O Olho da Tempestade

... Encontramos peste, guerra, fome e morte.


Vitória II estava sendo atacada novamente.

Acordei em susto pelo cheiro de pólvora e enxofre que se alastrava por toda a cabine, havia um furo no convés superior, as bordas exalavam gases e havia um líquido esverdeado. Ácido estava corroendo o casco, levantei da cadeira do comandante (um belo apelido), e fui averiguar o que estava havendo.

Auras se encontrava com adaga em punho e olhava para o terreno instável em torno da embarcação, Tsur-U grasnava freneticamente em sua cela e sibilava para os céus. Auras deve ter pousado a embarcação na crosta de Júpiter, pois não estávamos voando e a Vitória se encontrava em um terreno de gêiseres que exalavam algum tipo de líquido ao ar.

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Montados a cavalo em meio aos gêiseres e moinhos havia quatro seres diferentes, típicos a vestimenta vitoriana, cada um armado com um tipo de arma: arco, espada, adaga e foice. Cada um olhava seriamente a grande embarcação como se estivesse ali fosse um sacrilégio. Moinhos e seus enormes conjuntos quatro pás em rotação cobriam a superfície gélida e em explosão da superfície de Júpiter.

— Quem são eles?

— São os filhos de Apocalipse! — respondeu Auras.

— Excelente nome para o pai deles, mas a pergunta foi quem são eles.

— Não há tempo para explicação, eles são capangas de Dinamy, foram enviados para executa-lo.

Um dos cavaleiros armou o arco e atirou uma flecha.

— Abaixa! — gritou Auras.

Mas a flecha zuniu ao ar e fincou-se em uma das chaminés da embarcação, explodindo e derretendo o metal do tubo.

— Ela não aceita perder?! — gritei manobrando o martelo gigante.

— Vamos à luta! — disse Élpis surgindo ao lado com lança a mão.

— Ainda estamos em desvantagens eles são quatro e nós apenas três! — disse.

— Então teremos que improvisar... — disse Élpis.

Com a lança, libertou Tsur-U de sua gaiola, mas o mesmo não cresceu para três metros de altura, talvez a magia de crescimento ficasse para trás no Jardim de Éden. Ele apenas grasnou e correu para o convés inferior em sinal de covardia.

— É... Isso não foi o melhor improviso. Ok, plano B. Auras, estamos no núcleo sólido do planeta Júpiter, são compostos de gelo, rochas e lagos de hidrogênio em estado líquido.

— Muito esperto gênio, mas no que isto vai nos ajudar... — perguntou indiretamente Auras se abaixando quando outra flecha voou em direção à nave.

— Detenham por um tempo, lute com eles fora da embarcação, pelo beijo de Auras, eu não sou afetado por clima, gravidade, pressão e respiração. Ótimo! — disse — Precisamos de munição pesada e sei onde posso arranjar!

Auras e Élpis trocaram olhares e tiveram uma conversa silenciosa, depois voltaram seus olhares a mim, e balançaram a cabeça em confirmação.

— Qualquer quer que seja o seu plano, faça rápido! — solicitou Auras, descendo da embarcação a superfície de Júpiter, partindo em combate.

Élpis não disse nada, apenas lançou um olhar furioso e saltou do navio logo atrás de Auras. Muito bem, corri de volta ao convés inferior e procurei o material disponível, encontrei alguns tubos de metais que possuíam orifício, cordões, e substância guardados em armários trancafiados a cadeado.

Remexi os bolsos do cinto e encontrei um molho de chave, abri os cadeados e revirei os frascos, existiam substâncias inflamáveis, me perguntava como aquilo ainda não explodiu ao ataque. Havia barris de nitroglicerina no restante do convés, pólvora, compostos de estrôncio, lítio, sódio, cobre, etc.

Levei todo o material à bancada de trabalho, eu entornei com papel, a pólvora e prendi aos tubos de metais, onde repassei a corda como função de pavio ao orifício do tubo; eu comecei a vasculhar em busca de algum produtor de fogo, encontrei a outro bolso do cinto um isqueiro.

Voltei ao convés e observei a cena, Élpis lutava com dois a esquerda e Auras dois à direita, Tsur-U encontrava na amurada grasnando, seu rosto virou-se a mim e sibilou.

— Freak!

— Tudo bem se não decidir vim junto, você já nos ajudou o suficiente, mas eu preciso detê-los! — pisquei a ele.

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Agarrei a uma corda presa a amurada e me lancei ao solo, deslizei por um tempo até acostumar com o solo escorregadio coberto de gelo, por sorte encontrei um par novo de botas deslizáveis, com solas possuindo rodinhas deslizei pela superfície congelada portando alguns tubos de explosivos não tão letais.

— Hora do show de fogos!

Élpis moveu-se a um dos moinhos e prendeu a uma das pás e começou um luta aérea de lança e raios sobre os dois outros cavaleiros. Mais próximo entendi a aparência dos cavaleiros, o maior possuía o peito nu e calça camuflada, cavalgava um cavalo com o chifre a testa, portava um arco com uma aljava de flechas e atirava em Auras, por onde suas flechas caíam havia explosão.

Logo a direita, com Auras sobre as costas, estava um homem vestindo apenas um peitoral de couro e a parte de baixo era armadura de ferro, os braços musculosos exposto com uma espada flamejante a mão e cavalgando um corcel flamejante.

Auras era graciosa em seus ataques, enfiava a lâmina de sua adaga nas partes mais sensíveis, enquanto desviava das flechas. Apontei o tubo em direção ao arqueiro, acendi o pavio com o isqueiro, esperei um tempo e...

— Ei feioso! — provoquei sua atenção.

O arqueiro voltou à atenção a mim e preparou o arco, minha engenhoca foi mais rápida, atirou fogos ao rosto do arqueiro, uma explosão de cor vermelha cintilante vibrou e chamou a atenção dos outros cavaleiros.

O terceiro cavaleiro, este vestia trapos e faixas, aparência magricela sobre um cavalo fétido e com ossos exposto que parece ter saído das tumbas, cavalgou em minha direção com foice de lâmina enferrujada a mão, girou um arco sobre mim; abaixei com rapidez e acendi outro dos meus fogos atirei ao cavaleiro e foi-se uma explosão azul.

— Parem! — gritou um dos cavaleiros, era o arqueiro que tornava a fica em pé, mas seu cavalo desapareceu — Escute escolhido, sua amiga está em nossas mãos. Renda-se!

Disse apontando ao quarto cavaleiro, ele segurava o rosto de Élpis e sugava um tipo de fumaça negra que esvaziava pela sua boca; o quarto não revelava o seu rosto, pois um capuz negro o cobria, seu cavalo era negro a ponto de não saber se possuía olhos, asas de corvos brotavam das costas. Élpis perdia a coloração de seu corpo, os tons de verde tornavam-se escuros.

Auras infelizmente foi presa pelos braços do cavaleiro flamejante e não conseguia se soltar, sua adaga encontrava ao chão, ela tentava inutilmente escapar. A ponta de uma foice encostou ao meu pescoço, o simples contato me deixou fraco e exaurido.

— Não! — gritei ressecado.

Mas tudo aconteceu de uma hora a outra, Élpis brilhou e explodiu em luz, o quarto cavaleiro se afastou e seu cavalo bateu asas se distanciando da luz, depois que o brilho cessou Élpis estava adoravelmente perfeita.

— Plaga, Bellum, Fame e Mortem! Não deve nos importunar, este é meu mundo, permaneçam distante...

— Seus domínios não alcançam os cavaleiros do apocalipse. — disse o de manto negro, levou suas mãos ósseas ao capuz e rebaixou, revelando o rosto de uma mulher negra sem os olhos. — Você tem o dom exemplar de comandar as virtudes aos seus gostos, mas nós não somos aceitos como virtudes, nós somos as desgraças de todos, aqui é nosso lar...

— Vocês prestam respeito às virtudes! — Élpis levantou a lança, um raio de eletricidade cruzou o seu corpo e atingiu a garota de capuz, mas uma névoa negra se formou e a protegeu.

— Plaga, Bellum e Fame, cuidem dos outros... Em nosso terreno um deve sacrificar. — gritou a garota do capuz que reconheci como Mortem.

Aura mordeu o braço do cavaleiro do cavalo flamejante, aproveitei a distração para atiçar o novo explosivo, direcionando no rosto do cavaleiro cadáver uma explosão de luz e fagulhas amarelas. Corri em direção ao moinho, enquanto Auras continuava seu combate com dois dos cavaleiros.

Adentrei a construção mais próxima, um dos moinhos, o interior havia duas engrenagens dentadas e três de haste e ponta dentada de pedra, girando em harmonia terminando o processo sobre uma tábua circular de pedra, moendo nenhuma semente; uma escada em espiral levava a uma janela ao topo, comecei a subir os degraus.

Uma explosão no andar de baixo, o cavaleiro de corpo doentio surgiu com seu alazão magricelo e bradou a foice ao ar; subi a um ponto que poderia empurrar a engrenagem para fora do sistema, sentei a beirada do degrau e estiquei as pernas, deslocando uma das engrenagens de pedra, todo o corpo da estrutura desmoronou sobre o cavaleiro em baixo em um amontoado de rochas.

— Foi mal... Nem conheci quais dos nomes feios era você! — ironizei.

Descendo para a entrada, sua foice se encontrava presa à pedra, e como havia deixado meu martelo na embarcação, resolvi utilizar na batalha. Uma explosão de nuvem fétida verde ocorreu quando deixei o moinho, encontrei Auras retirando sua adaga cravada do rosto do homem flamejante, enquanto o cavaleiro de arco gritava e atirava.

— Segure este demônio, Bellum! — gritou o arqueiro.

— Acerte esta praga, Plaga! — Berrou Bellum.

Engraçado se não fosse cômico a situação. Com a foice de Fame, deduzi, aproximei sorrateiramente de Bellum e cravei a lâmina na região de sua costa desprotegida, ela agonizou e explodiu em uma nuvem de enxofre. Tossi por um tempo pelo cheiro azedo do elemento de aparência amarela.

— Afaste-se! — gritou Auras atacando Plaga com a adaga ao pescoço.

Um pouco tarde, uma explosão de cristais vermelhos e fogos ao ar, fósforo vermelho, irradiou a minha frente, senti a perfuração de um dos cristais em meu antebraço. Cai ao chão em dor, mas ainda consciente, majestosamente observei Élpis flutuando em ar enquanto cravejava a lança em Mortem, que explodiu em fumaça negra.

Auras me segurou pelo ombro, me levando a embarcação. Minha visão perdeu o foco, senti o gosto amargo a boca, minha audição foi prejudicada pela explosão, apenas ouvia um zumbido.

— Vamos, Élpis, eles apenas nos atrasaram, Layer tem que encontrar a sexta virtude!

— Ele está bem? — perguntou Élpis se aproximando correndo.

— Um fragmento atingiu seu braço, ele esta piorando.

Não sei do que Auras estava falando, eu não sentia nada... Nada.