O trapaceiro

O trapaceiro - 26 - Talk - Conversar.


— Como assim? - Perguntei um pouco confusa, afinal, minha mãe sempre evitava de falar do meu pai, apesar de antes dele morrer eles ainda estarem bem e juntos.

— Seu pai...- Ela engoliu em seco e eu franzi o cenho confusa.

— O que, mãe? - Perguntei já totalmente nervosa, ela estava enrolando muito... E enrolar, nunca era um bom sinal.

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— Ele era viciado em jogos... Só fui descobrir isso, algumas semanas depois de sua morte, ele deixou várias dívidas, com vários agiotas... - O que? Meu pai?

— Mãe...- Eu neguei com a cabeça e olhei para os lados, como se procurasse por alguma câmera escondida. - Isso não pode ser verdade! - Forcei uma risada e minha mãe foi tomada no mesmo momento por uma tristeza, que droga, como eu nunca percebi? Minha mãe aguentou isso por tanto tempo.

— Eu queria que não fosse! - Disse ela, um pouco amargurada.

— Mas nós podemos dar um jeito! - Eu disse enquanto apertava a mão dela com um pouco mais de força.

Eu não queria que aquilo fosse verdade, eu sempre tive uma imagem totalmente diferente do meu pai, sempre o idealizei como uma pessoa boa, um homem perfeito... Mas pelo visto, tudo não se passava de ilusão, até porquê, qual tipo de pessoa "boa" deixa a família nessa situação, agora tudo estava fazendo sentido... Ele sabia, ele sabia que poderia nunca mas voltar.

- Eu queria te dizer que sim, mas infelizmente eu não estou mais dando conta de tudo, as dívidas só aumentam... - Ela não se aguentou e voltou a chorar.

— Mãe! - Engoli em seco e comecei a me desesperar, eu faria o possível e o impossível para pagar qualquer dívida que fosse.

— Querida, me desculpe...- Ela exclamou decepcionada...

Olhei para os lados, afim de não cair no choro também, eu precisaria ser forte, precisaria dar apoio a ela... Como ela conseguiu guardar essa história pra si por tantos anos?

— Qual é o valor? - Ela me olhou receosa e então hesitou em responder, mas acabou falando.

— Cerca de 28 mil. - olhei pro teto e encostei a cabeça no sofá, agora a dúvida era... Como eu iria conseguir tanto dinheiro? - E pra piorar, ele me deram um prazo pra pagar... E eu não sei onde vou arrumar esse dinheiro.- A cada segundo, tudo piorava...

Era incrível que sempre quando eu estava feliz, algo de ruim vinha e estragava tudo.

- Você pode pedir por mais tempo! - Levantei a cabeça e a encarei.

— Já pedi, eles estão bravos e me ameaçando!- Engoli em seco mais uma vez e suspirei.

— Vamos a polícia, eles vão resolver. - Tentei ao máximo achar uma solução para aquele problema, mas nada parecia funcionar.

— Querida, você não sabe nada da vida. Se eu contar alguma coisa, pode ser que eles descubram e façam algum mal a você e o seu irmão. - Ela falou um pouco alterada.

— Eu posso te ajudar, eu tenho algum dinheiro guardado... - Ela me olhou confusa e então, eu expliquei... Falei tudo, do começo ao fim... Da aposta, da trapaça... Tudo!

A princípio, ela não entendeu... Mas depois acabou aceitando, afinal, tinha dado tudo certo entre eu e o Damon, mesmo com esse início um pouco conturbado.

♥ ♥ ♥

POV Damon.

É claro que eu não consegui dormir depois que Elena voltou pra casa, fiquei preocupado com o que poderia acontecer com ela... Pensei em ignorar o que ela me disse e ir atrás dela, mas antes que eu concretizasse a ideia, como se lesse os meus pensamentos, minha mãe entrou no quarto furiosa.

- Damon! - Ela gritou. - Quantas vezes eu já te disse pra não fazer essa casa de motel. - Eu tive vontade de rir, até porquê, minha mãe não iria conseguir me irritar, pelo menos não hoje, eu tinha tido a melhor noite da minha vida.

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— Ela é a minha namorada, nada mais natural que isso! - Ela me olhou incrédula e então se aproximou da minha cama.

— Como você é abusado, menino! - Ela me encarou raivosa, suspirei e fechei os olhos para não ter que ficar encarando-a, talvez assim ela se sentisse incomodada e me deixava em paz. - Mas... Não se sabe por quanto tempo esse romancezinho de vocês vai durar, então... Não traga essa menina pra cá, ainda mais para fazer esse tipo de coisa. - Abri os olhos e franzi o cenho... É sério?

— Mãe, eu espero realmente que isso não aconteça e espero também, que a senhora um dia pare e pense em tudo o que você fez e está fazendo... Tá ridículo! - Fui sincero. - Tente dar uma chance pra si mesma e pra Elena, não sabe a pessoa maravilhosa e inteligente que está deixando de conhecer.- Ela não disse mais nada, apenas se virou e saiu...

O tempo estava passando e o fato que eu estava namorando a Elena e não a Katherine, estava acabando com a minha mãe... Meu pai não se importava, afinal, ele era um cara legal, mas só se importava com o bem-estar da empresa, que agora, já estava lucrando como antes, mesmo depois de eu ter assumido pra todos que eu não tinha coisa alguma com a Katherine... Não sei o que aconteceu, só sei que deu certo.

Algo me dizia que tinha dedo da Katherine, acho que ela estava começando a aceitar que... Eu e ela, não iria rolar de novo. Ela é o tipo de garota que é dominada pelas pessoas, não tem uma opinião própria, por isso, na maioria das vezes acaba sendo o que os outros acham que ela é... Uma megera, mas no fundo... Ela não é essa Katherine malvada, só precisa se encontrar e ser ela mesma!

♥ ♥ ♥

Já era noite quando Elena finalmente me ligou, eu estava num barzinho com o Klaus, Stefan e Kai. Assim que vi que era ela, sai de perto deles pra poder ter um pouco mais de privacidade, já que eles são idiotas e não deixariam que eu conversasse direito com ela.

— Amor... - Sorri ao dizer.

- Oi... - Ela limpou a garganta e então me falou em um tom sério. - Precisamos conversar.

Isso não era um bom sinal...