Snapchat

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Por Violet Hood

— E no final eu tive que fazer o trabalho todo sozinha, mas o idiota no McLaggen também recebeu a nota máxima — contei para minha prima, Lily, enquanto lanchávamos no Três Vassouras. Uma lanchonete simples perto da minha casa, mas raramente tinha tempo para parar e fazer um lanche. — Sério Lily, acho que nunca fiquei tão irritada. Tive uma incrível vontade de defenestrar aquele idiota.

Percebi rapidamente que Lily não me encarava, ou prestava atenção no que eu dizia, ela olhava para alguém atrás de mim. Notei que era alguém e não algo, porque minha prima estava com aquele olhar que sempre fazia quando encontrava uma possível vítima.

Olhei para trás e vi um garoto loiro lendo um livro. Ele usava óculos e tinha a testa franzida, como se achasse aquela parte do livro um completo absurdo. Tentei ver o que estava lendo mas não consegui, contudo reconheci o garoto.

— Aquele não é um amigo do seu irmão? — perguntei para Lily.

— James? — ela indagou sem muito interesse na conversa.

— Não — neguei ajeitando o meu corpo, não queria que ele levantasse a cabeça e me visse o encarando. Mesmo que não fosse muito difícil passar a tarde inteira olhando um garoto tão bonito, não diria aquilo para Lily Luna, ela estava me amolando para encontrar um namorado desde o ano passado. — Ele é amigo do Albus.

Lily me encarou como se eu tivesse falado o maior absurdo do mundo.

— Al não tem amigos gatos.

— Eles são amigos, acredite — assegurei. — Impossível esquecer o único amigo gato que do Al.

Albus Severus Potter era o maior geek de todos os tempo, foi ele quem me viciou em Doctor Who e Star Trek. O filho do meio dos Potter só andava com amigos igualmente geeks e estranhos, ninguém nunca soube o que ele fez para que Mackenzie Longbottom, uma das meninas mais populares e bonitas de Hogwarts, se apaixonasse por ele.

No começo do ano, comecei a ver Albus andando com um amigo novo e incrivelmente gato, mas não tive coragem de perguntar o seu nome para o meu primo. Então só o encarava de longe, sabe, apreciando a arte, ao contrário de Lily que estava quase indo beijá-lo. Não era uma novidade para mim ver que Lily nunca havia notado o garoto, ela nunca nota os amigos de Albus.

— Nerd e gato — minha prima disse mordendo o lábio inferior enquanto o encarava. — Adoro um homem com futuro.

Revirei os olhos e voltei minha atenção para o meu lanche, esperando que aquele assunto fosse esquecido. Mas Lily Luna não iria esquecer tão rápido, eu a conhecia bem demais para saber disso.

— Me dá o seu celular — ordenou, não esperou uma resposta minha e pegou meu IPhone em cima da mesa.

— Ei! — protestei. — O que pensa que está fazendo?

— Tirando uma foto para o Snapchat — respondeu como se fosse óbvio. Nota mental: mudar minha senha e não contar para Lily.

— Por que não usa o seu celular?

— A bateria acabou.

— Mas isso não te dá o direito de... — não consegui terminar a frase, pois a garota tirou a foto, todavia o flash estava ligado e o local não estava tão iluminado, além de estar quase vazio, ou seja, ele olhou.

Só que minha prima é rápida como um ninja então antes que o garoto pudesse olhar, o celular já estava nas minhas mãos.

— Ops... — a ruiva sussurrou. Assim que os olhos dele encontraram os meus, me virei rapidamente para não ter que encará-lo. — Não olhe agora, ele está vindo.

— O quê? — perguntei assustada. Será que tinha alguma chance de eu conseguir cavar um buraco no chão e enfiar minha cabeça dentro dele?

— Acho que vou ao banheiro — Lily se levantou rápido demais para que eu pudesse protestar.

— Merda — xinguei em voz baixa. Precisava de amigas novas.

— Hmm... com licença — ouvi a voz do garoto me chamar timidamente. Merda, aquela voz era mais sexy do que a do Benedict Cumberbatch.

Respirei fundo tomando coragem e me virei devagar, como se nada tivesse acontecido.

— O-oi — sorri educadamente. Estou tentando no máximo agir naturalmente.

— Você... — ele coçou a cabeça visivelmente nervoso, e depois ajeitou os óculos no rosto. Aquele garoto era um deus grego, Lily precisava voltar logo ou seria eu quem iria beijá-lo. — Você tirou uma foto minha?

Corei da cabeça aos pés, devo ter ficado da cor dos meus cabelos. Daria de tudo parar ter uma TARDIS* agora, voltaria no tempo e impediria esse desastre.

Mas eu não queria levar a culpa por aquilo, só estava aqui tentando comer o meu sanduiche em um dos poucos finais de semana que não tenho que passar o dia estudando para provas.

— Foi minha prima! — Exclamei rapidamente. Vi o quanto ridículo aquilo soou depois de ter falado, parecia uma criança dedurando a amiguinha, entretanto agora não tinha mais volta. — Lily achou que você era um gato e tentou tirar uma foto sua para o Snapchat mas o flash estava ligado e assim que você olhou ela colocou o celular na minha mão e agora você acha que fui eu por favor não fique irritado comigo!

Fiquei completamente sem folego depois de falar aquilo e tive que parar para respirar, esqueci completamente de colocar virgulas na minha fala, estava muito desesperada para pensar nisso. Não lembro qual foi a última vez que paguei um mico desses, eu era um completo desastre.

O garoto soltou uma risada e o encarei chocada. Ele não estava nem um pouco irritado.

Ri nervosa, reparando como o sorriso dele era lindo e eu queria muito... Rose! Foco! Controle seus hormônios, menina!

— Posso ver? — perguntou me pegando de surpresa.

— Cla-claro — respondi desbloqueando meu celular. A foto dele estava perfeita, o jeito com que ele lia o livro concentrado e a luz que iluminava sua mesa o fazendo parecer ainda mais com um deus grego, meus dedos coçaram querendo salvar a imagem. Mas ao invés de fazer isso, eu entreguei o celular.

Pensei que o garoto iria apagar a foto, porém o vi digitar algo. Quando ele me devolveu vi que havia colocado seu número na tela e a imagem estava sendo salva. Devo ter ficado alguns segundos encarando aquilo, completamente chocada.

E quando levantei a cabeça para encará-lo o mesmo se dirigia em direção a saída com o seu livro na mão.

Não pensei duas vezes antes de sair correndo para fora da lanchonete.

— Espere! — gritei antes que atravessasse a rua, ele se virou para me encarar. Pela sua expressão parecia que aquilo não fazia parte dos seus planos. — Qual é o seu nome?

O garoto sorriu, não mais confuso.

— Scorpius Malfoy.

— Scorpius — repeti gostando daquele nome, era tão único quanto o seu sorriso e a sua voz sexy. Scorpius sorriu ainda mais ao me ouvir pronunciar o seu nome. — Eu sou...

— Rose Weasley — completou. Eu o encarei completamente incrédula fazendo com que ele risse. — Até mais, Rose.

Ainda estava sem reação quando o garoto se distanciou, atravessando a rua.

Scorpius havia, provavelmente, perguntado à Albus o meu nome, ou se ele ouviu alguém falar de mim e não havia se esquecido como se eu fosse uma ninguém. Scorpius Malfoy, o deus grego, inteligente que gostava de ler, tinha se interessado por mim!

Ainda estava em estado de choque quando voltei para minha mesa nos Três Vassouras. Lily Luna havia retornado e agora comia a sua torta.

Ela me encarou, despreocupada, como se nada tivesse acontecido. E eu estava ocupada demais pensando em Scorpius Malfoy, e no seu número salvo no meu celular, para ficar irritada com a traição da minha amiga.

Minha prima tomou um gole do seu chá gelado e me encarou.

— Então... o que eu perdi?