JUNKO: O Jogo Maldito

Confissões


– Profundo... - disse Gustavo limpando as mãos sujas na roupa.

– Vou pegar algodão e álcool pra acordar a Bela Adormecida. - disse Gaby se levantando e entrando no corredor.

– Essa puta ainda me paga. - reclamou Gabriel.

– Eu nunca imaginei que Sophia fosse capaz de ser tão ruim.

– Eu já suspeitava. - disse Gustavo indo pegá-la e a pondo no sofá. - Essa gente riquinha não presta...

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– Ah, desculpa...

– Hã? Ah, desculpa, Gustavo. - disse o negro envergonhado. - Não me referia a você. Você é até bem legal!

– Não é o que dizem... - suspirou o gordinho.

– Aff, não liga pro que aqueles babacas falam! Eles te julgam só porque você é gordo, e fazem isso um motivo de zoação! E você liga! Se não ligasse ninguém iria encher teu saco!

– Não me refiro só a eles...

– Como assim?

– Deixa pra lá.

– Se você me contar eu te conto um segredo meu.

– Segredo?

– Uhum. Uma coisa que nunca contei a ninguém, nem mesmo pra Gaby.

– Bem... Fechado. É que a situação lá em casa não é das melhores. Minha mãe é um amor comigo, vive me empanturrando de comida, me mimando... Mas meu pai é frio, me xinga umas mil vezes por dia de gordo e incompetente. Diz que eu não sirvo para nada, que eu sou só mais um peso na vida dele...

– Ah, o meu pai vive dizendo o mesmo pra mim. Mas eu nem ligo mais, sei que não é verdade. Se eu fosse burro não estava estudando em uma escola de ricos com cem por cento de bolsa, certo?

– WOW! Cem por cento? Como você conseguiu?

– Eu estudei. Estudei como um louco... Eu não queria ser pobre e drogado como meu pai, então estudei muito para tentar conseguir uma boa educação.

– Enquanto isso eu ganho tudo nas minhas mãos... Cara, Gabriel, você é demais!

– Obrigado. - ele riu. - Agora o meu segredo.

– Conta!

Gabriel ficou um pouco sério e passou as mãos nos cabelos cacheados.

– Bem... E-eu...

– Você?

– Eu gosto de homens.

– O QUE!?

– Fala baixo!

– Desculpa. Mas como assim você é...?

– Sim, eu sou gay!

– Ai meu kokoro!

– Oi?

– Nunca viu esse meme?

– Não...

– Kokoro é coração em japonês.

– Ah, sim! É uma palavra engraçada, kokoro!

– É verdade. Vamos tentar falar rápido! KOKORO KORKOR KOKORO KORKORK KOKOROR KOROKOKO!

– NOSSA!

Os dois riram muito.

– Do que estão rindo? - perguntou Gaby chegando a sala.

– Nada! - responderam em conjunto.

– Demorou, hein, Gaby. - comentou Gabriel.

– O algodão do banheiro acabou e eu tive que caçar outra caixinha pela casa.

– Entendi.

– Agora vamos despertar a Bela Adormecida. - disse a garota pondo álcool no algodão.

– Tá mais pra bruxa má. - disse Gabriel rindo.

– Verdade. - disse Gustavo rindo.

Gaby levou o algodão ao nariz de Sophia e a garota foi recobrando a consciência devagar. Ou nem tanto.

– Sophia, você tá bem? - perguntou a garota.

– SAI DE PERTO DE MIM, SEU FAVELADO!

– Tá ótima! - disse Gabriel.

Todos riram.