Pequeno Potter

5. Janeiro, 1978.


O grupo só voltou a se juntar de novo quando Marlene e Sirius voltara para o castelo. O clima estava estranho, Remus parecia fugir de mim, provavelmente com medo de que eu puxasse assunto sobre tudo o que ele me falou porre, Dorcas também evitava ele, mas por um motivo diferente.

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Dorcas tentou fingir naturalidade quando perguntei a ela o que aconteceu na noite de natal, simplesmente contou tudo rápido e quase sem respirar.

— Bem, você sabe, né? Eu fui atrás do Remus. Eu fui bem sutil, só o chamei para dançar, então James se afastou para nos dá privacidade. E ele simplesmente disse que não ia dar, que ele não queria se envolver comigo, e que eu devia superar essa. Você pode acreditar nisso? Quer dizer... ele sempre me pareceu interessado, eu achava que ele era inseguro, talvez inexperiente, mas ele me diz que simplesmente não está interessado em paquerar comigo.

“E então eu me afastei. E Michael veio falar comigo. Aí o que o Remus faz? Enche a cara, fica completamente bêbado e vem atrás de mim. Como se não tivesse coragem estando sóbrio. Ele queria o que? Que eu ficasse atrás dele para sempre? Desculpa, não sou assim, e ele deveria saber disso. E eu odeio bêbado fazendo escândalo, ainda bem que não foi com plateia e que você o tirou de lá logo. Mas quer saber? Isso é passado! Como foi a sua noite?”

Isso me deixou claro duas coisas. Primeiro: ela pensou muito sobre o que ia falar para mim, formando um discurso. E segundo: ela estava mentindo, mesmo que quisesse parecer indiferente, ela estava magoada.

— Por que você não fala logo com ele? Põe tudo em pratos limpos, Doe.

— Não acho que seja isso que ele queira, entende? Ele me evitou ao máximo todos esses meses, não vou ficar como uma menininha apaixonada, mesmo que eu esteja gostando dele.

— Olhe, eu ouvi durante a noite inteira aquele garoto falando besteiras bêbado, ele tem um motivo para tudo isso. — digo a ela, dando a entender que eu simplesmente deduzi isso e não que ele mesmo me confirmou.

Doe prometeu que ia pensar no assunto, mas eu sei o quando ela é orgulhosa, e sabia plenamente que para algo sair dali Remus teria que dá o próximo passo. Então apenas suspirei e deixei que ela evitasse que nos ficássemos no mesmo ambiente que os Marotos presentes no castelo.

X-X

Marlene e Sirius voltaram relativamente bem das férias com a família. Os pais de Marlene, tradicionais puro sangue, embora bem mais flexíveis que os demais, ficaram bem felizes pela filha ter escolhido alguém gente fina.

— “Mesmo que eu não goste de laços sanguíneos com os Blacks, pelo menos você escolheu um Black descente o suficiente” foi exatamente isso que meu pai disse. — me contou Marlene enquanto íamos para o Salão principal tomar o café da manhã no primeiro dia de aula depois do regresso.

— E a sua mãe, teve A conversa? — perguntei reprimindo a vontade de rir.

Em casa minha mãe teve A conversa comigo e minha irmã quando menstruamos pela primeira vez, preocupada com a possibilidade de um dia aparecermos grávidas, ela explicou como acontecia e disse que devíamos esperar o casamento, logo depois explicou como fazia para não engravidar e pediu para que se nós fôssemos fazer algo era para falarmos com ela e ela nos levaria ao médico. Petúnia teve a conversa aos 15 anos, já eu fui precoce e tive aos 13. Mas nunca me passou pela cabeça que algumas mães iriam querer esperar até a filha ter 17 anos.

— Nós conversamos, — respondeu Lene com o rosto levemente corado. — mas não foi uma conversa como a comum. Quer dizer... eu já sabia de tudo, graças a Dorcas. Então ela só frisou que eu tenho que esperar o casamento, pois se não o casamento tradicional será arruinado.

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Não perguntei sobre o casamento tradicional, pois assim que sentamos à mesa e o cheiro de ovos me atingiu senti o embrulho no estômago piorar e precisei prender a respiração para evitar vomitar.

— De qualquer forma eu não vou fazer nada por que eu não quero, pelo menos não agora.

Puxei fôlego para lhe responder, mas não consegui. Ao invés disso precisei correr para fora do Salão. Nem mesmo consegui chegar a um banheiro, acabei vomitaando em uma lixeira ali perto. Assim que levantei a cabeça vi Lene correndo ao meu encontro, logo atrás vinha Sirius, mas ele se manteve afastado com uma careta de nojo no rosto.

— Você está bem?

— Sim, estou. — respondi mesmo ciente de que devia está completamente pálida. — deve ter sido algo que comi.

— Você parece mal, devia ir à enfermaria.

— Estou bem, não vai voltar a acontecer.

Mas aconteceu de novo, no dia seguinte, e no depois desse, e durante a semana seguinte também. Não só no café da manhã, mas também no almoço e até na janta e quando eu não tinha enjoos e vômitos, eu comia tanto que notei meus sutiãs apertados. Isso durou quase todos os dias durante duas semanas. Até que todos estavam preocupados, até que alunos que nem eram meus amigos se preocuparam.

Em um dia que sequer saí do quarto, Doe e Lene vieram me falar que eu devia ir logo à enfermaria. Resisti e disse que eu iria se isso continuasse até o próximo dia, e então Lene falou a frase que me deixara em pânico.

— Se você estivesse namorando, eu diria para você fazer um teste de gravidez.

Ela riu, pensando que essa possibilidade fosse impossível. Ri com ela, nervosa, para ela não notar nada. Mas Doe não foi tão boa atriz. Com os olhos arregalados ela me encarou com o desespero estampado no rosto.

Puxei qualquer assunto para desviar a atenção da Lene.

Depois de algumas horas, Lene saiu do quarto afirmando que iria se encontrar com Sirius. E Doe mal esperou ele fechar a porta e disse:

— Você acha que pode estar grávida?!

— Não! — eu lhe respondi, mesmo que fosse mentira, mesmo que eu estivesse em pânico.

— Você tem certeza disso, Lily? — ela perguntou séria. — podemos dar um jeito nisso enquanto esta no inicio.

— Tenho, minha… você sabe. Veio a pouco tempo. — menti de novo. Por que minha menstruação não tinha vindo, na verdade ela estava bem atrasada.

Mas Doe aceitou a desculpa. Logo ela se retirou também. Me deixando sozinha pra pensar no que eu iria fazer.

X-X

No dia seguinte, eu acordei misteriosamente disposta. Como não estive há semanas, quase como se o meu corpo quisesse me ajudar a resolver logo o problema.

Então me visto com uma roupa comum decidida a só ir para a aula depois do almoço e vou atrás da única pessoa que pode me ajudar.

— Sirius! — gritei quando, finalmente o encontrei indo para a aula de Adivinhação.

Como se eu tivesse chamado cada um por seus próprios nomes, os quatro Marotos se viraram. Vejo os quatro automaticamente esconder os cigarros atrás das costas, sabendo que fumar em horário de aula dentro do castelo é o suficiente para uma detenção. Peter estava com os meninos, tinham se reaproximado mais depois das festas de fim de ano. Remus também os acompanhava, embora ele fosse ter aula de Aritmacia, junto comigo.

— Ah, bem… — gaguejei, não tinha planejado encarar o grupo inteiro, suspirei fundo para tentar me acalmar. — posso falar com você, Sirius? A sós.

Os outros o encararam como se tivessem falando “O que foi que você aprontou dessa vez?”, Sirius balança os ombros como se afirmasse que era inocente. James tinha uma sobrancelha erguida, eu poderia dizer que ele estava com um ar maduro, mas com o tempo que passamos trabalhando juntos, descobri que essa expressão queria dizer que ele estava grilado.

— Claro. — Sirius respondeu depois de um tempo, as sílabas um tanto separadas. Ele obviamente estava tentando descobrir o que eu queria.

Esperei os meninos, principalmente James, se afastar bastante para começar a falar.

— Sei que vocês saem do colégio sem o consentimento dos professores, quero que você me diga como ir para Hogsmeade. Preciso comprar uma coisa.

— Ok, devagar, ruiva. — ele respondeu sinalizando com as mãos. — Primeiro: não consigo acreditar que você não conhece nenhuma saída da escola. Segundo: não posso deixar você ir lá fora sozinha, caso não saiba, nascidos trouxas estão em constante perigo com aquele lunático, Lene me mataria. Me diga o que você quer e eu compro.

Corei só com a ideia de pedir a Sirius que comprasse uma poção-teste de gravidez para mim. Mas ao mesmo tempo a ideia de Sirius lendo embalagens para ver qual era a necessária, era hilariante.

— Primeiro: eu nunca precisei sair assim, apenas peço e vou, mas leva uns dias para McGonagall autorizar e estou com pressa. Segundo: Eu tenho que ir, é algo que… você não vai querer comprar.

Sirius me encarou por alguns segundos antes de começar a gargalhar alto o suficiente para eu me sentir incomodada.

— Você esqueceu-se de comprar seus absorventes? — sua frase saiu abafada, pois na primeira palavra eu tampei sua boca com a mão com medo de que ele tivesse de alguma forma descoberto o que eu precisava.

Senti meu rosto queimar, mas decidi que era melhor ele pensar isso do que a verdade.

— Cale a boca! — rosnei. — vai me levar lá ou não?

— Posso levar, mas vou junto. — antes que eu pudesse reclamar ele ergueu uma mão pedindo silencio e continuou. — você é uma vítima fácil Lily, sendo uma aluna fora dos cuidados do castelo, e eles não estão escolhendo vítimas, basta estar desprotegida. Eu vou junto ou você pode ir pedir para o Dumbledore. Juro que te dou espaço para escolher o que quer.

Suspirei derrotada, sabendo que minha outra opção seria pedir a Prof. McGonnal e aí ela iria querer comprar ela mesma para evitar que eu saia, afinal Sirius tinha razão, estamos num tempo perigoso para nascidos trouxas. Então só concordei com a cabeça e seguimos em silêncio.

Andamos até o terceiro andar, quando Sirius parou na frente da estátua de uma bruxa de um olho só, para qual eu nunca tinha olhado uma segunda vez.

Dissendium. — Sirius falou.

Um corredor estreito se revelou.

— E então, como foram suas festividades? — perguntei tentando começar uma conversa.

— Foi bacana, não tão assustador quanto eu imaginava. Eles me trataram bem. — respondeu Sirius sorrindo. — fui obrigado a dormir no quarto do irmão mais velho junto com ele e tenho certeza de que eles se revezaram para me vigiar. Como se Marlene fosse fazer algo, ela quer o casamento tradicional.

— Como é o casamento tradicional? Por que a necessidade da noiva ser… — deixo a frase morrer, um pouco constrangida.

— É difícil explicar — Sirius franziu as sobrancelhas. — é um conjunto de votos e magia, com os noivos e os pais da noiva, e os padrinhos. Uma dessas magias não funciona se a noiva não tiver mais seu hímen, não é algo que impediria o casamento, mas todos saberiam, então você pode imaginar o escândalo.

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Confirmo com a cabeça, imaginando como seria meu casamento, se um dia eu me casar. Sirius pareceu ler meus pensamentos, pois disse:

— Você não precisa se preocupar, esse tipo de casamento só dar para ser feito quando, pelo menos, um dos pais da noiva é bruxo. Você terá um casamento normal.

Caminhamos o resto do caminho em silêncio absoluto, quando eu já estava ficando desconfortável chegamos a um alçapão que nos levou para o porão da Dedos de Mel.

Tivemos que ir para a área onde tinha casas residenciais, bem lá no final, onde só os moradores iam. Tinha uma pequena farmácia bruxa, com quase todo tipo de poções, incluindo a que me diria se eu estava grávida ou, queira Merlin, não.

Sirius cumpriu sua palavra e se afastou, indo olhar produtos para o cabelo. Olhei para a prateleira na minha frente, ao lado dos pequenos pacotinhos com tecidos para aqueles dias tinha pequenas garrafinhas coloridas. Na embalagem não dizia muita coisa, então peguei duas que prometia 98% de exatidão no resultado.

Encaminhei-me para o balcão e passei pela primeira grande vergonha. Do outro lado era um homem com uns 60 anos, ele olhou bem para o meu rosto, e depois para o que eu estava comprando.

Por um momento senti vontade de dizer que era para uma amiga. Mas lembrei de que sou uma jovem maior de idade que pode fazer o que quiser, incluindo transar. Então empinei o nariz e lhe entreguei os galões.

— Quantos anos a senhorita têm? — ele perguntou, frisando o senhorita como para confirmar que eu era solteira.

— Faço 18 no dia 30. — respondi.

— Coitado desse bebê. — ele sussurrou baixinho, como se fosse para si mesmo.

E então fiquei com raiva.

— O que o senhor quer dizer com isso? — perguntei um pouco alterada. — não é porque sou um pouco nova que vou ser uma péssima mãe.

O homem não teve tempo de responder ao meu surto. Sirius se aproximou sem entender o que estava acontecendo. O senhor sussurrou algo sobre só ficar pior ao ver as pulseiras de couro nos pulsos de Sirius.

Não entendo por que me senti tão insultada, pois não quero um bebê de qualquer forma, não me sinto preparada para isso. Mesmo assim puxo o saco, com a poção, de sua mão com agressividade. E esse é o meu erro.

O saco rasga e a poção cai no chão. Sirius, que está mais perto de onde ela caiu, a pega. Choque é o que aparece em seu rosto ao ver do que se trata a poção.

E então, eu corro para fora da loja, tentando segurar as lágrimas.

X-X

Sirius me alcança quando já estou na porta da Dedos de Mel, ele segura meu braço para me obrigar a espera-lo e fingimos ser um casal de clientes comum, entretanto caminhamos até o sótão.

Foi só quando chegamos ao silêncio do túnel que Sirius se atreveu a falar.

— Oh, Lily, como você foi deixar isso acontecer?

— Não estava nos meus planos, sabe? — respondi cabisbaixa. — Só aconteceu…

— Eu sei, desculpa, você não fez isso sozinha. – ele esfrega os olhos com força. - Ele vai surtar.

E com essa frase ele me deixa em mais pânico ainda. Por que se ele vai surtar, é porque ele contou sobre a noite para os amigos, e sendo assim ele não cumpriu a promessa que fez comigo. Por algum motivo isso me machuca, não que eu ache que James me devesse alguma coisa depois de uma única noite, mas realmente acreditei nele.

— Eu sei!!! — digo entre os dentes.

E então explodimos, começamos a falar juntos, discutindo sobre todo o problema, falando rápido e aumentando a voz até chegar a uma altura tão grande que agradeço estarmos longe de qualquer ouvido.

— Céus, como é que vocês vão resolver isso?

— Eu nem mesmo confirmei ainda! Não quero me preocupar antes do tempo!

— Ele vai ter que conseguir um emprego, cara vai ser difícil, mas nós podemos ajudar com o que for necessário!

— Meus pais! Como vou encarar os meus pais?

— Vocês nem estão namorando, todo mundo vai falar e comentar.

— Minha vida está arruinada!

— Se ele passar a licantropia para o bebê…

— O que?! — exclamei, parando imediatamente. — ele é um lobisomem?

— Remus disse que você sabia que ele é um lobisomem. — Sirius pareceu confuso.

— Sim, eu sei o que Remus é, mas não sabia que o… — e então me calei no meio da frase, sem querer mencionar o nome de James.

Sirius franziu as sobrancelhas em uma careta de confusão.

— De quem você está falando? — perguntou.

— De quem você está falando?

— De Remus, é claro!

— E o que Remus tem a ver com isso tudo? — pergunto completamente confusa.

— Bem, o bebê é dele!

— Não é, não.

Sirius fica em silêncio por alguns segundos, digerindo a notícia.

— Vocês dormiram juntos no natal, — ele explica. — Peter nos disse.

— Nós, literalmente, dormimos. - respondi com o rosto corado. – Remus bebeu demais, levei ele pro quarto e depois passei um pouco mal, então dormi lá também.

Finalmente entendo por que ele acha que o bebê é do Remus, e entendo que isso quer dizer que James não contou nada, ainda posso confiar nele. Caso a poção de positivo, posso confiar nele, ou decidir resolver o problema sozinha.

Sirius se vira para frente devagar, e segue caminhando em silêncio. Eu o sigo, quando chegamos ao corredor de Hogwarts, já na hora do almoço. Lhe agradeço pela ajuda.

Enquanto sigo meu caminho para o banheiro mais próximo, Sirius grita meu nome. Mas eu não olho para trás.

X-X

Segui até o banheiro dos monitores e me tranquei em uma das cabines. Li atentamente o verso da embalagem da poção decidida a evitar qualquer mínimo erro.

“Misture partes iguais de poção e urina. Para isso você pode usar outro vasilhame ou simplesmente encher de urina até a linha vermelha.”

Olhei a poção. O líquido era incolor e chegava só até a metade do pote, quando abri a tampa descobri que o cheiro não era nada agradável. Tive certa dificuldade para mirar, mas consegui encher a outra metade com xixi e voltei a ler o verso.

“Espere de três a cinco minutos, a mistura mudará de cor. Azul para positivo ou vermelho para negativo.”

Então espero. Os cinco minutos mais longos da minha vida.

— Por favor, por favor, fique vermelho, fique vermelho.

A bugiganga começa a mudar de cor, mas era algo tão sutil que não tinha como identificar algo.

— Por favor, por favor.

Nunca imaginei que um dia estaria nessa situação. Há alguns anos eu imaginava que só iria perder a virgindade depois do casamento e então, nessa condição, não teria problemas uma gravidez sem planejamento, por que ainda assim seria uma bênção.

— Fique vermelho, fique vermelho.

Eu planejava terminar o sétimo ano com notas boas. Horácio já tinha me conseguido uma entrevista de emprego para trabalhar no Ministério da Magia, na sessão de Controle, Registo e Criações de Novas Poções. Eu iria fazer o curso de pesquisadora, e iria começar a criar minhas próprias poções

— Vai, vai, fica vermelho.

Eu iria casar só depois dos vintes anos, e teria filhos só depois dos vinte e cinco. Aí sim, eu estaria estabilizada não só financeiramente, mas também emocionalmente. Estaria preparada para ter um bebê, para criar uma criança e educar jovens para serem um futuro bom.

— Por favor, fica vermelho.

Mas a verdade veio como um choque e o meu mundo desabou, pois a poção não ficou vermelha, não… ela estava azul.

X-X

E aqui estou eu. Em um estado de choque tão grande que não consigo sequer chorar. A poção ficou mais azul ainda, chegando até perto de um roxo.

Fico certo de uns 20 minutos sentada no chão daquele banheiro tentando acalmar minha respiração. Por fim decido que preciso dormir, depois quando acordar posso pensar no que fazer.

Fecho a poção com uma força tão grande que o vidro ameaça trincar, então o guardo no bolso interno da minha capa.

Sirius estava me esperando sentado no chão do corredor. Assim que ele me viu se levantou em um pulo e se aproxima, parecendo que passou cada segundo de espera se preparando para me consolar ou comemorar.

— E aí, o que deu?

Aperto os lábios com força, me recusando em falar as palavras em voz alta. E então começo a soluçar. Sinto as lágrimas escorrendo pelo meu rosto e o cubro com minhas mãos, tentando me silenciar.

Sirius me abraça, enterro meu rosto em seu peito.

— Vai ficar tudo bem. — ele afirma repetida vezes ao mesmo tempo em que acaricia meus cabelos.

— Não vai, não. — respondo entre soluços. — Como é que vou resolver isso?

Sirius me aperta com mais força, e me balança em um ritmo confortador.

Leva alguns minutos para que eu pare de soluçar, e mais tempo ainda para que as lágrimas parem de cair e quando finalmente me afasto, a camisa dele está molhada.

— O que você vai fazer? — pergunta ele.

— Não sei, não posso seguir com isso.

Sirius aperta os lábios com tanta força que eles ficam brancos, ele não gostou da minha resposta, mas não consigo imaginar o que ele esperava ouvir.

— E o pai?

— Não quero falar sobre isso. — respondo em um sussurro. — preciso resolver isso sozinha.

— Não precisa ser sozinha. — diz Sirius. — Recebi uma boa herança do meu tio no ano passado, o suficiente para cuidar de um bebê por muito tempo, ou se você preferir, para comprar um poção da Travessa do Tranco. Mas eu não recomendo essa última opção, eu estou aqui Lily, posso ajudar, posso até dar um sobrenome para seu filho.

Me arrepio com a última palavra, querendo que essa sentença nunca mais seja repetida.

— Você namora minha amiga, isso não seria legal, as pessoas iriam falar.

— Só me importa a opinião de Lene, e creio que ela não iria deixar a amiga dela uma barra pesada dessas, sendo que eu tenho como ajudar.

Olho Sirius avaliando a opção que ele me deu. Seria bem simples, ele se voluntariou, mais simples do que ir falar com James, porém mais complicado do que simplesmente por fim logo nisso tudo.

— Eu estou aqui com você, Lily, e vou sempre ficar ao seu lado. — respondeu Sirius olhando diretamente em meus olhos. — Mas a escolha é toda sua: você vai ter o bebê, ou vai abortar?