A Filha de Roma e Grécia

Hazel - Como Unda faz amigos.


Foi difícil pegar no sono.

O treinador Hedge passou a primeira hora depois que nós nos recolhemos para dormir cumprindo sua obrigação noturna, andando por todo o corredor berrando:

– Apaguem as luzes! Vão deitar! Tentem escapulir de suas cabines e mando vocês de volta para Long Island só com uma bofetada!

Hayley – como sempre – desobedeceu e escapuliu para o meu dormitório. Não reclamei. Sabia o que ela estava passando.

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– Vem cá – chamei, abrindo os braços assim que ela entrou. Ela correu e me abraçou. Eu sabia o que ela estava passando.

Hay não chorou. Ela não precisava ser consolada, o que ela precisava era desabafar. Por isso sentei na borda da cama fazendo com que ela se sentasse também.

– Desembucha.

Ela suspirou.

– Estou aliviada por ele saber uma parte da história – disse ela – Mas se ele descobrir?

– Ele não vai se importar – aconselhei. – Percy Jackson é seu irmão. Ele vai te apoiar, isso sim. Precisa contar a ele.

Ela rolou os olhos, cética.

– Vai ser muito normal – começou ela – Oi Percy! Eu só queria dizer que eu, sua irmã que você tanto confia, morri em 1942 e fugi dos campos Asfódelos. E aí o que tem para o almoço?

Assim que disse isso seus olhos ficaram marejados.

– Hayley Bennet, devo lembrá-la que você não fez absolutamente nada de errado? – Irritei-me – Devo lembrá-la que você foi para o Elísio?

– E Hades me mandou para os campos Asfódelos quando tentei voltar para a superfície – ela retrucou. – Se não fosse por Perséfone, ele já teria me exterminado na minha primeira tentativa de fuga.

Suspirei.

Eu sabia que não adiantaria argumentar com Hayley, então a abracei.

Ficamos assim por um tempo, até que ela se deu por vencida e começou a chorar.

– Tudo que eu queria era ficar com meu irmãozinho – soluçou ela – Mas ele resolveu renascer em outra vida...

– Eu sei, eu sei – eu disse acariciando seus cabelos.

******

Mais tarde, quando Hayley já tinha voltado para o dormitório, eu finalmente consegui pegar no sono.

Tive um pesadelo horrível envolvendo Nico passando reto por mim nos campos Asfódelos. Quando corri até ele, o chamando, ele me olhou como se eu fosse louca e seguiu seu caminha sem dizer uma palavra.

Felizmente o sino do café da manhã me acordou daquele sonho.

Levantei-me e me vesti, certificando-me de que o pedaço de madeira que representava a vida Frank estava mesmo no bolço da jaqueta.

Ainda parecia surreal o fato que a vida Frank dependesse de um toco de madeira. E é ainda mais surreal o fato de ele ter confiado sua vida – literalmente – a mim.

“Lá está ela! Kansas à vista!”, gritou o treinador Hedge do convés, tirando-me de meus pensamentos.

Subi para o convés, e me juntei aos outros enquanto o Argo II posava no meio de um campo de girassóis. Os remos se recolheram e a prancha de desembarque foi baixada.

O ar matinal tinha cheiro de água, plantas frescas e terra adubada. Não era um cheiro ruim. Me fazia lembrar dos campos que eu e Sammy atravessávamos para chegar aos estábulos dos cavalos. A lembrança me tirou do ar por alguns segundos, pois quando dei por mim Hayley já me puxava pelo braço para descermos a prancha de desembarque.

Hayley usava uma camiseta do Acampamento Meio-Sangue por baixo da jaqueta de couro preta, calça jeans rasgada e coturnos. As mangas da jaqueta estavam arregaçadas devido ao calor deixando à mostra a tatuagem das letras SPQR acima do tridente. Era como se ela não soubesse direito qual acampamento pertencia.

– Bem! – Annabeth roubou o begel da mão de Piper, que não pareceu se aborrecer. – Aqui estamos nós. Qual é o plano?

Hayley deu de ombros.

– A filha da deusa da estratégia é você – comentou ela.

– E a neta é você – retrucou Annabeth.

Então as duas sorriram. O sorriso de Hayley não era igual ao de Annabeth. Era mais calmo e mais sincero, fazendo com que eu tivesse vontade de sorrir também. Hay tem esse efeito nas pessoas.

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– Quero verificar a estrada – falou Piper – Encontrar a placa que diz Topeka 51.

Leo girou o controle do Wii, descrevendo um círculo, e as velas baixaram.

– Não devemos estar longe – disse ele – Festus e eu calculamos o pouso da melhor forma possível. O que você espera encontrar na placa de quilometragem?

Piper explicou que tinha visto na adaga um homem de roxo com uma taça.

– Camisa roxa? – perguntou Jason – Videiras no chapéu? Deve ser Baco.

– Dioniso – murmurou Percy – se viemos aqui só pra ver o sr. D...

– Baco não é tão ruim assim – opinou Jason – Não gosto muito das seguidoras dele, mas o cara é mesmo tranquilo. Uma vez fiz um favor para ele na região do vinho.

Percy pareceu perplexo.

– Que seja, cara. Talvez ele seja melhor no lado romano. Mas o que ele estaria fazendo no Kansas? Zeus não ordenou aos deuses que cortassem contato com mortais?

Hayley rolou os olhos.

– E eles estão se saindo muito bem em cumprir essa ordem, não é? – ironizou ela. – Além disso, se os deuses ficaram esquizofrênicos, como Hazel disse...

– E Leo disse – acrescentou Leo.

Hayley o ignorou. (Leo: O que não foi legal!) Sai Leo! Esse cap é meu! (Leo: Estressadinha...)

– Então quem sabe o que está acontecendo com os olimpianos? – Continuou ela. – A situação pode estar muito ruim por lá.

– Parece perigoso! – concordou Leo – Bem... vocês se divirtam! Eu tenho que terminar uns reparos e arrumar o casco. O treinador Hedge vai tentar consertar as bestas quebradas. E, hã, Annabeth... seria bom contar com sua ajuda. Você é a única outra pessoa que entende pelo menos um pouco de engenharia.

– Não é a única – murmurou Hayley, inaudível, ao meu lado.

Annabeth dirigiu um olhar de desculpas a Percy.

– Ele tem razão. É melhor eu ficar.

– Vou voltar pra você – ele deu um beijo no rosto dela – Prometo.

Hayley fez uma cara de nojo tão engraçada que não consegui conter o riso.

Frank tirou o arco dos ombros e o apoiou na amurada.

– Acho que eu devia me transformar em corvo ou algo assim e voar por aí, ver se encontro alguma águia romana.

– Por que não tenta se transformar em uma águia e fica perto delas para descobrir algo? – opinei.

Frank arqueou as sobrancelhas e ficou vermelho.

– Boa idéia. Não tinha pensado nisso.

– Eu e Hazel ajudamos você, Frank. – disse Hayley – Podemos chamar Arion e Unda para fazer uma busca por terra.

– Unda? – Leo perguntou.

Hayley o ignorou outra vez. Ela fechou os olhos e se concentrou girando o anel em seu dedo distraidamente.

Um cano do convés explodiu e a água que saiu do mesmo começou a tomar forma e se solidificou em um cavalo branco com as pontas de sua crina manchadas de azul.

Unda relinchou e aproximou-se da dona.

Todos olhavam boquiabertos, exceto Eu, Frank e Percy, que já tínhamos visto isso acontecer antes.

– Como... essa coisa é feita de água? – perguntou Leo, com os olhos arregalados.

– Unda não é uma coisa – Hayley disse duramente – Ela representa os três estados da água. Por isso pode cavalgar no ar, na água e em qualquer superfície sólida.

Unda relinchou. Percy e Hayley começaram a rir.

– O que ela disse? – perguntei.

– Nada não – respondeu Hay – Vamos lá