300 dias antes da América
Sete Chaves
Ryuzaki arrumava o cabelo usando o vidro da janela da cabine como espelho e perguntou:
– Ryoma-kun, como é a América?
– América? - ele finalmente parou de observar a garota e olhou para fora, tentando pensar. - Hmm... A comida é horrível, apesar disso é um país rico e as pessoas são legais com estrangeiros. - até lembrar-se das pessoas não muito simpáticas que conheceu no U-17. - bom, na maioria das vezes - Reparou as luzes que Ryuzaki falara e emendou um assunto ao outro - Parece natal mesmo.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– E você vai morar sozinho lá?
– Provavelmente em uma república.
– Entendi. Deve ser divertido morar com bastante gente.
Do lado de fora, Kikumaru estava de frente com o controlador da roda gigante, quando Oishi o chamou.
– Oishi! Chegou em boa hora!
– Sorte que eu estava por perto! - disse apoiando nos joelhos, recuperando o fôlego - Eiji, o que houve? Você disse que era uma emergência.
– E é. Esse senhor não quer deixar que a cabine 7 fique no alto mais tempo. - explicou
– É contra as regras. - respondeu o funcionário - Cada cabine só fica 2 min no topo.
– Quem está na cabine 7? - perguntou Oishi tentando entender o que ocorria.
– O-chi-bi. - respondeu Kikumaru piscando e fazendo um coração com as mãos.
– Ah?! Então é por isso que me chamou?! Isso não é uma emergência... - disse o amigo desapontado, mas aliviado ao mesmo tempo.
– É sim. Ele não aceitou nem dinheiro.
– Eiji! Você tentou suborná-lo?! - exclamou Oishi desacreditado
– Sim. Como ele não aceitou, eu peguei as chaves dele. - disse Kikumaru chacoalhando um molho de chaves, sem elas ninguém sairia das cabines da roda gigante. O funcionário ficou perplexo e começou a correr atrás dos dois.
– Eiji! Devolva agora!!
– Eu não posso Oishi até Momo e Inui completarem o plano.
– MOMO?! INUI também? Espera! Que plano?!
Os funcionários começaram a chamar uns aos outros para pegar os dois, que estavam usando suas habilidades de dupla de ouro do tênis, para fugir, atraindo toda atenção.
– Os dados foram coletados.
Inui foi até os controles da roda gigante, abriu seu caderno de notas com todo o esquema de controle. O painel tinha alguns botões e uma alavanca, quando o encarou, estava tudo etiquetado. Ficou extremamente bolado com aquilo e fez logo a cabine sete ficar no topo.
Saiu de mansinho, arrumando os óculos e mexendo no celular.
Momo, por sua vez, entrou num dos camarins dos funcionários, procurando alguma coisa.
Echizen até percebeu uma muvuca no parque; optou por ignorar.
– Se, se você se sentir sozinho na América - iniciou Ryuzaki tentando não encará-lo - ou se não tiver ninguém com quem conversar
Do outro lado do parque, Eiji recebeu duas mensagens. A de Inui "Está feito". E de Momo "Okey"
– Hoy hoy!! - gritou - Vamos Oishi, de volta à roda gigante!
– O que?! - Oishi estava indignado e apesar de fazer objeção verbal, acabou seguindo o parceiro de volta à roda gigante, devolveram a chave no lugar e correram para fora do parque. Depois ficou repreendendo Eiji até os outros saírem de lá.
Estava quase terminada a operação cupido quase ninja.
Ryuzaki estendeu, com as mãos trêmulas, um papelzinho rosa e decorado a Echizen.
– V-você p-pode me ligar. - era quase um cartão de visitas com e-mail, telefone e até endereço.
Echizen aceitou de bom grado, sem questionar. Apesar de ter pensado que aquilo era esquisito, não o papel, mas o fato deles estudarem juntos por quase 3 anos, morarem no mesmo bairro e nunca terem trocado contatos.
Encarou o papel delicado, e depois comparou com a autora, que estava tão rosa quanto o papel.
– Nós já fomos em todos os brinquedos, vamos embora agora ou quer repetir algum? - disse pegando as coisas
– Acho melhor irmos, está começando a nevar.
A cabine já estava no chão novamente. O funcionário abriu a porta e encarou os dois, soltando grunhidos. Ambos não entenderam nada. Na cabeça do homem, o casal era culpado de todo aquele forféu causado por Eiji.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Quando estavam quase na porta do parque, foram abordados por um coelho gigante de voz esquisita.
– Yo! Vocês dois! Não esqueçam de levar as recordações do seu dia dos namorados. - disse o coelhão estendendo as duas mãos para Echizen, na qual segurava, com muita dificuldade, um envelope.
– Recordações? - perguntou Echizen, desconfiando muito daquele coelho - entregue para ela - apontou para Ryuzaki com a cabeça, estava com as mãos ocupadas e não tinha nenhum interesse nessas coisas.
– Don! - disse o coelho quando Sakuno pegou o envelope, aquele som deixou Echizen intrigado e ele não resistiu em perguntar.
– Sr. Coelho, nós já nos conhecemos?
– Claro que não! - ele disse falhando a voz e gesticulando exageradamente - Eu me lembraria se encontrasse um cara pequeno como você.
Antes que Echizen retrucasse, Ryuzaki exclamou:
– São lindas! - dentro do envelope haviam várias fotos dos dois, de todo o passeio no parque. - Sr. Coelho, como podemos agrade... - quando ela e Ryoma olharam de novo, o coelho não estava mais lá. - Sumiu.
E assim como o coelho, os dois foram embora. Echizen a deixou em casa, que estava escura e silenciosa.
– Vovó ainda não chegou. Estranho. - disse acendendo as luzes do corredor e da cozinha.
Echizen colocou as sacolas de brindes, a bolsa de tênis e o urso no chão da entrada.
– Então, eu já vou. - se espreguiçou bocejando ao mesmo tempo.
– Ah, claro. - concordou Sakuno desanimada - Passou rápido.
– Sim.
– Não esqueça de levar seus brindes.
– Claro - ele parou como se quisesse dizer alguma coisa, fingiu arrumar o gorro para esconder o rosto e com um pouco de dificuldade agradeceu.
Ryuzaki ficou surpresa e feliz. Nunca tinha recebido um agradecimento tão sincero dele. Mal sabia ela que ele não estava agradecendo apenas pelo corte de cabelo e pelos chocolates.
– Eu que agradeço por me levar ao parque eu me diverti muito.
– Sem problemas - ele foi até a porta, se despediu e saiu. Fechando a porta atrás de si.
Andando até o portão, suspirou umas duas vezes tentando colocar os pensamentos em ordem. Era só uma brincadeira dos sempais, não era? Mas era um sentimento recíproco? Tudo estava acontecendo rápido demais.
– Eu não deveria ter lido aquela agenda...
– Ry-ryoma-kun!! - Ryoma ainda estava no jardim da casa quando ouviu ela chamá-lo atrás de si. Depois de quase ter um ataque cardíaco, achando que ela tinha ouvido, virou-se.
– Ho-hoje eu me diverti muito, muito mesmo! Por isso... Vamos fazer de novo! Em outros lugares, vamos jogar juntos de novo!!
Surpresa, coração descompassado, boca seca e bochechas coradas levemente. Sensações que atrapalharam sua resposta:
– P-por mim tudo bem.
– Sério?!
– Por que não? - disse já indo embora de novo, fechando o portão - Eu envio uma mensagem pra você - e perguntou em tom bastante zombador - a menos que você queira que eu envie mensagens só quando estiver na América.
– Não! Pode mandar! Quando e quantas quiser!
– Ok. - ele demorou um pouco para ir embora de novo, ela ficou animada com o que ele disse, e meio que o deixou perdido. - Tchau - disse erguendo a mão, meio sem graça e tomando seu rumo.
– Tchau - ela respondeu feliz.
O cérebro de Echizen ficou o dia todo em desarmonia com seu corpo, que, de forma involuntária, olhou para trás, e seus olhos, encontraram os de Ryuzaki, olhando para ele, da porta da casa. Seu coração, pela primeira vez, realmente bateu mais forte. Uma vontade de voltar e ficar com ela, lhe preencheu todo o peito. "Crap". Disse andando em passos largos até sua casa. Repetiu isso umas cinco vezes pelo caminho.
Entrou em casa e Nanako-chan o recebeu:
– Okaeri.
– Tadaima. - disse tirando os casacos com pressa.
Ela tentou puxar conversa, mas ele enxugou o assunto.
– Ryuzaki cortou meu cabelo, depois fomos ao parque de diversões.
– Ah! Vocês se divertiram? Nossa, isso são brindes?! - ela disse olhando as sacolas.
Ryoma olhou na cozinha viu a caixa de bombons de Ryuzaki, em cima do armário. Correu até lá e viu que ainda tinha bombons dentro. Suspirou aliviado.
"Crap". Disse, de novo, logo em seguida.
– C-claro. É um parque de diversões afinal. - pegou a caixa e foi em direção ao quarto.
– Seus pais saíram, mas não disseram para onde.
– Devem ter ido aproveitar o feriado.
– Eles mencionaram algo sobre a Ryuzaki-sensei... Ah, você vai jantar?
– Talvez mais tarde.
– Está tudo... - a porta fechou antes que ela terminasse - bem?
Ele finalmente entrou no quarto, fechou a porta e colocou a sacola de brindes sob a cômoda junto à caixa de bombons. Em seguida, esparramou-se na cama. Se pudesse se esconderia dentro do colchão.
– Crap... - disse uma última vez, encarando o teto. - O que estou fazendo? - depois de pensar um pouco achou melhor tomar um banho e dormir. Estava muito agitado.
E foi o que ele fez ou quase fez, quando voltou ao quarto enxugando o cabelo com a toalha, viu o estrago do gato. Karupin tinha derrubado seus brindes no chão e dormia bastante aconchegado dentro da caixa de bombons. A paixão de gatos por caixas é inexplicavelmente fofa.
Ao tirar o gato de dentro da caixa, viu no chão, o envelope que o coelhão tinha entregue, Ryuzaki deve ter esquecido em sua sacola, bom, ele estava nas fotos, não faria mal dar uma olhada. Impressionou-se. Uma foto chamou muito a sua atenção, a mesma que deu a ideia a Momo, e a mesma que Ryuzaki dissera que era linda. Uma em que os dois riam, com riso largo, espontâneo; um riso que Echizen não sabia que podia dar.
– É assim que eu fico com ela? - sorriu - Not bad...
Foi até a blusa que tinha os contatos da Ryuzaki, encarou o papel, pegou o celular e telefonou.
Tuu...
tuu...
tuu...
– Alô? - Ryuzaki atendeu sonolenta do outro lado. - Alô? - Óbvio que ela estaria com sono, virou a noite fazendo chocolates e passou o dia bem agitada. - Vovó?
– Te acordei?
– Não.
– Quem é?
– Você disse que eu poderia ligar, então eu liguei.
Imediatamente ela despertou.
– Ryoma-kun?! Desculpe eu não te reconheci.
– Sem problemas.
– O que houve?
Silêncio ~.
Realmente, o que houve? Que desculpa inventaria? Era exatamente o que parecia ser, não tinha o que esconder. Um garoto interessado por uma garota. Apesar dele ainda não querer admitir isso. Gaguejou algumas vezes até que usou de migué.
– A-a-as fotos.
– Que fotos?
– As que o coelho esquisito deu. Estão comigo.
– Sim. Eu coloquei na sua sacola. Você não parecia ter visto, então achei que gostaria de ver.
– Hmm
– Se, se você não gostou, eu posso ficar com elas.
– Eu posso ficar com uma?
– Claro.
Silêncio, de novo.
– Por que achou que era sua avó?
– Ela não chegou ainda. Eu liguei, mas ela não atende o celular.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Ryoma lembrou-se de Nanako-chan ter dito algo sobre a sensei e seus pais, mas como não sabia de nada, achou melhor não comentar, Sakuno ficaria preocupada ainda que não fosse nada grave.
– Ryoma-kun, podemos conversar mais um pouco? - ele percebeu a insegurança na voz de Sakuno. Provavelmente estava assustada de ficar sozinha em casa sem notícias da avó.
– Claro. - disse se deitando na cama.
E falaram sobre comidas, tênis, América, Japão, universidades a conversa durou uma hora e meia até que Ryuzaki adormeceu do outro lado da linha. Echizen ouviu a voz de Sumire ao fundo dizendo algo como "não acredito que me esperou no sofá". Desejou boa noite, sussurrando para somente ela ouvir e encerrou a ligação antes que a avó atendesse.
Ouviu seus pais chegarem em casa e seja lá o que tinha acontecido, não era nada com o que se preocupar.
Ficou matutando a conversa que tiveram. Eles eram muito diferentes. Gostos, objetivos, carreiras. A única coisa que eles tinham em comum era o tênis. Depois de muito pensar, decidiu focar no clube, precisava motivar os membros. E o fez. Durante duas semanas, ele não ligou e nem enviou nenhuma mensagem para Ryuzaki. Apenas se encontravam na escola e na volta para casa, como de costume. Sakuno ficou bastante sentida com isso, achando que tinha feito algo errado. E parecia que quanto mais duro ela trabalhava, mas distante ele ficava.
Echizen guardou aquele sentimento lindo de amor que estava florescendo. E o guardou a sete chaves.
Ele só não sabia, que Ryuzaki já tinha conquistado todas as chaves do seu coração, há um bom tempo.
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