Como fazer um anão sorrir

Capítulo Único.


Peter não teve dificuldade pra achar o lugar onde havia marcado o encontro, provavelmente teve mais dificuldade ao subir na cadeira do que pra achar o restaurante.

Se seus pequenos pés pudessem alcançar o chão provavelmente ele estaria os batendo em agonia. Se sentia nervoso e os casais que o encaravam não estavam ajudando em nada. Começou a bater os dedos na mesa e a encarar o relógio, e colocou um tempo limite pra si mesmo, se ela demorasse mais de meia hora ele iria embora. Já estava decidido, não passaria vergonha e nem seria motivo de piada.

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Ele ainda estava surpreso por ela ter aceitado ir a um encontro arranjado, ainda mais um encontro com um anão. Começou a duvidar se sua irmã tinha dito esse detalhe.

Olhou o relógio em seu pulso e percebeu que já havia se passado quinze minutos, começou a sentir um frio na barriga, puxou a gravata pra que ficasse mais folgada em volta do pescoço. Até o terno havia começado a incomodar, se sentia um pinguim, um anão pinguim. Colocou uma das mãos sobre a boca tentando disfarçar a risada, se não bastasse ser um anão ainda tinha que ser estranho.

Do lado de fora começou a chover e ele pensou que essa podia ser uma ótima desculpa pra que ela não tivesse ido. Talvez não possuísse carro, talvez a mãe tenha ficado doente, talvez ela tivesse desistido.

Ouviu a porta do restaurante se abrir e virou a cabeça em ansiedade. Observou enquanto uma bela moça de cabelo e olhos castanhos entrava segurando uma pequena bolsa em uma das mãos e um celular na outra. Ela olhava o celular provavelmente conferindo as horas e virava a cabeça em todas as direções. Aproximou-se de um dos garçons e perguntou algo, e Peter se assustou quando percebeu o garçom apontando em sua direção e até olhou para trás tentando ver se não era para outra pessoa.

A moça começou a andar em sua direção exibindo um belo sorriso tímido, o vestido preto apertado ao corpo mostrava as belas curvas e o salto fazia com que ela parecesse uma modelo, Peter se sentou mais nervoso ainda.

Ela se aproximou da mesa ainda com o pequeno sorriso antes de dizer:

— Você é o Peter, certo? – ele abriu um sorriso, percebendo que ela estava mais nervosa do que ele.

— E você deve ser Nadia. – ela o respondeu apenas com um sorriso antes de se sentar em sua frente. Ele havia pensado se não deveria se levantar e puxar a cadeira pra ela, mas achou melhor não.

*

Peter soltou mais uma risada já se sentindo meio embriagado devido ao vinho e Nadia não parecia estar muito diferente.

— Costumava me preocupar se ela iria se recuperar – Nadia dizia divagando.

— Ainda bem que você se preocupa com isso. – Peter respondeu rindo. A essa altura ele já estava rindo de qualquer coisa.

— Alguém deve se preocupar – ela dizia em meio a risadas enquanto dava mais uma garfada na sobremesa que havia pedido há alguns minutos atrás.

— Senhores? – um garçom disse parando ao lado da mesa – Desculpe incomodar, mas já estamos prestes a fechar – ele disse de forma educada.

— Mas já? – Nadia disse olhando em volta logo seguida por Peter percebendo que eram as únicas pessoas no restaurante.

— Vocês estão aqui há bastante tempo. – ele disse com um pequeno sorriso educado e colocou a conta sobre a mesa antes de se retirar.

Peter esticou o braço e olhou o preço antes de abrir a carteira e deixar o dinheiro em cima da mesa. Percebeu que Nadia estava prestes a protestar, apenas olhou pra ela com a cara fechada mostrando que qualquer coisa que ela dissesse não o faria dividir a conta.

Ele se levantou da cadeira e logo ela fez o mesmo, parado ao lado dela ele se sentiu bem menor que o normal, o que fez com que se sentisse incomodado. Ela só abriu um pequeno sorriso antes de retirar os saltos dos pés e começar a andar em sua frente, ele não se sentiu ofendido nem incomodado, na verdade, se sentiu bem por ela ter feito algo pra que ele se sentisse melhor.

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Ela abriu a porta e esperou que ele passasse, os dois riram devido aos papeis invertidos e pararam em frente ao restaurante percebendo que já estava tarde.

— Precisa que eu chame um táxi? – Peter ofereceu.

— Não, eu vim de carro. – Peter colocou as mãos no bolso do terno e começou a balançar sobre os próprios pés se sentindo desconfortável sem saber qual o próximo passo. Ele queria beijá-la, mas provavelmente seria uma cena mais engraçada do que romântica. – Se quiser pode me acompanhar até ele. – ela disse com um pequeno sorriso.

— Eu quero. – responder Peter, talvez um pouco rápido de mais, o vinho o tenha deixado muito afobado.

Os dois logo começaram a andar em direção ao fim da rua.

Continuaram com a mesma conversa do restaurante, e Nadia continuava divagando. Peter ouvia cada coisa rindo e dando sua opinião.

— Você estacionou o carro bem longe, não é? – perguntou percebendo que eles já andavam a mais de vinte minutos.

— Na verdade meu carro está na minha casa, – ela disse hesitando o olhando de cima enquanto ele retribuía o olhar sem entender – que é bem ali. –completou, apontando pra uma casa simples de dois andares do outro lado da rua.

Eles atravessaram a rua em silêncio com Nadia ainda segurando os saltos em uma das mãos. Ela se aproximou de um pequeno portão antes de tirar uma chave da bolsa. Estava prestes a entrar quando virou-se na direção de Peter de forma decidida, mas sem conseguir esconder o nervosismo.

— Você por acaso quer entrar? – perguntou e era evidente os ombros subindo e descendo enquanto ela tentava se acalmar – Se não quiser, tudo bem. –completou, começando a pensar que estava agindo como uma idiota.

— É, eu quero. – Peter respondeu com um pequeno sorriso tímido brotando nos lábios.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.