Cotidianos

O paraíso ao seu lado, o inferno dentro


Você sabe que o único motivo para as coisas não darem certo é você mesmo. E sabe que precisa mudar os inúmeros defeitos que lhe travam o voo, mas sabe o quanto é difícil desprender o piche de suas asas. E levanta e cai, mais uma vez, na mesma poça de angústia e tristeza de antes.

Você também sabe que passa uma imagem diferente do que realmente é, porque só você sabe o quanto mente para si mesmo, e para os outros, quando aparenta algo admirável, porém no fundo não é.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Aquela força e determinação que saltam aos olhos murcha no instante seguinte sugada pela preguiça junto ao medo do fracasso e mais um monte de justificativas/desculpas que você mal vê passando pela sua cabeça, entretanto sabe que está ali. Porque não há outra coisa que explique essa inércia maldita que se agarra aos ossos e o prende na lama da qual você quer sair. Porque todos os dias tem a vontade de mudar a parte ruim da sua vida, mas por que diabos é tão difícil?

Viver de sonhos fragmentados e alegres ilusões portando-se como um bobo da corte, satisfeito com o pedaço do nada que detém dentro de si. Enchendo-se de uma felicidade hipócrita que consiste no prazer de fantasiar o que deveria ser realizado. Sempre utópicos, os objetivos que deveriam ser reais.

Há algo que deveria ser arrancado ou preenchido, de toda forma há algo que deve ser mudado, inclusive essa bolha que cresce em seu peito cheia de um sentimento estranho que não consegue distinguir.

Você é o seu maior inimigo. Todos os dias quando acorda e se olha no espelho esquece-se de quem é a culpa pelos erros no meio do caminho. Esquece que o problema não são as pedras, mas sua incapacidade de passar por cima delas.

Coleciona estupidez, fracassos e arrependimentos. Encobertos por um manto de virtudes que não lhe servem de nada além de enfeitar uma personalidade dotada de defeitos que se tornam imperceptíveis a sombra de características forçadamente exibidas. Consciente, inconscientemente, por malícia, inocência, conveniência... Sabe-se lá quais os motivos que se ocultam no abismo sem fundo do “eu” que desconhece.

E a sensação de ser uma mentira entristece tanto quanto revolta. E se está em suas mãos mudar e você luta para isso e os resultados são tão mínimos quanto uma partícula de poeira. Mais uma vez você se culpa e não poderia ser diferente. Ela está lá e é toda sua.

Prisioneiro dentro de si, antagonizando o próprio reflexo. Caem por terra as convicções, agarram-lhe as pernas os temores, amarga a boca o desgosto de ser você mesmo. O mundo dá voltas dentro da sua cabeça e revolve o seu coração, rasga o ímpeto de ser e afunda, contudo não toca o vazio... Ah, quisera que tocasse! Pelo contrário, encontra mais combustível para incendiar a certeza de que vão mal os caminhos que você segue.

E então depois de despejar os medos só resta juntar o pó ou os cacos ou o que tiver para juntar e caminhar novamente. Talvez depois daquela esquina tenha algo que faça esquecer, que ajude a aprender. Talvez tropece numa flor e espete os pés, quem sabe? Estúpido, clichê, otimista... Ainda assim mantém a esperança de acertar.

Tem até o fim da vida para isso.