Dentro do Espelho

A Sombra e o Sonho.


... Um lago, uma montanha, uma lua coberta de caramelo, e nuvens doces. Um trampolim que levava do norte ao sul, e estrelas crocantes com gosto de chocolate. E Papai, e mamãe estavam lá, sorrindo, pegando em minhas mãos e me levando para aquele grande troço amarelo brilhante que segundo eles era uma grande torta de frango quentinha.

– Abra os olhos.

Papai disse para abrir os olhos, mas os olhos de Irene já estavam abertos. Mamãe também disse logo depois, mas ela não entendia.

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– Mas mamãe, meus olhos já estão abertos.

Assim como antes, da noite para o dia e do dia para a noite, o céu escureceu, as estrelas surgiram mas nenhuma lua estava a vista. A garota foi separada dos pais e estava vendo uma cena de longe.

Da nuvem, um quarto tomou forma, a garota logo reconheceu como seu, e pela janela papai parecia estar abraçando a mamãe com os braços envoltos ao ombro e pressionando seu rosto contra o próprio corpo, pareciam estar chorando.

– Mamãe!! Papai!! Eu to aqui!!

Pulando e agitando os braços, tentou chamar a atenção dos pais, mas não adiantou. Ela viu os dois saindo de mãos dadas pela porta do quarto que novamente tomou a forma da nuvem, só que dessa vez sem nada. Sentada sem poder fazer nada, olhava para aquele céu escuro que começava a cair pesadas gotas de água, olhou as estrelas, e se abraçou porque agora estava começando a se sentir com frio, quando novamente seu pai lhe chamou.

– Irene. Abra os olhos.

Toda aquela cena foi ofuscada por um branco que ia tomando tudo que ela conseguia ver, depois tudo ficou preto e...

– Ahhhhhhhhh!!!!

Irene se moveu tão rapidamente que a Sombra teve que sair de perto para não tomar uma cabeçada, abriu os olhos e viu aquela coisa preta. Abaixou a cabeça e evitou olhar.

– N- não me machuque. E-eu, eu já vou embora.

A mão dele tentou se aproximar dela, que se esquivou para mais perto da parede e fechou os olhos com medo do que estava por vir. Mas o que veio a seguir foi um simples toque na testa e algo sendo puxado, quando abriu os olhos novamente viu a sombra com um band-aid nas mãos.

– U-umbra?

Amaçando o band-aid com a mão, a Sombra, fez um sinal de joia com a mão e tirou uma folha onde escreveu.

":) Vai ficar tudo bem."

Irene começou a lembrar da perseguição na escada, e um medo a preencheu. No segundo seguinte abraçou Umbra.

– E-eu fiquei com, tanto, tanto, tanto medo.

Algumas lágrimas começaram a cair e a voz dela pareceu estar ficando mais melosa e mais difícil de compreender.

– A, S-sombra, a ver-vermelha, correu, subiu, atrás de mim, e, e, eu tava com tanto medo, ela, ela me machucou, fez dodói, ta-tava do-doendo tanto, tanto, tanto, tanto.

A garota apertou mais forte e agora soltava nada além de grunhidos misturados com algumas palavras indecifráveis, Umbra a largou e escreveu no papel.

" Se me abraçar assim, sua roupa vai ficar parecida com a minha, cheia de sangue"

Ela olhou para o vestido floral todo manchado, mas ela não se importou, abraçou novamente encostando até o rosto no ombro e manchando seu próprio rosto, Umbra só aceitou o abraço até que a garota se acalmasse. E quando isso aconteceu, ela olhou para o braço dela e viu que o ferimento não estava lá.

– Ei, você cuidou do meu dodoi?
Olhando para aquela casca marrom que havia se formado no lugar no ferimento que tinha.

" Eu tive um palpite, já que sangue é um fluido necessário dentro do seu corpo, eu apenas..."

Umbra, pegou o que seria o pé e mostrou, o pé estava branco, até a parte do tornozelo, branco giz como se fosse quebrar se tentasse separar.

"Bem, é assim que nós parecemos quando não estamos usando roupa."

– Quer dizer que por de baixo de toda essa roupa de sangue, vocês são todos branquinhos da silva?

" Não sei o que significa da silva, mas brancos sim, completamente"

– E banho como vocês tomam banho?

" Normal... você tira a roupa, passa sabonete e deixa a água bater, ai depois você enxuga e coloca a roupa de novo."

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– E pra cabelo?

" Nós não temos cabelo, algumas espécies daqui tem, mas nós Sombras não."

– O que é espécies?

" Hmmm, deixa pra lá..."

– Tá... Ah... o que aconteceu com... ela?

Imaginando que ela estava se referindo a Bennet, a mulher Sombra que perseguiu ela e a feriu no braço, Umbra logo respondeu.

"Não se preocupe, ela não está mais aqui, foi embora."

– Para onde?

"Nem imagino"

" Irene? Quer tomar um banho? Ai você deixa a roupa comigo que eu dou jeito de lavar"

– Vocês lavam roupa? Mas a roupa de vocês não é de sangue?

" Se o sangue ficar sujo temos que lavar, se não acumula sujeira e e começa a criar uma bolinhas fedidas amarelas"

– Ahhh, que legal!

"Não... não é... fedem... e são gosmentas, uma nojeira só"

– Tá, nesse caso eu aceito a oferta de banho, você vai dar banho em mim?

Talvez, se Umbra demonstrasse expressões a que ele provavelmente estaria mostrando agora seria uma envergonhada, mas não se sabe, ele apenas derrubou o papel que estava segurando quando Irene perguntou. Depois de o pegar, a respondeu.

" Não vejo problema. Seus... o que era mesmo? Aqueles que você tinham falado que cuidam de você, te dão parabéns se você acerta e brigam se você faz algo errado?"

– Ah papai e mamãe, o que tem eles?

"Seu Papai e mamãe davam banho em você?"

– Sim.

" Tá ok."

Umbra levou Irene para o banheiro, escrevendo no papel alguma coisa. Enquanto Irene parecia bem mais tranquila depois de todos os acontecimentos passados. Dentro do banheiro, irene começou a tirar a roupa, enquanto Umbra colocava o papel em cima da pia e tampava alguma coisa no rosto. Umbra ligou o chuveiro, e pegou o sabonete e deu na mão da garota enquanto virava o rosto pro outro lado.

Irene olhou para Umbra sem entender o por que ele estava com o rosto virado e entregando o sabonete pra ela, normalmente papai ou a mamãe ensaboavam ela, algumas vezes a ensinando a fazer por si só, mas parece que ele não queria ensaboa-la. Então ela pegou o sabonete e começou a passar no corpo.

Umbra estava saindo do banheiro, quando ouviu a voz de Irene, o chamar.

– Ei! Não me deixe sozinha! E se aquela coisa sair do ralo, ou estiver atrás da pia só esperando para me pegar?

Ele assentiu sem olhar para a garota e sentou no chão de costas para a garota, que continuou tomando seu banho, quando terminou, foi até ele e cutucou as costas.

– Terminei.

Umbra se levantou, e começou a procurar uma toalha nas gavetas do armarinho do banheiro, entregou para ela e depois pegou as roupas da garota.

" Se enrole na toalha e me siga, eu tenho algo para você vestir aqui"

– Okey dokey.

Irene sorriu e seguiu a Sombra, até o que ela reconheceu, ser o quarto da Sombra, viu ele abrir o que seria o guarda-roupa, lá, como em todo guarda-roupa havia o que? Potes de 10 litros de sangue tabelados como: AB, A+, A-, B+, B-, O+ e O-. Haviam vários potes. Em cima deles, um caixote, após tirar o que seria as luvas, pegou um vestido bem parecido com o que a garota vestia, porém era cheio de moranguinhos.

– Por que você tem um vestididinho desse guardado?

" É uma longa... longa história..."

– Me conta! Me conta!

"Depois, enquanto a gente estiver procurando seu papai e sua mamãe tudo bem, mas digamos que você não é a primeira do seu tipo que eu conheço, a outra era um pouco mais reservada e não estava procurando papai e mamãe"

– Tudo bem. Me conte mais, enquanto procuramos ok?

"Tudo bem. Vamos então?"

Umbra novamente tirou as luvas e deixou a vista aquela mão branca parecendo giz de cera. Foi até o guarda roupa pegou um jarro AB e colocou o pé lá dentro, o sangue se envolveu no pé e logo estava como antes, depois, secou o excesso com uma toalha e jogou na máquina de lavar junto com as roupas de Irene, deu a mão para ela segurar e juntos saíram da casa.