O Traidor do Olimpo

Anne's Sister


Nós juntamos nossas coisas e caminhamos um pouco. Quando estávamos passando pela entrada para a estação, desci um pouco a escada e vi que todos estavam normais, como se, há pouco tempo, não havia tido uma luta de três adolescentes contra uma velhinha com corpo de leão gigante.

Subi os degraus novamente e olhei para Harry.

— O que aconteceu com essas pessoas? — perguntei.— Todas ficaram cegas?

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Harry olhou ao redor.

— Não, é a Névoa — ele olhou novamente para mim. — É tipo um véu nos olhos dos mortais que impede que eles vejam essas coisas. Eles podem ver qualquer coisa, menos a verdade.

Ficamos por alguns segundos parados, sem fazer nem falar nada.

— Como vamos chegar à sua casa? — perguntei para Anne.

Ela checou a mochila.

— Não tenho dinheiro — disse ela. — Não o suficiente para pagar um táxi. Vamos ter que ir andando.

Aquilo era maravilhoso. Nada é tão bom quanto andar quilômetros no calor e ainda, com um monte de mochilas super pesadas.

— Fico feliz por você ter se recuperado rápido — disse Harry. Seus olhos estavam ainda mais cintilantes à luz do pôr do sol.

— Hum... E obrigada por não me deixar morrer — respondi.

— De nada.

Ele deu um sorriso.

— Vocês podem calar a boca? — falou Anne, que havia parado de andar. — Chegamos.

À frente, havia um enorme prédio. Devia ter, no mínimo, 25 andares. Haviam flores de todos os tipos e cores ao longo do gramado verde. Havia também uma fonte de cada lado da estrada até a porta do prédio.

Anne abriu os portões e a seguimos. Quando paramos á porta ela se abriu, como aquelas de supermercados. O piso da recepção era branco tão brilhante que parecia ter sido lustrado durante séculos.

Quando chegamos ao balcão da recepção, uma mulher de meia idade sentada á frente de um computador disse:

— Identificação, por favor — ela colocou em cima do balcão um aparelho parecido com aquelas máquinas de cartão de crédito, só que sem teclas.

Anne pegou o aparelho e pressionou seu polegar contra a tela. Houve um bip.

— Ah, sim. Srta. Bratt! — disse a mulher, sequer nos olhando.— Quem são esses?

Anne nos olhou.

— São... meus amigos! — ela disse.

A mulher nos olhou.

— Aqui está sua chave. Podem subir.

Seguimos Anne até o elevador. O prédio tinham exatamente 25 andares, Anne morava no 25º e era a cobertura. Quando a tela do elevador mostrou o número 25, as portas se abriram e nós saímos. O corredor era enorme, com chão e paredes de veludo vermelho.

Fomos até a porta que tinha uma placa que dizia 106. Anne abriu a porta. Dentro, tinha uma enorme sala de estar, quase do tamanho de todo o apartamento em que eu morava.

Parecia uma casa de campo moderna e cara em forma de apartamento.

— Anne, você é milionária? — perguntei.

Ela se encolheu, parecendo envergonhada.

— Na verdade, eu não. — Ela corou.— Mas minha mãe sim.

— Sua mãe está aqui?

Ela colocou o cabelo para trás da orelha.

— Não, ela não mora comigo.

— O quê? Você está brincando? Tem uma casa enorme só para você? Mas você tem apenas quatorze anos, não deveria morar sozinha.

Anne colocou nossas mochilas em cima do sofá.

— Diga isso à minha mãe. Ela meio que... não se importa comigo. E eu não moro sozinha...

— Você mora com quem? — Perguntei.

Ela não respondeu. Ficou em silêncio.

— Anne?! — uma voz vinda do corredor que tinha acesso aos quartos chamou. — Você esta aí?

Então, uma menina saiu correndo de lá e abraçou Anne apertado. Quando ela largou Anne — o que demorou uns dois minutos — pude vê-la direito. Elas eram realmente parecidas, mas enquanto Anne tinha seu estilo rock, usando calças pretas cortadas na altura da coxa e do joelho, tênis All Star bota que ia quase até o tornozelo, camiseta preta da banda Black Sabbath e seus olhos pretos opacos, a outra menina estava vestida em um estilo meio hippie, usando roupas com cores desbotadas e largas e compridas demais para ela, cabelos longos, na altura da cintura e tinha olhos verdes cintilantes. Fora os estilos completamente diferentes, os olhos e a provável diferença de idade, elas eram completamente iguais.

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— Harry! Quanto tempo! — Disse a garota, o abraçando também.

— É, acho que faz um tempinho. — Disse Harry, tentando respirar enquanto ela o amassava.

Ela largou Harry e olhou para mim.

— Quem é essa aqui? — Perguntou, enquanto se aproximava de mim.

— Essa é Chloe — disse Anne. — Amiguinha do Harry.

A garota me deu um beijo na bochecha.

— Olá Chloe! — Ela sorriu. — Sou Avery, irmã dessa menininha aqui. — Ela puxou Anne e bagunçou seu cabelo.

Anne tirou as mãos da irmã de seu cabelo.

— Você também é filha de Hades, Avery? — perguntei.

Anne e Avery se entreolharam.

— Não, Chloe — respondeu Anne. — Ela é mortal.

As duas se olharam novamente e riram. Eu não entendi a piada, mas também não perguntei nada.

— Então — começou Avery —, o que fazem aqui?

— Estamos em uma missão, Ave. — Disse Anne, arrumando o cabelo em um rabo-de-cavalo novamente.

— Hum, então devem estar com fome. — Disse Avery.

Com certeza estávamos. Nossa última refeição havia sido no acampamento, e nós saímos de lá já faz umas cinco horas. Fome é o que não faltava em mim.

— Venham pequenos. — Avery nos chamou até a cozinha.— Vou fazer alguns cupcakes para vocês.