava a sua mente.

Clara empurrou-a para atrás, agora apenas com irritação presente no seu olhar.

— Qual é a tua ideia, Lene? — perguntou, um misto de raiva e talvez nojo no seu olhar.

— Eu já queria fazer isto há tanto tempo — sussurrou Marlene, sabendo que aquela não era, definitivamente, a resposta que a amiga queria ouvir. Quer dizer, ainda eram amigas? O olhar na cara da outra parecia dizer o contrário. Mesmo assim, continuou. — Eu estou apaixonada por ti, Clara. Há meses que eu sei isso e há meses que eu to quero dizer — sussurrou.

Clara olhou para ela, chocada. Levantou-se e seguiu até um dos colchões livres do outro lado da sala.

Marlene olhou para ela, sem conseguir acreditar, sentindo-se como se algo dentro dela tivesse arrebentado. Ela tinha tido esperança, percebeu. Esperança de que Clara não a rejeitasse, de que aquele sentimento estivesse presente nas duas.

Reparou que Clara a estava a encarar, do outro lado da sala e, naquele momento, soube que não podia deixar aquilo acabar assim. Não a podia deixar ter a última palavra.

Sorrindo, meio irónica, disse a única coisa que lhe veio à cabeça:

— É como dizem. As noites são feitas para se dizer aquilo que não se pode dizer de dia.

Clara encarou-a, com desdém, antes de se virar e se deitar, deixando de a encarar.

Voltando a deitar-se, Marlene encarou o teto, não sabendo nem o que pensar, nem o que sentir. Conseguiu perceber que, embora estivesse esperançosa que o sentimento fosse recíproco, não se sentia tão magoada como devia. Mas aquela paixão, aquele fogo dentro dela, aquela obsessão por Clara ainda lá estava.

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Não soube que, assim que adormeceu, Clara voltou a dirigir-se até ao seu lado, e desviou os cabelos que estavam à frente do seu rosto, enquanto as últimas palavras de Marlene se repetiam vezes sem conta na sua cabeça.

***

Do you want me crawling back to you?

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.