Lílian Não Mora Mais Aqui

Capítulo único


1971

Petúnia tinha um costume que seus pais gostavam muito (mais por acomodação).

A porta, por alguma razão inexplicável, é um local mágico para Petúnia. Quando pequena, ficava deslumbrada como as pessoas sumiam e desapareciam por ela. Como aquela madeira a impedia de ver e escutar o outro lado. Era por lá que seu pai chegava após o trabalho com brinquedos novos, era por lá que sua avó chegava, sempre com um sorriso indestrutível, era por lá que as cartas chegavam também.

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E por lá também chegavam as visitas.

Mas raramente eram para ela.

— Bom dia, Lílian Evans mora aqui? — o garoto de cabelos negros não conseguia olhar nos olhos da pequena Petúnia, ao contrário dela, que o analisou por completo.

— Quem é você?

— S-Severus Snape. — disse ele, apertando as mãos.

— E o que você quer com ela?

— Petúnia, não seja mal educada. — Lílian apareceu atrás da irmã, sorrindo para Severus. — Vamos Sev, entre, quero te apresentar para minha mãe, falo muito de você para ela!

Petúnia odiava quando Lílian simplesmente aparecia e sequer fazia o ritual, apenas arrastava a pessoa casa adentro, ela sentia que ia ter um colapso nervoso. Fechava a porta com raiva e seguia para seu quarto, ignorando a visita da irmã.

1972

— Olá! — sorriu a garota. — Lílian está?

— Quem é você?

— Sou a Mary e você?

— Você também é uma aberração? — A garota de cabelos crespos ergueu as sobrancelhas antes de sorrir.

— Wow, é assim que trata as visitas?

— Só as aberrações. — retrucou Petúnia. Havia brigado com a irmã o verão inteiro, a última coisa que queria na vida era ficar perto dos amiguinhos estranhos dela.

— Mary! — sorriu Lílian, empurrando Petúnia para fora do caminho. — Entre! Desculpe por ela, a educação não chegou para todos.

A irmã mais nova respirou fundo, tremendo de raiva, fechou a porta e desejou ser uma aberração também, apenas para tocar fogo nos cachos da garota negra abraçando Lílian como se fossem irmãs que foram separadas na maternidade.

1973

— Bom dia.

— Bom dia. — Petúnia sorriu para o garoto a sua frente. Ele era simplesmente encantadoramente bonito, mesmo com aquelas roupas visivelmente gastas e remendadas. Suas mãos machucadas não paravam quietas dentro do bolso de suas calças.

— Eu... Bem, eu gostaria de saber se sua irmã está. — Petúnia uniu as sobrancelhas. — Oh meu Deus, perdão, eu sou tão mal educado, me perdoe...

Ele tirou sua boina surrada e deu a mão para Petúnia.

— Remus Lupin. — sorriu ele.

— Petúnia Evans. — ela apertou a mão dele, então seu sorriso aumentou. — Você... É amigo de Lily?

— Sim... Da escola. — O sorriso de Petúnia vacilou, mas Remus sabia o antidoto para sorriso falhos. — Ela me falou muito bem sobre você. Me disse que você é muito inteligente e anda de patins melhor que qualquer pessoa.

Petúnia sorriu, então Lily a abraçou por trás, sorrindo para o garoto.

— Eu posso te ensinar. — sorriu ela.

— Depois que nós vermos o filme do nosso "cineclube de duas pessoas". Você pode ver conosco se quiser. — convidou Lílian.

Então ele pediu permissão com os olhos antes de atravessar a linha da porta, o que deixou Petúnia respirar tranquilamente enquanto a fechava. Havia pessoas que sabiam respeitar linhas.

1974

— Ah, e aí. — o garoto olhou para os lados desconfiados, tentando olhar através dos ombros de Petúnia. Ela analisou sua camiseta do Led Zeppelin em silêncio absoluto. — A Evans mora aí?

— Quem é você? — questionou Petúnia, irritada. Então o garoto parou de olhar para dentro da casa e olhou-a nos olhos, o que deixou a garota envergonhada, pois ele era bem bonito. Ele sorriu lentamente, era um sorriso zombeteiro e debochado.

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— Alguém... E você?

— Vou chamar a polícia. — o garoto ergueu as sobrancelhas, impressionado, mas ainda com o sorriso debochado.

— Ahhhh, é assim que trata seus vizinhos? Eu acabei de me mudar, ali, pra última casa. — o garoto apontou para o fim da rua, com uma das mãos na cintura. — Eu vim conhecer meus vizinhos, mas já vi que essa vizinhança é uma furada, vou me mudar novamente...

— Aquela casa é um asilo. — o garoto ficou em silêncio, tentando encontrar algo para responder Petúnia.

— Bem... Eu tenho aquela doença do Benjamin Button...

SIRIUS! — Lílian pareceu um furacão pelo corredor, tirando Petúnia da porta. — O que está fazendo aqui!?

Ela tentou bater no menino, mas ele saiu correndo, assobiando. Então um outro garoto saiu detrás um arbusto, na entrada da garagem da casa. Lílian segurou o riso depois de xingar os garotos e entrou na casa, puxando Petúnia pela mão.

1975

Petúnia abriu a porta para Severus Snape.

— O que você quer?

— Eu... Eu preciso falar com a sua irmã. — ele tinha seus olhos vermelhos e inchados. — Por favor, Petúnia.

— Ela não quer falar com você. — e fechou a porta. Algumas pessoas Petúnia sequer podia pensar na possibilidade de deixar passar da linha onde separa ela do mundo. Muitas vezes é por ela, às vezes, como essa, é por Lílian.

1976

— Olá. — o garoto sorriu. — Você deve ser a irmã da Lily.

— Quem é você?

— Sou o namorado dela. — ele deu a mão para que Petúnia apertasse. — Louis... Ela já deve ter falado de mim pra você.

— Nunca nem comentou. — Petúnia deu de ombros, sem apertar a mão do garoto, que lentamente a recolheu com um sorriso desestruturado, colocando-a no bolso. Sua cor escura combinava perfeitamente com os olhos castanhos, apesar de Petúnia achar que seu estilo de cabelo não era das melhores.

Ele limpou a garganta, ainda sem graça.

— Será que pode chama-la?

— Depende. — Petúnia reprimiu um sorriso.

— Desculpe? — ele uniu as sobrancelhas.

— Depende se você vai prometer cuidar muito bem dela. — Antes do garoto aparecer, Lílian apareceu atrás de Petúnia, pegando a mão do namorado. Ele não respondeu nem mesmo no jantar, mas atravessou a linha para dentro da casa, o que deixou Petúnia extremamente incomodada.

Mais do que quando ouviu os dois transando durante a noite.

1977

Yo! — sorriu o garoto de óculos. Ele apontou para ela como se fosse retardado. — Você deve ser a Petúnia Evans!

— Quem é você?

— Adivinha! — riu ele. Como se não pudesse ficar pior para Petúnia, ele deu um pequeno giro, quase desequilibrando-se em seguida. Ajeitou os óculos, ainda sorridente. Ele parecia a ponto de explodir de animação. — Sou o namorado da sua irmã!

— E você tem um nome?

— Sim. — sorriu ele. Então percebeu que tinha que responder. — Ah, desculpe, sou James Potter.

— O que você quer? — ele olhou para os lados, debochado.

— Hm... Entrar? Falar com a sua irmã, bater um rango e tal?

— James! Você chegou duas horas antes do combinado! — Lílian apareceu ao lado da irmã, de braços cruzados, ainda com o cabelo na touca de hidratação. O garoto olhou seu relógio de pulso rapidamente.

— Desculpe, Sirius estava com Marlene lá em casa e os dois estavam fazendo aquele barulho nojento porque eles não conseguem beijar sem fazer barulho, era vir mais cedo ou me suicidar, eu preferi a primeira opção. — Lílian gargalhou, pegando na mão de seu namorado. Ele atravessou a linha lentamente, com um sorriso para Petúnia, que não retribuiu. Ele era autêntico e descontraído. O que fez Petúnia desconfiar dele.

Mas ficou em silêncio o jantar inteiro.

1978

Petúnia abriu a porta para um Severus desesperado.

— Por favor, chame Lílian.

— Ela não... — Ele apertou seu braço.

— Não deixe ela se casar com ele. — Mas Petúnia afastou-o bruscamente, fechando a porta em sua cara. Ficou em silêncio, observando a sombra de Snape ficar sob a linha. Era como se ele não pisasse mais ali, mas ainda assim, ainda estivesse impregnado. Também não queria que ela se casasse.

Virou e viu a irmã no corredor, olhando a porta com tristeza.

1979

— Encomenda para Lílian Evans.

— Lílian não mora mais aqui. — ela fechou a porta da casa, voltando para a sala, onde seu marido a esperava. Sentiu-se mortificada. Olhou as malas no corredor, estava de mudança.

Sentiu seu coração partir em dois.

Aquela frase ainda soava estranha.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.