Lá estava a pequena Sakuno, olhando para o vazio de novo. Aos poucos as lágrimas que segurava, escorreram de seus olhos.

"Ele não foi para a América ainda, só foi para casa... Por que não consigo parar de chorar?"

Ela tentava secar as lágrimas nas mangas do casaco.

– mas por que não me esperou? - questionou a si mesma.

Esfregou os olhos mais um pouco e levantou a cabeça devagar imaginando que ele estaria ali. Mas não havia ninguém.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Vendo que as lágrimas não parariam tão cedo, começou a andar devagar, respirando fundo para chamar menos atenção na rua.

Dali a pouco começou a andar mais rápido, em passos largos, querendo chegar logo em casa, até que parou e bateu nas próprias bochechas tentando interromper aquele sentimento de tristeza, frustração e irritação.

"Não posso desistir, não antes de dar chocolates homei*"

E agora sim, Echizen estava a sua frente. Assim que ela o viu, abaixou devagar como se derretesse. Com as mãos ainda sobre as bochechas vermelhas de ardor e de amor. Ryoma deu meia volta, fingindo não conhecê-la, pois uma pessoa batendo no próprio rosto e agachando daquele jeito na rua, era muito estranho.

Ryuzaki ao perceber que ele ia embora levantou eufórica e parou na frente dele com os braços abertos, o impedindo de seguir.

– O que foi?

– P-por que não me esperou? - o nariz escorrendo, os olhos molhados e avermelhados não o deixavam a levar a sério.

– Você não me disse pra esperar.

Ela fechou os braços e debateu.

– Mas eu sempre te espero.

– Vamos pelo mesmo caminho, então não vejo motivos para tudo isso.

Momoshiro levava Ryoma pra casa em sua bicicleta, todo santo dia, ele nunca tinha notado que morava a um bairro de distância de Sakuno. Assim que ela descobriu, passou a esperá-lo todos os dias na saída, era uma de suas grandes alegrias, andar ao lado dele, mesmo que fosse em uma caminhada silenciosa. Ficou extremamente chateada com a reação indiferente de Echizen, e só de raiva apertou as bochechas dele, igualzinha a avó fazia quando eles saiam da linha durante os jogos de campeonato. A diferença é que ele não esperava uma atitude daquelas vinda dela.

– Isso não é justo! Eu estava entregando os papéis por você. - apertava-o com tanta força que ele não tinha nem como revidar, na verdade ainda estava em choque de susto e preferiu não revidar. - E você não foi no meu aniversário, não me disse que chocolate gosta para eu fazer pra você, nem disse que ia para a América... você é... Você é um boboca Ryoma-kun! - finalmente o soltou, ficou de costas para limpar as lágrimas, Ryoma imediatamente levou as mãos às bochechas que estavam vermelhas e ardendo, tentava ligar os pontos de tudo o que a garota dissera.

Ryuzaki foi se acalmando e tomando consciência do que tinha feito; logo sua calma foi se esvaindo de novo, acabara de ter um ataque histérico, no meio da rua, gritado e agredido o rapaz que ama. Não tendo com que cara olhar para ele, começou a andar dura e devagar para sair dali, antes que ele dissesse qualquer coisa. Não o encararia de novo tão cedo. Echizen depois de associar tudo mentalmente, percebeu que ela ia saindo de mansinho:

– Aonde pensa que vai?

Havia um tom de irritação em sua voz. A garota congelou na posição em que estava, segurou a bolsa mais perto de si, aliás teria entrado nela, se pudesse. Suando frio, foi virando-se devagar. Antes que completasse meia volta, ele colocou uma sacola preta em sua cabeça.

Ela apalpou o objeto quadrado e tirou de cima de si, o encarando.

– Seu presente. - ele deu a dica.

Era uma sacola preta sem graça, mas quando ela olhou dentro, havia um embrulho muito, muito feminino. Com laços vermelhos e uma estampa de bichinhos muito fofa.

– Isso é...

– Não precisava entregar os papéis, deveria ter falado que os chocolates eram para o Valentine, sobre a América - pausou dramaticamente - eu não informei ninguém que viria, achei que não precisasse comentar a volta. E o seu presente - ele suspirou - só esqueci de entregar.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Sakuno apertou o embrulho, se sentindo ainda mais arrependida de ter apertado as bochechas dele. Ficou o encarando durante um tempo sem dizer nada, mais precisamente, olhava suas bochechas, estavam em um tom rosado muito fofo e ele a encarava desgostoso com a situação. Em segundos ele tomou o embrulho de volta.

– Só acho que você não merece ganhar presente.

– Eh?! Desculpe Ryoma-kun!

– Se desculpando para ganhar o presente? Mada mada dane*. - disse zombando dela, que estava começando a não se sentir mais arrependida pelo feito. Até que olhando o pacote colorido nas mãos dele notou a etiqueta da loja e surtou.

– Você comprou na Lolie Gifs?!

– Talvez - disse dando de ombros, bastante incomodado, era óbvio que ele tinha comprado. A loja em questão só vendia produtos femininos. Ninguém que conhecesse Echizen diria que ele entraria numa loja espalhafatosa daquelas. E por esse motivo, Ryuzaki olhava o presente mais admirada.

– Eu não consigo imaginar você nesse tipo de loja.

– Hmm. É só uma loja. - ele virou de lado enquanto falava. Estava escondendo a verdade vergonhosa que veio à mente em um flashback.

Ryoma foi até o endereço marcado no papel pela mãe, e ao dar de cara com a loja gigante e desnecessariamente decorada, virou para ir embora sem sequer entrar. Maaaas, uma atendente o viu e o puxou para dentro, praticamente foi obrigado a comprar ou ficaria preso naquele lugar pra sempre. Jurou a si mesmo que nunca mais sequer passaria perto de lá.

Ryuzaki não parava de olhar o pacote, completamente encantada.

– Posso abrir? Por favor...! - seus olhos pareciam ter aumentado de tamanho e brilhavam, pedindo aquele embrulho desesperadamente. A vontade de Echizen era brincar com ela como fazia com Karupin, mas involuntariamente deu o embrulho.

– Vá em frente.

Sakuno começou a abrir o presente devagar, delicadamente, junto com ele, abriu um pouco o seu coração.

– Quando você veio ao Japão, não conhecia ninguém - apreciou com carinho o embrulho colorido - mas agora você tem amigos, não precisa fazer tudo sozinho, você é importante para nós. - e de dentro do pacote colorido, surgiu um bichinho de pelúcia. Ryoma parou de olhar pra ela pensando no que havia dito. Sakuno olhou e amou demais aquele panda peludinho.

– Que fofooo. - a voz saiu um pouco abafada, por que ela apertou o ursinho contra o peito. Quando olhou para Echizen, ele a encarava desgostoso de novo. – O que foi?

– Pergunte às minhas bochechas. - ele respondeu um pouco ríspido, ainda estava de lado, como se não quisesse encará-la, mas por algum motivo também não foi embora.

Ela olhou para o ursinho, pensou um pouco e finalmente perguntou:

– O que posso fazer para me desculpar?

Echizen olhou para cima, estava nevando um pouco mais forte.

– Está frio. - olhou de canto de olho para ela.

Quando a ficha caiu, Ryuzaki sorriu para ele docemente:

– Eu sei de um lugar aqui perto. Vamos.

Ele a seguiu, não muito seguro, por que a garota não entende de localizações. Durante o caminho ela fez cara de perdida pelo menos umas três vezes, o fazendo pensar que segui-la não foi a melhor das ideias, só que merecia comer uma comida quente, pelo menos a quentura sairia das bochechas e iria para o estômago. Echizen só não sabia que suas bochechas estavam queimando por outro motivo.

Passaram em uma barraquinha móvel que vende takoyaki. Quando ouviram alunos de outra escola saindo e falando alto.

– Ah, que saco! O diretor cancelou todos os treinos até o fim do inverno. - disse um deles.

– Só por que não temos uma quadra coberta.

– Eu acho um exagero, não está tão frio assim para proibirem as aulas ao ar livre.

Sakuno e Ryoma se encararam como se dissessem um ao outro "é isso!". Provavelmente era o mesmo que estava acontecendo no Seigaku. O que não se explicava era a aposentadoria forçada e repentina da treinadora. Eles pegaram seus takoyakis e foram embora.

Ao chegar na casa de Ryuzaki, se despediram como de costume. Quando ela estava quase na porta da casa, ele a chamou e disse:

– Sobre os chocolates.

Ela sentiu o coração acelerar.

– Me surpreenda. - disse com um sorriso galanteador e zombador que fez a garota corar. - Até amanhã. - ajeitou o boné na cabeça e foi embora, deixando a pobre garota confusa e com os nervos a flor da pele.

– Sur-surpreender?!