O Acordo Perfeito

O passado vai sempre atrapalhar o futuro e o presente.


Todos já estávamos na mesa, papai em uma ponta da mesa e mamãe em outra, Cory do lado de papai e eu do lado de minha mãe e infelizmente, ao lado de Matt, que respondia educado à todas as perguntas que lhe faziam, a minha mãe estava sorridente e meu pai ainda sério, dizem que a minha mãe costumava ser muito geniosa quando jovem, coisa que eu não acredito, pois quase nunca a vejo irritada, já o meu pai é sério desde que o conheço, suas brincadeiras são privadas à mim e a Cory, e ao Jeremy que é o marido da minha irmã, apenas essas pessoas conheciam o lado brincalhão do meu pai.

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Meu pai lançou um olhar para Matt e eu senti que ele queria saber de algo, mas eu temia suas perguntas, meu pai pode ser bem desagradável quando deseja.

Eu também lancei um olhar para Matt que parecia tranquilo, enquanto comia a sua lasanha e bebia refrigerante sem parar.

— Então, que faculdade você quer fazer Matthew? — Meu pai perguntou para Matt que pareceu confuso com a pergunta, eu ri de lado disfarçadamente.

Matt parou por alguns segundos e parecia estar realmente pensativo, talvez ele como todos os outros, tivessem medo de meu pai, contam-me que a minha irmã sofreu quando era da minha idade, ele só melhorou depois que se casou com a minha mãe.

— Eu ainda não sei, pretendo ser um jogador de vôlei profissional, e jogar na seleção, bem esse é o meu sonho e a única coisa que penso ultimamente. — Matt respondeu enquanto bebia o refrigerante em seu copo.

Eu quase engasguei com o meu refrigerante depois de sua resposta, com toda certeza meu pai havia desaprovado, já meu irmão parecia se deliciar com a situação, eu com toda certeza mataria Cory quando isso acabasse.

Meu pai o olhou sério e continuou comendo sua lasanha, assim como eu, a minha mãe ainda sorria e meu irmão me lançava olhares maliciosos à cada segundo, Matt apenas comia como um esfomeado e eu limitava-me a mastigar a minha comida em silêncio, enquanto os olhares eram voltados para mim.

Finalmente parecíamos estar em harmonia, ninguém mais fez nenhuma pergunta e eu suspirei aliviada por isso, ouvir a voz de Matt era um tormento.

Mas uma ação quebrou toda a harmonia do jantar, Matt colocou a sua mão em cima da minha coxa e eu o olhei assutada, ele sorriu malicioso para mim e eu respirei fundo, eu teria que aguentar aquelas coisas idiotas por um mês se eu quisesse ter Mike para mim, talvez valesse a pena, mas mesmo que não valesse, eu poderia sair dizendo por aí que namorei o mais bonito do colégio, talvez aquele fosse o acordo perfeito para mim, mas também poderia significar anos de trauma.

Quando se tem alguém como Matt por perto, traumas são coisas que acontecem facilmente e sem que você perceba, eu entendi isso da pior forma possível.

Eu o repreendi com um olhar e ele voltou seu olhar para a sua comida, aquele era o seu terceiro prato, eu tinha a mera impressão de que ele não comia há anos, ou alguma coisa assim, não é possível que alguém tenha tanto apetite, mas se tratando de Matt Hamilton, tudo se torna possível.

— Se tocar na minha coxa mais uma vez, decepo a sua mão. — Sussurrei enquanto a minha mãe recolhia os pratos.

— Calminha aí, não foi proposital, quando percebi já estava com a mão lá. — Ele respondeu com a cara mais lavada do mundo, estava nítido que havia sido proposital.

Meu pai e meu irmão se levantaram, nós deixando sozinhos, eu quis ir atrás deles, mas tive consciência de que seria muito suspeito, então continuei sentada ao lado de Matt, que não perdia a oportunidade de olhar para as minhas pernas e sorrir malicioso.

Ele simplesmente não tinha limites, seus olhos pareciam estar vidrados ali, e quando ele percebia que eu não estava gostando, tinha o prazer de me olhar inocentemente com seus lindos olhos azuis que tiravam o fôlego de diversas garotas.

A minha paciência estava se esgotando e eu estava com vontade de dar um forte tapa na cara de Matt, se um dia existiu outro ser tão insuportável como este, já está morto e eu não conheci, tudo naquele garoto me irritava, desde seu sorriso babaca ao jeito que ele me olha, com seu ar de deboche.

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— Eu já lhe disse o quanto está linda com essa roupa, querida dama? — Ele perguntou debochado e eu perdi a paciência.

Eu estava tentando, mas ele é tão abusado que é impossível não se estressar, cada gesto seu parece ser estudado detalhadamente para me que ele consigo me irritar.

Me levantei daquela cadeira e caminhei em direção á porta, ele logo me seguiu e ficou me olhando por vários segundos antes que eu o respondesse, eu odiava aquele seu olhar, mas ao mesmo tempo achava incrivelmente sexy, sexy demais para não ser perigoso.

— Matt, já deu, você já foi apresentado, portanto já pode ir para os seus aposentos, amanhã tem aula e você tem que estar disposto para treinar para os jogos! — Falei tudo muito rápido e ele riu, sua risada estava me enjoando.

— Se ofendeu tanto só por eu te chamar de "querida dama" não é assim que quer se tratada? Porque os livros que costuma ler tem muito dessas coisas! — Ele se defendeu e eu fiquei pasma, ele conhece os livros que leio?

— O que eu leio não é da sua conta! Quem te disse isso? — Gritei irada e ele novamente gargalhou.

Quando eu descobrisse quem havia contado sobre os livros que eu leio, essa pessoa estaria com toda certeza morta, e eu tinha quase certeza de que essa pessoa se chama Cory Clarckson Guire.

Não queria que meus pais vissem aquela cena patética, então o puxei pelo braço e saímos para o quintal, com as mãos entrelaçadas.

Assim que finalmente estávamos ao ar livre, rapidamente soltei a minha mão da dele.

A lua estava linda, era dia de lua cheia, e o seu estava estrelado, se eu trocasse Matt por Mike, poderia dizer que estava em uma cena romântica, pois ambos olhamos para o céu assim que saímos de casa.

— O céu está lindo. — Ele admirou e eu tive que concordar, pois realmente estava.

— Realmente. — Concordei e ele me olhou confuso, em seguida sorriu, mostrando todos os seus dentes.

Ele se virou e depois voltou, eu ainda estava confusa com as suas ações, então ele se aproximou e me pegou no colo, me rodando várias vezes, o gesto foi tão repentino que fiquei perplexa, quando ele finalmente me pôs no chão, o olhei completamente chocada.

— Que diabos você acabou de fazer? — Perguntei com raiva.

— Nós concordamos em algo! Não é maravilhoso? Nós concordamos em algo Melanie! Comemore! Pule! Grite! Sorria! — Ele falou debochado e eu revirei os olhos e comecei a caminhar em direção à minha casa.

— Volte aqui! Precisamos conversar sobre as regras do acordo! — Ele falou quando eu já estava no meio do caminho, então voltei ainda irritada.

— Escuta Mel... Se quer que isso dê certo, precisamos ser amigos ok? — Ele afirmou agora sério, dessa vez quem gargalhou fui eu.

— Eu amiga sua? Isso só pode ser uma piada de mau gosto! — Disse enquanto ria, ele pareceu se irritar com a minha atitude, o que eu achei bom, já que quase nunca consigo o tirar do sério, e esse é um prazer que não gostaria de perder.

— Não achou assim tão errado aquele dia na casa da árvore! — Ele falou tocando exatamente no assunto que eu sempre evitei, a maldita casa da árvore, se eu pudesse simplesmente esquecer essa maldita lembrança, eu esqueceria agora mesmo, mas era impossível e eu sabia que um dia ele jogaria isso na minha cara.

Parece que esse dia chegou, e chegou para me machucar de vez!

— Não ouse tocar nesse assunto! — Gritei com ele que ainda estava sério.

Esse assunto sempre nos fazia brigar, eu sempre tentei esquecer daquilo, e por um tempo eu consegui, mas nos últimos dias, essa lembrança tem me atacado muito, é como sempre dizem: Os erros do passado, sempre te atormentarão no futuro e no presente.

Matt passou a mão nos cabelos escuros, ele estava nervoso, como sempre ficava quando estava falávamos daquele assunto, aquele assunto mexia tanto comigo quanto com ele, este era um dos maiores motivos para que não nos suportemos hoje em dia, o nosso passado é cheio de coisas que não nos orgulhamos.

— Se naquela época deu certo, porque não pode dar certo agora? — Ele perguntou e eu me senti em uma daquelas comédias românticas, só faltava eu me virar e me atirar em seus braços, dizer que farei dar certo e depois nós nos casarmos e termos quatro filhinhos lindos.

E sim, eu me virei, mas não foi para isso, foi para outra coisa.

— Como pode ter coragem de sequer, mencionar esse assunto? Não percebe que está sendo idiota? Oh você é sempre idiota! — Cuspi as palavras e comecei a andar rapidamente novamente.

Mas ele foi mais rápido e me parou no meio do caminho, eu estava me irritando muito com aquilo, ou melhor eu já estava irritada, maldita velocidade de atletas!

— Qual é Mel! Não estou te pedindo em casamento, só estou pedindo uma chance de sermos amigos! É tão difícil assim? — Ele perguntou agora parecendo mais calmo.

— É sim difícil, você sabe muito bem o que aconteceu da última vez que fomos amigos e eu não quero reviver aquilo, nunca! Contente-se comigo te suportando e ficaremos bem. — Respondi por último e abaixei a cabeça.

Matt pareceu pela primeira vez, triste, ele era um misto de tristeza e decepção e eu o entendia, nós um dia fomos amigos, mas conseguimos destruir a nossa própria amizade, a culpa não foi só dele ou só minha, foi de ambos, eu sabia que era triste cruzar com alguém que já foi seu amigo e eu sabia que a sua forma de se curar disso tudo, era fazer bullying comigo até não querer mais, eu estive bem todos esses anos, mas naquele momento, eu parecia estar revivendo aquilo tudo.

— Conversamos amanhã, Hamilton. — Respondi séria e ele se virou, caminhando para a sua casa.

Respirei aliviada por ele ter ido, mas ao mesmo tempo, senti um aperto no peito, pois lembrar daquilo sempre me causava isso.

Fui correndo para o meu quarto e logo tratei de verificar se a janela estava fechada, pois não queria ver Matt tão cedo, ser amiga dele não é uma coisa que eu possa ser, não fui eu quem escolhi e sim o destino, não é algo que eu possa escolher.

Sempre o odiei sem motivo algum, mas por um tempo, cerca de 2 meses, nós fomos amigos e todo nosso ódio se transformou em uma linda amizade que durou esse tempo, mas depois de um acontecimento, a única coisa que eu pude ter certeza, é de que não nascemos para ser próximos, nascemos para ficar ficar longe um do outro, e é isso que deve acontecer.

Não vou desistir de nosso acordo, mas deixarei claro de que não podemos ser amigos, não quero passar por tudo aquilo novamente.

Deitei em minha cama e logo peguei o meu celular, meu Whatsapp estava novamente congestionado de mensagens, abri a primeira conversa, era Vanessa.

Vanessa Migs: Você tá com o Matt? Vocês estão se beijando? Ele está com a mão na sua bunda? Diz que sim! Diz que sim!

Soltei uma gargalhada quando me deparei com aquela mensagem, Vanessa sempre sendo ridícula, ela é obcecada pelo Matt, mas ele nunca deu qualquer esperança para ela, eu sentia muita pena dela, mas eu sabia que ela não gostava dele de verdade, era só mais uma que o ajudava a se sentir ainda mais "foda".

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Eu: Não seja ridícula, sabe que não deixaria ele tocar no meu bumbum.

Respondi e percebi que aquela idiotice tinha trago o meu humor de volta, eu já não estava tão mal humorada, mas mesmo assim, ainda estava pensando no maldito dia na casa da árvore.

Realmente algumas coisas não podem ser esquecidas, por mais que elas nos doam muito, não somos nós que mandamos em nossos cérebros e muito menos em nossos sentimentos, ah os sentimentos! Sempre sendo maus com todo mundo!