Já faziam alguns anos que estávamos nos Estados Unidos, vivendo como dois adolescentes apaixonados e fugitivos.
É claro que nem tudo eram flores, afinal eu trabalhava o dia inteiro para que ele pudesse estudar e aproveitar um pouco da vida que sempre esteve confinada sob as areias do Egito. Não era problema pra mim, embora claro eu preferisse ficar jogado no sofá aproveitando o gosto amargo dos meus cigarros. Mas por ele eu sinto que faria qualquer coisa.

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Não seria mentira dizer que a maior dificuldade que encontramos foi a aceitação nesse pequeno bairro. Um casal gay não é tão bem quisto pelas tradicionais famílias que aqui vivem, ou mesmo pelo meu empregador estúpido no mercado. Ainda mais com um namorado tão escandaloso e chamativo quanto Marik. Mais de uma vez encontrei-o emburrado no sofá com alguns hematomas; Ele nunca deixava pra lá.

Muitas vezes nós pensamos em retornar ao Japão, tentar arrumar as coisas por lá, mas ambos sabíamos que Atem tentaria a todo custo me banir de vez desse mundo. Eu não podia dar essa chance à ele enquanto tivesse o menor para proteger.
Então eu simplesmente trabalhava. Até hoje, quando Marik chutou o balde de vez, chamando a senhora da casa ao lado de "velha invejosa" e "crente ignorante"... Achei que fosse a hora de nos mudarmos, mas Marik simplesmente não queria sair dali. Eu realmente queria gritar com ele, mas seria muito pior. Então respirei profundamente sentando no sofá e ligando a tv. E quando eu achei que o Marik ia sossegar ele grita histericamente apontando para o programa e me fazendo sobressaltar de susto.

- "O casamento gay foi aprovado em todos os estados...?" - Li quase que como se tentasse assimilar as palavras.

Eu podia ter levantado e ido dormir, eu podia ter levantado e ido beber. Mas eu apenas olhei para o outro incrédulo. E ele pulou no sofá com o olhar mais suplicante que eu já vi na vida. Eu suei frio provavelmente, mas se deixasse transparecer a dúvida ele provavelmente abriria o choro sem me dar chance nenhuma de explicar. Apenas acariciei-lhe a face e sorri da forma mais doce que eu consegui (o que não foi muito, aliás) antes de dar um selinho demorado. A cara de choro se formou mesmo sem eu falar nada, e ele se levantou virando as costas e correndo em direção ao quarto.
Esfreguei meus olhos sabendo que não havia o que fazer... Mas, porque não querer fazer?
Caminhei em direção ao quarto; A porta estava trancada. Bati. Uma, duas, três vezes.

- Marik?

Nenhuma resposta.

- Eu sei que você não vai pular a janela e dar de cara com a velha do lado. Abre a porta.

Alguns minutos se passaram antes dele choramingar algo lá de dentro.

- Marik Sebastian Ishtar. Eu te amo, mas se você não abrir essa porta eu juro que quebro todos os bibelôs religiosos dessa casa.

Nenhum ruído só podia significar que ele estava realmente bravo.

- Marik, se você não sair daí como eu vou te pedir em casamento? - Eu já falava suplicante.

A porta se abriu após alguns minutos. Os olhos marejados dele me fitavam como se tentassem decifrar se eu estava realmente falando a verdade.

- Eu te amo garoto. Eu lutei por você, eu fugi por você e eu estou aqui por você. Então você quer casar comigo ou não? - Fingi uma carranca.

Ele apenas sorriu e me beijou. Finalmente eu poderia chamá-lo de meu com toda a certeza e aquilo significou o mundo pra mim.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.