Incompletos

Capítulo 8


Pensar. Era apenas isso que Skye queria no momento em que entrou em um dos inúmeros túneis do Monte. Ela não sabia aonde ia dar o túnel, mas após alguns minutos de corrida, chegou até um lugar bem alto.

Lá de cima dava para ver tudo ao redor do Monte. Era um ótimo lugar para pensar. Então Skye sentou-se na beirada do local. Ela olhou para baixo, e de lá pode ver Susana e Lúcia caminhando não muito longe.

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Skye nunca se sentira tão feliz e tão confusa ao mesmo tempo. Mas ela sabia que no fundo também sentia raiva. Raiva de Edmundo.

A garota não queria mudar. Ela só queria continuar sendo a Skye de sempre, sem nenhuma mudança. E com isso na cabeça, ela começou a bolar planos de como se afastar de Edmundo.

Muitos planos foram feitos, mas todos eles entraram em conflito com os sentimentos de Skye. E esses mesmos sentimentos destruíram todos os planos. Era tudo culpa de Edmundo. Por que ele tinha tanto efeito sobre Skye?

Skye ficou tão imersa em seus próprios pensamentos que só percebeu que Caspian estava ao seu lado no momento em que este segurou sua mão.

Os dois ficaram de mãos dadas, em silêncio, olhando para o vazio. Eles nunca precisaram de palavras para saber o que o outro estava sentindo.

De repente, o professor sentou-se ao lado de Caspian, e Skye sabia que o momento entre irmãos havia acabado. Ela soltou a mão de Caspian, mas continuou em silêncio.

— Por que nunca me contou sobre o meu pai? – perguntou Caspian ao professor.

— O que tem ele? – Skye ainda não sabia o que havia acontecido no palácio de Miraz e por isso perguntou. Um momento de silêncio se passou entre os três, até Caspian proferir.

— Foi Miraz! Foi ele que matou o nosso pai.

Naquele momento, pareceu que o mundo estava se partindo em dois. Ela não teve a chance de conhecer o pai, e tudo era culpa de Miraz. O homem que um dia ela chamou de tio havia destruído a sua família. Skye não esboçou reação nenhuma, mas por dentro ela só conseguia se imaginar matando Miraz.

— Minha mãe era uma anã negra das montanhas do Norte. – começou o professor – Eu arrisquei minha vida todos estes anos, para um dia, você ser um rei melhor que os reis anteriores.

— Então eu o decepcionei?

— Tudo o que eu lhe disse, tudo o que eu não disse, foi porque eu acreditei em você. – disse o professor.

Aquela era uma conversa pessoal apenas entre o professor e Caspian. Mas Skye viveu todos estes anos escutando suas conversas, e a presença da garota não atrapalhava em nada.

— Não só você, mas também sua irmã tem a chance de se tornar as mais nobres contradições da história. Os telmarinos que salvaram Nárnia.

Caspian olhou para a irmã, e deu-lhe um beijo na testa para depois se levantar e sair andando. Skye e o professor ficaram a sós, e a garota sabia que ele diria algo.

— Eu sinto que algo está mudando em você.

— Ah, não me diga? – disse Skye irônica – O que está mudando?

— Eu não sei ao certo, mas eu percebi algo no jeito que você olha para o Rei Edmundo. Algo muito forte. Só você pode me dizer o que é. – respondeu o professor.

— Então você deve ter percebido também o jeito que Caspian olha para Susana! – retrucou Skye mal humorada.

— Eu gostaria de falar apenas de você agora.

Skye fechou a cara. Às vezes ela odiava o professor. Parecia que ele sabia de tudo e até lia pensamentos.

— Eu mesma pensei que você poderia me dar respostas sobre o que diabos é isso.

— Bem, me parece que vamos ter que esperar para ver o que é. Mas até lá – disse o professor ficando de pé e ajudando Skye a levantar-se também – eu aconselho que você não perca tempo se martirizando.

[...]

Havia sido um longo dia, e após a conversa com o professor, Skye resolveu caminhar novamente pelo descampado.

Quando ela vivia no castelo, além de ler, caminhar de manhã e colher flores era um dos seus hobbies, pois quando ainda era dia, ela tinha que se comportar como uma autentica princesa.

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Após alguns minutos, ela já tinha um denso buquê de flores brancas. Quando se preparava para pegar mais uma flor, Skye escutou um barulho metálico vindo da floresta. Então, de repente um exército de telmarinos começou a despontar na orla da floresta.

Skye correu para dentro do monte, derrubando o buquê pelo caminho. Ela conseguiu avistar Caspian conversando com Ciclone.

— Caspian!

Ela chamou a atenção de todos ao gritar. Caspian aproximou-se da irmã.

— Eles chegaram.

Todos que se encontravam ali correram para fora do Monte, enquanto Caspian, Skye e o centauro subiram para o mesmo lugar onde a pouco, os dois irmãos estavam sentados. Alguns segundos depois, Lúcia, Susana, Edmundo, Pedro e Trumpkin apareceram correndo ao lado deles.

A maior parte do exército já estava visível. Eles eram muitos e estavam armados com escudos, lanças e armaduras prateadas. Cinco cataputas enormes apareceram. Após todo o exército sair da floresta, eles param de marchar.

Ao longe, Skye conseguiu diferir alguém em uma armadura dourada, que ela sabia que era Miraz. Uma raiva tomou conta da garota.

Uma grande parte dos narnianos adentrou novamente o Monte, enquanto outros ficaram do lado de fora para garantir que os telmarinos não atacassem às escondidas. Os que entraram para o Monte seguiram até a caverna da Mesa de Pedra. Lá, um Conselho de Guerra tomou início.

Pedro sugeriu a ideia de mandar Lúcia, para a floresta à procura de Aslam, já que, de acordo com ele, a garota foi a única capaz de ver o Grande Leão durante o tempo que estiveram ali. Para garantir que ela não fosse sozinha, Pedro também sugeriu que Susana fosse com Lúcia.

— Com mil bombas! – exclamou Trumpkin – É o seu próximo grande plano? Mandar uma menina – ele apontou para Lúcia – à parte mais escura da floresta? Sozinha?

— É a nossa única chance. – retrucou Pedro.

— E ela não estará sozinha. – disse Susana.

— Já não morreram muitos de nós? – falou Trumpkin.

— Nikabrik era meu amigo também. – disse Caça-trufas – Mas perdeu a esperança. A rainha Lúcia não! E muito menos eu.

— Por Aslam! – exclamou Ripchip puxando a pequena espada.

— Por Aslam! – concordou um grande Urso.

— Então eu vou com você. – disse Trumpkin.

— Não, precisamos de você aqui! – respondeu Lúcia segurando o ombro do anão.

— Temos que segurá-los até Lúcia e Susana voltarem! – disse Pedro.

— Não se preocupe anãozinho. – provocou Skye – Eu aposto que Lúcia sabe se defender melhor do que todos nós.

Enquanto Trumpkin olhava feio para Skye, Lúcia sorria na direção da garota.

— Com licença! – a voz de Caspian se fez presente. Ele trocou um olhar com o professor e enfim falou – Miraz pode ser um tirano assassino. Mas como um rei está sujeito às tradições e expectativas de seus súditos. Existe uma em particular que pode nos dar algum tempo.

Um silêncio tomou toda a sala. De dentro do Monte, dava para se escutar um barulho fino, porém forte o suficiente para os ouvidos sensíveis de Skye escutarem. A garota já tinha uma noção do que era.

— Está chovendo?

O silêncio continuou, e todos se puseram a apurar os ouvidos e escutar bem.

— Sim. – respondeu Pedro – Mas o que isso tem haver com o plano de Caspian?

— Nada! – exclamou Caspian – Skye não faça isso! Nós não temos tempo.

A garota sorriu. Caspian sabia o que ela tinha em mente. Finalmente ela disse baixo:

— Desculpe, mas eu não posso perder tempo. – ela olhou para o professor sorrindo, sendo correspondida pelo o homem, e depois correu para fora da sala.

Caspian correu atrás dela e foi acompanhado por todos que estavam na sala. Mas para a infelicidade do garoto, Skye era realmente uma ótima corredora e conseguiu sair do Monte antes que ele lhe alcançasse.

Caia uma chuva fraca, mas era o bastante para Skye. Assim que passou pela entrada do Monte, a garota abriu os braços e continuou correndo por alguns metros, e simplesmente se entregou à chuva. Caspian e os outros não se atreveram a sair, e resolveram apenas assistir até que a garota parasse.

Foram quase quatro minutos de muita dança e pulos, quando de repente, a chuva parou de cair, não gradualmente como normamente para, mas de uma vez só. Então Skye se jogou na relva molhada.

— Porque ela fez tudo isso? – perguntou Susana.

— Bem, ela faz isso desde que éramos crianças. Começa a chover então ela simplesmente sai de onde está e começa a dançar na chuva. Faz ela se sentir renovada. – respondeu Caspian.

— É ela. – sussurrou Edmundo, que observava a cena boquiaberto.

— O que? – perguntou Lúcia.

— N-nada.

— Nós estamos perdendo tempo! – declarou Pedro impaciente.

— Já chega Skye! Levante-se. – gritou Caspian da entrada do Monte.

A garota levantou-se da grama e voltou ao Monte. Enquanto ela se trocava – suas roupas estavam completamente ensopadas, então ela teria que trocar-lhes por um vestido que uma anã havia feito e oferecido para a garota. – os outros voltaram até a Caverna Central, mas só começaram assim que Skye voltou já seca e com suas vestes novas. – um vestido lilás que Edmundo sabia que ela havia cortado, pois as vestes só iam até o joelho.

A chuva havia feito bem a ela. Os acontecimentos recentes haviam deixado Skye com uma aparência abatida, mas após o banho ela obterá um sorriso largo e um olhar sonhador.

Após uma pequena bronca que dera em Skye, Caspian explicara ao Conselho de Guerra o seu plano. Havia uma tradição telmarina que consistia em um dos concorrentes desafia o outro para um duelo até a morte, evitando a luta entre exércitos. Era genial.

— É uma ótima ideia. – admitiu Pedro – Edmundo, o que acha de você ir, junto com Ciclone e Verruma – o gigante – até a tenda deles como meu mensageiro?

— Por mim tudo bem!

— Então eu vou também. – objetou Skye.

— Skye, eu acho melhor não! – disse Caspian.

— A decisão não depende de você Caspian. – respondeu Skye.

— Eu sei que não, mas eu receio que você tente fazer algo contra Miraz.

Todos ficaram em silêncio enquanto a pequena discussão seguia.

— Eu não farei nada. Até porque eu não quero ir por causa de Miraz. – respondeu ela olhando para Edmundo.

Tirando Caspian e o Professor, ninguém sabia muito bem o que estava acontecendo entre Skye e Edmundo. Apenas Lúcia e Susana desconfiavam, mas para os outro, o interesse da garota foi um tanto quanto confuso.

— É por isso que Ciclone e Verruma irão! – proferiu Pedro, entendendo o que a garota queria dizer – Para garantir a segurança dele.

— Mesmo assim, eu insisto em ir. – declarou ela.

Pedro analisou a garota. Ele sempre achara que ela era imprevisível. Após o que Caspian havia feito no castelo, ele correria um grande risco mandando-a frente a frente com Miraz. Mas ele não estava disposto a discutir com alguém menor do que ele naquele momento.

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— Tudo bem então. – decidiu Pedro.

Um pequeno sorriso tomou conta do rosto de Skye. Ela seguiu até o lado de Edmundo enquanto Caspian continuava explicando mais sobre a velha tradição.

— Então está decidido! – disse Pedro finalmente.

O Grande Rei escreveu em um pergaminho o seu desafio para Miraz, e o entregou a Edmundo. Então quando tudo já estava pronto, os quatro finalmente partiram.