O Acordo Perfeito

Like I'm Gonna Lose You


— Como assim suspenso? — perguntei aflita.

— Estou mesmo suspenso e aposto que o Mike também está. O Wallace não aceita brigas — Matt respondeu calmo demais para alguém que iria perder o jogo da sua vida.

Tinha coisa ali.

— Estou te achando tranquilo demais com tudo isso. Esse não era o jogo da sua vida?

— Era sim, de certa forma ainda é, mas quer saber? Não me importo tanto assim mais...

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Fiquei sem palavras.

— Você é bipolar ou o que? Até ontem esse era o "grande dia" e agora age como se não desse a mínima. Pode me explicar? Eu não entendo — falei e ele sorriu e me puxou.

Seu abraço era tão bom e relaxante, que por alguns segundos desejei não sair dele. Mas Matt estava muito estranho e eu simplesmente não conseguia compreender aquilo. O que estava acontecendo? Saí de seu abraço e me sentei na cama. Olhando em seus olhos azuis.

— Por favor, me diz o que está acontecendo — pedi.

— Não está acontecendo nada, ok? É só que eu prefiro não esquentar mais a cabeça, se posso passar o dia com a minha namorada estressadinha.

Não pude conter o riso. Sabe que quando estamos apaixonados ficamos bobos? Eu simplesmente não conseguia não sorrir com aquele tipo de comentário. Matt era mesmo uma pessoa maravilhosa. Colei nossos lábios e ele pareceu surpreso. Passei meus dedos pelo seu pescoço e o puxei mais ainda pra mim. Aquele não era um beijo técnico ou um beijo selvagem, era um beijo de puro amor. Tá, isso foi meloso demais.

— Vou fechar a porta — Matt falou entre beijos.

— Eu não vou transar com você, querido — afirmei.

— Ok — ele disse.

Matt fechou a porta e em seguida tirou seu uniforme. Em segundos ele vestia apenas uma cueca vermelha com um dragão preto desenhado. Exótico. Meus olhos não conseguiam se desprender de seu corpo e logo já queria fazer coisas inadequadas. Ele se deitou lentamente e eu continuei sentada. Minhas coxas estavam à mostra e logo ele estava as beijando. Me senti quente segundos depois e meu namorado sorriu. Não consegui deixar de notar o volume em sua cueca e logo estava mordendo os lábios.

Me deitei ao seu lado e não demorou para que eu o beijasse novamente. Matt puxou meus braços e os colocou em volta de seu pescoço. Me puxou pela cintura, encaixando nossas pernas e voltou a me beijar. Lentamente ele acariciou minhas coxas e levantou meu vestido. Enfiei minhas mãos em sua cueca e o senti quente contra minha pele fria. Matt sorriu com meu gesto e enfiou sua enorme mão em minha calcinha. Gemi.

— Você disse que não ia transar — Matt sussurrou em meu ouvido.

— E eu não vou mesmo.

— Tem certeza? — ele introduziu um dedo dentro de mim.

Revirei os olhos. Aquilo era ótimo.

— Tenho — afirmei com a voz baixa.

Matt mexeu com seu dedo dentro de mim vagarosamente e em movimentos circulares. Eu estava quase implorando por mais daquilo, mas me mantive firme. Eu não transaria com ele.

— Se você não quer, ok — ele disse risonho e tirou minha mão de dentro de sua cueca.

Tirei o meu vestido, ficando apenas de calcinha e sutiã. Me virei de costas para Matt, que me apertou contra seu corpo. Aquilo foi um erro, pois fiquei com mais vontade ainda de transar com ele.

— Mel? — ele me chamou.

— Oi.

— Você quer mesmo ser atriz? — ele perguntou e eu fiquei no mínimo pasma.

— Quero sim, porquê?

Matt se levantou repentinamente e se sentou na cama fitando o nada. Ele parecia no mundo da lua. Parecia que algo de alguma forma estava o atormentando.

— Você está bem, Matt? Parece estranho demais... — falei enquanto acariciava suas costas nuas.

Ele apenas suspirou e virou-se para mim. Algo com certeza estava o incomodando, mas não parecia ser nada que eu entendesse.

— Você sabe que esse é um emprego meio concorrido né? — ele perguntou olhando em meus olhos.

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— Eu sei, mas se você quer saber, as minhas chances de fracassar são as mesmas que as suas.

Ele riu.

— Não são não Melzinha, mas essa não é a questão por aqui.

— E qual é a questão?

— A questão é que eu me pergunto todo santo dia em como ficaremos juntos no futuro com esses nossos sonhos malucos! Isso está me deixando louco! Tão louco que eu não me importei em perder o jogo da minha vida! Tão louco que recusei um convite para jogar na Rússia! — Matt exclamou.

Jogar na Rússia? Ele não pode. Uma forte dor de cabeça me tomou, ele não poderia fazer aquilo comigo, ou melhor, com nós. Eu nunca o perdoaria, mas ele disse que recusou. Respira, Melanie. Pensando bem eu acabaria fazendo o mesmo seguindo minha carreira de atriz. Uma dor de cabeça mais forte me tomou. Apenas o pensamento de terminarmos já me deixava atônita.

— Você recusou? — perguntei.

— Não exatamente, mas não fui fazer o primeiro teste e acho que isso deixou claro que não me interessei.

— Mas isso facilitaria muito as coisas pra você. A escola de vôlei russa é uma das maiores do mundo, sem contar que você ganharia muito respeito com isso e... — ele não deixou eu terminar.

Matt pôs um dedo em minha boca e me abraçou. Aquele abraço partiu meu coração. Havia uma espécie de despedida ali e isso estava me incomodando. Lágrimas desceram de meus olhos e quando eu pude perceber, estava chorando como uma criança. O amor machuca, não é mesmo?

— Ah Mel! Não chore... não sei lidar com mulheres chorando — Matt sussurrou em meu ouvido.

Soquei seu braço com força e ele fingiu dor.

— Você bate como uma menina — ele me provocou.

— Obrigada! — falei finalmente enxugando minhas lágrimas.

Levantei da cama e me vesti. Matt fez o mesmo.

— Você é uma feminazi agora? — ele me provocou novamente.

— Eu sou feminista sim e todas as mulheres deveriam ser. Se não nos unirmos nunca conseguiremos nada — respondi e ele fingiu uma expressão de surpresa.

— Adeus ideias de te levar pra Rússia pra lavar minhas cuecas!

Mostrei o dedo do meio e já estava pronta pra revidar seu comentário machista quando alguém bateu na porta. Nos entreolhamos e como estávamos vestidos, Matt mandou que a pessoa entrasse.

— Oi gente! Só vim avisar que a mesa do café já está pronta — a minha amada sogra falou e logo saiu do quarto.

Matt sorriu pra mim e eu sorri de volta. Ele parecia melhor agora e eu também estava. Sentei no chão enquanto Matt estava em pé, ele me olhou confuso e eu puxei uma de suas pernas. Ele caiu no chão e eu caí na gargalhada. Um grandalhão de dois metros caindo de bunda no chão é uma cena muito engraçada.

— Filha da puta! — ele me xingou, agora deitado no chão.

Sentei de lado em suas coxas e ele logo me lançou um de seus sorrisos maliciosos.

— Isso é pelas suas cuecas sujas que terei que lavar, canalha machista!

— Era brincadeira Mel, nunca faria isso com você! — ele protestou.

— Eu sei que não faria, mas é bom que você não vai mais falar esse tipo de coisa! Não enquanto lembrar da dor que sentiu no seu amado bumbunzinho lindo!

— Para com esses papos doces de bumbunzinho, está me confundindo com o Henry?

— Não, amorzinho.

Eu me levantei e ele também. Não perdi a oportunidade e apertei sua bunda com força, como ele amava fazer comigo.

— Ai! Você tá assistindo muito The Orange Is The New Black!

Dei uma gargalhada e desci as escadas sentada no corremão. Lembrei de que quando minha mãe conheceu meu pai ela caiu em cima dele dessa forma.

— Parece que alguém está feliz... — a senhora Hamilton comentou e eu concordei com a cabeça.

— Muito! Laranja sempre foi minha cor predileta — respondi piscando um olho para Matt que tinha acabado de chegar.

— Medo de você — ele exclamou indo para cozinha.

Andei atrás dele e quando ele percebeu minha presença parou e me esperou. Parei ao seu lado e ele rapidamente me pegou no colo e me deixou de cabeça para baixo. Meu cabelo caiu todo em meu rosto e a minha calcinha com certeza estava aparecendo.

— Maldito! Me solta, estou de vestido! Minha calcinha está aparecendo! — gritei e ele não se moveu.

— Quer mesmo que eu te solte? Você vai sentir uma tremenda dor, muito pior que anal, te garanto! E não estou vendo nada que já não tenha visto.

— Por que você sempre associa tudo a sexo? — perguntei e ele riu.

— Boa pergunta.

— Bonita calcinha, Melanie — minha sogra passou e comentou.

Se antes eu já devia estar vermelha, naquele momento eu devia estar roxa. Depois de me debater bastante, Matt me pôs no chão sã e salva. Mais ou menos.

— Viu? Mamãe gostou da sua calcinha! — ele debochou e eu lhe dei um chute.

— Imbecil!

— Não a culpe por gostar, eu também gostei, mas te prefiro sem!

Matt hoje parecia muito com o Matt imbecil de meses atrás. Eu odiava admitir, mas eu o amava assim.

Nos sentamos na mesa e eu observei Matt atacar a comida sem piedade como sempre fazia. Quando ele viu que eu observava, jogou beijos pra mim. Eu fingi pegá-los no ar e grudá-los em meu peito. Ele riu e eu também. Estávamos bobos demais, mas eu sabia que isso era uma forma de adiar nossos futuros problemas.

— Não vai comer? — ele perguntou.

— Te observar comendo parece uma boa opção. Você come feito um obeso.

— Corrigindo você, como feito um atleta — ele respondeu piscando um de seus olhos azuis.

Enchi meu copo de café e peguei uma bolacha de chocolate. Ele então passou a me observar mastigando o biscoito como se aquela fosse a cena mais erótica do mundo.

— Que foi? Agora mastigar é erótico?

— Não, mas o formato da sua boca é. Nem posso falar no que imagino sua boca fazendo... — ele falou sorrindo malicioso e eu joguei uma bolacha em seu rosto, mas ele a pegou e comeu.

— Pare de ser pervertido!

— Não consigo, amor.

— Tente que consegue, amor.

Então aconteceu de novo, o telefone de Matt tocou e ele pareceu nervoso ao ver o número. Meu namorado se levantou e atendeu.

Minha sogra se sentou ao meu lado e pareceu preocupada.

— Você sabe quem é? — ela perguntou e eu neguei.

— Não tenho ideia.

— Eu estou ficando preocupada com isso — ela comentou.

— Eu também - concordei me levantando. — Diz para o Matt que eu tive que ir embora.

Ela assentiu e eu saí da casa dele.

Cheguei em casa e logo Cory veio em minha direção. Foi aí que me dei conta que ele estava no jogo. Graças aos céus Breeze não estava ali.

— O que aconteceu com o Matt? O cansou tanto que ele não teve forças pra jogar? Maninha! Você é mesmo um perigo — Cory exclamou.

— Vai se foder! Onde estão nossos pais? — perguntei.

— Saíram, mas não sei pra onde foram. Acabei de chegar.

— E aí? Ganhamos? — perguntei novamente, estava curiosa.

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— Sim, mas com muita dificuldade. O que aconteceu com o Matt e o Mike?

— Foram suspensos. Estavam brigando — respondi lembrando da cena.

— Uau! Que fofoca quente! — ele comentou e eu não conti o riso.

— Isso foi muito gay.

— Boba! — ele disse me abraçando.

O Cory podia ser um babaca, mas ele ainda era o meu irmão e querendo ou não, eu o amava.

— Onde está a Breeze? — perguntei.

— Na casa dela. Terminamos.

Quando ele falou, eu não consegui não gritar. Pelo menos uma coisa estava indo bem na minha vida. Tudo bem que eu já estava aprendendo a gostar dela, mas se eu podia ficar longe dela, seria melhor pra mim. Toda vez que eu a via parecia que eu estava vendo a sua maldita tia Diana e daquela forma eu nunca gostaria dela.

— Percebeu que não curte ruivas? — questionei divertida.

— Não. Ela que terminou comigo. Percebeu que gosta de loiros.

Loiros? Não entendi, mas achei melhor não perguntar nada.

— Interessante. Agora pode dar uma chance para a Vanessinha...

— Nem começa.

— Por que não? Ela é gata! — exclamei e ele sorriu de lado.

— Somos gêmeos, mas não temos necessariamente o mesmo gosto — ele afirmou e eu assenti. Não tínhamos mesmo.

Porém, eu sabia que bem no fundo ele gostava da Vanessa. Nem que fosse só um pouquinho e se eu podia juntá-los, a hora era essa.

— Mas Cory, a Vanessa é louca por você. Dê pelos menos uns beijos nela.

— Dou claro, ligue pra ela e chame para irmos ao shopping — meu irmão sugeriu e eu sorri.

— É o que farei — afirmei contente.

Operação cupido, lá vou eu.