Seven Lifes

VI - Bomb


23:32

16 de junho, 2013

4 vidas

Annabeth se sentia viva.

Era estranho, mas conhecer todas aquelas pessoas fora como poder viver tudo o que havia perdido devido à si mesma.

Saíra da escola com seus sete anos, quando Atena Chase falecera de uma doença degenerativa, e começou a aprender com os melhores professores particulares. Seus amigos foram filhos de traficantes ou eles próprios, como o caso dos Stolls. Suas paixões, não passavam de noites de luxúria em troca de drogas.

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E o resto? Bem... era apenas resto. Passava o tempo preocupada com as doses, presa em sua mente que aos poucos apodrecia.

Mas estar com aquelas pessoas, por mais podres que elas fossem, era maravilhoso. Afinal, a podridão faz parte da humanidade, às vezes numa porcentagem menor e às vezes numa maior; mas no fim, o que importa, é a humanidade que eles têm, independente da podridão que se esconde nela.

E ela amava aquela humanidade.

Não importava o quão cedo fosse, não era difícil para Annabeth amar com tamanha rapidez as primeiras pessoas que a fizeram se sentir assim.

Sentia que os estilhaços de sua mente estavam sendo colados lentamente. Nunca voltaria a ser a mesma, mas ela também não queria.

Podia ter se tornado uma pessoa nojenta, louca, ou qualquer outra coisa. Uma das únicas coisas da qual era certa em sua mente, era o fato dela aceitar quem fora e quem se tornara. Não trocaria aquela Annabeth por nenhuma outra, fosse ela podre ou não.

Bomba... talvez aquela fosse uma boa definição. Ela era apenas uma bomba, que havia explodido; mas não havia ninguém por perto para se machucar, além de si mesma.

E sempre que uma explosão acontecia, uma nova contagem regressiva se iniciava.

Queria poder ver se aquela estava próxima do zero.

*

Percy Jackson dormia, sem imaginar que aquela ação seria seu maior arrependimento.

Estava deitado em sua cama. Olhou para baixo, vendo um pijama de flanelas.

Ele era uma criança.

Um barulho incessante o incomodava profundamente, como se não fosse um telefone, mas algo muito maior, muito pior.

Levantou, incomodado, e seguiu o barulho.

Havia sangue na sala-de-estar elegante e enorme, ao lado do aparelho.

Receoso, caminhou até lá e o atendeu. Suas mãos tremiam, e Percy não fazia a menor ideia do por que.

Milhares de berros invadiram seus ouvidos, assustando-o. Sob eles, havia uma risada.

Seu coração batia freneticamente, o desespero pareceu o invadir, como se viesse das pessoas que berravam.

– Diga à ela que ainda não acabou.

Lágrimas escorriam pelas bochechas de Percy.

Ele entendera exatamente o que aquilo significava, e quase pôde sentir a água da tempestade caindo em seus ombros.

*

Nico abrira a porta dos “quartos” – que era apenas uma sala enorme cheia de travesseiros sujos, onde eles dormiam de forma improvisada – com um chute, a raiva estava o consumindo.

O que você fez com o Percy, sua vadia?! – Berrou. Tinha lágrimas em seus olhos que pareciam estar ainda mais escuros.

Annabeth se assustara.

Estava confusa, mas tais palavras a atingiram como facas.

– O que? O que aconteceu com ele?

O garoto socou a parede, encarando o chão.

Queria dizer que ela sabia, queria poder culpá-la, mas era possível ver nos olhos cinzentos da loira de que ela estava mais confusa que ele.

Porra!

– Me fala o que aconteceu! – A garota já se levantava às pressas, prestes à ceder ao desespero. Nico sempre parecera calmo aos olhos dela, por isso tal reação apenas deu a entender que algo sério havia ocorrido.

O moreno abriu a boca para falar algo, mas foi interrompido por uma voz irritada.

– Já disse que estou bem! – Percy voltou seus olhos para Annabeth, e abriu um sorriso. – Bom, temos que conversar.

Di Angelo apenas saiu do quarto em silêncio.

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– Percy, o que...

A loira se calou ao sentir os braços do garoto a envolverem num abraço apertado. Podia sentir seu coração bater, acelerado.

Estava surpresa demais para ter qualquer reação além de arregalar os olhos e perder o controle de sua respiração.

Ele se afastou, pegou nos pulsos da loira e os colocou delicadamente em volta da própria cintura.

– É chato abraçar e não ser abraçado de volta. – Sussurrou. A Chase apenas se envergonhou mais ao sentir-se arrepiada.

As ondas a abraçaram novamente e Annabeth não podia estar mais feliz.

Mas sentiu-as se afastando, e o resto dos destroços de seu castelo pareceram mais pesados ao ouvir aquelas palavras.

Ele está procurando por você.

*

– Só pode ser isso! – Leo era o único empolgado dali. – Então, fechou. Vamos atrás do velho descobrir o que ele fez com eles.

– Não é tão simples assim, Valdez. – A voz de Piper soou fria, o que era raro de se ver. – Ele foi capaz de interligar Percy e Annabeth através dessa droga, com um sonho. Ele é poderoso, e com certeza vai poder usar isso contra eles. Primeiro, temos de descobrir o que é isso.

– Não tem nada nesse sonho que mostre alguma coisa? Deve ter alguma coisa que vocês possam fazer. Sonhos são moldáveis, não são? Por que não tentam moldá-lo para obter respostas? – Sugeriu Thalia. Parecia cansada demais para colocar alguma reclamação no meio da frase, como sempre fazia.

– Percy pode tentar. O sonho dele é o mesmo do primeiro que tive, mas o meu mudou. –Murmurou Annabeth.

– Como assim mudou? – Indagou Silena.

– A última vez que dormi, na viatura, eu não sonhei. Tive a ilusão de um acidente de carro. Vejam, Percy injetou... eu injetei apenas uma dose em Percy, e já fez esse efeito. Eu estou injetando a droga desde meus sete anos. O efeito em mim é ridiculamente maior, se realmente foi isso. Talvez a intenção dele fosse me controlar através desses sonhos. – Fez uma pausa, procurando as palavras certas. – Simulando acontecimentos que me deixem confusa entre a realidade e a ilusão.

– Faz sentido. Mas por que ele iria querer isso? Digo, sem ofensas Annie, mas não é como se você tivesse algum poder no governo ou algo do tipo que faça essa loucura necessária. – Thalia suspirou depois de se pronunciar, e se deitou no colo de Nico, este que começou a brincar com os cabelos negros da garota sem nem mesmo perceber. Ela apenas fechou os olhos, com um sorriso fraco no rosto.

– Tem algo errado. Annabeth, seu pai não começou a te dar essa droga depois desse sonho, quando você tinha sete anos? Como que Percy teve o mesmo sonho depois de ter a droga injetada?

As palavras de Jason afetaram a todos.

Tudo estava tão confuso... aquilo parecia um quebra-cabeça, do qual faltavam tantas peças que era impossível tentar juntar qualquer coisa.

– E por que ele não a levou num psiquiatra? Existem tantas respostas óbvias que vêm bem antes de considerar criar uma droga! Tem muita coisa mal explicada nisso. – Completou Piper.

Jackson se levantou abruptamente, assustando-os. Piper deu um pulo, e Jason deu uma risada abafada. Recebeu um tapa, pouco antes de passar o braço pelos ombros da garota, que não deixou de sorrir.

– Aonde você vai? – Perguntou Leo.

– Dormir. – Respondeu, firme.

*

Algumas horas se passaram quando Luke adentrou o local, envergonhado. Todos estavam em círculo, conversando entre si.

Encarou os rostos desconhecidos. Nico dissera que havia mais gente que tinha saído para uma missão e que voltaria logo.

Aparentemente, haviam voltado.

Ao lado de Jason, havia uma garota linda. Seu cabelo era repicado, com algumas pequenas tranças feitas aleatoriamente. Tinha uma pele morena e olhos... não sabia dizer. Toda vez que piscava, eles pareciam diferentes. Suas roupas eram rasgadas e velhas, como se ela tentasse esconder sua beleza nelas – em vão.

Também havia um garoto – seria um garoto? Parecia um pouco mais velho, com uma barba e cabelos ruivos. Parecia desajeitado e bem próximo de Percy.

Sabia que tinha mais alguns, mas aparentemente não estavam ali.

– Ah, Luke! – Chamou Annabeth. – Que bom que acordou. Tenho uma coisinha para te perguntar.

Ela sorriu. Tinha algo errado.

Todos ficaram em silêncio e o encaravam, como se estivessem esperando por aquele momento.

– Ahn... bem, diga, o que foi? – Nervoso, colocou as mãos nos bolsos.

– Perdemos contato há muito tempo, então você perdeu contato com meu pai também, certo? – Ele assentiu, desnorteado.

A loira se levantou, decidida.

Se aproximou de Castellan, e sussurrou em seu ouvido:
– Você me disse que era heroína.

Afastou-se abruptamente e deu-lhe um tapa.

– Como você conseguiu um frasco da droga de meu pai, Luke?