Capítulo 8

COBRA

As mãos de Jade estavam envoltas em meu pescoço, como se quisesse me prender a ela. Eu tentava de todas as formas me livrar da situação, mas eu sempre soube que sou um Cobra fraco, mesmo colocando a mascara de má pessoa. Acho que a única pessoa com que posso ser eu mesmo é a K, porque até com a bailarina tive que pagar de bom moço, sendo apenas de bom agrado à mãe dela.

A morena se sentou em um dos bancos e me encarou de forma arrependida, poderia te dito a mesma que não voltasse mais ali, pois, sua ausência foi o suficiente para provar que sua vida pessoal sempre esteve e, sempre estará acima de tudo, inclusive do seu ‘’Vagabundo’’.

Comecei a apertar meus dedos vendo a cena de choro de Jade, eu detestava quando ela fazia esse papel ridículo de garota frágil.

– Cê tinha feito sua escolha, foi lá, estudar longe daqui, o que te fez voltar ? O que te fez mudar de ideia ? – Cerrei meus punhos, Jade me encarou de forma espantosa, em seguida levantou da cadeira pisando firme no chão, de modo que seus saltos batiam fazendo barulho.

– O que me fez voltar, foi você. Foi tudo que a gente viveu, Cobra. Acha que eu ia deixar tudo passar despercebido? – Os olhos dela se encheram mais ainda de agua. Eu engoli a seco, minha glândula estava inquieta. A sensação que eu tinha era de perca, de que algo bem ali estava por acabar. – Não parece dar à mínima. – Completou abaixando a cabeça.

Eu dava a mínima, só não deixava tão obvio a ela. Sempre soubemos que envolver sentimentos nunca foi muito nossa praia.

– Veio na hora errada. – Afirmei. – Agora tá meio tarde, alias, bem tarde. – Respirei bem pesado antes de completar. – Não vou ser mais nada do que você quer, chega, to bem cansado.

Ela assentiu entendendo cada palavra dita por mim. Estávamos pondo um fim, ao menos eu, estava acabando com tudo.

– Já que é assim. – Disse de forma orgulhosa, Jade pegou os pares de malas e os levantou do chão. – Seja feliz. Só espero não se arrepender depois, porque quem não quer mais, sou eu. – Por fim ela empurrou a porta com força. Depois de tudo isso, provavelmente não nos veríamos mais.

KARINA

Vi uma movimentação de Jade saindo, parecia a ponto de matar alguém. Provavelmente ela e o Cobra haviam brigado ali dentro. Eu já estava bem ciente do quanto ele queria matá-la de alguma forma. Foi então que, desisti de evitar vê-lo, e fui em direção à loja. Cheguei na porta e, fechei meus olhos sabendo que iria encontrá-lo quebrando tudo lá dentro, Cobra sempre reagia dessa forma, como se precisasse extravasar todas as perturbações em socos e ponta pés. E, com certeza eu tinha razão. Assim que pisei meu pé na porta, o vi lançar vários potes daquelas coisas de suplementos. O corpo, rosto, mãos...Tudo, praticamente tudo tava tenso nele. Minhas perspectivas eram de que eles fossem voltar, e acabar se resolvendo, entretanto acho que não foi bem isso que aconteceu.

Não aguentando em ver ele daquele jeito, entrei mais fundo na loja e, me abracei em suas costas. A principio tive muito medo de que o lutador me desse um golpe, mas foi como se ele soubesse que era eu ali.

– Acabou- Vociferou. – Chega. – Ele gritava praticamente desesperado, como se doesse de uma forma física. Sabia bem dessa sensação. Foi igual com o Pê.

Apertei-me mais ainda a ele. Cobra pareceu desarmar, e entrelaçou seus dedos nos meus.

– Vai ficar tudo bem. – Garanti.

Iria sim.