Trindade

Capítulo 1


Foi pouco o tempo de paz naquele turbulento ano de 1997. Nas impressões de Harry, aqueles dias passados no Largo Grimmauld foram dos mais duradouros. Era fato que com frequência ficava sozinho, pensando nos próprios assuntos, ainda mais quando a tensão da premissa de invadirem o Ministério da Magia fazia com que ele, Ron e Mione evitassem a presença um do outro, como forma de dissipar os sentimentos negativos que pareciam sobrevoar as cabeças dos garotos como insetos prontos para aferroá-los. Ao menos tinham a simpatia de Kreacher e, apesar de tudo, Harry conseguia abstrair a sensação de lar daquele lugar.


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Era estranho pensar que era dono daquela casa. Mesmo que acompanhasse um elfo-doméstico que lhe tratava por senhor, Harry sabia bem que era descer as escadas e ver os amigos enroscados em um sofá muito velho, observando as chamas da lareira, o motivo para que soubesse estar em casa. Isso era importante para que fosse adiante de cabeça erguida. Queria criar raízes e ter um lugar próprio para voltar. Amava a Toca, mas aquele era o lar dos Weasley. Nunca deixaria de visitá-los, óbvio. Queria muito aparecer por lá nas tardes de primavera e ver Ginny debruçada na janela de seu quarto, então ela ia acenar e sumir, certamente descendo as escadas tão rápido quando poderia e finalmente eles se encontrariam e trocariam um beijo apaixonado. Harry achou que era um cara muito romântico com seus pensamentos e estava tão enlevado que acabou deixando transparecer.


“Harry, decididamente você não parece um procurado prestes a invadir o Ministério.” Ron comentou, parecendo divertido e desconfiado ao mesmo tempo.


“Um nuque por seus pensamentos, Potter.” Hermione disse, rindo do comentário de Ron.


Harry sorriu e caminhou até eles, também se acomodando no sofá.


“Estava pensando no que quero fazer depois de... tudo.” Ele disse, logo em seguida sentindo um pontada no peito, porque tinha medo de perdê-los, tinha medo de não sobreviver.


Hermione, que estava sentada entre os dois rapazes, deu tapinhas amigáveis no ombro de Harry. Ela percebia rápido o que se passava na mente do amigo.


“Tudo é o que acontecerá depois, Harry. Você ainda vai ter muito tempo com ela.”


“Que?” Ron perguntou, não por falta de tato, mas porque ele não se conformava com o enlace entre Harry e Ginny.


O três jovens se entre-olharam e riram. Aquilo tudo era tão bobo e inocente que podia, e deveria, ser sua única preocupação. Hermione respirou fundo e, ainda sorrindo, passou os braços pelos ombros de ambos amigos. Nenhum dos três falou absolutamente uma palavra por bons momentos. Era noite e tudo estava calmo. Não tinham vontade de discutir planos ou descarregar frustrações um no outro. Aquele seria um tempinho reservado para serem adolescentes despreocupados, nem que fosse pela última vez, antes que derradeiramente se tornassem adultos.


Harry sabia que Ron estava, disfarçadamente, acariciando os cabelos fofos de Hermione. Porém, não se sentia excluído em saber que os dois em breve formariam um casal. Isso não mudava que aqueles dois eram seus melhores amigos e Harry gostava imensamente de ambos. Se realmente tivesse partido sem eles, seria não apenas um canalha covarde, como estaria perdido. Eram uma trindade desde o início. Força, inteligência, coragem. Respeito, amor, lealdade. Harry, Hermione e Ron. Iriam juntos até o fim, de qualquer forma Harry entendia que não seria capaz de impedir os outros dois. Então simplesmente os abraçou tão apertado quanto pode. Hermione riu e Ron ficou um tanto constrangido, mas entendeu também o gesto do amigo e retribuiu ao abraço fraternal.


“Obrigado vocês dois.” Harry murmurou baixinho.


E nada no mundo seria capaz de separá-los.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.