O Olho da Tempestade

Omnimus e Dynami - Traição a Dynami


Fui apresentado a comandante Dynami.

Na cabine da comandante havia mais tesouros exposto, em um aquário existia um espécime de pescoço alongado e dentes pontiagudos, a inscrição na parte inferior dizia, Monstro do lago Ness. Ao lado da cadeira da comandante o nariz do que poderia ser da Grande Esfinge de Gizé, outros globos de vidro: “O Jardim Suspenso da Babilônia”, “Labirinto de Minos”, etc.; reviravam pelo chão da cabine.

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Lanças e armas de diversos períodos; artefatos, máscaras e amuletos de diversas eras; Mapas e tesouros de diferentes dinastias; estatuas e vasos de tantas e tantas outras culturas, a mobília menos perdida seria a mesa de madeira de pinheiro encontrada ao centro da cabine.

Sentado a cadeira, se mostrou uma mulher de idade parentando os trinta anos, seus cabelos loiro apenas coberto por um chapéu pirata com duas penas do que pareciam vim de um pavão, e cachos desciam pelas costas; usava espatilho de couro e um vestido de pirata por baixo, suas pernas estavam sobre a mesa exibindo suas botas.

— Olá, Sr. Layer!

— Como sabe o meu nome?

— Isso não importa! — disse ela pegando uma uva de uma fruteira sobre a mesa com a ponta do que parecia ser uma adaga e levando a boca — o que importa são os nossos negócios!

— Que negócios? Eu não tenho nada a negociar com alguém que atacou minha embarcação! Eu ainda não entendi porque me atacou, o sacrifício não seria meu suicídio na Grande Tempestade?

Ela começou a arranhar sua mesa com a adaga. Conseguir identificar algumas inscrições, eram nomes de escolhido, no total eram meia centena de nomes grafados e depois tracejado por uma linha por cima, como se aquilo fosse as marcação de seus troféus de guerra.

— A Grande Tempestade é apenas um adereço, sim, ela esta a caminho da vila, e sim, ela precisa de um grande sacrifício para detê-la, mas este sacrifício significa saciar a sede das virtudes que a criaram com o sangue do Escolhido!

— Esta dizendo que irá me devorar?

— Toda sua essência, o acordo é simples e temos apenas algumas horas até que o Sol nasça ao Leste, você entregará seu corpo por livre vontade a mim para que eu possa consumi-lo ou sua “ilha” desaparece.

— O que tem o nascer do Sol?

— O que tem o quê? — Senti medo e angústia em sua voz.

— Você disse que temos apenas algumas horas para o nascer do Sol a Leste.

Dynami mostrou-me a raiva em seus olhos cinza tempestuoso, de repente senti-me fraco diante dela, meus músculos se amoleceram, cai ao chão. Os piratas riam de mim, os olhos de Dynami ainda me observavam, através deles vi a queda de uma torre, soldados em combate e uma vila sendo invadida por bárbaros.

Por fim, Dynami se levantou de sua cadeira com a adaga em mão e aproximou-a em meu rosto. Não pude me defender, não havia como escapar, este era o meu fim, a ponta deslizou com dor pelo rosto, causando um corte, gritei de dor.

— Me dê a sua vida! — exclamou ela.

— Nunca!

Raciocinei rápido, ela apenas me consumiria se eu a desse minha vida a Força, se eu não resistisse, se lhe desse a liberdade a tal ato. Ela me torturaria até o fim, mas não poderia me entregar tão facilmente.

— Acho que você ainda não sabe quem eu sou Escolhido, eu represento a Força, eu sou aquela que tomou as riquezas de mil nações, beneficio apenas os mais fortes, apenas os que têm espirito de heroísmo, e vejo em sua alma, você não é desse tipo, você é um fraco!

— Fraco o suficiente para renegar as suas ordens!

Dynami chutou com suas botas a região machucada de minha costela.

— Tudo bem! Joguem no calabouço, as outras não poderão o encontrar aqui! Ele será meu!

O caminho que levava ao calabouço precisaria atravessar o convés superior, no primeiro momento estava tão confuso que não pude notar aonde a embarcação nos levava. Agora, voltando pelo mesmo caminho, com mais concentração observei com mais detalhe o convés, a Vitória II se postava na proa da caravela. Os piratas me conduziram a um alçapão com escadas, desci os degraus e observei a cela em que estava antes, na cela ao lado estava Élpis.

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— A todos os deuses, você está bem? — disse Élpis.

Algo inusitado ocorreu, a porta atrás de nós se fechou mantendo todo o ambiente no escuro, os piratas que nos conduziam então agonizaram de dor, alguém os derrubava, mas o que era? Por fim o “alguém” surrou-me em meu rosto, fui arremessado do degrau para a cela de Élpis.

— Layer! — gritou Élpis ao meu socorro, entre as grades ela acariciou o meu rosto — Quem está aí? Apareça!

Não estava inconsciente, somente não queria me mexer, meus músculos doíam como se milhões de elefantes atropelaram-me. Élpis fez algo impressionante, seu corpo começou a brilhar em verde, como cogumelos fluorescentes, deixando o ambiente em uma penumbra.

Do corpo de Élpis surgiram raízes brilhantes que se espalharam por todo o calabouço, deixando cogumelos e fungos em seu caminho, um homem surgiu das sobras, alto e musculoso, era o pirata que enfrentei corpo a corpo quando embarquei, seu olhar exibia raiva.

— Omnimus?!

— Quem é ele? — perguntei.

— Ele é a primeira virtude que deixou os Setes, por algum mistério inexplicável, ele concedeu seu lugar a Dynami. Mas não deixou o seu navio, e nem sua tripulação, Omnimus e Dynami comanda as virtudes mais, como posso dizer, explosivas!

— Qual virtude ele representa?

— A coragem!

Os olhos de Omnimus acederam em chamas negras, ele avançou em direção a Layer, com o braço flexionado para trás, preparando-se para outro soco. A dor alimentou a adrenalina, me soltei dos braços de Élpis e rolei para a sua esquerda.

— Cuidado! — gritou Élpis atrasada.

Omnimus mergulhou seu braço nas barras, que se dobraram no formato de seu punho. As mãos do pirata eram tão grandes que esmagariam minha cabeça facilmente, entretanto ele era lento e somente teve vantagem pelo espaço pequeno do cômodo.

— Estou bem! — comentei.

Omnimus observou os objetos do calabouço, pegou duas espadas portando em cada mão e avançou. Pense Layer, se ele era a Coragem, ela presa os corajosos, as duas lâminas desceram em minha direção enquanto rolava para a direita, como antes, ele conseguiu me derrubar pelas costas com a ponta chata da espada.

— Isso é covardia, ele também deve escolher uma arma! — gritou Élpis.

Omnimus não respondeu, ele apenas apontou para o grupo de armas no canto, eu rastejei até o local e observei as espadas, mas estava crente que nenhuma daquelas atingiriam ele sem que ele dobrasse a lâmina como fez com as barras de ferro da cela.

Então peguei o cabo de madeira de alguma arma, parecia leve, mas dentre as espadas surgiu um martelo gigante, não era uma marreta, sua cabeça era cilíndrica de madeira, mas cravejada com espinhos de ferro. Creio que Omnimus ficou impaciente, pois atacou ao me lado direito, sorte o reflexo ter me salvado a tempo de cair à esquerda.

— Élpis, alguma dica? — perguntei.

— Ele se baseia na força! — gritou ela.

Perfeito, nem notei. Omnimus cravejou sua espada ao chão em que encontrava sentado, se não recuasse, talvez perdesse os meus filhos, pensando por outro lado, não haveria como ter filho para onde estou indo e... Droga Layer, suas observações não estão sendo bem usadas neste momento.

Levantei-me e caminhei tropeçando ao outro lado do calabouço com o martelo em mão, ele me seguiu logo atrás, mas lentamente; por extinto, me agarrei com o braço livre a uma corda, usei como balanço e a parede como impulso e saltei por cima de Omnimus que prendeu uma de suas espadas na parede; a falha, ele partiu a corda com a espada e cai ao chão (novamente!).

— Droga!

Observei o espaço ao meu redor: corda, esferas de vidros, armas, porta-lanças, caravela em movimento e Élpis. Lancei um olhar para ela e direcionei a uma corda próxima de sua cela, ela balançou a cabeça positivamente compreendendo.

— No momento e no local exato! — disse olhando a Omnimus que soltava a sua espada da parede, torcendo para que seu pequeno cérebro não entendesse que falava com Élpis.

Lutamos por mais alguns segundos, ele descia suas espadas sobre mim, enquanto eu corria com um martelo gigante de madeira a mão, finalmente se posicionou ao centro das celas, a embarcação revirou para frente. Uma tropa de globos de vidro rolou em direção a Omnimus que pisou em uma e se desequilibrou para frente.

— Agora! — gritei.

Élpis puxou a corda presa a uma das vigas de madeira que sustentava o teto do calabouço; Omnimus caiu de costas sobre os globos de vidro, ele urrou, esperava que os cascos de vidro o ferissem. A embarcação inclinou-se ao lado contrário, ele se levantou sem espadas em mão, levitei o martelo e golpeei em seu rosto.

O corpo de Omnimus deslizou em direção à porta-lanças, seu corpo seria perfurado por várias lanças, seria... Se não fosse a minha consciência. Segurei pelo seu braço esquerdo, ele era pesado, tive que prender a mão livre em uma das barras da cela, a embarcação reclinou para frente. Omnimus e eu ainda de mãos dadas nos levantamos juntos, larguei o martelo gigante, a barba de Omnimus estava revestida de cacos de vidro e o rosto ferido pelos espinhos do martelo. Soltei sua mão e o encarei.

— Você representa a coragem, por anos, eu vivo correndo desta virtude, mas hoje decide mantê-la viva e se possível, que ela esteja do meu lado! — disse.

Élpis traduziu para mim. Omnimus voltou a responder em sua língua, olhei para Élpis que estava de boca aberta.

— Ele disse que você passou e...

— E?

— Ele concedeu a benção da Coragem!

— O que isso significa?

— Significa que possamos continuar em frente!

Como prometido, Omnimus dobrou as barras de ferro da cela de Élpis e quebrou suas correntes que a prendia. Élpis se afastou para recuperar sua lança entre as armas e observar se o perímetro estava limpo; antes de sair, Omnimus me parou e segurou em meu ombro e disse algumas palavras que não compreendi, ele levantou o martelo que usei e deu a mim.

— Não, obrigado! — disse.

Entretanto ele disse mais algumas palavras e fechou minha mão sobre o cabo do Martelo gigante, por um momento me senti mais forte.

— Vamos! — sussurrou Élpis — A barra está limpa!

Élpis e eu subimos a escada, Élpis disse que Omnimus nos daria alguns minutos, antes que notassem a nossa falta. Corremos até alcançar a proa e subirmos na Vitória, o motor ainda estava ligado, ótimo, significa que não precisaríamos aquecer as turbinas. Tsur-U ainda estava em sua cela-caixa, aumentei a potência das turbinas e ele se elevou ao céu sobre o mar embaixo.

— Onde nós estamos, pensei que Júpiter não haveria água! — comentei.

— E não há... — ela estendeu o braço aos céus na proa, um portal se abriu revelando o céu jupteriano à frente —... É apenas um “lar” da virtude Dynami.

Deixei o piloto no automático enquanto cruzava o portal, corri a beira da proa e olhei para a embarcação de Omnimus e Dynami, os piratas estavam à proa gritando e tentando atirar suas balas ao ar, mas voltavam para água atraída pela gravidade do local. O que me deixou triste foi observar Omnimus preso por cordas e mais surrado, parecia que houve uma rebelião na embarcação, um motim.

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— Devemos correr — disse Élpis — Dinamy não poderá lhe matar, mas ela vai impedir que as outras o consuma!

A última imagem foi observar dois piratas ganharem asas e levantarem voo em nuvens escuras, o portal se fechou por completo.