Demônios

05. Escrúpulos


E para mim qualquer chance que um dia pudesse ter ocorrido com Dulce María Saviñon estava acabada.

Eu só não contava com a teimosia herdada de Fernando...

Não foi exatamente no dia seguinte, até porque as irmãs Saviñon – incrivelmente – diminuíram a dose de bebidas e festas – só pelo que aconteceu com Claudia –, mas assim que voltaram ao mesmo boteco de sempre, lá estava eu sentado num canto afastado com um copo imundo de cerveja pela metade.

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— E julga que eu e minha irmã “saímos” demais — ela disse com braços cruzados e uma sobrancelha arqueada. — Para quem diz fazer as coisas diferentes, o senhor vem me parecendo muito igual a todos!

— Eu só acho que você e sua irmã poderiam estar fazendo coisas mais proveitosas... — dei de ombros.

Ela se fez de ofendida, mas ainda assim manteve-se calada.

— Você não tem nada para fazer? — ela perguntou com aquele brilho no olhar que me fazia classificá-la como um demônio. Um brilho que não deixava que ninguém desvendasse o que se passava em sua mente.

— Na verdade não — respondi dando de ombros.

Então ela se pôs a me inspecionar, como que buscando rastros de alguma coisa que eu desconhecia.

— É bancado pela mamãe ainda? — ela perguntou com um brilho malicioso nos olhos e um sorriso nos lábios. — Porque você anda sempre bem vestido... Dinheiro deve ter.

— Eu só não esbanjo — cutuquei.

— Meu pai ganha para podermos gastar mesmo — ela deu de ombros em seu momento futilidade. — Então o que o fez tão bom para as mulheres?

Escrúpulos. Noção. Mas eu obviamente não diria isso a ela.

— Eu escrevo histórias, eu presencio momentos... Não sei, eu aprendi com o tempo. De qualquer modo a única lição que essa cidade me ensinou foi como não agir — dei de ombros. — Acho que está dando certo.

— Acha? — ela indagou com o cenho franzido.