Baby, let's do drugs
Make love with our teachers
C'mon, baby, tell me
What is tattoed as featured

-Puta que pariu, acorda! – Chloe balançava a amiga de um lado para o outro na cama, já farta do tempo que passara ali – Acorda!

Como não lhe parecia que a garota adormecida fosse acordar tão cedo, ela desistiu, trocou, ao menos, a blusa do pijama, e foi para a aula. O primeiro dia do terceiro ano no mesmo internato residindo no sul californiano. O dia iria ser limpo e com poucas nuvens. Mas isso não faz diferença nenhuma pras garotas que, às seis horas e meia da manhã, combinavam perfeitamente unhas compridas e bem feitas, com as olheiras profundas, o cabelo preso só para não cair no rosto, as calças do pijama e a blusa do colégio. Que, aliás, dormiriam a tarde inteira. “Jogando o dia fora” ou aproveitando-o da melhor maneira ao alcance momentâneo delas, afinal, a energia para a noite tem de ser acumulada de alguma forma.

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Chloe atravessou o campus encarando alguns rostos novos, outros familiares, sorrindo para alguns, piscando para outros, e sentindo-se enojada por uns terceiros, de qualquer forma, a maioria não era interessante. De um lado os que pagavam para passar de ano e se achavam bons demais, e, do outro, os CDFs que já tinham seu lugarzinho garantido não somente na NASA, como nas aulas de convívio social. Mas, Chloe não se continha de ansiedade para encontrar quem valia à pena, não só suas melhores amigas, também porque uma preferiu continuar dormindo, mas alguns garotos e professores. Principalmente um professor em especial.

O ponto é que qualquer um que olhasse para a menina no momento ia perceber claramente no seu rosto e postura, não ansiedade, mas a vontade de voltar para o quarto porque sua cabeça ainda dava voltas, e ela perguntava a si mesma o tanto de coca que devia ter injetado noite passada, antes de cair no sono. Ninguém veria ansiedade em aspecto nenhum dela. A mochila pesava, mas ela não se arrependia de não ter separado o horário das aulas anteriormente, e levado só o necessário. Levava tudo.

Depois de alguns lances de escada, chegara ao seu novo corredor e sala.

-Como você conseguiu?- Chloe jogou a mochila na carteira ao lado da de sua melhor amiga que completava o trio, Kate. Katherine era latina, de Tijuana, os pais tinham se mudado para San Diego buscando melhores condições de vida e a colocado no internato. Chloe continuou. – Levantar mais cedo, chegar com o horário folgado. Quando eu acordei você nem estava mais no quarto. O que? Quem chegasse mais cedo dava pro professor Chris? – As duas riram.

-Mais fácil se fosse assim.

-Aí eu também acordaria mais cedo.

-Não sei, euforia de primeiro dia, só o fato de nós aparecermos na aula, já é um esforço. – Kate arqueou uma sobrancelha. – Só não me diz que a Char vai furar o primeiro dia de aula?

-Sei lá, na verdade. – Chloe franziu o cenho se irritando de novo por ter perdido tempo tentando acordar Charlotte. – Daqui a pouco ela chega reclamando que não a fiz levantar.

Passados alguns minutos, a aula começara e agora sim, tanto Kate, quanto Chloe, haviam se arrependido de não saber nem o horário das aulas, porque a primeira era de Christian, ou geometria.

-Puta merda, o Chris! – Kate sussurrou esbaforida para a amiga ao lado.

-Se controla, por favor. – Chloe sussurrou de volta. – Calma, meu. – Elas se apoiavam uma na outra e continuavam falando, enquanto o resto da sala se aquietava.

Chloe também não se continha de emoção de estar revendo a solidificação da beleza num professor. Mas não demonstrava, na maioria do tempo, pelo menos, não na frente dele.

-Bom dia, pessoal. – Christian disse enquanto apoiava seus materiais ou sei lá o que professores carregam com eles, na mesa e levantava o rosto para dar uma avaliada na sala. – É impressionante que quem senta no fundo e já começa o ano conversando, são sempre as mesmas. – Ele fitou Kate e Chloe no fundo da sala, piscou e riu.

Elas riram também – Não estávamos conversando. – Kate disse.

-Ah, por favor. Fico surpreso só de aparecerem na aula. – Ele riu de novo e se dirigiu ao resto da sala, começando a encaminhar a matéria.

Kate havia entrado no internato com onze anos, e Chloe e Char com treze, dois anos depois de Kate. E desde os primeiros meses delas lá, Nicholas, o professor de história, e Christian mantinham uma simpatia incomum por elas, incomum para homens adultos de trinta e dois anos e garotas no fundamental dois e ensino médio, ao menos. Elas colavam nas provas para passar de ano, e se precisassem de mais algum empurrãozinho, podiam estar certas de que eles dariam. Corrompendo não somente o sistema educacional de qualquer colégio, mas lei e ética, com visitas comuns ao quarto das três pela parte de Chris. Para estudos e jogar conversa fora, claro.

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Fazia 45 minutos que Kate e Chloe estavam sentadas ali se arrependendo profundamente de terem levantado da cama, se não fosse pela silhueta forte e madura do rosto de Chris implicando para que prestassem atenção na matéria, por alguns minutos, ao menos. Era dobradinha, e o começo da segunda aula fora interrompido por uma batida na porta. Não como se alguém estivesse realmente batendo na porta com o punho. E sim, esbarrado na porta e em seguida, a abrido, esquecido de algo, e voltado para fora da sala. Era Charlotte.

Charlotte e Chloe nasceram em Bakersfield, depois de manterem uma rixa por motivos bestas durantes alguns poucos anos, se tornaram melhores amigas. E depois dos pais de Chloe acharem melhor matricular a garota num internato em San Diego, ocupados demais com o trabalho, os de Char fizeram o mesmo, aproveitando que era um pouco mais barato, também.

Christian andou até a porta, abrindo-a e colocando metade do corpo para fora. Charlotte parou tensa, e voltou alguns passos.

-Você sabe que vai perder a segunda aula também? – Ele disse.

Ela relaxou e voltou a trotar para as escadas. – Esqueci minha mochila!

Ele segurou a vontade de rir evidente e a de pedir somente para que ela entrasse e não se preocupasse com a aula, mas só em estar ali. Está bem, ponhamos isso de lado, ele tinha uma aula sobre relações trigonométricas para dar.

-Pelo menos veio. – Sussurrou Katherine para Chloe, que estava se esforçando para não rir da completa falta de noção da Char. Não que Chloe fosse diferente, mas não havia esquecido a mochila. Naquele dia, ao menos.

Não demorou muito pra que fossem todos interrompidos de novo por Charlotte batendo na porta.

Pode entrar. – Chris consentiu porque sabia que era ela.

Charlotte não teve tempo de colocar os pés dentro da sala, quando algo a interrompeu novamente:

-Professor, na verdade você deveria deixar alunos entrarem só nos intervalos entre as aulas, não no meio delas, né.

Chloe e Kate bufaram alto no fundo da sala. Esse era o Jorge. Ele não era CDF nem nada, colava em algumas provas também e já fora amigo das meninas, mas quando percebeu que elas não queriam absolutamente nada além de amizade com ele, decidiu não andar mais com elas. Pena que afastamento não bastou, ele queria ser considerado bom demais para elas. E o que conseguisse fazer para se sentir numa “posição mais alta” em relação a elas, faria.

-Pode. Entrar. – Chris repetiu calmo e pausadamente para a menina parada na porta.

Ela sorriu cheia de si e trombou na cadeira do ex-amigo propositalmente, até se juntar com suas amigas no fundo da sala.

-Por que não me acordou? – Char direcionou-se para Chloe. – Que ódio, vadia. Quando eu acordei só vim porque sabia de quem era a aula.

Chloe riu e revirou os olhos. - Você é ridícula. Impressionante. – Ela riu mais e Charlotte não sabia se a hora certa de dar um tapa na amiga era aquela, ou ficaria para depois. – Eu quase joguei um copo d’água em você para ver se acordaria. Seu despertador tocou umas cinco vezes, eu cantei enquanto tentava arrumar meu cabelo e você estava quase babando.

Charlotte acabou rindo também. – É, eu sou nojenta mesmo.

-Porra, e o Jorge, hein? – Chloe riu e arqueou uma sobrancelha.

-Pff, coitado. – Kate deu uma risadinha também.

-Meu, o ser humano consegue fazer de tudo, mas não consegue ficar de boa. – Char riu junto.

O silêncio entre as garotas se dissipou por alguns minutos principalmente depois de alguém da primeira fileira pedir silêncio e Chloe e Charlotte, como retribuição, mostrarem o dedo do meio. Ainda era o primeiro dia de aula e elas não queriam causar demais.

Mas não durou por muito tempo. – Qual é daquele garoto olhando pra cá? – Kate sussurrou.

-Quem? –Chloe se esforçava para encontra-lo. Sem a mínima preocupação de disfarçar. Enquanto Charlotte, que não conseguia tirar os olhos de Christian desde que havia parado de falar, deu de ombros. – Independente de quem seja, eu não me importo e vocês também não deveriam, ele tem a nossa idade, né. Deve ser um puta d’um babaca.

Chloe riu. – Encontrei, encontrei. – Ela riu mais. – Meu Deus, ele é horrível. – Ela aumentou o tom de voz, se direcionou para o garoto e ironizou – O que foi? Posso ajudar?

Ele se virou rápido para frente.

-Porra, você podia ter ficado quieta, né. – Kate se incomodou com a meia dúzia de pessoas que viraram para trás se perguntando o que estava acontecendo.

-Se fosse um gato ela teria ficado quieta, teria piscado, mandado beijo, ou sei lá. – Charlotte deu de ombros novamente. – Ele era feio, e ela preferiu coloca-lo no lugar.

-Simples e fácil. –Chloe afirmou enquanto Kate revirava os olhos.

O sinal tocou e os alunos que estavam quase dormindo em suas carteiras levantaram praticamente em uníssono, tentando fazer com que mais de quatro pessoas passassem pela porta, ansiando pelo tão esperado intervalo.

-E então, meninas. – Chris chamou a atenção das três quando só sobrara uma meia dúzia de alunos na sala. – O que fizeram nas férias?

Aquela fora a pergunta mais difícil de ser respondida dos três anos pelos quais eles se conheciam. Ele havia perguntado aquilo para segura-las na sala enquanto os outros saíam? Mas não era óbvio que elas enrolariam, mesmo? Talvez ele estivesse falando sério e queira ouvir que vinte por cento fora na casa dos pais e que durante os outros oitenta estavam chapadas demais para lembrar de qualquer coisa sólida, se não, alguns caras que tinham conhecido e aproveitado. Mas nunca é importante lembrar os nomes de quem conhecemos em postos de gasolina ou na orla da praia, de qualquer forma.

Bem, talvez Chris só quisesse ouvir que aproveitaram bastante.

Charlotte cortou o breve silêncio colocando as mãos para traz e entonando uma voz infantil – Estudei bastante, inclusive a “sua matéria” – Piscou e riu.

-Estudamos juntas – Chloe disse fazendo o mesmo.

-Fizeram bem. Espero que estejam prontas para começar “o ano letivo”. – Ele disse e riu também.

Mas rapidamente fechou a cara e mordeu o lábio inferior olhando para os alunos que ainda não haviam saído da sala, preocupado que tivessem entendido alguma referência ali. Mas, afinal, eles não estavam nem ouvindo.

-Você é terrível. – Chloe disse balançando a cabeça e olhando para o corredor, enquanto saíam da sala.

-Super mal. – Charlotte assentiu sem tirar os olhos dele. Ela parecia uma boneca que alguém colocou em uma posição, e agora não poderia mudar.

Andaram até a praça de alimentação trocando conversa fiada. Sentaram numa mesa para seis lugares, dois para cada lado.

-Quem estava te incomodando durante a aula? – Christian levantou a cabeça de seu sanduíche e arqueou uma sobrancelha para Chloe.

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-... Oi? – Ela havia praticamente esquecido do incidente com o garoto.

-Um garoto passou alguns minutos nos encarando na sala. – Kate disse e logo após riu percebendo que havia cada vez menos necessidade do alarde que suas amigas haviam feito.

-E por isso decidiram estragar a reputação dele pelo resto do ano? – O professor riu e continuou – “Ah, não, você não pode sentar aqui porque conseguiu levar um fora durante o primeiro dia de aula sem ter dito nem uma palavra sequer!”. Comprometeram o ciclo social do menino pelo resto do ano.

-Poxa, você não percebeu que ele era um babaca total? Passou minutos travado na gente. – Charlotte disse e tomou um gole da sua Coca Cola.

-Achei ele bem frouxo, mesmo. – Chloe disse enfatizando a fala da amiga, lembrando-se do garoto, também.

-Além disso, ele tem só dezesseis, pff! – Charlotte revirou os olhos e tomou outro gole da Coca.

-Melhor checar o calendário, querida. Porque o único que tem mais de dezesseis anos nessa mesa sou eu, se lembra? – Chris questionou a indignação da menina com o garoto da sala.

-Bom, mas você sabe que nós somos boas demais pra qualquer um e qualquer uma da nossa idade. – Char estufou o peito antes de gargalhar, ironizando o que tinha dito. Mas ele sabia.

As três alunas e professor viram Nick, o professor de história, se aproximando da mesa.

-Espero não estar interrompendo nada. – Ele disse sorrindo e puxando uma cadeira, juntando-se ao grupo.

-É claro que está. Como sempre! – Kate disse brincando.

-Estávamos falando sobre o “babaca frouxo de dezesseis anos que é ruim demais e ficou encarando elas durante a aula”. O que tem a dizer sobre isso? – Chris perguntou a Nick enquanto sorria.

-Acho que se forem se incomodar com cada um dos garotos da idade de vocês que, assim como qualquer pessoa sã, acreditem em ainda ter uma chance com vocês, estão perdidas. – Ele passou o olhar pela

pelas três e continuou. – Não podem culpa-lo por não ter adivinhado que vocês preferem namorar alguém com o dobro da idade.

Charlotte entonou uma voz fina e repetiu – “Não podem culpa-lo por não ter adivinhado que vocês preferem namorar alguém com o dobro da idade” – Ridicularizando Nicholas, rindo e apoiando a cabeça em seu ombro. Ele franziu um pouco o cenho. – Só estou tirando sarro de você. Não faça essa cara.

Faltavam agora poucos minutos para que o intervalo acabe e as aulas que se seguem não são com nenhum dos dois professores com quem as meninas conversavam. Elas se despediram rapidamente e seguiram rumo para a sala de aula.

Enquanto andavam pelo corredor em direção à sala de aula, Kate chama a atenção das outras duas:

-Woah, é o Tom? Ele tá mais lindo, como ele faz isso? – Ela formava uma careta, levemente inconformada com a possibilidade de alguém ser novo e tão bonito.

Thomas era um bronzeadinho do terceiro ano, e mesmo tendo todas as condições para ser um babaca ou para andar só com quem era popular, ele era bem na dele. “Na dele” até demais, tinha um ciclo social de mais ou menos dois amigos e não falava com mais ninguém, praticamente.

Chloe e Charlotte estreitavam um pouco os olhos procurando pelo garoto no corredor.

-Ah, é. É ele sim. – Charlotte sorriu, logo aumentando o tom de voz e acenando:

-Hey! Thomas!

Ele, um tanto tímido, levantara um pouco a mão dando um sorriso torto, acenando também.

-Oooi, vocês se conhecem? Opa, divide. Apresenta ele pra gente. – Chloe disse rindo um pouco. – Mas eu falo sério, por que nunca falou pra gente?

-Pff, ano passado a gente conversou uma meia hora porque ele gosta de uma mesma banda que eu. Não consegui fazer ele falar muito, pelo jeito nada consegue.

As outras duas garotas acabaram dando de ombros. Elas ainda tinham mais quatro aulas pra serem enfrentadas.

O sinal toca e Kate acorda num pulo, tirando a cara da mesa.

-Não desenharam na minha cara, né?! – Ela perguntou ainda assustada para as amigas.

-Claro que sim, escrevemos “LATINA” na sua testa. – Chloe disse e riu.

-“Me” em uma bochecha, e “liga” na outra. – Charlotte falou, gargalhando. – Ow, a gente dormiu também.

As garotas saíram animadas da sala. Ainda tinham uma tarde inteira para aproveitar. Kate passou seu batom vermelho, em uma tentativa de disfarçar seus lábios desgastados, a enxaqueca da ressaca estava lhe incomodando ao ponto de que nem conseguia se lembrar de quantos caras beijou noite passada. Chloe e Charlotte não estavam tão inspiradas para se arrumar, só colocaram seus óculos de sol para não deixar as olheiras tão aparentes.

À tarde, ainda estava por vir o “Festival de Boas-Vindas” que acontecia nos primeiros três dias de todos os anos, e elas sabiam com quem queriam aproveita-lo.

If you wanna get that sugar cane,
If you wanna be that pin-up queen,
You can, you can.